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sábado, 7 de setembro de 2019

NOTA DE FALECIMENTO


Por João de Sousa Lima

Faleceu hoje, aos 85 anos, Cícero Gomes sobrinho da cangaceira Durvinha... Ele residia no povoado Arrastapé. Era conhecido como Cicinho Gomes.




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ENTREVISTA COM A FILHA DE LAMPIÃO


Publicado a 23/06/2007

Lampião Entrevista com Expedita e Vera Ferreira, respectivamente filha e neta de Lampião. Program Sem Censura. Infelizmente a imagem não ficou boa.
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A HISTÓRIA DE JOSÉ SAMPAIO DE MACEDO MAJOR BRIGADEIRO DO AR



José Sampaio de Macedo Major Brigadeiro do Ar, barrou o projeto Mucuripe Field em Fortaleza.

Brigadeiro Macedo: – ‘Estou defendendo o crescimento da mais linda Capital do Nordeste.’

Comandante Americano: – ‘Você está me impedindo de construir um dos mais importantes aeroportos da América Latina.’

“O Padre Cícero ‘uma pessoa não muito boa do juízo’ – escrevia cartas para Adolfo Hitler com uma familiaridade impressionante, naturalmente não obtendo resposta” – Macedo.

‘Zé do Crato’ brigadeiro, caçador de Lampião, assessor hollywoodiano bissexto, pioneiro do mítico Correio Aéreo Brasileiro e cachaceiro dos bons, barrou o projeto americano Mucuripe Field em Fortaleza.

A figura do Major Brigadeiro do Ar José Sampaio de Macedo é um capítulo à parte na história da aviação do Ceará. Fundador e primeiro comandante da Base Aérea de Fortaleza, o brigadeiro Macedo foi o principal opositor ao projeto norte-americano Mucuripe Field, que previa a construção de um aeroporto no coração da Aldeota, bairro mais nobre da cidade de Fortaleza.

A iniciativa norte-americana de construir a maior base aérea do Nordeste começou a ser executada durante a Segunda Guerra Mundial. Pelo projeto Mucuripe Field, a pista de pouso e decolagem de aeronaves militares seria construída onde se localiza hoje a Avenida Dom Luís, com instalações físicas a partir do clube Círculo Militar de Fortaleza. A interferência de José Sampaio de Macedo impediu que o projeto estadunidense fosse implantado no Ceará.

DESTEMIDO E DE MUITAS FAÇANHAS

Conhecido por seus biógrafos como um homem destemido, que evocava audácia e muita coragem, Macedo foi personagem de muitas façanhas. Dentre elas figura a estranha passagem do brigadeiro como chefe de uma volante que tinha como objetivo a captura de Lampião e seu bando que, na época, causava terror em alguns municípios do interior baiano. A presença do militar cearense nessa perseguição ao “capitão” Virgulino Ferreira deveu-se a uma solicitação do interventor do Estado da Bahia, também cearense, Juracy Magalhães, que conseguiu sua disposição para tal fim. Outra aventura muito comentada nos meios aeronáuticos foi a passagem de Macedo por Los Angeles, na Califórnia, que tinha como missão trazer para o Brasil, via Chile, um grupo de seis aviões B-17.
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A rota usada para importar os aviões B-17 dos EUA

Enquanto a compra dos aviões não se efetivava, Macedo passou vários dias frequentando os estúdios cinematográficos onde assessorou diretores de cinema que filmavam cenas de batalhas aéreas, a exemplo da película “Patrulha de Bataan”, de Tay Garnett, com Robert Taylor e George Murphy, em 1943.

PRECURSOR DO CAN

Natural da cidade do Crato, onde nasceu no dia 17 de outubro de 1907, José Sampaio de Macedo foi também responsável por várias implantações de campos de pouso no Nordeste brasileiro, que posteriormente passaram a ser utilizados pelo Correio Aéreo. Militar. 
Dentre os muitos voos que participou, um deles é reconhecido por seus biógrafos como um dos mais importantes da história do Correio Aéreo Militar (CAM) e, posteriormente, transformado em Correio Aéreo Nacional (CAN).

Cartaz de propaganda do Correio Aéreo Militar em 1933.

Na companhia do também piloto Nelson Freire Lavanère-Wanderley, José Sampaio de Macedo inaugurou no dia 15 de fevereiro de 1933 a linha Rio de Janeiro – Fortaleza, escalando em Belo Horizonte, Pirapora, Januária, Bom Jesus da Lapa, Barra, Xique-Xique, Remanso, Juazeiro da Bahia, Petrolina, Juazeiro do Norte, Iguatu e Quixadá. A aeronave utilizada neste voo foi um avião Waco, modelo CSO C-21. 

O avião Waco CSO, na inauguração da linha Urugauiana a Porto Alegre, em 23 de junho de 1934, na foto com o Ten Av Rosemiro Leal de Menezes Filho e o Ten Av Levi de Castro  Abreu.

Antes de chegar à capital cearense, Macedo e seu companheiro de voo Lavanère-Wanderley realizaram um pouso na cidade de Juazeiro do Norte. Neste local, ocorreu um encontro histórico dos dois pilotos com o padre Cícero Romão Batista, onde foi mostrado ao lendário sacerdote a importância do voo do CAM para a região do Cariri. Esse encontro despertou grande interesse do brigadeiro Macedo pela figura carismática do Padre. 

Esse fato se tornou evidente na entrevista que concedeu ao jornal O Estado de S. Paulo, publicada na edição do dia 16 de outubro de 1986. Macedo disse ao jornal paulista que o ‘Padre Cícero era um homem tolo, mas tinha mania de grandeza e parecia, em certos momentos, uma pessoa não muito boa do juízo’. 

Macedo fez ainda outra observação sobre o comportamento do velho sacerdote: ‘O Padre escrevia cartas para Adolfo Hitler com uma familiaridade impressionante, naturalmente não obtendo resposta’.

DE MILITAR A PRODUTOR DA CACHAÇA BRIGADEIRO

Em 19 de março de 1951, nessa ocasião ocupando o posto de coronel, Macedo recebeu a promoção de Brigadeiro do Ar e foi transferido para a reserva da Força Aérea Brasileira. Em ato referendado por outro decreto, igualmente datado de 19 de março de 1951, o militar cearense foi nomeado para o posto de major-brigadeiro.

Com o afastamento da vida militar, Macedo passou a residir no município de Quixeramobim, na Fazenda Parelha, de sua propriedade.

De acordo com informações obtidas junto aos familiares do militar cearense, em especial de Ricardo Biscuccia, um dos seus netos, a permanência do brigadeiro na Fazenda Parelha foi de apenas três anos. Levado pela saudade dos seus familiares, o militar retornou à cidade do Crato, na região do Cariri, berço do seu nascimento e local onde havia deixado inúmeros amigos e parentes.

Em nova residência, denominada de Sítio Fernando, o brigadeiro Macedo não deixou de realizar um antigo sonho: dedicar-se à agricultura. O bom desempenho da plantação de cana-de-açúcar em seu novo sítio deixou o militar motivado para a implantação de uma destilaria de álcool e de um engenho. Resultado dessa nova atividade foi a fabricação da cachaça ‘Brigadeiro’.

Mesmo afastado da vida militar, Macedo continuou sendo lembrado em várias oportunidades. Uma delas aconteceu durante as comemorações do 43º aniversário da criação do VI Regimento de Aviação, ocorrida no dia 15 de maio de 1976. Nessa ocasião, o brigadeiro Macedo, tratado carinhosamente por seus colegas de arma da aviação como “Zé do Crato”, ou “Sertanejo”, recebeu simbolicamente do Cel. Aviador José Ruy Álvares o comando da Base Aérea de Fortaleza. 

Nessa mesma oportunidade, o ilustre cearense foi agraciado com a Medalha da Abolição pelo Governo do Estado do Ceará, recebendo a comenda das mãos do então governador Adauto Bezerra. 

Outras honrarias foram também prestadas ao cearense do Crato durante a solenidade de aniversário do VI Regimento. Entre as entidades, que se associaram às homenagens, estavam a Assembleia Legislativa, Câmara Municipal de Fortaleza, Aero Clube do Ceará, Empresa Cearense de Turismo (Emcetur) e Associação dos ex-alunos do Colégio Militar de Fortaleza. 

Ao final das comemorações, a tropa de infantaria da Base Aérea de Fortaleza e os integrantes do esquadrão de ataque (pilotos do 1º do 4º) desfilaram em continência ao major-brigadeiro Macedo e a todos os ex-comandantes presentes. 

Foto: Correio Aéreo Militar chega em Assunção, em janeiro de 1936.

Oficial paraguaio, Maj. Pery Bevilacqua, Emb. Lafayette C. e Silva, Cap Hortêncio e Ten Nicoll.

Macedo faleceu no dia 14 de fevereiro de 1992, em Fortaleza, no Hospital Gastroclínica, de ‘complicações cardíacas e respiratórias’, conforme laudo médico. 

O corpo do brigadeiro Macedo foi trasladado para o Crato em avião da Força Aérea, pilotado pelo então comandante da Base Aérea de Fortaleza, Coronel Aviador Cláudio Queiroz.

Hoje, os restos mortais do Sertanejo da aviação brasileira estão sepultados no jazigo particular da família, no interior da capela no Sítio Fernando, na cidade do Crato.

Essa capela, objeto de desejo pessoal do Brigadeiro, foi construída pelo seu neto, Ricardo Bisccucio, de acordo com projeto do arquiteto húngaro Emílio Hinko, também responsável pelo planejamento arquitetônico da Base Aérea de Fortaleza.

Fonte: RESERVAER, IVONILDO LAVOR, MORAIS VINNA e LAMPIÃO ACESO

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ACORDA CORDEL

Por que não contaram, ainda, as aventuras do famoso Zé do Crato e a sua heróica ‘peitada’ no Mucuripe Field da gringolândia?

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Enviado por jns


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A FUGA PELO DESERTO


Por Beto Rueda

O ano de 1931 assinalou a mais espantosa e dramática aventura de Lampião: seu homízio no Raso da Catarina, magnífico, de uma beleza trágica, nos sertões baianos.


Acossado por diversas volantes policiais, soldados baianos, pernambucanos e alagoanos, a adivinhar-lhe o rastro invisível, misterioso, desnorteante, fez desse pedaço de mundo o seu refúgio.


Lampião estava agindo nas longas extensões que iam de Santo Antônio da Glória a Uauá e de Curaça a Geremoabo, nessas terras de cactus e favelas.

Ninguém sabia do seu paradeiro. E já a lenda começava outra vez a cercar-lhe o nome, a audácia, a memória: morrera, desertara, fugira. As aves do céu testemunharam a sua desdita, agonizando de sede e fome.

Tenente José Sampaio de Macedo

Um dia, o tenente José Sampaio Macedo prendeu um sertanejo, matuto, pobre, mas forte e inteligente. Não permitiu o oficial que o homem sofresse qualquer vexame por parte da tropa. Deixou-o à vontade, no meio da volante. Três dias depois, por livre e espontânea iniciativa, o caboclo disse:

- Seu tenente, eu sei onde está Lampião.

A marcha no rumo indicada pelo prisioneiro, foi penosa. Tenente e soldados, afundaram no Raso a pé, tendo como guia rastejador Antônio Cassiano, um pernambucano, e um sargento de larga experiência e coragem, de nome Luiz Mariano.

Sucedem-se os dias, sem novidade. De repente, ecoam no deserto, partidos de sobre uma pedra, sucessivos tiros de fuzil. Era uma sentinela avançada de Virgolino que, avistando a volante, anunciava ao grupo a sua aproximação. Estabelecera em torno do seu acampamento no Raso, um cinturão de segurança.

A volante cerca o bando. O tenente Macedo foi atingido com um tiro no pé, o sargento Mariano e o guia Cassiano também são feridos. O fogo fechou-se rápido e nutrido.

Virgolino recua, afundando, mais e mais, no Raso. Desaparece em poucos instantes, debaixo de gritos e imprecações dos seus homens e dos soldados.

No chão, o tenente Macedo contempla os despojos deixados pelo famoso cangaceiro: roupa, chapéus de couro, vestidos, pentes, tesouras, chales, agulhas, linhas e...água!

Todos os objetos foram queimados por ordem do tenente, que iniciou a sua longa jornada de volta, carregado nos ombros do sertanejo que lhe revelara o paradeiro de Lampião. Perdera o oficial a dinâmica do pé. Numa rede regressou o sargento Mariano.

O Capitão já ia longe, quando a volante retornou: dois bandos de avoantes ensanguentadas sobre o deserto do Raso...

REFERÊNCIAS: MACEDO, Nertan.

Lampião. 3. ed. Rio de Janeiro: Edições O Cruzeiro, 1970.
PRATA, Ranulfo.
Lampião. 2. ed. São Paulo: Editora Piratininga, 2010. (Fac-símile de 1934).


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JOÃO FERREIRA PÕE FLORES ONDE MORREU O IRMÃO LAMPIÃO


JOÃO FERREIRA mandou cortar um galho de árvore e fazer urna cruz. Fincou-a no local onde jazera o corpo do mano Lampião. Foi recolher flores silvestres e veio depositá-los ao pé da cruz. Para homenagear o irmão.

Foto do Repórter Luciano Carneiro.
Revista O CRUZEIRO de 26 de setembro de 1953.


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VISITA À CASA DE ANTÔNIO DA PIÇARRA ( Coiteiro de Lampião)

Por: Valdir José Nogueira, pesquisador/ escritor
O lendário Antônio Teixeira Leite, conhecido por Antônio da Piçarra,

Imemorável, inteligente, perspicaz, compadre de muita gente, e que reinou durante quase cem anos na região do Cariri, morando na fazenda Piçarra, nos limites dos municípios de Porteiras, Jati e Brejo Santo, cidades encravadas no sopé da chapada do Araripe. Trata-se de Antônio Teixeira Leite, conhecido por Antônio da Piçarra, que foi também considerado um dos maiores coiteiros de Lampião no Cariri cearense, tendo recebido o mesmo e seu grupo muitas vezes em sua fazenda, fornecendo-lhe, armas, víveres etc.


De 1892, o velho banco feito de madeira de Lei, ainda, hoje, permanece guardado na aludida fazenda, zombando do tempo..Foi, ainda, nessa fazenda, que morreu em um tiroteio, o cangaceiro SABINO DAS ABÓBORAS, braço direito do rei do cangaço, cujo restos mortais, nunca foram descobertos.

Acompanhado do Padre de Belmonte, Claudivan Santos, e da professora Maria Cavalcantes, na ocasião recepcionados na velha fazenda por Wilson, neto de Seu Antônio da Piçarra.





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O CANGAÇO E O MUNDO DO CORTA-CABEÇAS


*Rangel Alves da Costa

Tempos medonhos, sangrentos, aterrorizantes, foram os idos cangaceiros. Tocaias, emboscadas, violentos combates, sangue espalhado nos carrascais sertanejos, gritos de fuga, urros de dor, gemidos de agonia. Como um poema drummondiano ao avesso, cangaceiro matava volante, que matava cangaceiro, que vivia pra não morrer, e todos matando o sertanejo, que muitas vezes nem tinha nada a ver com a história.

Um mundo de terríveis atrocidades e de insanas violências. No rastro do cangaço, nas mesmas veredas percorridas por cangaceiros e soldados, sem as marcas do sangue, do ódio e da violência contra qualquer um. Ninguém estava totalmente protegido em meio aos canos fumacentos das armas, as lâminas afiadas dos punhais e as iras esbravejadas em cuspidas de fogo. Muitos mortos foram simplesmente deixados aos urubus, aos carnicentos das matas. Muitos foram enterrados em cova rasa, e poucos tiveram uma cruz com epitáfio qualquer. “Aqui morreu mais um”, talvez sintetizasse melhor a carnicenta moldura.


Difícil de acreditar, mas apenas pedaços de corpos foram enterrados por falta do restante dos membros. Troncos foram sepultados sem a cabeça, cabeças foram enterradas sem o restante do corpo. Canário, por exemplo, morto à traição em setembro de 38 pelas mãos do também cangaceiro Penedinho, teve apenas seu tronco enterrado nas proximidades de onde tombou sem vida, e sua cabeça enterrada em outro lugar.

E assim aconteceu porque após sua morte, logo que tomou conhecimento do ocorrido, o tenente Zé Rufino, comandante de volante e temido caçador de cangaceiros, rapidamente se dirigiu até a Fazenda Coruripe, no sertão sergipano de Poço Redondo, e passou o punhal no pescoço do morto, decepando a cabeça. E com ela retornou ao seu quartel de comando na baiana Serra Negra, do outro lado da fronteira sergipana. Certamente que o sepultamento da cabeça ocorreu por lá.

Outro que teve a cabeça enterrada sem o restante do corpo foi o cangaceiro Pau Ferro. O ano era 37, o mês era agosto. Um grupo de cangaceiros, dentre os quais Corisco, Mariano, Mané Moreno, Moita Braba, Zé Sereno, Mormaço e Juriti, assenta coito nas beiradas do Riacho das Quiribas, distando nove quilômetros daquela povoação de Poço Redondo. A junção de cangaceiros renomados assim não era pra todo dia, e por isso mesmo resolvem festejar o encontro. Estavam proseando sina e destino quando, sem perceber, foram avistados por um moço chamado Miguel, que por aquelas bandas seguia em direção à casa do sogro.

Seguindo, do alto Miguel avistou a cangaceirama lá embaixo no riacho. Surpreso e assustado, imediatamente retornou e logo cuidou de avisar ao destacamento de polícia local. Passo seguinte, a soldadesca vai em direção ao riacho se certificar da veracidade daquela notícia. Era verdade. Os cangaceiros, em grande número, estavam ali acoitados. O que fazer, então, com um pequeno número de soldados perante aquelas feras em grande quantidade? Enfrentá-los seria certeza de morte, ainda que os cabras das caatingas sequer tivessem percebido suas presenças. Decidiram, por medo, recuar.

Mas no recuo, e quando já se imaginando distanciados demais, eis que fazem algo desastrado. Dois soldados atiram para trás, sem pretensão alguma de acertar qualquer coisa. E uma bala acaba atingindo e matando o cangaceiro Pau Ferro, do subgrupo de Mané Moreno. Arrependidos, Mas já era tarde demais. Apertaram ainda mais a fuga, pois sabiam que a tempestade sangrenta estava a caminho.

Perante o amigo morto, a cangaceirama virou na gota serena, cuspiu fogo e jurou vingança ao inimigo desconhecido. Ora, desconhecido por que não conseguiu alcançar nenhum soldado. E a vingança veio mais tarde, quando um ensandecido Corisco comandou o cerco a Poço Redondo, tocaiando vereda e quintal, até redundar na morte dos soldados Tonho Vicente e Sisi (que não tinha nada a ver com a morte de Pau Ferro), em local hoje conhecido como As Cruzes dos Soldados.

Morto Pau Ferro, enterrado pelos companheiros ali mesmo, no outro dia sua cabeça já vagava pela povoação de Poço Redondo. Mas como pode ter acontecido assim? Certificando-se de que a cangaceirama já havia arribado coito, alguns soldados e pessoas da comunidade foram até o riacho para saber se algum cangaceiro havia sido morto pelos disparos em correria. E lá encontraram a cova fresca de Pau Ferro. Depois de desenterrado, sua cabeça foi cortada por Tonho Bioto e levada até as ruelas poucas de Poço Redondo. E por ali mesmo enterrada.

Mais uma cabeça cangaceira cortada e sepultada sem o resto do corpo. E quantas cabeças do cangaço foram decepadas? Os retratos demonstram os macabros troféus. Cinco, oito, dez cabeças, tomando uma só moldura. Cabeça cortada de Lampião, de Maria Bonita, de um cangaço inteiro. Talvez o restante do corpo não importasse quanto aquelas faces tortas e olhos retorcidos. Deram mais valor à cabeça do que ao restante, e talvez por isso o cangaço continua na cabeça e comendo o juízo de muita gente.


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BATE PAPO COM EX VOLANTE E EX CANGACEIRA UMA PRODUÇÃO ADERBAL NOGUEIRA

Pertence ao acervo do pesquisador Sálvio Siqueira, mas a produção é do Aderbal Nogueira

Publicado a 06/09/2019

Sila e Sargento Elias falam sobre o medo de Lampião, Maria Bonita e as volantes.

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