Uma das primeiras fotografias do bando de Lampião (primeira a esquerda). Nessa fotografia de 1921 ou 1922 está ainda o seu irmão, Antônio Ferreira (último à direita), o outro irmão, Levino Ferreira (terceiro) e o irmão de criação e amigo, Antônio Rosa Ventura (segundo).
Nesta
segunda-feira (23), há exatos 92 anos, em 23/06/1922, o cangaceiro Virgolino
Ferreira da Silva, o Lampião, entrava na vila de Água Branca (AL),
assaltando e levando grande quantia de dinheiro do casarão da Baronesa de Água
Branca, Sra. Joana Vieira Sandes. A mesma era viúva do barão Joaquim Antônio de
Siqueira Torres, que teve de seu primeiro casamento o Cônego Torres, o padre
que havia batizado o menino Virgulino quando estava na titularidade de vigário
de Serra Talhada (PE). O titulo de baronato, ao qual o coronel Joaquim tinha
ganhado do Imperador D. Pedro II, foi em razão do mesmo ter construído com
recursos próprios a matriz da vila de Água Branca (AL), que lhe emprestou o
nome.
Cerca de um
ano depois da morte dos pais, Lampião esqueceu a jura de vingança que tinha
feito e voltou a região de Alagoas para fazer um saque a maior vila da região. Pertencente
ao bando de Sinhô Pereira e Luiz Padre, o cangaceiro se juntou aos
irmãos e companheiros da vida de crime e andou pela região em busca de dinheiro
para manter armando seu bando. Para isso, mandou bilhetes aos principais
fazendeiros da região pedindo ajuda em dinheiro para comprar munição, porém, em
um desses bilhetes que chegou ao consentimento da baronesa, a mesma mandou uma
resposta para o portador que tinha dinheiro, mais era pra comprar de bala para
seus jagunços “arrancar a cabeça dos bandidos”.
Fotografia
da Baronesa de Água Branca, Joana Vieira Sandes, que foi assaltada há 92
anos pelo bando de Lampião. A mesma era tia e madrasta do Cônego Torres,
ex-vigário de Serra Talhada (1884/1892), que havia sido o padre que batizou o
menino Virgolino Ferreira da Silva, o Lampião.
Sem se
intimidar com o poderio que por ventura a jagunçada da baronesa poderia ter,
Lampião mandou comprar algumas redes e as preparou, de acordo com os costumes
locais de carregar mortos, onde um madeiro é colocado de um punho a outro,
sendo carregado nos ombros por dois homens robustos. Preparou tudo com esmerado
cuidado, seus homens vestindo-se como pessoas comuns do lugar, com roupas
simples e chapéu de palha, descalços, ou arrastando sandálias.
Fuzis, punhais e
cartucheiras eram carregados no lugar onde deviam estar os mortos, enrolados em
panos untados com groselha para aparentar sangue, dentro das ditas redes.
Dirigiram-se esses à porta da delegacia de polícia local e, aos berros, um dos
cabras de Lampião, disfarçado, gritou para o soldado de plantão: “Acuda, praça!
Mande gente lá para as bandas do povoado da Várzea, que a cabroeira de Lampião
está acabando com tudo ali; mataram estes daqui e ainda há mais gente morta aos
montes. Ande depressa, homem de Deus!”. O despreparado do soldado chamou
imediatamente o corneteiro, que tocou reunir. Foi o momento propício para a
execução do plano de Lampião: as armas foram retiradas das redes e empunhadas
contra o pelotão policial, que já estava perfilado, pronto para sair à procura
dos bandidos.
Famoso casarão
da baronesa na cidade de Água Branca (AL), assaltado pelo bando de Lampião em
1922. Após esse assalto, o cangaceiro de Serra Talhada (PE) se tornaria
conhecido na mídia como comandante de um bando próprio de cangaceiros.
Aí, enquanto a
polícia era rendida, outra parte do grupo já havia entrado na cidade e agia no
saque ao casarão da Baronesa de Água Branca. Irreverente, Lampião foi até ela
e, fitando-a com severidade, soltou o vozeirão:
"– Então, Senhora Baronesa, vai
arrancar-me a cabeça agora?. Venha, vamos dá uma volta pela cidade para que
vosmecê e todos daqui saibam qui cum Virgolino não se brinca nem se manda recado
desaforado”.
E fez a respeitável senhora, dona de notório prestígio público,
segurar seu braço e andar assim com ele desfilando pela cidade. Somente nesse
assalto ao casarão sabe-se que o cangaceiro de Serra Talhada (PE) roubou a
quantia de 20 contos de réis (180 mil reais), que a baronesa tinha escondido em
um surrão de couro. Foi após esse assalto, que o cangaceiro se tornou conhecido
pela mídia, liderando ele próprio esse subgrupo de bandoleiros. Cerca de dois
meses depois, assumiria Lampião o comando do grande bando de Sinhô Pereira, que
foi embora para Minas Gerais, ficando o mesmo com a chefia de alguns homens
daquele famoso bando.
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