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sábado, 22 de novembro de 2014

CANGACEIRISMO: UM FENÔMENO SOCIAL DE CONSTRANGEDORA REALIDADE

Por Antonio José de Oliveira - Serrinha - Bahia

Ler e estudar o livro “Lampião A Raposa das Caatingas” foi para mim – além de grande prazer – um imensurável privilégio nesses vinte e um dias de quase exclusividade em sua leitura. A obra do nobre escritor José Bezerra Lima Irmão enriquece tanto o pesquisador experiente, como abre um enorme leque de conhecimento ao neófito.

José Bezerra Lima Irmão e João de Sousa Lima

Já li excelentes livros nesta minha trajetória de mais de setenta anos, inclusive alguns da área do cangaço. Contudo, talvez pelo tempo decorrido de pesquisa – onze anos –, em que esteve trabalhando em busca de informações, o Doutor Bezerra Lima conseguiu escrever um verdadeiro TRATADO DA SAGA DO CANGAÇO. Olha que, um conteúdo de setecentas e trinta e seis páginas não é trabalho para quem não tem os “pés firmados no chão”. É preciso profundo conhecimento; muita coragem para enfrentar os desafios da pesquisa de campo, bibliográfica e documental; paciência e organização para não se perder na sequência dos fatos. Todos esses itens elencados o autor conseguiu dominá-los.

É um livro de elevados propósitos que precisa ser lido e divulgado não só pelos vaqueiros do cangaço, mas por quem ama a boa qualidade de leitura. É também um grito de alerta para os governantes que não tomam precaução contra a violência enquanto cedo, e ao mesmo tempo, de advertência para não fazermos juízo precipitado das ações praticadas pelos jovens que, por circunstâncias a nós desconhecidas, ingressaram numa vida perigosa de sofrimento e que fizeram muita gente sofrer.


O autor, embora tendo como assunto precípuo a trajetória do filho das Terras de Serra Talhada, Virgolino Ferreira da Silva, procurou buscar em décadas remotas a história dos seus precursores, começando pelo famoso Cabeleira, 

O Cabeleira - Desenho artístico

o José Gomes, filho de Vitória de Santo Antão, em Pernambuco; passando por Lucas Evangelista dos Santos, o Lucas da Feira, que viveu os seus primeiros anos na Fazenda Saco do Limão, 

O cangaceiro Lucas da Feira

pertencente ao município de Feira de Santana, de propriedade da família Franco; chegando a Jesuíno Brilhante, Antonio Silvino, Sinhô Pereira, e tantos outros que exerceram as suas “atividades” antes do Rei do Cangaço. 

O cangaceiro Antonio Silvino

Para cada cangaceiro, ele relatou uma concisa biografia, que nos serve de ponto de partida para um trabalho de grande dimensão. Bezerra Lima faz menção aos latifúndios – herança de uma colonização desumana que gerou as desigualdades sociais, sem esquecer da força de um coronelismo injusto implantado no Brasil, onde o que importava era a palavra do “coronel”.

Ele cita, um a um, os nomes dos “coronéis” que tinham o poder de mando nas mãos e que foram “referências históricas”, inclusive no momento em que o governo apelou para que os mesmos contribuíssem no combate à Coluna Prestes através as suas centenas de jagunços que estavam sempre a sua disposição. Alguns desses “coronéis” chegaram a ser assassinados misteriosamente.


Na sua criteriosa obra, o autor procura apresentar as teorias interpretativas dos diversos filósofos e juristas quanto ao fenômeno social do banditismo, destacando o cangaceirismo clássico das regiões pobres do semiárido nordestino do Brasil, sem, contudo, esquecer de mencionar os nomes dos bandidos rurais e urbanos de outros países que cometiam crimes – muitos deles por vingança.

Faz menção aos beatos, e evidencia que “nada tem a ver com o banditismo”, e sim, que beato é toda pessoa que manifesta uma devoção excessiva, homens que, sugestionados pela leitura dos textos sagrados ou da vida de santos ou com pregações dos padres e missionários católicos, passavam a usar um hábito de cor escura e se dedicavam a ajudar os vigários...

O autor desenvolve um relato sobre os homens que foram contratados pelo governo para combater os cangaceiros, citando os nomes dos principais comandantes das volantes, inclusive “alguns chefes corruptos; outros incompetentes e frouxos que só procuravam cangaceiros onde tivessem certeza de não encontrá-los”.  Bezerra Lima foi enfático (citando as fontes), no tocante às arbitrariedades praticadas pelas volantes, chegando a afirmar (também conforme fontes por ele citadas) “que a polícia em vez de coibir, cometia crimes, de modo que a diferença entre um cangaceiro e certos policiais era apenas uma questão de indumentária, e às vezes nem isso”.

Claro que não podemos arrolar todos os que combatiam o cangaço na mesma maneira violenta de agir, e sim, alguns portadores de temperamento agressivo ou por vingança. Tal comportamento verificava-se tanto no meio policial, quanto no meio cangaceiro: vingança entre as duas partes.

O potencial de fontes consultadas e citadas pelo autor garante uma incomensurável credibilidade da obra ora analisada, uma vez que procurou, na medida do possível, dirimir dúvidas, sem, contudo, solucioná-las em sua totalidade, logo que, as tragédias que envolveram o “mundo” do cangaço, nem mesmo o mais poderoso e experiente Sherlock Holmes teria técnicas para desvendar os mistérios e enigmas, e muitas vezes as mentiras envolventes numa história tão ampla e complicada que durou anos. Note que existem episódios na saga do cangaço com três e quatro versões. Nem por isso retira o ânimo e a motivação dos pesquisadores que estão sempre atentos aos novos fatos surgidos, embora corram o risco de brevemente não existirem mais os protagonistas da história, e sim, seus filhos e netos, que nunca se equiparam àqueles que sentiram na pele a ponta do espinho do calumbi, unha-de-gato, xiquexique, cansanção, coroa-de-frade, balas de rifle e fuzil zunindo nos ouvidos, e serpentes venenosas mergulhadas entre as macambiras, prontas para lançar o bote.

Registra nomes de coiteiros e as suas atribuições, inclusive a amizade do Rei do Cangaço com importantes “coronéis” do sertão nordestino.

O autor esmera-se na elaboração de esboços genealógicos não apenas das famílias dos cangaceiros, mas das famílias sertanejas relacionadas com os fatos do cangaço, facilitando assim o trabalho para quem deseja realizar uma aprofundada pesquisa.

Os motivos que levaram muitos jovens sertanejos ao ingresso na vida cangaceira também foram ventilados pelo autor, assim como a morte de muitos deles nas ferrenhas batalhas e por outros procedimentos, como é o caso de algumas cangaceiras que traíram seus companheiros, violando as “leis” do cangaço e foram mortas por eles.

Elaborou mais de cem mapas ilustrativos dos lugares onde ocorreram as batalhas e outros fatos pertinentes. São mapas – acredito eu – que somente in loco o autor obteria o tão desejado resultado.

Mais de trezentas fotos de pessoas e lugares que fizeram parte de obstinados combates.

Procurou registrar os fatos, minuciosa e cautelosamente, de forma didática, facilitando a compreensão do leitor.

O autor, embora tenha intitulado sua obra “LAMPIÃO – A RAPOSA DAS CAATINGAS”, e intensificado firmemente a vida e morte do Rei do Cangaço, não se limitou apenas a ele e seus familiares, mas empenhou-se em buscar em fontes confiáveis informações de dezenas de cangaceiros, volantes, coiteiros e protetores que fizeram parte do fenômeno social chamado CANGAÇO.  Também, não foi omisso nos constrangimentos e perversidades perpetrados tanto pelos componentes dos grupos cangaceiros, como pelas volantes que tinham a função de combater o cangaceirismo nos sertões nordestinos.

Relatou detalhadamente o assalto ao casarão da Baronesa de Água Branca, dona Joana Vieira de Siqueira Torres, viúva do Barão de Água Branca, assim como tantos outros assaltos e invasões às fazendas, povoados e vilas.

As proezas e estratégias utilizadas por Lampião para driblar os comandantes de volantes não passaram despercebidas da pena do autor do RAPOSA DAS CAATINGAS, onde suas táticas de guerrilhas defensivas e de ataques eram empregadas com sutilezas ou impactos, dependendo da circunstância de cada momento. Às vezes, escondia-se nas brenhas da caatinga, preparando barricadas, levando reféns e difundindo suas ações para que chegasse ao conhecimento das volantes a sua presença na região, numa espécie de emboscada. Outras vezes mergulhava no Raso da Catarina ou em fazendas de amigos para um descanso prolongado, enquanto a polícia estava em busca do bando em outras regiões.

Como guerra é guerra, tanto os cangaceiros quanto as volantes viviam de tocaias em tocaias; de emboscadas em emboscadas pela estrada afora, e muito mais, uns e outros mergulhados nas espinhosas caatingas em busca do perigo: matar ou morrer.

Para descrever os pormenores da vida de Lampião, registro parte de uma música composta por Zé Ramalho e Otacílio Batista, que assim nos fala: (...)

 “Virgulino Ferreira, o Lampião,
Bandoleiro das selvas nordestinas,
Sem temer a perigo nem ruínas,
Foi o rei do cangaço no sertão.
Mas um dia sentiu no coração,
O feitiço atrativo do amor,
A Mulata da terra do condor,
Dominava uma fera perigosa,
Mulher nova, bonita e carinhosa,
Faz o homem gemer sem sentir dor! [...]”


Sabemos que há divergência quanto às datas de nascimento de Virgolino Ferreira da Silva. Pelo Registro civil, nasceu em 7 de julho de 1897, enquanto que pela Certidão de Batismo teria ele nascido em 4 de junho de 1898.

Na minha particular opinião, a data correta deve ser 04.06.1898, uma vez que Virgolino foi batizado com aproximadamente três meses, não dando margem para esquecer uma data recente, ao passo que seu registro civil foi efetuado em 1900, ficando assim mais fácil o equívoco pela lacuna existente entre o nascimento e a presença de alguém da família ao Cartório do Registro Civil. É assim também que entende um dos grandes biógrafos do menino Virgolino, o escritor Frederico Bezerra Maciel, segundo Bezerra Lima.


 “Virgolino nasceu no sítio Passagem das Pedras, na beira do Riacho São Domingos, no sopé da Serra Vermelha, município de Vila Bela, atual Serra Talhada, Estado de Pernambuco”, afirma o autor do RAPOSA DAS CAATINGAS.

Bezerra Lima detalha minuciosamente as dúvidas quanto ao sobrenome de Virgolino e dos seus pais, através de um quadro muito bem elaborado, e uma completa ascendência de toda a sua parentela.

José Ferreira, dona Jacosa, dona Maria Lopes e seus filho

Transcrevo literalmente parte de um dos seus textos: “José Ferreira era almocreve, profissão muito comum àquela época: ganhava a vida fazendo transporte de cargas. Tinha doze burros e uma burra – a burra-madrinha, chamada Medusa, que viajava na frente com uma campainha de aço no pescoço, guiando a tropa. Era um catingueiro comum, nem rico, nem pobre. Possuía um pequeno sítio no lugar Passagem das Pedras, na beira do Riacho São Domingos [...]”.

Dando continuação ao texto, o autor descreve toda a infância, adolescência e a sequência da vida do jovem Virgolino que se tornou o adulto Lampião – o Rei do Cangaço.

Eis algumas palavras, em forma poética, de autoria a ele atribuídas: 

“Hoje sei que sou bandido, como todo mundo diz; porém já fui venturoso, passei meu tempo feliz; quando no colo materno, gozei do carinho terno, de quem tanto bem me quis”.

Um dos itens que me chamou a atenção, comprovando a inteligência de Virgolino, foi ser alfabetizado em apenas três meses. Estudou com o professor Justino de Nenéu, e talvez tenha recebido algumas aulas com Domingos Soriano Lopes Ferraz, contratado pelo tio de Virgolino, Manoel Ferreira Lima, para ensinar seus filhos. Em certo momento – continua o relato de Bezerra Lima –, o professor Justino Nenéu afirmou para o tio de Virgolino: 

“Esse seu sobrinho foi até hoje o aluno mais inteligente e mais aplicado que eu já tive”.

“Virgolino distinguia-se dos demais rapazes em muitas coisas. Tudo o que se metia a fazer fazia bem feito. Muitos estudiosos consideram que o bandido, nele, foi apenas um acidente, motivado pelas condições do meio e do seu tempo” (palavras do autor).

Bezerra Lima foi extremamente cuidadoso em registrar toda a bibliografia que lhe serviu de fonte para sua obra.

Lembro ainda que, sem ser da minha intenção fazer apologia à violência, não tenho informação de que nenhum daqueles cangaceiros que cumpriram as suas penas tenha voltado a delinquir.

Para não me alongar nem cansar o leitor, logo que o conteúdo do livro LAMPIÃO – A RAPOSA DAS CAATINGAS é tão atraente e de uma extensão com a proximidade do infindável, encerro as minhas modestas palavras afirmando: Diante do que me foi possível expor, só me resta registrar os meus sinceros parabéns ao dedicado escritor José Bezerra Lima Irmão pela sua tão excelente e elucidativa obra, e aos “vaqueiros” da História – os desbravadores e apaixonados pelo Sertão Nordestino, dizer: o meu muito obrigado por servirem de fontes fidedignas para o autor, com a minha especial gratidão ao incansável pesquisador José Mendes Pereira, das Terras da querida Mossoró.

Serrinha, Novembro 2014
Antonio José de Oliveira
(Psicopedagogo e Psicanalista Clínico)

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SEU LUNGA PARTIU PARA ETERNIDADE


A Família Cariri Cangaço se une à Oração do bom povo do Juazeiro do Norte, de meu Padim Padre Cícero, pela partida de um de nossos mais incríveis conterrâneos, filho do sertão, cidadão do mundo. Partiu "Seu Lunga". Vá em paz e faça a sua festa no céu.

Fonte: facebook
Página: Cangaceiros Cariri.

Foto tirada em 2012 em seu local de trabalho

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Joaquim dos Santos Rodrigues, mais conhecido como Seu Lunga, (CaririaçuCeará18 de agosto de 1927 - Barbalha, Ceará, 22 de novembro de 2014) foi um poeta brasileiro, repentista, vendedor de sucata residente em Juazeiro do Norte, ao qual são atribuídas diversas piadas sobre seu temperamento, criando um personagem do folclore nordestino. Seu Lunga é conhecido pela falta de paciência nas respostas. 2

Joaquim dos Santos Rodrigues nasceu em 18 de agosto de 1927, no Sítio Gravatá no município de Caririaçu, e viveu a infância com os pais e sete irmãos no município de Assaré3 Recebeu um apelido por uma senhora, que era vizinha, e passou a chamá-lo de Calunga, que mais adiante se reduziu para Lunga. 4 Com 16 anos de idade foi morar no município de Juazeiro do Norte3 Casou em 1951 e tornou-se pai de treze filhos.

Lunga era dono de uma sucata em Juazeiro que vende de tudo, desde aparelhos de televisão a frutas. É considerado pela população como uma lenda viva. 5

Em 2008 deu entrevista ao jornal O Povo informando que todas histórias contadas em cordéis eram mentiras. Por uma ação judicial os cordelistas da região ficam proibidos de escreverem sobre sua pessoa. 6
Com a explosão das redes sociais, a popularidade de Seu Lunga explodiu nos últimos anos com sites oficiais que lembram das suas clássicas frases, e até com comunidades exclusivas dedicadas a figura do celebre cearense.

Faleceu às 9h30 da manhã do dia 22 de novembro de 2014, na cidade de Barbalha, no Interior do Ceará. Foi internado três dias antes do falecimento, por complicações no sistema digestivo. O quadro piorou, levando ao falecimento do poeta. Seu Lunga tinha 87 anos e estava internado no Hospital São Vicente de Paulo, em Barbalha, onde tratava de um câncer de esôfago.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Seu_Lunga
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PARABÉNS AO HISTORIADOR JOÃO DE SOUSA LIMA!

O historiador João De Sousa Lima formou se esta semana em história, pela renomada Universidade Leonardo da Vinci - UNIALSSELVI, fica o meu parabéns ao amigo João, e muito sucessos nessa nova empreitada.

Para mim e quem te acompanha em pesquisas, sabe que você sempre foi um historiador nato, caçador das histórias perdidas desse sertão afora, e agora pergunto aos pseudos-intelectuais, críticos de plantão: 

"- João agora pode falar, fazer palestras, escrever livros, ou vão continuar patrulhando, quem pesquisa, escreve, canta, e faz poesia, uma formação acadêmica ou deixar que a sensibilidade, a inteligência e o talento faça sua parte em prol do conhecimento e saber?"

Obs - Parabéns também por passar no mestrado de ecologia humana na UNEB.

Abraços do amigo Coronel Delmiro Gouveia.

Fonte: facebook

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O Memorial da Resistência está entre os 20 locais mais assombrados do Brasil


''O Fantasma de Lampião''

A História conta que em 1927, ao tentar invadir Mossoró, no Rio Grande do Norte, tanto Lampião quanto seu bando foram escorraçados da cidade — conforme a decisão dos moradores de que defenderiam suas propriedades. Para rememorar o ocorrido, foi construído no local o Museu da Resistência. Há quem diga, entretanto, que Virgulino jamais conseguiu engolir muito bem a derrota vexante e que, por conta disso, até hoje assombra os moradores de Mossoró.

FONTE: 
http://www.megacurioso.com.br/historias-macabras/52401-20-dos-locais-mais-assombrados-do-brasil.htm

Fonte: facebook
Página: Mossoró RN

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A MORTE DE CORISCO PELO JORNAL CORREIO DO SERTÃO

Por Liandro Antiques

O Jornal baiano Correio do Sertão, de Morro do Chapéu, distante aproximadamente 140 km do local do acontecido, à Fazenda Pacheco, noticia no mês seguinte, a morte do cangaceiro Corisco, o Diabo Loiro.


Acho que essa matéria dirime quaisquer dúvidas acerca da data da morte dele.

PS: Há poucos dias houve uma enquete indagando acerca da data em que ocorreu o fato.

Fonte: facebook
Página:  Liandro Antiques‎ O Cangaço

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Manuel Marcelino - O Bom de Veras V

Por Antonio Alves de Morais

Para ler a parte I, II, III e IV clique nestes links:

http://blogdomendesemendes.blogspot.com.br/2014/11/manuel-marcelino-o-bom-de-veras-parte-i.html
http://blogdomendesemendes.blogspot.com.br/2014/11/manuel-marcelino-o-bom-de-veras-ii.html
http://blogdomendesemendes.blogspot.com.br/2014/11/manuel-marcelino-o-bom-de-veras-iv.html

Bom de Veras era um cabra disposto, inteligente e matreiro - disse Taveira. Era homem que se aconselhava ao Capitão Virgolino Ferreira na astúcia e nos planos estratégicos de ação do grupo. Por isto estava se tornando uma ameaça a Lampião como chefe-supremo do famigerado e temível agrupamento de cangaceiros. Por esta razão, se separaram. A decisão foi do próprio Virgolino, tomada em Poço Cercado.

Corria o ano de 1926. Bom de Veras rumava tranquilo com destino à Caririzinho. Com ele os manos João Vinte e Dois e Lua Branca e mais quatro a cinco companheiros. Era chegado o momento da vingança ao seu mais odiado inimigo: Ioiô Peixoto. Na sua chegada ao distrito de caririzinho, matou Zé Pretinho, que levava carta de Nicanô Peixoto ao seu parente Ioiô, avisando da vinda de Bom de Veras. Mandou que o Zé Pretinho corresse e atirou pelas costas. Um irmão, um filho, e o genro de Ioiô foram, neste mesmo dia, vítimas da sanha criminosa do perigoso grupo.

Chegaram, finalmente, à rua, Ioiô não se encontrava em casa. Tinha ido ao bebedouro de gado, em cujo local foi travado o seguinte dialogo, após a resolução de Bom de Veras de que iria como realmente fez sozinho, fazer o serviço:

- Levanta cabra velho safado! Não diz que é valente..., que briga..., que tem autoridade? Não diz que os Marcelinos são uns cagões?

- Eu sei que você não é capaz de fazer isso, Manuel. Você não é capaz de matar-me..., toda vida fomos amigos...

- Conversa, velho safado e frouxo...

Três tiros de rifle puseram termo ao diálogo fatal. Contorcendo-se e se esvaindo em sangue, com três balaços na testa, Ioiô Peixoto tombou sobre as raízes de frondosa baraúna, em cujo tronco ainda hoje existe, solitária e esquia uma enorme cruz.
Fonte - Andanças e Lembranças.

Andanças e lembranças.

CONTINUA...

Enviado pelo repórter e pesquisador Antonio Morais

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