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domingo, 14 de janeiro de 2024

VIDA MEDIEVAL, VIDA VIOLENTA.

Extraído do blog Tok de História do historiógrafo e pesquisador do cangaço Rostand Medeiros. 

Se os camponeses são velhacos, estúpidos, vesgos e feios, isso é porque nasceram do esterco do burro. Nem o diabo os quer no inferno, de tão mal que cheiram”.

Mas, a acreditarmos nessa informação de G. G. Coulton contida nos Excertos da Literatura Medieval não saberíamos explicar o que era feito dos camponeses após a morte, pois toda gente sabia que “ninguém mais entrara no céu após o Cisma do Ocidente”.

Contudo, esse problema como tantos outros estava fora das cogitações do homem medieval, para quem a verdade pertencia a Deus e só por Sua graça poderia ser revelada.

Na Alta Idade Média do século V até o século XI, aproximadamente -, a vida do indivíduo já estava traçada desde o seu nascimento, e só a morte poderia interromper o destino pré-configurado. Quem nascesse nobre, assim morreria. Quem viesse ao mundo como camponês, pereceria a arar a terra. Mesmo dentro de cada uma das camadas sociais, as opções eram poucas. Tanto o senhor como o servo praticamente não escolhiam o que fazer da própria vida. As cruzadas, o ressurgimento das cidades e a revolução comercial marcam a chamada Baixa Idade Média, que se estende até o século XV. Nela, o panorama se modifica um pouco. Enquanto a vida do nobre se altera, aparecem novas categorias profissionais: os artesãos e os comerciantes.

Nesse período, os horizontes se entreabrem e, embora de maneira precária, ao homem se coloca alguma possibilidade de opção.

Nobre: o Homem Rude

Um castelo não era mais que uma enorme choupana de madeira, uma tosca fortaleza. Do século XI em diante, passou a ser construído de pedra, mas continuou úmido, escuro, sem condições de higiene, com pouquíssimo mobiliário. Era essa a habitação da aristocracia feudal: o senhor, sua família e a corte.

Os nobres não trabalhavam, sendo sustentados pela atividade dos camponeses. Suas maneiras não eram de modo algum refinadas ou gentis. A glutonaria era um vício comum, e um beberrão moderno ficaria perplexo à vista da quantidade de vinho e cerveja consumida durante uma festa no castelo. Ao jantar, os nobres cortavam a carne com o punhal e comiam com as mãos. Os restos eram jogados no chão para os cachorros, sempre presentes.

As mulheres eram tratadas com indiferença e até com desprezo e brutalidade. Nos séculos XII e XIII, o comportamento das classes aristocráticas foi consideravelmente suavizado pelo desenvolvimento da cavalaria, com seu código ético e social. Entretanto, a cavalaria introduziu apenas um refinamento exterior. A constância das guerras e a ferocidade dos combates faziam dos nobres feudais homens basicamente rudes.

Camponês: o Sub-Homem

Manuscritos medievais descrevem que, no verão, “via-se a maioria dos camponeses, em dias de feira, andar pelas ruas e praças da aldeia sem nenhuma roupa”. Não é muito estranhável esse despudor, pois, nas miseráveis cabanas em que viviam, toda a família, e mesmo hóspedes, dormiam juntos em uma grande caixa coberta de palha.

A despeito de trabalhar de sol a sol, se a colheita fosse insuficiente, o camponês poderia morrer de inanição. Sua alimentação consistia em pão preto, verduras e sopa. Carne, só se ousasse desafiar as leis do feudo, entregando-se a caçadas proibidas. A choupana que lhe servia de moradia era construída de varas trançadas, recobertas de barro. O piso de terra e o teto de palha não ofereciam nenhuma defesa contra a chuva e a neve.

Analfabeto, vítima de temores supersticiosos e à mercê das arbitrariedades dos mais ricos e fortes, poucas maneiras tinha o camponês de alterar o seu destino. Uma delas era contrair uma moléstia contagiosa e repugnante, como a lepra. Então, deveria abandonar tudo e se unir aos companheiros de sina. Reunidos em cortejo, passariam o resto da vida a percorrer as estradas a agitar guizos que anunciavam a aproximação do tétrico desfile. A partir do século XI, muitos camponeses conseguiram migrar para as cidades ou integrar-se nas Cruzadas, mas suas condições de vida nem por isso mudaram substancialmente.

Quase toda a população do feudo compunha-se de pessoas de condição servil, divididas em quatro categorias: vilões, servos, seareiros e moradores. Os vilões pagavam ao senhor o censo e os servos a capitação. Ambos prestavam serviços obrigatórios, a corveia. Todos deviam-lhe as prestações e as banalidades. Tal regime de impostos sobreviveu em alguns países até mesmo após a Revolução Francesa (1789).

Os vilões não estavam pessoalmente presos à terra, como os servos que não podiam abandoná-la. Os seareiros e moradores não possuíam nenhuma terra que pudessem arar, e sobreviviam graças a expedientes avulsos. Alguns poucos escravos realizavam serviços domésticos e eram mantidos por ostentação, pois o sistema econômico vigente agricultura de subsistência dispensava-os.

Artífices Incorporados

Com a revalorização do comércio, as cidades voltaram a se expandir. A maior concentração urbana ocidental, até o final da Idade Média, foi Palermo, na Sicília, com 300.000 habitantes. Seguiam-se Paris (240.000), Veneza, Florença e Milão. Nenhuma outra atingiu 100.000 habitantes.

As cidades foram-se emancipando do feudo e adquirindo administração própria. As camadas dirigentes passaram a ser os comerciantes e artesãos, reunidos em corporações. Estas eram órgãos exclusivistas, que asseguravam a seus membros o mono- pólio do comércio e das profissões na região. Regulavam o preço e a qualidade dos pro- dutos, punindo severamente os infratores.

As corporações de ofício eram dirigidas pelos mestres, que possuíam as oficinas e empregavam os diaristas e adestravam os aprendizes. Ao fim de algum tempo, os aprendizes tornavam-se diaristas, e esses por sua vez poderiam acumular algum dinheiro e abrir oficina própria. Entretanto, nos últimos decênios da Idade Média, essa ascensão tornou-se cada vez mais difícil, dada a obstinação dos mestres em preservar seu monopólio.

Na verdade, essas oficinas formavam uma indústria doméstica, pois diaristas e aprendizes, via de regra, residiam com a família do mestre, que presidia pequena comunidade. Como as cidades fossem cercadas por paliçadas que as defendiam, os terrenos interiores começaram a se valorizar, alcançando alto preço. Assim casas e oficinas passaram a ter, dois ou três andares. Uma camada privilegiada pôde viver exclusivamente das rendas imobiliárias.

Os Sinos de Deus

Cada ordem ou dignidade, cada grau ou profissão distinguia-se pelos trajes. Assim também o clero. Seus membros foram passando da primitiva vida ascética e estoica para uma posição semelhante à da nobreza.

Um som se erguia sempre acima dos ruídos da vida ativa: o ressoar dos sinos. Em certas ocasiões – conclusão de um tratado, eleição de um papa – o dobrar dos sinos era ouvido durante o dia inteiro, e mesmo à noite. As igrejas eram repletas de mendigos que exibiam suas misérias e deformidades. As procissões, onde havia sempre muitas crianças, eram frequentes. Muitas vezes duravam dias e semanas, ininterruptamente. Em 1412, organizou-se em Paris uma procissão integrada por diferentes ordens e corporações, que perdurou desde maio até julho, a implorar pela vitória do rei, que havia partido para a guerra. Todos marchavam descalços, e a maioria em jejum.

A Ralé Urbana

Em algum tempo, as cidades passaram a abrigar uma população muito maior que seu potencial de emprego. Na fuga à servidão dos campos, surge a grande massa urbana dos desocupados: malfeitores, ladrões, mendigos. O superpovoamento era tamanho, que por vezes dezesseis pessoas abrigavam-se num só cômodo.

Ademais, as cidades medievais cresceram rapidamente e teria sido quase impossível dotá-las de padrões razoáveis de higiene e conforto, mesmo se as autoridades se preocupassem com isso, o que não ocorria. As ruas eram estreitas e tortuosas, e nesse espaço limitado meninos e rapazes entregavam-se a brincadeiras violentas, que causavam muitos protestos dos adultos e do clero.

Quase todas as cidades dependiam da água de poços ou rios, e eram comuns a febre tifoide e outras epidemias. Algumas possuíram esgotos, mas parece que nenhuma delas tomou providências no tocante à coleta de lixo. Em geral, as imundícies eram atiradas à rua para serem afinal levadas pelas chuvas ou consumidas pelos porcos e cachorros que por ali vagabundeavam.

Da mesma forma que nos campos, os bandos de salteadores trans- formavam qualquer excursão em perigosa aventura. As punições desses elementos eram atrozes e serviam de diversão pública. Certa feita, a cidade de Mons chegou a adquirir um salteador capturado, para ter a satisfação de vê-lo esquartejado numa festa popular.

O Teor Violento da Vida

A miséria, a estrutura social rígida que condenava cada homem a um destino hereditário, a insegurança do povo quanto ao futuro, a falta de defesa contra os poderosos e a penetração das ideias religiosas criaram o clima de violência e exaltação que caracteriza o período medieval.

Procissões, colunas de leprosos, cortejos de príncipes ataviados, execuções e prédicas de pregadores itinerantes, roubos e assaltos, eis as variações mais comuns do horizonte medieval.

Johan Huizinga, em seu livro O Declínio da Idade Média, assim se manifesta: “Será de surpreender que o povo considere o seu destino e o do mundo apenas como uma infinita sucessão de males? Mal governo, extorsões, cobiça e violência dos grandes. Guerras, assaltos, escassez, miséria e peste a isso, basicamente, se reduz a história da época aos olhos do povo. O sentimento geral de insegurança causado pelas guerras, pela ameaça dos malfeitores, pela falta de confiança na justiça, era ainda agravado pela obsessão da proximidade do fim do mundo, pelo medo do inferno, das bruxas e demônios. O pano de fundo de todos os modos de vida parecia negro. Por toda a parte, a injustiça reina.”

Fonte – Enciclopédia Conhecer, Abril S.A, Cultural e Industrial, São Paulo-SP, 1974 – Volume VII – páginas 1537 e 1539.

https://tokdehistoria.com.br/2024/01/04/vida-medieval-vida-violenta/

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Acervo Jaozin Jaaozinn

Fotografia da força volante de Odilon Flor na região de Pernambuco, possivelmente no final da década de 1920.

Odilon Nogueira de Souza, famoso Odilon Flor, nasceu no povoado de Nazaré do Pico/PE, no dia 12/01/1903, filho de João de Souza Nogueira e Teodora Souza Ferraz, pertencendo a respeitada família Flor e seguindo uma grande linhagem de parentes que se aventuraram na campanha contra o cangaço.

Ingressou na Polícia Militar de Pernambuco, em 1923, como contratado para depois ser efetivado, chegando ao posto de cabo. Porém, antes disso, já no ano de 1919, participou de um tiroteio junto com seus parentes e conterrâneos contra os irmãos Ferreira, deixando Livino Ferreira ferido, que foi conduzido para a Delegacia de Floresta/PE.

Participou de muitos combates, sendo os principais:

• 𝐀𝐠𝐨𝐬𝐭𝐨 𝐝𝐞 1923

Enfrentou o grupo de Lampião na Fazenda Barriguda, próximo à Serra do Pico/PE, onde foram mortos os cangaceiros Firmo, Sátil e Batista, tendo o bandoleiro Tubiba como ferido.

• 𝐃𝐞𝐳𝐞𝐦𝐛𝐫𝐨 𝐝𝐞 1923

Reforçando uma pequena volante comandada pelo Aspirante Galdino, trava combate com o grupo de Lampião no Enforcado, no município de Floresta/PE, morrendo o cangaceiro Piloto.

• 𝐉𝐚𝐧𝐞𝐢𝐫𝐨 𝐝𝐞 1925

Integrando a volante do Sargento José Leal, de Betânia/PE, trava combate com Virgulino na fazenda Melancia, do município de Betânia/PE, morrendo os soldados José Mariano e Manoel Luiz.

• 𝐌𝐚𝐫𝐜̧𝐨 𝐝𝐞 1932

Já contratado pelo Governo do Estado da Bahia para comandar forças volantes na região, integra-se na força do Tenente José Sampaio e em conjunto com a do Sargento Luiz Mariano, travando feroz combate com Lampião no Raso da Catarina, culminando com Luiz e Sampaio feridos no confronto.

•𝐍𝐨𝐯𝐞𝐦𝐛𝐫𝐨 𝐝𝐞 1932

Segundo algumas informações, comandou uma parte da volante do Tenente Santinho junto com o mesmo, travando um combate com o Sub-grupo do cangaceiro Moderno, na fazenda Bordão/BA, morrendo o cangaceiro Açúcar.

•𝐉𝐮𝐥𝐡𝐨 𝐝𝐞 1934

Comandando uma força baiana, trava combate com Lampião na mata de Folguedo do Menino, em Poço Redondo/SE, morrendo o cangaceiro Mangueira II.

•𝐉𝐮𝐧𝐡𝐨 𝐝𝐞 1937

Comandando uma força volante, e tendo já a participação de seu pequeno filho, Luís Nogueira de Souza, acabam confrontando e liquidando o Sub-grupo do cangaceiro Mané Moreno, na Fazenda Palestina, perto de Garuaru/SE, morrendo Mané Moreno, Cravo Roxo e Áurea, companheira do chefe.

•𝐀𝐛𝐫𝐢𝐥 𝐝𝐞 1939

Comandando uma força de 15 homens, acaba confrontando o Sub-grupo do cangaceiro Labareda, na região do Serrote/BA, morrendo os cangaceiros Pé de Peba e Xofreu, além de Mariquinha, companheira de Labareda.

•𝐌𝐚𝐫𝐜̧𝐨 𝐝𝐞 1940

Na região de Bebedouro/BA, Odilon trava um combate com o Sub-grupo do cangaceiro Labareda, resultando com que o bandoleiro “Deus te Guie" fosse capturado e preso pelo contrato por nome Laert. Uma semana depois, em 30 de março de 1940, Ângelo Roque se entrega para as forças de Paripiranga-BA, especificamente para o Capitão Felipe Borges de Castro, acabando de vez com o último bando de cangaceiros em ativa no sertão nordestino.

Depois de seus compromissos a serviço da polícia pernambucana e baiana das décadas de 1920 a 1940 contra o cangaço, Odilon acaba virando Delegado de diversas cidades baianas, dentre elas, Itabuna. Acabou falecendo em decorrência de um câncer na garganta, no dia 07/11/1950, como 2° Sargento da Polícia da Bahia, e deixando cinco filhos, Luís Nogueira, Aldenora Nogueira, Carlos Nogueira, Normando Nogueira e Raimundo Nogueira.

𝑭𝑶𝑵𝑻𝑬𝑺: 𝑳𝒊𝒗𝒓𝒐 𝑭𝒐𝒓𝒄̧𝒂𝒔 𝑽𝒐𝒍𝒂𝒏𝒕𝒆𝒔 𝒅𝒆 𝑨 𝒂 𝒁; 𝑩𝒍𝒐𝒈 𝒅𝒐 𝑴𝒆𝒏𝒅𝒆𝒔, 𝑮𝒆𝒏𝒆𝒂𝒍𝒐𝒈𝒊𝒂 𝑷𝒆𝒓𝒏𝒂𝒎𝒃𝒖𝒄𝒂𝒏𝒂 𝒆 𝑮𝒖𝒊𝒍𝒉𝒆𝒓𝒎𝒆 𝑽𝒆𝒍𝒂𝒎𝒆.

.𝑪𝑨𝑵𝑮𝑨𝑪̧𝑶 𝑩𝑹𝑨𝑺𝑰𝑳𝑬𝑰𝑹𝑶.

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𝑫𝑬 𝑷𝑬𝑹𝑵𝑨𝑴𝑩𝑼𝑪𝑶 𝑷𝑨𝑹𝑨 𝑶 𝑹𝑰𝑶 𝑫𝑬 𝑱𝑨𝑵𝑬𝑰𝑹𝑶

Acervo Jaaozin Jaaozinn
Registro do ex-volante Andrelino Marcolino Nogueira, para o jornal “Manchete/RJ” em 1981.
Andrelino Marcolino Nogueira, era pernambucano da região de Serra Talhada/PE, nasceu no dia 30 de setembro de 1909, sendo filho de Camilo Marcolino Nogueira e Possidônia Nogueira da Silva. Andrelino tinha nove irmãos. Ele e sua família tiveram contato com Virgulino e os demais Ferreiras.
Segundo o mesmo para o Jornal Manchete, disse que Lampião era almocreve e artesão no sertão do Pajeú. Em uma cajazeira que tinha na casa da irmã do volante, a Dona Águeda Possidônia Nogueira, o jovem Virgulino passava horas mexendo com os artigos de couro. Porém, a mesma mandou cortar a árvore por desgosto.
Era vizinho da casa de Manoel Pedro Lopes e Jacoza da Soledade (avós de Virgulino e pais do Sr. José Ferreira), e apenas o riacho São Domingos o separavam um pouquinho, entretanto, se criaram juntos.
Foi testemunha desde a juventude dos irmãos Ferreira até às desavenças que se iniciaram em meados dos anos de 1916. Cita que ainda lembra de Virgulino, Antônio e Livino quando eram trabalhadores, cuidando do gado e dos bodes da propriedade. Complementa também que foram almocreves, transportando mercadorias para as regiões de Arco-Verde, Garanhuns, Águas Belas, Triunfo, Piranhas, entre outros locais. Dá detalhes certeiros sobre a evasão dos Ferreiras e das mortes de seus pais.
Entrou na força volante entre os anos de 1931/1932, fugindo do seu pai (não se sabe por qual motivo). Relata que pagavam 95 mil réis por mês, utilizavam roupa cáqui ou mescla e a indumentária era extremamente semelhante com a dos cangaceiros. E por causa da estética ser muito parecida, além dos encontros de outras volantes onde, ocorriam um fogo amigo por se pensar em ser os bandoleiros, um comandante ordenou que as tropas utilizassem chapéu de massa fina.
Andrelino relata que andavam 45 volantes em um comando, em outro já eram 30, e quando se juntavam, chegavam à numeração de 100 militares, a cavalo, a pé, de todo jeito. E quando sabiam da notícia de cangaceiro na região, tomavam animais de quem tivesse para a melhor locomoção.
Atuou nas regiões da Bahia por oito meses, perambulando pelas regiões do Juazeiro, Bonfim, Barro Vermelho, Canudos, Raso da Catarina, Chorrochó e Uauá. Será que foi membro das forças de Odilon? Diz que, nas horas de se alimentarem, matavam a criação de gado também.
Possivelmente participou até o fim da campanha contra o cangaceirismo (ou até os anos de 1933/1934). Se casou com Maria Anália de Moura, com quem teve cerca de onze filhos. Não tenho as informações da data de falecimento de ambos, porém, viveram ainda nas regiões de Pernambuco.
𝑭𝑶𝑵𝑻𝑬𝑺: 𝑱𝒐𝒓𝒏𝒂𝒍 𝑴𝒂𝒏𝒄𝒉𝒆𝒕𝒆/𝑹𝑱 - 1981; 𝑮𝒆𝒏𝒆𝒂𝒍𝒐𝒈𝒊𝒂 𝑷𝒆𝒓𝒏𝒂𝒎𝒃𝒖𝒄𝒂𝒏𝒂.

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“A VIDA DO REI DO CANGAÇO ESTEVE NAS MINHAS MÃOS”

 Por Valdir José Nogueira

Assim declarou o belmontense “Sinhozinho Alencar” durante entrevista que o mesmo concedeu ao “Diário de Pernambuco”, e que foi publicada na edição de número 00106, que circulou no Domingo, 10 de maio de 1959, pág. 31:

“COM O DEDO NO GATILHO:

A volante comandada pelo sargento Alencar corta rios e caatingas, no rastro do bandoleiro.

Lampião, segue para a Vila de Nazaré, distrito de Floresta. Vai assistir o casamento de uma prima.

Terminada a cerimônia, ao ter início o baile de homenagem aos noivos, começa o tiroteio. Os cabras avistaram os soldados.

Lampião oculta-se numa casa da vila, e dali, com gritos insultuosos, dirige à reação. Portas e janelas se fecham e o fuzilar das balas é impressionante.

O sargento Alencar, avança debaixo do fogo, indo esconder-se no oitão do casebre. Desafia Virgulino a lutar em campo aberto. Escuta então quando o bandido grita:

- Vou pular pro meio da rua prá brigar, almofadinha, pras moças ver!

O sargento Alencar aguarda, com o dedo no gatilho. Vê Lampião como um gato, pular a janela e cair em frente da casa. Exatamente atrás, o olho na pontaria visa as costas de Virgulino. Vai atirar. Puxa o gatilho, e a arma nega fogo. O cartucho falhou.

Lampião sente o perigo. Pula novamente para dentro da casa. E logo mais, abrindo violentamente a porta dos fundos, precipita-se de rua afora. Corre a toda velocidade. O cano do fuzil voltado para a retaguarda. Atirando sem parar.

O sargento Alencar faz nova pontaria. A mira, nas costas do bandoleiro. Puxa o gatilho mais uma vez. E a arma falha novamente.

- A vida de Lampião esteve nas minhas mãos. Mas o destino não quis que eu o matasse.”

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FRANKLIN TÂVORA.

 Por Beto Klöckner Rueda

João Franklin da Silveira Távora (1842-1888) foi um advogado, jornalista, político, romancista e teatrólogo cearense.

Nascido em Baturité, Província do Ceará, era filho de Camilo Henrique da Silveira Távora e de Maria de Santana da Silveira. Fez os primeiros estudos em Fortaleza. Transferiu-se no ano de 1854 com os pais para Pernambuco. Fez preparatórios em Goiana e Recife, em cuja Faculdade de Direito matriculou-se em 1859, formando-se em 1863. Lá viveu até 1874. Foi funcionário público, deputado provincial e advogado, com breve intervalo em 1873 no Pará, como secretário de governo. Em 1874, transferiu-se para o Rio de Janeiro, foi funcionário da Secretaria do Império.

Franklin Távora

Iniciou o romantismo de caráter regionalista no Nordeste. Uma de suas obras mais marcantes é O Cabeleira, romance passado em Pernambuco do século XVIII. Foi crítico ferrenho de outros grandes autores brasileiros, como José de Alencar por não concordar com o seu romantismo idealista.

Teve grande contribuição para os contos literários brasileiros, nas suas obras abordava lendas e tradições populares em oposição a uma literatura do sul, considerada cheia de estrangeirismos e antinacionalismos. Possuía dois Pseudônimos: Semprônio e Farisvest.

Foi jornalista ativo, redigindo A Consciência Livre (1869-1870) e A Verdade (1872-73).

Iniciou a vida literária ainda estudante. Na fase recifense, publicou os contos da Trindade maldita (1861); os romances. Os índios do Jaguaribe (1862); A casa de palha (1866); Um casamento no arrabalde (1869); os dramas Um mistério de família (1862) e Três lágrimas (1870).

No Rio de Janeiro, teve influência na vida literária, fundando e dirigindo, com Nicolau Midosi, a Revista Brasileira (2ª fase), de que saíram dez volumes de 1879 a 1881. Ao mesmo tempo, inicia uma fase de reconstituição do passado pernambucano, marcadamente regionalista, tanto na ficção quanto na investigação histórica.

Nortista fervoroso, o romancista entrou numa luta constante para evidenciar a "literatura do norte", mais tipicamente brasileira e menos importada, acusando o grande centro cultural São Paulo-Rio de Janeiro de enfatizar de uma forma exaustiva as obras mais sulistas, e desprezar o restante da cultura do Brasil, mais especificamente o norte. Defendeu a separação literária da nação: o Norte contra o resto do Brasil, o que indicia um pouco de traição aos ideais românticos de nacionalismo.

É, na verdade, um nacionalismo específico, regional, onde o escritor vai se prender de forma genuína às tradições, costumes e ambientes de suas terras, vastamente apresentadas em sua obra. Seus romances mais conhecidos – O Cabeleira, O Matuto e Lourenço – vão servir de fonte para a exaltação de todo o seu orgulho histórico em relação ao norte, além de mostrar, e muitas vezes denunciar, ao resto do país "sulista" a seca, a miséria, as migrações, o cangaço e a vida condicionada pelo ambiente castigante. Seu regionalismo seria o estopim de uma grande vertente de nossa literatura: o romance do sertão, que acentuaria toda a criatividade de grandes escritores do século XX como Euclides da Cunha, Jorge Amado, José Lins do Rego e Graciliano Ramos.

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" RELÂMPAGO O NOVO FLAGELO DOS SERTÕES NORDESTINOS ".

 Por Helton Araújo

Diante de minhas pesquisas sobre o fenômeno social conhecido popularmente como cangaço, concentrei nos últimos meses minhas pesquisas em jornais da época. Como muita gente sabe atualmente, resido na cidade de São José da Coroa Grande, no litoral sul de Pernambuco.

Pois bem, hoje ( 22 ) me deparei com uma matéria do ano de 1941, onde tem como título o seguinte : " RELÂMPAGO O NOVO FLAGELO DOS SERTÕES NORDESTINOS ".

O vulgo do personagem citado pelo jornal logo me chamou a atenção, pois na historiografia do cangaço tivemos alguns bandoleiros com essa alcunha. Antes de prosseguir é necessário fazer algumas ressalvas importantes.

Primeiro devemos ter consciência que o cangaço lampiônico é considerado extinto totalmente no ano de 1940 com a morte do cangaceiro Corisco, O Diabo Louro ( a matéria do jornal é de 1941 ). Segundo, devemos entender que a expressão " cangaceiro " foi usada na época, não só aqui no nordeste como em outros lugares do Brasil em referência a salteadores ( bandidos ).

Agora sim, vamos à matéria. Fazendo um resumo do grande texto do periódico e extraindo o foco principal desta postagem, irei resumir a história.

Dois jovens andarilhos, Renato Mendes Gomes e Antônio de Lima Filho, em uma das suas andanças, saíram do Recife no dia 8 de abril de 1941 às 8 da manhã se aventurando mundo a dentro, no dia 13 depois de penosa caminhada, chegaram até o povoado de "Turiaçu", antiga povoação de SÃO JOSÉ DA COROA GRANDE, aqui temos que fazer nova ressalva, o periódico errou em sua divulgação o nome do povoado, pois deveria ser Puiraçú, nome antigo tradicional do local.Seguindo com as informações, os jovens revelaram que o povoado ficava na divisa com Alagoas, porém mais uma vez o periódico equivocadamente cometeu um erro, colocando o local como sendo no "sertão" onde bem sabemos que essas terras ficam no litoral.

Os jovens logo foram apreendidos pelos habitantes do povoado e conduzidos ao comissário de polícia do local, o senhor Assyrio Coelho. Mas qual o motivo para a prisão dos jovens andarilhos?

Pois bem, a população estava aprovada pois na região estava atuando aquele que o jornal classificou como a nova besta fera, o homem que deu continuidade às ações truculentas de Lampião e Corisco, conhecido popularmente como o cangaceiro " RELÂMPAGO ".

Nessa perspectiva de medo e incertezas na região, os moradores pensavam que os jovens eram olheiros do citado cangaceiro. O desespero dos moradores era tanto, que muitos abandonaram seus lares, fugindo dali com medo do perigoso bandido e seus comparsas.

Em contrapartida, alguns valentes do local armaram-se e se juntaram ao comissário Assyrio Coelho em defesa da cidade.

As duras custas os jovens finalmente conseguiram provar ao comissário que não eram olheiros e sim apenas simples andarilhos que tentavam manter um clube agonizante do qual faziam parte ( clube dos 13 ) e seus fins eram apenas esportivos. Para isso apresentaram um livro onde continham os carimbos das autoridades policiais e municipais dos locais por onde passaram.

Convencido, o comissário liberou os jovens e também assinou o livro supracitado, não carimbando, pois sua delegacia não tinha carimbo na época.

Daí por diante os jovens seguiram se aventurando mundo afora, na região alagoana de Junqueira teriam se deparado com uma onça, produziram e se armaram com duas longas forquilhas de faca e após ataque do animal, conseguiram com dificuldades o abater. Segundo o periódico a ossada do felino foi apresentada ao jornal.

O jornal não revela se houve algum ataque de Relâmpago e sua gente ao povoado de São José da Coroa Grande, deixando a partir daí o foco da matéria nas aventuras dos rapazes.

Encerro por aqui fazendo um adendo, é muito importante preservarmos nossa história e quando podemos ver nossa pequena cidade citada em um periódico do Rio de Janeiro que tinha atuação contundente aqui no nordeste na época, temos que valorizar e procurar saber mais sobre tais fatos, pois isso são as raízes de cunho histórico de nossa São José da Coroa Grande.

Pesquisador amador e idealizador do canal Cangaço Eterno.

Fonte : Jornal A Noite

Matéria de 28 de setembro de 1941

Para visualizar a matéria completa, clique na imagem.

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