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quarta-feira, 11 de junho de 2014

AGRIPA E POVO QUER RESGATE JÁ

Por Clerisvaldo B. Chagas, 11 de junho de 2014.- Crônica Nº 1.207

Dando continuidade à luta pelo resgate urbano do rio Ipanema e seus afluentes, abandonados pelas autoridades desde os anos 60, a AGRIPA aperta o cerco.


Na sessão da última segunda-feira, a Associação recebeu em ofício da Prefeitura, a Lei Nº 922/20.05.2014, sancionada como homenagem permanente ao principal curso d’água que banha e dá nome ao município de Santana, como “Dia do Rio Ipanema”.

Agora a AGRIPA começa a fazer pressão diante dos órgãos que têm o poder de resgatar o rio. Diante disso, o diretor do meio ambiente Manoel Messias e o presidente da Câmara de Vereadores, José Vaz, estão procurando juntos criar o Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente e aplicar as leis já existentes no Código Municipal, criado na gestão Genival Tenório e ainda atualizadas.

Já foi entregue pela AGRIPA ao senhor prefeito, o calendário de limpeza de lixo e entulhos no rio, ficando todas as primeiras terças dos meses de julho a dezembro de 2014.

A Secretaria de Ação Social e da Saúde, com os seus anexos, estão sendo, pela segunda vez, convidadas a prestar esclarecimentos à população através da AGRIPA, sobre a omissão ou não desses órgãos nos problemas apontados pelos guardiões. As titulares não compareceram ao debate do último dia 21 e nem enviaram representantes. A AGRIPA promete mover ações amargas contra órgãos pagos com o dinheiro do povo, que se recusem a esclarecer o que a população tem direito em saber.

Por sua vez, a CASAL também não enviou a AGRIPA o relatório prometido, o que poderá levar os guardiões a tomar outras iniciativas, pois o maior poluidor são os dejetos descidos dos esgotos.

A fossa do hospital Clodolfo Rodrigues, a fossa do antigo hospital dentro do Ipanema, pocilgas, estábulos, lava a jato, construções debaixo de ponte, construções nos leitos de riachos e rio, cercas de arame, extração de areia e pesca predatória, são problemas dos órgãos acima citados.

Em breve os omissos terão novidades.


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PAISAGEM COM TRISTEZA AO FUNDO

Por Rangel Alves da Costa*

Certamente que a tristeza é sentimento que vai surgindo no íntimo e se irradia por todo o ser. Sua visibilidade se expressa principalmente na feição, nos olhos e no coração. E comumente vai brotando do nada, como mera indisposição que logo é transformada em sensações de angústia, aflição, dor íntima que vai provocando a reclusão.

Como dito popularmente, a tristeza passageira não mata, não causa danos irreversíveis, mas causa estragos difíceis de ser reparados. E também é dito que a cura da tristeza está na mente, no afastamento ou distanciamento daquilo que a provoca. Mas também no olhar, eis que os olhos são portais de encontro e passagem para instantâneos que têm o dom de pesarosamente modificar qualquer um.

Uma verdade: a tristeza é sempre provocada, seja pelo próprio ser ou por uma realidade exterior. Costuma ser ocasionada por acontecimentos, fatos e situações. Nasce alheia ao desejo do indivíduo, mas também por este pode ser convidada a causar sofrimento e dor. Assim quando alguém se motiva a pensar em situações angustiantes ou vai abrindo portas e janelas para reencontrar feições doloridas.

De repente, mesmo não tencionando invocar dores na alma, a pessoa começa a percorrer caminhos melancólicos, espinhentos, sempre penosos. Recorda o ex-amor, recorda um ente querido que partiu deixando imensa saudade, recorda uma feição que gostaria de ter diante de si no momento e de um corpo que tudo daria para abraçar e beijar. E muitas outras situações verdadeiramente cruciantes.


Como afirmado, a tristeza não é provocada apenas pelas realidades que envolvem a pessoa. Muito além do desejo, do pensamento e da provocação, e num instante o sol vira lua escondida e o dia ensolarado se torna tempestade. E assim acontece porque muito do que está além da pessoa tem o dom de provocar reações internas imediatas. A pessoa pode estar alegre, sorridente, feliz, mas de repente e uma simples visão pode modificar tudo.

E são os cenários, as paisagens e tudo aquilo que se mostra além do olhar, que num segundo pode provocar tristezas profundas. Desse modo, um olhar com brilho de felicidade de repente se volta para algo e ali encontra o despertar do sofrimento. A pessoa está cantando na sala, mas ao abrir a janela se enche de angústia pelo que avista.

Outras vezes, contudo, é a própria pessoa que segue ao encontro daquilo que pode causar tristeza. Assim acontece, por exemplo, quando sai de ambiente alegre ou em meio a muitas pessoas e vai procurar um ambiente solitário, distante de tudo, no silêncio que chega com imagens mentais. Não há como fugir da reflexão, do pensamento mais aprofundado, das recordações mais íntimas, do entristecimento.

De qualquer modo, quando a pessoa não instala em si o ambiente propício ao entristecimento, a tristeza será facilmente encontrada logo adiante, na distância do alcance do olhar. Além do olhar surgirá a paisagem com a tristeza ao fundo. Não porque o cenário seja lúgubre, triste ou desencorajador, mas simplesmente porque os olhos não captam o significado exterior, a beleza em si, mas aquilo que ativa o lado mais nostálgico e melancólico da alma.

Ora, dependendo da sensibilidade ou da propensão da alma no instante, dificilmente a tristeza não chegará se a pessoa estiver caminhando num cais solitário ao entardecer, ouvindo apenas o barulho das águas e o murmurejo de coqueiros embalados pelo vento que sopra. E levanta o olhar para encontrar as últimas cores da tarde, tão afogueadas e melancólicas.

Dentro do quarto e chovendo lá fora, a pessoa caminha para a tristeza todas as vezes que se aproxima da vidraça embaçada. Passa a mão naquela nuvem molhada e avista um pássaro entristecido num galho adiante. E basta tal cena e o íntimo será despertado para realidades angustiantes. E o pensamento começa a viajar para recolher as dores do mundo. Apenas uma cena, uma paisagem, mas sempre com tristeza ao fundo. E como dói ser essa moldura.

Poeta e cronista
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UMA VISITA AO MUSEU GEOLÓGICO DA BAHIA E AO INSTITUTO NINA RODRIGUES


Orlins, João Lima e Rubens

Rubens Antonio e Orlins Santana recepcionaram o historiador João de Sousa Lima e o apresentaram ao Museu Geológico da Bahia e ao Nina Rodrigues.

O encontro foi marcado para debater fatos relacionados aos acervos documentais do nordeste. Rubens Antonio é funcionário do Museu Geológico e Orlins trabalhou muito tempo no Instituto Histórico e Geográfico da Bahia.

Rubens Antonio tem se especializado em colorir as fotos do cangaço, em um trabalho memorável.

João de Sousa Lima  e Rubens Antonio


Enviado pelo escritor e pesquisador do cangaço João de Sousa Lima

http://www.joaodesousalima.com/
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Solicitação da restauração da casa de Jacú

Por Wescley Rodrigues

Amigos, em minhas 'andanças' através das ondas 'dentes de serra', deparei-me com uma maravilhosa solicitação, em forma de manifesto, de um patrimônio pertencente à história do cangaço. Desprezada por uns, esquecidas por outros. Faz-se necessário as autoridades de todos os Estados da nação que fazem e/ou fizerem parte da Rota do Cangaço, preservarem, restaurarem, construírem museus, em fim, preservarem a história para a história. Peço permissão ao administrador deste grupo para postar, na íntegra, esta matéria. Em prol do restauro da casa do Sítio Jacú

Por ocasião do Seminário Parahyba Cangaço, foi lido no dia 16 de junho de 2013, na cidade de Nazarezinho, o manifesto que pede o tombamento da casa do Sítio Jacú, antiga residência do cangaceiro Chico Pereira, e a criação de um museu no referido local.

Atenciosamente
Prof. Wescley Rodrigues

Exmº. Sr. Prefeito do Município de Nazarezinho, autoridades municipais constituídas, cidadãos e cidadãs do estado da Paraíba e demais estados da Federação, família Pereira, o cangaço foi um movimento que marcou a história do sertão nordestino, sendo um movimento que, devido as suas peculiaridades e características não encontramos em outro lugar do mundo, sendo algo eminentemente nosso, um dos elementos caracterizadores da região Nordeste. Alguns registros históricos pontuam a existência de cangaceiros já no século XVIII, no momento das entradas de gado e de desbravamento dos sertões. No entanto, o apogeu do cangaço deu-se na primeira metade do século XX. Sabemos perfeitamente que a figura do cangaceiro liga-se ao banditismo, a violência, a assassinatos, roubos, estupros e depredações do patrimônio público e privado, mas devemos salientar que esses homens e mulheres chamados por muitos de bandidos, foram fruto da sociedade de sua época.

Essa sociedade marcada pela má distribuição de terra, latifúndios, trabalho escravo ou servil, analfabetismo, descaso por parte da justiça e das autoridades políticas, falta de políticas públicas e trabalho. Todos esses fatores acabaram levando muitos sujeitos a enxergarem no banditismo uma solução imediatista para a resolução dos seus problemas, pois quando bate a fome, como bem disse o médico Josué de Castro no seu livro “Geografia da Fome”, o homem perde todo o seu código ético e moral e deixa a sua fera interna romper as barreiras da conversão social para poder alimentar-se. Essa é a busca desenfreada pela sobrevivência.

Outro fator que carece de uma atenção mais amiúde foi à falta de justiça, haja vista ser a justiça no século XIX e início do XX totalmente parcial, estando à disposição apenas da elite que a manipulava acabando por marginalizar inúmeros sujeitos por meio de ações que levavam a injustiça, plantando no homem um sentimento de revolta. Vitimados muitos viam nas armas a solução para os seus problemas, o meio para alcançar a tão almejada vingança; um refúgio protetor contra uma elite e um sistema coronelístico desumanizador; e um meio de vida para sobreviver apesar de todas as intempéries da vida nômade na caatinga.

O final do século XIX e início do XX surgiram cangaceiros famosos, os quais, por meio das suas ações, se imortalizaram na memória e trova popular. A história dos seus atos foram gradativamente passando de geração a geração. Essas narrativas construíram um espaço memorialístico para a figura do cangaceiro, os quais tinham seus feitos reproduzidos por meio das falas populares, das histórias mirabolantes salientadas pelos caixeiros viajantes ou por meio da deliciosa construção discursiva do cordel. Tivemos nomes que até hoje são lembrados: Jesuíno Brilhante no Rio Grande do Norte, Lucas da Feira na Bahia, Antônio Silvino na Paraíba e Pernambuco, Sinhô Pereira no Pernambuco, Virgolino Ferreira da Silva, conhecido como Lampião, grande ícone do “ser” cangaceiro e que “reinou” nas suas andanças por sete estados do Nordeste brasileiro; e Chico Pereira no sertão paraibano. Poderíamos citar inúmeros outros, mas nos detemos de forma ilustrativa no nome desses.

Nesse contexto apresentado, falar do Nordeste sertanejo é falar do cangaço, não temos como apagar da história esse movimento que mazelou por muito tempo o povo nordestino, muitos pobres que viviam isolados na caatinga. Lembrar do cangaceiro não é um ato de revesti-lo com armaduras de heroísmo, de fazermos apologia a violência e ao banditismo, mas sim, voltar o nosso olhar para um momento crítico da nossa história, buscando entendê-lo, esmiuçá-lo para não cometermos no presente os mesmos erros do passado. Falar do cangaço é analisar antropologicamente o homem sertanejo tão estigmatizado e martirizado com as intempéries climáticas e com a desvalorização política.

Falar do cangaço é discutir o papel da justiça como um meio responsável por lutar pela dignidade da pessoa humana e pelo princípio da equidade. Como coloca Francisco Pereira Nóbrega no livro “Vingança, não”: “Cangaceiro não era apenas o perverso, o tarado. Havia-os também honestos, incapazes da menor crueldade gratuita, de armas em punho só para tentar justiça”. Em uma sociedade que abria poucas possibilidades para o pleno desenvolvimento dos sujeitos, assumir a vida das armas era uma forma de buscar se fazer ouvir, lutar por seus direitos, haja vista a justiça da época só valorizar a elite.

Estando encravada no Nordeste, a Paraíba não esteve imune à atuação dos cangaceiros, como também era caracterizada por todos esses fatores conjecturais expostos há pouco, que promoviam a segregação social. Ao palmilharmos essa história nos deparamos com a figura do cangaceiro Chico Pereira, um dos maiores ícones do cangaço paraibano, homem de fibra que se fez personagem da história do Brasil e que precisa ter a sua memória preservada. O que percebemos é que essa história tão rica que temos na cidade de Nazarezinho não é valorizada, estudada, acabando por, gradativamente se perder no tempo, acarretando perdas irreparáveis para a história do Brasil e do cangaço no Nordeste. As futuras gerações tem direito a memória, a história, sendo a história de Chico Pereira não só um patrimônio de Nazarezinho, mas de todo o Brasil e de todos os brasileiros e brasileiras.

É preciso preservar para os nossos filhos terem direito de conhecer as raízes da nossa constituição histórica e identitária nacional, pois “a história, por vezes, ironiza os homens” (Nóbrega, 2002, p. 65). Um dos maiores medos dos gregos não era o do julgamento dos deuses, mas sim o julgamento da História, de serem lembrados como covardes ou não serem lembrados pela posteridade. A Constituição Federal de 1988, no seu artigo 23 é muito clara quando determina:

"É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: [...] III – proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos; IV – Impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural; V – proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação e a ciência".

A belíssima casa do Sítio Jacú, que pertence a família Pereira, é de um enorme valor histórico, tendo grande importância como patrimônio material para a história do Brasil. Percebemos está a casa ameaçando ruir devido a ação do tempo, necessitando urgentemente reparos e restauro. Assim, nós pesquisadores(as) pedimos encarecidamente a Prefeitura Municipal de Nazarezinho, ao Governo do Estado da Paraíba e a família Pereira, o restauro imediato, o tombamento da casa citada e a criação de um museu destinado ao movimento social do cangaço, essa seria uma homenagem a memória de Chico Pereira. Pois, como foi dito, hoje Chico Pereira é um patrimônio para todo o povo brasileiro. Gostaríamos que o Exmº. Sr. Prefeito tome uma atitude imediata, antes que a história passe a conhecer Nazarezinho como uma cidade sem cultura e sem memória, que não guarda a sua herança histórica.

Nazarezinho – PB, 16 de junho de 2013.
Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço (SBEC)
Cariri Cangaço
Comitê em prol da Reforma e Tombamento da Casa de Chico Pereira
Postado por Kiko Monteiro
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Marcadores: Chico Pereira, Locais, Nazarezinho, Notas, Paraíba///////////// A realidade da casa do Sitio Jacú hoje
(Foto Coroné Severo, Cariri cangaço)

Fonte: facebook
Págona: Sálvio Siqueira.

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A Lagoa do Mel na Bahia

A Lagoa do Mel com seus traços preservados

A Lagoa do Mel situa-se no povoado Baixa do Boi, distante do centro de Paulo Afonso uns 15 km. O combate aconteceu em 1931, Lampião foi avisado por um coiteiro da presença dos policiais e ao amanhecer do dia partiu da fazenda de Pedro Gomes (pai da cangaceira Durvinha) portando uns chocalhos, cercou o tanque, utilizando como estratégia, o tilintar dos chocalhos, confundindo os soldados que pensaram que eram bodes e cabras que se aproximavam para beber água; o tiroteio foi intenso e dizimador, morrendo na hora 16 soldados e o irmão de Lampião.

O tenente Arsênio conseguiu desferir uma rajada de metralhadora, sendo o bastante para rendilhar o estômago do jovem cangaceiro. o tenente conseguiu fugir deixando a metralhadora, porém tirando uma peça que deixou a arma inutilizável.

Lampião enterrou o irmão próximo ao tanque, contando com o serviço de Antônio Chiquinho (falecido em fevereiro de 2010, com 106 anos de idade). Lampião recolheu armas, munições, dinheiro e joias que estavam em posses dos soldados, seguiu para o Raso da Catarina, onde chorou suas mágoas por conta da perda do irmão amado e depois arquitetou sua vingança contra o tenente Arsênio e aí a história é longa e carece de mais tempo para ser contada em seus mínimos detalhes.

Fonte: facebook
Página: Paulo George

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O único coiteiro que viu Lampião pela última vez


Grande Paulo George -  facebook

Gostaria apenas que o amigo informasse aos nossos leitores se este informe é recente ou não. Eu acredito que é um recorte de jornal, e pelo longos anos que já se passaram depois da morte de Lampião, acho que o coiteiro Mané Félix já partiu para eternidade, e faz um bom tempo. 

Devaneios que inspiraram lixos literários - Seu dotô, pode botar aí, que foi verdade! 

Por: Ivanildo Silveira
http://lampiaoaceso.blogspot.com.br/2009/11/perolas-delirios-literarios-ou-seu-doto.html


O jornalista baiano, Juarez Conrado (vide foto), na década de 80, escreveu para o Jornal "A Tarde", uma série de 03 reportagens, depois transformada em livro, sobre os últimos dias de Lampião, antes da chacina, que o vitimou, na Grota do Angicos/SE, em 28/julho/1938.


Com base em depoimentos de coiteiros e ex-cangaceiros, em entrevistas com testemunhas oculares, e apoiado em cuidadosa pesquisa, que incluiu visitas ao cenário dos acontecimentos, o jornalista refez os sete dias, os últimos da vida do Rei dos cangaceiros.

Uma das reportagens feitas pelo citado jornalista, foi com o grande coiteiro " Manoel Félix" (vide foto, logo abaixo). Esse coiteiro esteve com Lampião, na Grota do Angico, em vários dias, seguidos, inclusive, no penúltimo dia que antecedeu a morte do Rei do Cangaço. 


O grande coiteiro "Manoel Félix"

Nascido e criado em Poço Redondo, de onde jamais se afastou, trabalhando sempre no campo, Manoel Félix um sertanejo calmo e tranquilo, e, certamente, a principal testemunha de tudo o que ocorreu com "Lampião" e seu bando durante os sete dias de permanência na Grota do Angico, onde, surpreendido pela tropa do tenente Bezerra, encerrou, tragicamente, os 22 anos de aventuras pelos sertões de sete estados nordestinos.

Cortesia do pesquisador/escritor- Dr. Sérgio Augusto de Souza Dantas

Durante muito tempo conviveu com "Lampião", sendo por ele encarregado da aquisição de mantimentos na feira de Piranhas, no Estado de Alagoas, do outro lado do Rio São Francisco, bem à frente de Canindé.

Manoel Félix como a grande maioria dos moradores de Poço Redondo/SE de uma certa idade, viu de perto "Lampião", a quem jamais traiu ou temeu, porque dele ignora qualquer crueldade praticada na região contra os que ali viviam, o que não acontecia, porém, com as "volantes", temidas e odiadas pela barbaridade de seus integrantes que, no afã de compensarem sua incapacidade em descobrirem o bandoleiro, martirizavam com seus impiedosos tratamentos a quantos julgavam "coiteiros".

Manoel Félix , amigo particular de Virgulino Ferreira da Silva, a quem reconhece "um homem fino e educado", embora lamentando o seu trágico fim, "porque um homem como Lampião não devia morrer assim", confessa ter sentido "uma frescura de alivio no espinhaço" ao certificar-se de sua morte, pois, mais dia, menos dia, sabia que também ele acabaria torturado pelas desumanas "volantes".

Seu depoimento gravado, que nos prestou em Poço Redondo/SE, percorrendo em nossa companhia os principais pontos por onde "Lampião" passou, é o maior documento que pode existir sobre os últimos dias do "Governador do Sertão".

Viajou com Lampião

Manoel Félix que já conquistara a confiança de Lampião, teve oportunidade de fazer algumas viagens em companhia do famoso bandoleiro, a última das quais à localidade conhecida como Capoeira, às margens do Rio São Francisco, fato ocorrido após sua chegada à Gruta do Angico.

Em meio à viagem, pegaram uma cabra, do que se encarregou o próprio Manoel Félix, com ela preparando o almoço, já por volta das quatro horas da tarde. Propositadamente, tendo em vista que o encontro se daria à beira do rio, por onde navegavam muitas canoas, "Lampião" permaneceu escondido no mato até o cair da noite, quando foi se avistar com o fazendeiro Joaquim Rizério, com quem fizera as pazes após longos anos de feroz inimizade. O que conversaram ninguém veio a saber, pois a reunião entre ambos foi sigilosa, em local reservado.

Poupava as cobras

Já de retorno à gruta, um fato chamou a atenção de Manoel Félix: a preocupação de Lampião e seu bando em não matarem cobras por mais venenosas que fossem. Disso, aliás, o próprio coiteiro teve provas quando, distraidamente, ia pisando uma cascavel que surgira em meio ao caminho. Pegando de um pau para matá-la, foi impedido por Zé Sereno, que não permitiu, procurando, com muito jeito, fazer com que a cobra retornasse aos matos de onde havia saído.

Em outra,oportunidade, quatro ou cinco dias antes da chacina, Manoel Félix, em companhia do seu irmão Adauto, foi até a gruta levar para Lampião certa quantidade de doce de côco, por ele muito apreciado, tendo o cangaceiro, bastante satisfeito, agradecido o presente, logo distribuído em pequenas quantidades com algumas mulheres do grupo, como Maria Bonita, Enedina, Cila, Maria, Dulce e Maria, mulher de Juriti.

Nesse dia, havia chegado um sobrinho de Lampião, chamado de “José” – de 18 anos, a fim de integrar-se ao bando, tendo "Lampião" encarregado o coiteiro de comprar na feira de Piranhas/AL, do outro lado do rio, a mescla para preparar o bornal do jovem, o que, entretanto, não chegou a acontecer, como veremos mais adiante.

Lampião esperava “Corisco e Labarêda”

Conquanto nada lhe dissesse diretamente, porque com ele não conversava sobre assuntos internos do grupo, Manoel Félix ouviu de Lampião, na véspera de sua morte, estar na expectativa da chegada de Ângelo Roque, o "Labarêda", que fora a Jeremoabo, e de Corisco, que se encontrava do outro lado, em Alagoas.

Embora a conversa sobre esses dois bandoleiros fosse com Zé Sereno, Manoel Félix sentiu por parte de Lampião certa preocupação ante a demora dos mesmos, preocupação que o levou a conjecturar sobre um possível encontro com as volantes, hipótese logo descartada porque, segundo disse, "se fosse macaco a gente já tinha sabido".

Até às 18 horas do dia 27/julho/1938, véspera da morte de Lampião, quando deixou a Grota, Manoel Félix não registrou a chegada de nenhum dos dois celerados, confirmando-se depois que se encontravam ausentes no momento do cerco pela tropa do Tenente João Bezerra.

Contatos

Outro detalhe muito importante relatado por Manoel Félix é o que se relaciona às ligações de Lampião com influentes fazendeiros, principalmente nos estados de Bahia, Alagoas e Sergipe, embora sempre com o cuidado de não revelar, nem mesmo aos seus mais chegados seguidores, a identidade desses indivíduos.

Na última semana de vida, Lampião  manteve, lá do Angico, contatos com vários desses fazendeiros através de emissários que despachava secretamente, e dos quais, por motivos óbvios, exigia absoluto segredo de suas missões, geralmente com o objetivo de apanharem dinheiro, mantimentos, armas e munições.

De quem chegava, ou de onde chegava o que ele precisava, Lampião fazia questão de não relatar, mantendo tudo sob o mais completo sigilo.

A confiança de Luiz Pedro

Por volta das 15 horas do dia 27/Julho/1938, treze horas portanto, antes do cerco que lhe causou a morte, Maria Bonita, que na opinião de Manoel Félix, não competia em beleza com Cila, deixou a gruta, onde se encontrava com os companheiros, e foi banhar-se no riacho que passa próximo a entrada da mesma.

O coiteiro descreveu-nos a fiel e corajosa companheira de Virgulino Ferreira a Silva, assim à vontade, como uma: "mulher baixinha, toda redondinha, uma carinha bonita e com dois olhos pretos e grandes, morena clara, cabelos negros e lisos, quadris relativamente largos, cintura fina, tendo os braços e pernas roliços e muito bem feitos".

Muito "prosista e conversadeira", brincava bastante com alguns dos bandoleiros, pelos quais era respeitada, apesar de muitos deles levarem essa brincadeira mais além, como Luiz Pedro, por ela chamado de “Caititu”, e que gozava da maior confiança e intimidade da mesma e do próprio Lampião, seu compadre.

Nada de anormal até o momento? Realmente o Juarez tava indo até "marro meno"... vejam como a "invenção" de um gesto poe em cheque a autoridade do Rei do cangaço perante seu comandados. (Kiko Monteiro) 

Nessa tarde, por sinal, depois de "caçoar" com Luiz Pedro, deixando de fazê-lo somente no momento em que se dirigia para o riacho, o bandoleiro, que estava sentado sobre uma pedra, deu-lhe uma palmada mais ou menos forte nas nádegas, fazendo-a correr na direção do pequeno córrego, enquanto Lampião, que a tudo assistia, sorriu como se nada tivesse acontecido.

Na véspera da morte

Manoel Félix recorda-se que, na véspera da chacina, quando esteve com Lampião, informou não lhe ter sido possível comprar na feira de Piranhas, em Alagoas, tudo o que ele mandara (carne, peixe, queijo, agulhas, chapéu de couro, uma máquina de costura e brim mescla), porque, como já dissemos na reportagem anterior, a Polícia passou a vigiá-lo.

Ainda assim, entregou as agulhas de Maria Bonita, devolvendo a Lampião os 200.000 réis que dele recebera para adquirir mantimentos. Conversaram durante longo tempo, comendo queijo, que chegara da Fazenda Mulungu, de onde o bando havia recebido certa quantidade de farinha e açúcar.

Lampião mostrava-se bem disposto, pedindo-lhe, inclusive, que lhe cedesse o cinturão em virtude do seu já se encontrar bastante estragado.

Também Maria Bonita, muito "prosista e conversadeira", conversou com Manoel Félix, procurando informar-se da situação financeira do mesmo e dos seus familiares.

Aliás, desde o primeiro encontro que teve com o grupo, na Fazenda Bom Jardim, em Sobradinho, no local conhecido como “ Olho D'Água de Antônio Jorge", quando foi levar banha de peixe que o seu tio Lisboa Félix, também amigo e coiteiro de Lampião, mandara para o cangaceiro "Boa-Noite" passar no joelho doente, que "Maria Bonita" demonstrou haver gostado dele.

Nessa tarde, dia 27 de julho, Manoel Félix recorda-se de que vários cangaceiros jogavam cartas, entre eles Juriti, Passarinho, e Sereno, Luiz Pedro, José de Julião, Moeda, Mergulhão, Colchete, Alecrim, Fortaleza, Cajazeira, Criança, Quinta-Feira, Elétrico, Macela, Canário e Caixa de Fósforo, enquanto outros passeavam nas proximidades.

Luis Pedro, teve oportunidade de mostrar-lhe, e ao seu tio Caduda, que estava em sua companhia, grande quantidade de ouro guardada numa pequena caixa, como anéis, correntões e argolas.

Este bandido, de estatura mediana, claro, cabelo miúdo, e muito alegre, juntamente com Manoel Moreno e Zé Sereno, preparou a comida para o grupo na véspera da morte.

Embora não lhe revelassem plano de ataques a qualquer cidade, Manoel Félix pôde ver que o grupo contava com grande quantidade de armas e munições, como fuzis e revólveres, além de punhais.

Na última tarde que teve de vida, Lampião, segundo  Manoel Félix estava absolutamente tranqüilo, chegando mesmo a fazer pilhérias quando soube do medo que causava ao coiteiro a possibilidade de ser descoberto pelas volantes. Aliás, nos últimos meses, Lampião parecia mais acomodado, um tanto diferente porque sempre pensativo, o que não impedia, porém, de manter a autoridade sobre o grupo, inclusive com os mais temíveis dos seus integrantes, como aconteceu com Luiz Pedro quando este, querendo botar o seu cachorro para brigar com "Guarany” o de "Lampião", acabou se desentendendo com o chefe, de quem levou, sem responder uma única palavra, séria repreensão.

Com relação ao cachorro “Guarany” ocorreu um fato interessante na segunda-feira que precedeu à chacina do Angico: descansando, com a cabeça recostada a uma pedra, Lampião cochilava, tendo ao lado seu fiel cão de guarda, quando dele se aproximou Zé Sereno, trazendo um bode que capturara pouco antes.

Vendo o animal, “Guarany”, latindo muito, avançou sobre ele, assustando-o, fazendo com que bode, espantado, pulasse sobre Lampião, que, extremamente supersticioso, vendo na reação do bicho um possível mau sinal, ordenou, aos gritos, que Zé Sereno soltasse imediatamente "esta peste", no que foi prontamente atendido.

Até às 18 horas do dia 27/julho/1938, aproximadamente, Manoel Félix permaneceu no Angico, de onde saiu com a recomendação feita por Lampião para retornar no dia imediato, madrugada ainda, pois eles teriam que viajar, tudo indicando que, como das vezes anteriores, a última das quais na Fazenda Santa Filomena, distante duas léguas da sede de Poço Redondo/SE, iria receber 50 ou 100 mil reis de gratificação, pelos serviços que prestou.

Este, o encontro que jamais iria se realizar, pois, de acordo com as instruções recebidas, ao se dirigir, na madrugada do dia imediato (28/julho/1938), para a Grota do Angico , à certa distância ouviu o tiroteio terrível, o que lhe deu a convicção de que, afinal, a volante houvera descoberto o esconderijo de Virgulino Ferreira da Silva, cercara-o e se encontrava dando-lhe combate, sobrevindo, a morte do Rei do Cangaço, naquele fatídico dia.

Fonte: Segunda reportagem publicada em 28/05/1980) no Jornal "A TARDE" / Salvador
Autor: Jornalista Juarez Conrado

Considerações

Realmente, eu achei, também, muito estranho, a narrativa do autor da matéria, ao tecer comentários na reportagem sobre "Maria Bonita", tendo informado: É a narrativa de um fato inusitado, envolvendo "Luiz Pedro  e Maria Bonita", e que deixa os estudiosos/pesquisadores do cangaço de "orelha em pé ". Como se vê, ou o jornalista exagerou na sua narrativa, ou o coiteiro Manoel Félix, lhe narrou o fato, de maneira diversa do ocorrido, na realidade. 

Na minha opinião, acho difícil e improvável, que tal fato, tenha ocorrido.

Convém, também salientar, que na literatura cangaceira, pelo menos nos livros que li até hoje, não constatei, nenhuma linha, em relação ao comportamento de Maria Bonita, em que o rei do cangaço tenha externado "cenas de ciúmes", da parte dele, em desfavor de algum cangaceiro " .

Como se constata, há muitas informações relativas ao "casal Rei do Cangaço", que precisam de uma melhor análise, separando-se o fato real, da lenda, bem como as insinuações de alguns escritores .

Um abraço a todos, 
Ivanildo Silveira
Natal/RN

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16 de Agosto lançamento do livro "Águas do Tempo"

Por Rejane Costa Barros

Pronto. Acabo de saber a data do lançamento do meu Águas do Tempo em Mossoró. Será dia 16 de Agosto, o terceiro sábado do mês. 


Dia 30 de Agosto receberei título no Museu do Sertão, também em Mossoró, presidido pelo ilustre amigo Benedito Vasconcelos.

Professor Benedito Vasconcelos Mendes

Fonte: facebook

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Nova Diretoria da SBEC - Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço


Presidente: 
Benedito Vasconcelos Mendes


Vice-Presidente: 
Paulo Medeiros Gastão


Secretário: 
Geraldo Maia do Nascimento


Tesoureiro: 
Antônio Clauder Alves Arcanjo


Suplente de Secretário: 
Rubervânio Cruz Lima


Suplente de Tesoureiro: 
Maria do Socorro Cavalcanti


CONSELHO CONSULTIVO: 
Francisco Honório de Medeiros  Filho


Francisco Pereira Lima



Susana Goretti Lima Leite



Ana Lúcia Granja de Souza



Manoel Severo Gurgel Barbosa

CONSELHO FISCAL



José Paulo Ferreira de Moura



Leandro Cardoso Fernandes


Alessandro Santos Monteiro



Jairo Luiz Oliveira



Ângelo Osmiro Barreto.

Mossoró-Maio de 2014

 Benedito Vasconcelos Mendes
Presidente - SBEC

http://blogdomendesemendes.blogspot.com