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sexta-feira, 23 de agosto de 2013

A Rua do Triunfo e a Praça da Matriz de Santa Luzia, Mossoró-RN.

diocesedemossoro.blogspot.com

Imagens ilustrativas da postagem retratam uma visão parcial dos lados leste e sul desta praça, em 1937, que somente a partir de 1953 ela foi rebatizada de Praça Vigário Antonio Joaquim.  As imagens ressaltam a Rua do Triunfo. Grande parte do seu casario e palacetes ainda se fazia presente naquela data, edificações estas, em sua maioria, pertencentes à elite comerciante e empresarial da cidade. Na imagem , ao centro da praça, vê-se o  jardim público construído na administração do Prefeito Constitucional Padre Luiz da Mota, (1897-1966), cujo período administrativo foi de 1936-1945. De acordo com a historiografia local, este prefeito foi o JK – Juscelino Kubistchek de Mossoró: pavimentou e arborizou ruas, construiu jardins, praças, escolas, hospitais, ou seja, colocou  ordem na caótica cidade, dando-lhe aspectos civilizatórios.

Nos primórdios da fundação da Vila de Mossoró, 1772, a rua em maior destaque na figura 01, denominava-se, por Rua do Cotovelo, posteriormente, a partir de 1869, fala-se em Rua do Triunfo. O jornalista Lauro da Escóssia informa: "A rua do lado direito da Catedral de Santa Luzia, desde seu princípio na Vicente Sabóia até o segundo quarteirão, finalizando no Edifício Rocha – o velho sobrado de Delmiro Rocha, tem o nome de Rua do Triunfo". Atualmente, conforme informações obtidas, os nomes destas ruas desapareceram, existindo apenas a atual denominação da Praça Vigário Antonio Joaquim. O que é realmente muito estranho, pois toda praça é constituída por ruas que a ladeiam, inclusive, as ruas são importantes em função da identificação numérica das edificações.

Figura 01 - Praça da Matriz de Santa Luzia, em 1945 - com as Ruas 30 de Setembro e do Triunfo

A figura 01 mostra, da esquerda para direita, o trecho final da Rua 30 de Setembro, constando apenas duas casas, a Travessa da Imprensa e o início da Rua Cel. Vicente Sabóia, e, em perpendicular em frente a esta, a Rua do Triunfo.  Na tentativa do resgate da identificação dos proprietários destes antigos sobrados e casarões da Rua do Triunfo, no sentido leste-oeste, a primeira edificação, na esquina e à esquerda da figura 06, correspondia ao Bar Elite, de propriedade de Eduardo dos Santos que instalou-se nos antigos quartos reformados de Chico Chagas, onde este tinha a sua padaria.  Em seguida, à direita, vem o velho casarão que pertenceu ao Padre Mota, vizinho a este, estava a casa onde residiu Mário Bigode antigo mestre de uma banda de música local, vizinha a esta casa, estava um imóvel de Manoel Benício de Melo que serviu de presídio político, em 1935. A casa, ao lado, com dois pavimentos, foi residência de Aristóteles Wanderlei, e também, por um certo período, serviu de estação do telégrafo. Posteriormente, Antonio Teodoro, gerente da M.F do Monte, passou a ser o seu novo residente. Este sobrado, segundo Raimundo Nonato da Silva, em 1963, passou a ser a sede da Rádio Rural, fundada pelo Monsenhor Américo Vespúcio Simonetti, (1929-2009). Como a Rádio Rural pertence à Fundação Santa Luzia, atualmente este imóvel continua a existir, cujo proprietário é a  Diocese de Mossoró. Este imóvel foi doado à Diocese por Miguel Faustino do Monte, (1858-1952), que foi um dos homens mais ricos do oeste potiguar. Observa-se que a História do Oeste Potiguar é contada pelo método foitinha, isto é, pelos tempos verbais foi e tinha.

O autor das imagens procurou dar vida à captura, adicionando o elemento humano à paisagem, como se vê a senhora com o vestuário característico dos anos trinta do Século XX; na ponta final da praça, na parte esquerda e inferior da foto, vê-se uma criança.

Figura 02 - Praça da Matriz de Santa Luzia, com a Rua do triunfo, ao fundo. 1937.

 Na figura 02, a Rua do Triunfo continua nesta imagem, em sequência, o conjunto das três casas geminadas e no mesmo estilo arquitetônico, formava o chalé, em estilo francês, construído por Delfino Freire, (1861-1926), que foi um rico comerciante da praça mossoroense, do final do Século XIX ao início do XX. Delfino Freire é patrono de uma rua situada no distrito 605. O chalé não mais existe, em seu lugar, na década de 1960, foi construído um moderno hotel, o Esperança Palace Hotel, e, atualmente, funciona a Câmara Municipal da Cidade. 

Na figura 03, as casas seguintes á direita do chalé, na esquina confluente com a Rua Idalino de Oliveira, a primeira foi a Recebedoria de Rendas Estadual, construída no governo de Juvenal Lamartine, (1874-1956).  Antes da reforma, era uma grande casa pertencente a Chico Oliveira, antigo comerciante pertencente à firma Oliveira & Irmãos. Esta edificação, também, não mais existe. Mossoró é como Saturno, destrói o seu próprio patrimônio histórico.

Figura 03 - Praça da Matriz de Santa Luzia, com a Rua do triunfo, ao fundo. 1937.

A casa seguinte à Recebedoria era o sobrado de Manuel Benício de Melo. No térreo, era o seu escritório comercial e no pavimento superior, a sua residência. Segundo Raimundo Soares de Brito, neste velho sobrado de número 99,  por muitos anos, também, funcionou a estação do telégrafo de Mossoró, inclusive quando do ataque de Lampião à cidade, em 13 de junho de 1927, foi transformado em trincheira de defesa. E, o casarão seguinte, vizinho a este sobrado, foi a residência da família da Viúva Reis.

Esta reconstituição, tem as suas falhas, mas somente foi possível fazê-la, por meio de obras garimpadas em sebos literários, fora do RN, pois, em Mossoró, não se obtem nada, nem resposta às correspondências enviadas a órgão competentes, solicitando informações. Portanto, jamais destrua um livro, caso ele não mais caiba em sua casa, repasse-o a algum sebo.  

Recentemente, empreendeu-se contato com a Fundação José Augusto, em Natal, RN, em busca de uma obra, publicada pela mesma, em 10/10/2007,  intitulada Padre Mota, de autoria de Tomislav R. Femenick (o autor é familiar do biografado), mas, para surpresa, conforme o retorno da consulta, nenhum funcionário daquela Fundação sequer ouviu falar da obra ou do autor. Ninguém sabe, ninguém viu, ninguém ouviu. Extremamente  lastimável a situação cultural deste país!

Citarmos as fontes é respeitar quem pesquisou e dar credibilidade ao que escrevemos.
Fontes consultadas: Brito, Raimundo Soares de Brito, edições 2003 e 1985; Cascudo, Luís da Câmara, edição 2001; Escóssia, Lauro da., edição 2010; Rosado, Jerônimo Vingt-un, edição 2006; Silva, Raimundo Nonato da, edições 1973 e 1974. Origem das imagens: Azougue.org. Arquivo anteriormente publicado em 13/12/2099, no site Blog Telescope Uol
Postado há 6th February por Télescope
Fonte: 
http://blogdetelescope.blogspot.com.br/2013/02/praca-da-matriz-de-santa-luzia-1937-i.html

Enviado pelo pesquisador José Edilson de Albuquerque Guimarães Segundo

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Missa de um mês Convite

Manoel Dantas Loiola o ex cangaceiro Candeeiro - Foto: Cid Barbosa/DN

Acontecerá neste domingo 25/08, às 9:00h,  na Matriz de Arco Verde - PE a missa dos 30 dias de falecimento do Sr. Manoel Dantas Loiola

A Família ainda enlutada agradece o comparecimento e a participação de todos. Assim como os contatos e apoio, vindos dos diversos amigos e parentes, espalhados pelo Brasil, naquele momento de tristeza e dor.

Att Kydelmir Dantas
Mossoró - RN

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João da Rocha Nogueira (João bangu).

Por: Grismarim (*)

João da Rocha Nogueira(João  bangu),bisneto do Alferes Manuel Nogueira de Lucena e de sua esposa Firmiana Rosa dos Prazeres,neto do comandante José de Gois Nogueira,filho de Jerônimo da Rocha Nogueira.Nasceu por volta dos anos de 1822,falecido aos 76 anos de idade,proprietário e criador no Sítio Alto das Pedras(lagoa das pedras) região de Mossoró.Casou-se com sua prima,Januária Maria Nogueira,filha de Antonio Nogueira de Lucena e de Maria Soares de Lucena.Era João da Rocha Nogueira homem destemido,corajoso,cor branca,cabelos castanhos-escuro,estatura mediana. 
           
Deu-se que tendo Jerônimo da Rocha Nogueira,pai de João Bangu casando uma de suas  filhas de nome,Silvana da  Rocha Nogueira  com Feliciano Carneiro de Freitas,sendo celebrante o padre Raimundo de Oliveira cura do Apodi,depois da cerimonia que teve lugar na casa do pai do nubente em Nova Cruz(RN),houve uma  festa e um grande banquete com muita comida.Tomaram parte todos os convidados presentes ao enlace.Todos palestravam em  harmonia,momento em que chega á festa um individuo ruaceiro chamado Francisco Ferreira, armado.Aconteceu que lá pelas horas mortas da noite,o tal individuo convida uma das jovem ali presente de nome Carmelita para dançar.Tendo ela rejeitado o convite,Francisco Ferreira saca de sua  cintura uma faca-pexeira que a conduzia para cortar os negros cabelos  de Carmelita.João da Rocha Nogueira que por ali estava,parte com ferocidade contra Francisco Ferreira e com ajuda de alguns dos seus parentes o desarma,o amarra com uma corda de amançar toro bravo no tronco da  cajarana.Apos o termo final da festa,o então ruaceiro foi levado para a delegacia aonde ficou preso. 
            
De  João da Rocha  Nogueira e de sua esposa,Januária Maria Nogueira nasceram os seguintes filhos:1-Manuel Reginaldo da Rocha Nogueira(duque). 
             
2-Alexandre da Rocha Nogueira.3-Reginaldo da Rocha Nogueira.3-Maria Reginaldo da Rocha.4-Ana da Rocha Nogueira.5-Raimundo Nogueira da Rocha.
                
Falecendo Januária Nogueira em 1879,João Bangu teve um caso amoroso com Maria Quitéria  de Oliveira de quem nasceu:Antonio Manuel da Rocha Oliveira casado com Luzia de Oliveira casal este que se mudaram para nova Olinda(Ceará).
                
Observação:Alguns dados dessa postagem  não se encontram no livro das dez gerações da família Camboa.Foram copiados de um caderno de anotação familiar escrito por Joaquim Nogueira de Lucena em 1896 avô do administrador deste Blog.
                
Sobre os descendentes de João da Rocha Nogueira,ver Blog família Reginaldo.

(*) Pintor e decorador, curso de filosofia Es te blog não tem fins lucrativos.Apenas idealizei fazê-lo com finalidade de trazer para os leitores conhecimento de Histórias de genealogia.

http://familiacamboa.blogspot.com.br/2013/08/joao-da-rocha-nogueira-joao-bangu.html

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1931 – O GRANDE HIDROAVIÃO DO X EM NATAL

Publicado em 20/08/2013 por Rostand Medeiros

O DO X taxiando na água

ESTA ERA A MAIOR AERONAVE EXISTENTE E ESTEVE EM NATAL PELA IMPORTÂNCIA ESTRATÉGICA DESTA CIDADE PARA A AVIAÇÃO MUNDIAL


Autor – Rostand Medeiros

Claudius Dornier certamente é um dos mais ilustres engenheiros aeronáuticos da história da aviação mundial, colocando seu sobrenome em toda uma série de empresas e aeronaves construídas entre 1912 a 2002.

É inegável para aqueles que estudam a história da aviação mundial que o nome de Dornier é muito associado com o chamado projeto X, o projeto de um enorme hidroavião e a maior aeronave do mundo da sua época.

Dornier e sua grande nave

Apesar dos nove anos de esforço, de ser uma impressionante maravilha aérea, infelizmente o DO-X foi sob muitos aspectos um grande fracasso. Mas isso não impediu que um dia este gigante dos ares houvesse amerissado nas calmas águas do Rio Potengi, na cidade de Natal, uma das mais importantes e estratégicas regiões para a aviação mundial no período inicial do seu desenvolvimento.

Esta é a sua história!
Um Grande Engenheiro

Nascido em Kempten, na Alemanha, em 14 de maio de 1884, Claude (ou Claudius) Honoré Desiré Dornier era filho de um francês, importador de vinhos, e de uma dona de casa alemã. Logo ficou claro a sua inteligência e capacidade, onde se percebeu o seu gosto pela ciência. Depois Dornier se destacou como um grande designer e empresário, mas igualmente como um verdadeiro acadêmico. Menos óbvio, mas igualmente importante, está na sua percepção política para conseguir sobreviver, mas também prosperar em uma Alemanha derrotada na Primeira Guerra Mundial, as restrições do Tratado de Versalhes, a má gestão predatória da era nazista e a segunda derrota alemã em 1945.

Dornier graduou-se em 1910, com distinção, na Technische Hochschule, de Munique, e foi contratado pela empresa fabricante de dirigíveis Zeppelin, onde sua experiência com estruturas metálicas foi inestimável.

O futuro DO X no Lago Konstanz

Impressionado com o jovem, o conde Ferdinand Graf von Zeppelin autorizou que uma instalação especial, em Seemoos, as margens do Lago Konstanz, fosse utilizada por Dornier para o desenvolvimento de hidroaviões. Lá, em janeiro de 1915, Dornier construiu o Zeppelin-Lindau Rs 1, um hidroavião trimotor, com estrutura metálica, tendo 43 metros de envergadura e pesando 10.500 toneladas. Infelizmente este aparelho foi danificado antes que pudesse voar.

Dornier completou mais três grandes hidroaviões antes do final da Primeira Guerra. Nenhuma destes pássaros se tornaram aviões de combate, mas cada um deles aprimorou a fórmula clássica de grande parte das futuras aeronaves desenvolvidas por Dornier.

Após a derrota na guerra veio a proibição da Alemanha de construir aviões de grande porte.

Em 1919, Dornier transfere suas operações para Manzell, Suíça. Lá ele projetou o famoso hidroavião bimotor Dornier DO-J Wal (baleia), que voou pela primeira vez em 12 de novembro de 1922. Devido a outras restrições do pós guerra, Dornier foi forçado a se estabelecer na Itália, onde funda a empresa S.A.I. di Costruzioni Mecchaniche i Marina di Pisa, com a intenção de produzir comercialmente o Wal.

O Dornier Wal

O hidroavião foi tão bem sucedida em termos de vendas que 320 unidades foram construídas, incluído as fabricadas sob licença pela Kawasaki no Japão, Aviolanda na Holanda, CASA na Espanha e em 1933, após os abrandamentos das restrições de fabricação de aeronaves, pela própria empresa Dornier Flugzeugwerke, com sede em Friedrichschafen, na Alemanha.

O Grande DO X

Em 1924, ainda quando Claudius Dornier se encontrava na Suíça, teve início os estudos que culminariam no hidroavião DO-X. Mais de 240 mil horas de trabalho vão ser gastas pelos próximos cinco anos para criar a maior aeronave de sua época. Para Walter J. Boyne, piloto e coronel reformado da United States Air Force, no seu trabalho intitulado “The Dornier DO-X: What Might Have Been” (2011), foi durante este período que Dornier perdeu o controle do projeto em termos de peso e arrasto.

Neste plano o DO X mais parecia um navio

Embora fosse um gênio na arte de estruturas leves, onde aprendeu mais ainda quando estava junto a Graf von Zeppelin, usando a sua famosa combinação de aço e duralumínio, Dornier parecia atacado por um complexo de “Art Deco aeronáutico”. Ele viu o DO-X não tanto como um hidroavião, mas como um verdadeiro “Palácio voador sobre os oceanos”, tendo o projeto se tornado estruturalmente complexo, excessivamente ornamentado e aeronauticamente complicado. Logo o DO-X recebia internamente três níveis. O mais alto foi dividido em cinco compartimentos para os 12 ou 14 tripulantes (formado pelos pilotos, navegadores, homens de rádio e engenheiros).

Requinte interno do DO X
 Requinte interno do DO X

O segundo pavimento foi ricamente equipado para o luxo e requinte dos ricos passageiros e com área para transportar suas volumosas e pesadas bagagens. Neste pavimento o DO-X possuía quartos de dormir, quarto para fumantes, um bar, banheiros, uma cozinha, um elegante salão que também poderia ser convertido em uma área para receber berços de dormir durante os voos noturnos e uma sala de jantar. A terceira plataforma foi utilizada para o armazenamento de combustível, de lastro, de óleo e de equipamentos.

Conhecido na Alemanha como Flugschiff (navio voador), possuía uma envergadura de 48 metros, uma área de asa com 450 m² e havia sido projetado para transportar 66 passageiros em voos de longa distância, ou 100 passageiros em voos curtos. As asas eram tão largas que permitia a passagem de engenheiros por dentro delas, para que eles alcançassem os motores em voo através de escotilhas de acesso.

A lateral da grande nave
 A lateral da grande nave

Dornier tinha alcançado seu objetivo de construir o maior avião do mundo, mas infelizmente, na medida que o peso e o arrasto aerodinâmico do DO-X cresciam, consequentemente diminuía a potência disponível pela quantidade dos motores inicialmente idealizada. Como resultado foram acrescentados mais e mais motores, chegando a um total de 12. Para piorar a situação o engenheiro Dornier não pode dispor dos motores que desejava. O novo monstro alado pesava vazio mais de 28 toneladas (o mesmo peso de um Boeing 737-100). Dornier tinha a esperança de adquirir 12 motores americanos mais potentes, mas teve que se contentar com doze motores radiais Siemens-Halske, de 525 cavalos de potência. Assim, desde o início, ele tinha um total de 6.300 cavalos de potência disponíveis, em vez de dos 7.680 cavalos de potência que ele havia planejado.

O DO X no ar

Apesar de tudo isso, em 12 de julho de 1929, aquele hidroavião nada convencional decolou do Lago Konstanz, realizando o primeiro dos seus 239 voos.

Logo tudo que se relacionava ao DO-X recebeu uma grande atenção da imprensa mundial. Em 21 de outubro de 1929, o DO-X fez um voo recorde com 169 pessoas a bordo. Por esta época já tinham sido realizados quase 35 horas de testes, estes revelaram que os motores Siemens eram inadequados. Para sorte de Dornier os americanos da fábrica Curtiss finalmente entregaram seus motores modelo “Conqueror” para serem instalados no DO-X.

O Kapitänleutnant Frederick Christiansen, comandante do DO X

Mesmo com os novos motores, ficou patente que o grande hidroavião alemão não havia alcançado as metas desejadas para velocidade e altitude. Mesmo assim foi lançada uma turnê internacional de vendas. Dornier selecionou para comandar o DO-X o Kapitänleutnant Frederick Christiansen, um ás da Primeira Guerra Mundial, detentor da medalha “Blue Max”, com treze vitórias oficiais e oito não confirmados no seu currículo de aviador de combate da marinha germânica.

O Grande “Raid” do DO X

Em 3 de novembro de 1930 o DO-X voou do Lago Konstanz para Amsterdã (Holanda), Southampton (Inglaterra), Bordeaux (França), Santander e Catalunha (Espanha) e Lisboa (Portugal).

Mapa do “Raid” do DO X

Tudo correu bem até a chegada a Lisboa, quando ocorreu um grave dano. A lona do revestimento da asa esquerda, em contato com um tubo de escape quente, deu início a um incêndio que destruiu grande parte da asa e foram necessários seis semanas para finalizar os reparos. Os alemães passaram o natal e a chegada do novo ano de 1931 na capital portuguesa e este seria o primeiro de uma série de incidentes.

Quando a nave estava finalmente reparada ela partiu ás 8:30 da manhã de 31 de janeiro. Diante de uma multidão de lusos o DO-X percorreu durante dois minutos, com potência máxima dos motores, as águas do Rio Tejo e decolou. Transportava seis passageiros, treze tripulantes e 800 libras de mala postal, seguiu a uma atitude média de 200 metros, com o voo prosseguindo até as Ilhas Canárias, onde chegam depois de seis horas e meia de viagem.

O DO X durante sua grande viagem

Na sequência, houve graves danos na aeronave durante uma tentativa de decolagem, exigindo mais noventa dias de reparação. Durante este tempo foi imposto uma drástica redução de peso para melhorar a capacidade de decolagem, com todos os móveis pesados ​​sendo jogados para fora e a equipe de voo sendo obrigada a se livrar de seus bens pessoais, até de suas navalhas. Além disso veio do Brasil um veterano piloto alemão chamado Rudolf Cramer von Clausbruch, que atuava na empresa aérea Sindicato Condor. Clausbruch sabia como aumentar o alcance de um hidroavião em travessias oceânicas. Ele voava rente as ondas do mar, não mais que 10 metros, utilizando o chamado efeito solo, situação onde a enorme asa do DO-X criava uma condição ideal.

O DO X realizando um voo próximo a água

As nove da manhã do dia 2 de maio de 1930, o grande hidroavião estava de novo no ar. Bordejaram a costa africana, Passaram pela colônia espanhola do Rio do Ouro (atual região do Saara Ocidental), por Dacar, então capital da África Ocidental Francesa (atual capital do Senegal), seguindo rumo sul em direção a ilha de Bubaque, no Arquipélago da Bijagós, na costa da então colônia portuguesa da Guiné (atual República da Guiné-Bissau). Neste local os aviadores alemães tiveram que esperar por mais quatro angustiantes semanas pelo tempo adequado, enquanto isso realizaram vários testes com a aeronave.

Com a confiança renovada na grande máquina alada, seguiram para Porto Praia, capital da então colônia portuguesa de Cabo Verde. Mas novamente ocorreram vários problemas devido ao peso, sendo abortadas várias decolagens. Finalmente no dia 4 de junho de 1931, sete meses depois de decolarem do Lago Konstanz, faltando seis minutos para uma da tarde, eles decolaram em direção ao Brasil.

Consta que se o combustível ficasse muito baixo nos tanques, o DO-X realizaria uma escala em Fernando de Noronha, na época uma colônia penal, e depois o destino seria Natal.

Na bela Ilha de Fernando de Noronha

Desde o final de 1922 que a tropical capital potiguar, com seus pouco mais de 40.000 habitantes, já estava até que bem acostumada com o movimento de aviões e hidroaviões. Além da passagem de vários aviadores famosos, em voos atentamente acompanhados pela mídia mundial, os chamados “raids”, já havia na cidade representações de importantes empresas aéreas francesas, alemãs e norte americanas.

Jornal pernambucano informando a chegada do DO X

Natal era um grande ponto de apoio para a aviação mundial, contando com dois pontos principais para onde as aeronaves convergiam. Os aviões pousavam no chamado Campo dos Franceses, em uma área denominada Parnamirim, que em 1927 era apenas uma fazenda de um rico comerciante imigrado de Portugal e que morava no centro de Natal, vizinho a igreja de Nossa Senhora do Rosário. Já os hidroaviões amerissavam no Rio Potengi, que banha a capital potiguar. Era neste rio que a grande nave alemã iria descer dos céus.

Enquanto o DO-X não chegava a Fernando de Noronha, várias informações eram transmitidas para a imprensa brasileira. Durante o voo sobre o Oceano Atlântico, seguindo viagem tranquilamente a baixa altitude, o hidroavião viu e passou a cerca de 50 metros do navio francês “Massilia” e no final da tarde foi vista por outra nave francesa, o “Lutetia”. Coincidentemente ambos os barcos eram da Compagnie de Navigation Sud-Atlantique, em rota para o Brasil.

Foi igualmente informado pela imprensa que o cargueiro inglês “SS Thereza” avistou a nave aérea a 10 graus de latitude norte e 22 de longitude oeste.

Ocorre que o voo do DO-X da Guiné a Fernando de Noronha demorou mais de treze horas, sendo a travessia realizada a uma velocidade média de 95 milhas (cerca de 153 km/h), obrigando a amerissagem em Noronha.


O hidroavião amerissou diante da Vila dos Remédios, depois da meia noite do dia 5 de junho, em uma noite sem lua cheia que facilitasse a visualização. A operação demonstrou a capacidade do comandante Frederick Christiansen e do conhecimento local que Rudolf Cramer von Clausbruch possuía como piloto do Sindicato Condor. A nave ficou ancorada na baía de Santo Antônio, próximo das ruinas do antigo forte dedicado ao mesmo santo e de uma casa construída em 1927 e utilizada no apoio aos aviadores franceses, conhecida até hoje como “Casa da Air France”.

Depois de revisarem os motores, reabastecerem o hidroavião com 5.400 litros de gasolina, houve uma pausa para o descanso. A manhã do dia 5 estava nublada, fazendo com que a tripulação aguardasse o tempo abrir. Finalmente, depois do meio dia, a tripulação do DO-X transmitiu nas ondas de rádio de 39 metros uma mensagem para a estação rádio do Sindicato Condor em Natal, eles estavam a caminho.

Enfim na Capital Potiguar

Em Natal, como era normal durante a passagem dos grandes “raids” e da chegada de algum hidroavião incomum nas águas do Potengi, a cidade parou esperando o DO-X. E o DO-X era tão somente o maior engenho aéreo do mundo no seu tempo.

Tripulação do DO X

Na sexta feira, 5 de junho de 1931, o comércio local fechou as portas ao meio dia, sirenes em fábricas e as que existiam nos cinemas “Royal” e “São Paulo”, tocaram informando a saída da aeronave de Fernando de Noronha e as ruas passaram a ficar bastante movimentadas.

A pequena, mas influente colônia alemã em Natal, se concentrou na sede da empresa Sindicato Condor, que estava embandeirada com flâmulas com as cores do Brasil e da Alemanha. Até o representante em Nova York da empresa Dornier Flugzeugwerke estava na capital potiguar. Havia em Natal jornalistas de periódicos do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Pernambuco.

Visual de Natal feito pelos tripulantes do DO X

Eram duas horas da tarde quando se ouviu o ronco da aeronave. Como sempre ocorria nestas ocasiões sinos repicaram, muita gente aplaudia, fogos de artifícios foram disparados e grande parte da população natalense estava as margens do Rio Potengi.

A aeronave surgiu primeiramente sobre o bairro de Petrópolis, depois evoluiu sobre a cidade durante dez minutos, ostentando as grandes letras negras de registro “D 1929”

No Rio Potengi, barcos com autoridades potiguares e membros da colônia alemã em Natal encostam no grande DO X

Segundo os jornais, para deleite da população natalense concentrada as margens do Rio Potengi, a nave realizou um voo a baixa altitude desde a foz do rio, seguindo em direção a antiga ponte de ferro sobre o Rio Potengi, sobrevoando-a enquanto perdia altitude para amerissar. Tocou tranquilamente a então limpa água do rio na altura da área de “Refoles”, onde existia a estação de rádio da Marinha do Brasil e os franceses tinham na época uma base de hidroaviões (hoje se encontram as instalações da Base Naval de Natal). A partir daí, lentamente, a nave deslizou sobre o calmo rio em direção a uma pesada e firme boia de atracação de 700 quilos de peso, colocada no meio do rio pela “Inspectoria do Porto de Natal”, próximo ao lugar denominado “Volta do Periquito”.

Natalenses apreciando a grande máquina as margens do Rio Potengi

O DO-X trazia na popa uma grande bandeira tricolor preta, branca e vermelha. Era a antiga bandeira do Império Alemão, ainda adotada em cerimônias oficiais no exterior e que dois anos depois seria abolida para a utilização da famigerada bandeira nazista.

A 500 metros da boia seus motores, menos um deles, foram desligados e com extrema demonstração de perícia para o público presente, o grande hidroavião encostou no artefato de atracação sem problemas. Logo vários barcos encostaram trazendo autoridades, jornalistas e membros da colônia alemã.

O DO X em Natal é notícia

Para surpresa de muitos natalenses, um dos tripulantes do DO-X que surgiu era o conhecido almirante português Gago Coutinho. Em 1922, por pouco este aviador luso não havia amerissado em Natal, junto com seu companheiro Sacadura Cabral. Os dois intrépidos portugueses realizaram naquele ano um voo épico que ligou Lisboa ao Rio de Janeiro em um simples hidroavião monomotor de fabricação inglesa. Logo o almirante Coutinho foi perguntado pelos repórteres o que achou de Natal, respondeu “-O que posso dizer, estou encantado”.

Coutinho não era o único não alemão a bordo. Avaliando o desempenho do DO-X para uma o possível compra pelo seu país, estava a bordo o major italiano Giacomo Brenta.

Tripulação do DO X junto a autoridades brasileiras

Enquanto uma guarnição da Força Pública tomava conta do hidroavião, o piloto do Sindicato Condor, Rudolf von Clausbruch, deixava o DO-X e partia para o Rio. Enquanto isso os aviadores europeus aproveitavam a hospitalidade da bucólica Natal. O comandante Frederick Christiansen, o almirante Gago Coutinho, o major Giacomo e outros dez tripulantes eram discretamente vistos em vários eventos e locais de Natal. Nunca estavam sozinhos, andavam sempre bem trajados e eram de uma fidalguia e de uma conduta pessoal verdadeiramente impecáveis.

Eles foram homenageados com um jantar na casa do rico comerciante de origem portuguesa Manoel Machado, onde o almirante português estava hospedado. Machado era o mesmo que doara o terreno para a construção do Campo dos Franceses.

No domingo, dia 7 de junho, a tarde, o comandante Christiansen e o 1º piloto Horst Merz, apreciadores do nobre esporte bretão e antigos peladeiros, foram assistir a uma partida de futebol no “Campo do Tyrol”, o que hoje chamamos de estádio Juvenal Lamartine.

Os aviadores estrangeiros estavam na tribuna de honra e presenciaram uma emocionante partida de nove gols que decretou a vitória do time do América F.C. sobre seu arquirrival ABC F.C., pelo placar de 5 a 4. A edição de terça feira, 9 de junho, do jornal natalense “A República”, comenta na terceira página que Christiansen e Merz ficaram extremamente impressionados com a qualidade do futebol apresentado e pela garra dos jogadores potiguares.

O 1º piloto Horst Merz, que apreciou muito o jogo entre o América e o ABC F.C. no velho estádio Juvenal Lamartine

O 1ºpiloto Merz afirmou que “-Era impressionante uma pequena cidade possuir tão bons jogadores e com tanta qualidade”. Ao final os aviadores fizeram questão de cumprimentar cada um dos jogadores.

A Viagem Continua, mas um tripulante fica em Natal…

Passados alguns dias, como acontece em navios que visitam cidades, o DO-X foi aberto à visitação pública. Gago Coutinho esteve no Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte e na redação do jornal “A República”.

Natalenses a margem do Potengi contemplando a preparação para a decolagem da grande nave

No dia 17 de junho, ás seis da manhã, foi a data marcada para a partida da grande aeronave, mas simplesmente, como já tinha acontecido antes, o pássaro não voou.

Depois de duas tentativas frustradas, com idas e vindas ao longo do Potengi, em meio a uma grande barulheira dos 12 motores do DO-X que acordou a sonolenta cidade, com o público natalense certamente achando aquilo tudo muito estranho e esquisito, o monstro alado foi levado para a região onde atualmente se encontra o prédio histórico da Rampa e o Iate Clube de Natal e colocado as margens do rio.

Na edição de 18 de junho de 1931, uma quinta feira, na primeira página está colocado que a causa do revés da decolagem do grande hidroavião foi a existência de prosaicas e pequeninas “ostras” incrustadas no fundo do casco do DO-X.

O DO X nas margens do Potengi

Provavelmente o que havia não eram ostras, mas cracas marinhas. Estes são crustáceos marinhos sésseis de vários gêneros, da ordem Thoracica, da classe Cirripedia, que quando adultos têm o exoesqueleto calcificado e composto por várias placas que definem uma forma cônica. As cracas escolhem normalmente rochas para viverem e se reproduzirem, mas podem fixar-se também a fundos de embarcações (onde causam estragos) ou a outros animais (por exemplo baleias). Mas sinceramente não sei o quanto estes animaizinhos poderiam impedir o gigantesco DO-X de decolar do Rio Potengi. Os jornais locais foram muito econômicos sobre este fato.

No jornal “Diário de Pernambuco”, edição de 18 de junho, página 2, o comandante Christiansen afirmou que “-Poderia decolar, mas achou conveniente fazer uma limpeza no casco”. Já o almirante Gago Coutinho, além de culpar os pequenos organismos marinhos, comentou que a falta de ventos e a “Pouca largura” do Rio Potengi, eram os vilões do problema. O comandante alemão decidiu testar novamente os motores do DO-X, realizando o que o jornal recifense classificou como um “passeio” ao longo do rio.

Em todo caso, no outro dia as cinco da manhã, o DO-X partiu de Natal para Salvador.

Não sei se por vergonha do que aconteceu no dia anterior, ou por pressa, mas pareceu aos natalenses que os aviadores da grande máquina decolaram com uma verdadeira velocidade de fugitivos, numa “Carreira igual daqueles que roubam” como se diz o dito popular. Pois simplesmente deixaram para trás um dos tripulantes.

Este fato inusitado está publicado na primeira página do jornal “A República”, edição de 19 de junho de 1931 e na página 3 do “Diário de Pernambuco”, do mesmo dia. O nome do pobre tripulante esquecido não foi mencionado, mas foi informado que logo ele seguiria pelas asas de um hidroavião do Sindicato Condor para Salvador.


É de se conjecturar onde este alemão estava para perder a hora da decolagem de sua aeronave e certamente o seu emprego. Vai ver que nos braços de alguma bela morena potiguar!
Em Outras Terras

O voo continuou para o Rio de Janeiro. O pouso na baía da Guanabara atraiu milhares de curiosos. Do Brasil, o hidroavião voou para os Estados Unidos, pousando em Nova York no dia 27 de agosto de 1931. Ali os motores Curtiss foram removidos e enviados para a revisão e a aeronave acabou ficando vários meses no atual aeroporto Fiorello La Guardia, onde se tornou uma atração turística.


O voo de regresso para a Alemanha partiu no dia 21 de maio de 1932, atravessando o Atlântico Norte e chegando a Berlim em 24 de maio, dessa vez sem maiores contratempos.

Infelizmente para a empresa Dornier Flugzeugwerke, os Estados Unidos estavam vivendo a chamada Grande Depressão, e não havia mercado com capacidade de absolver uma aeronave do tamanho do DO-X. O hidroavião passou para a empresa aérea Lufthansa, mas operou por pouco tempo.


Logo houve um pouso errado no sul da Alemanha e houve danos ao pássaro de metal. Reparado, o DO-X voltou para Berlin e passou a fazer parte do Deutsche Luftfahrt-Sammlung (museu da aviação) em Lehrter Bahnhof. Infelizmente, em novembro de 1943, o museu foi destruído por um pesado bombardeio da RAF e quase nada restou do DO-X.

Dornier fabricou mais dois hidroaviões Do-X, que foram vendidos ao italianos. Estes eram idênticos ao DO-X original, com exceção dos motores. O destino final dos dois aviões não é conhecido e provavelmente foram desmontados e sucateados silenciosamente. Um sucessor, o Do-XX, foi idealizado por Dornier, mas nunca avançou além do estágio de estudo de design.

Embora nunca tenha sido um sucesso comercial, o Dornier DO- X foi um pioneiro do seu tempo, que demonstrou o potencial de um serviço de transporte aéreo internacional de passageiros.

Fontes - http://culturaaeronautica.blogspot.com.br/2009/11/dornier-do-x-o-gigante-dos-anos-30.html

http://en.wikipedia.org/wiki/Dornier_Do_X


Extraído do blog "Tok de História do historiógrafo e pesquisador do cangaço Rostand Medeiros

http://tokdehistoria.wordpress.com/
http://blogdomendesemendes.blogspot.com