Por Paulo Britto
Caro José
Mendes, como disse no facebook, seu blog está em destaque, entre as leituras sobre volantes e cangaço e devo dizer que fico contente de ver seu trabalho isento de fanatismo e feliz com a sua disposição em colaborar com um espaço para debates através do Blog do Mendes e Mendes. Sabemos que um blog requer um trabalho e dedicação diários.
Tomei a liberdade de esclarecer um Artigo que foi publicado na sua página, acho que dia 30/07 "PIRANHAS: Cangaceiros e volantes, uma disputa que não faz mais sentido - Por José Cícero".
Segue arquivo anexo.
Se puder postar fico-lhe imensamente grato.
Disponha sempre.
Forte abraço
Paulo Britto
81 99799723
Pesquisador José Cícero da Silva - Aurora
Prezado José Cícero,
Estou de pleno
acordo quando da responsabilidade de escrever a “história”, para que esta seja
contada com mais zelo/cuidado para não deturpar a realidade fática. Porém, o
que se vê - em alguns casos - é a falta de preparo (mental/intelectual) na
“construção de obras” científicas que parecem mais “literárias”.
Tenente João Bezerra da Silva - o homem que eliminou Lampião
Procuro trazer
à tona quem foi o militar João Bezerra da Silva, que poucos conhecem sua
história e trajetória. O que nos deixa tristes são as calúnias e inverdades.
Vera Ferreira neta de Lampião e Maria Bonita
Discordo
quanto às “nuances e resquícios da velha peleja”, pois se você estava presente
na tarde do dia 24/07, deve ter visto quando disse sermos amigos de Vera
Ferreira e sua família há 36 anos, desde 1980.
Os cangaceiros Moreno e Durvinha
Também com a descendente de
Durvinha e Moreno (Lili) não é diferente, pois nos conhecemos desde 2009 e
temos, considero eu, um excelente relacionamento.
Lili Conceição e Inacinho filhos dos cangaceiros Moreno e Durvalina
Essas são algumas das pessoas
que conhecemos que descendem de cangaceiros. Então, está comprovado que não há
“nuances e resquícios da velha peleja”!!!
Concordo
quando você diz que ...
“é preciso não perder o foco. Principalmente a real
noção do papel sociológico, político e cultural do cangaço na construção da
história recente do povo dos sertões”.
É que às vezes nos deparamos, como você
bem disse, “com escribas laureados dos gabinetes sempre prontos para qualquer
shownalismomidiático”.
Sobre
diferenças entre soldados/volantes e cangaceiros, quis dizer que: as volantes
tinham/tem uma Instituição formal, a quem deviam/devem prestação de
contas, esclarecimentos e obedeciam/obedecem ordens. Meu pai serviu a Polícia
Militar de Alagoas de 1922 a 1955 e esta existe há 182 anos, desde 1831,
portanto, muito antes do aparecimento do Cangaço Lampiônico.
Vejamos a
definição da palavra Vocação/vocacionado, “disposição natural e
espontânea que orienta uma pessoa no sentido de uma atividade, função ou
profissão - disposição, talento, tendência...”, segundo o Dicionário Houaiss.
Quanto a
decapitação no Combate de Angico, foi – exclusivamente – para provar a morte
dos cangaceiros que lá cessaram a vida. O corte das cabeças, como sabido,
far-se-ia necessário para identificação dos criminosos, principalmente naquele
caso, considerando o cansaço, a distância e, inclusive, havendo um soldado
morto para transportar e mais dois militares feridos.
Adrião é o primeiro da esquerda - Foto do acervo do professor e escritor Antonio Vilela de Sousa
O fato das
forças volantes terem tido apenas uma baixa (Soldado Adrião Pedro de Souza) é
mais um ponto a favor da estratégia militar praticada pelo Comandante da
Volante (Cel. João Bezerra da Silva) e a colaboração de todo seu efetivo.
Já em relação
às “suspeitas de ter sido fogo amigo”, de 1938 até 2012 isso jamais
foi mencionado por qualquer escritor, pesquisador, volante ou entrevistado. No
livro que meu pai escreveu “Como dei cabo de Lampeão”, em que teve suas 1ª e 2ª
edições editadas em 1940 (e em sua 4ª edição reeditada no final de 2013), meu
pai presta uma homenagem ao Soldado Adrião e explica não só a morte do soldado,
mas também muitos outros assuntos. Portanto, caso tivesse sido meu Pai o autor
do disparo contra o Soldado Adrião, acredito que jamais teria Ele realizado essa
homenagem em seu livro em momento imediatamente posterior ao ocorrido!
Entendo que é
um equívoco pensarem que apenas os cangaceiros “vivenciaram e conseguiram a
duras penas sobreviver ao flagelo do cangaço”. Na minha opinião, é de que os
volantes sofreram mais que os cangaceiros, pelas condições adversas
(dificuldade/inferioridade bélica e pela ajuda de coiteiros, latifundiários e
chefes políticos aos cangaceiros)!
Tudo o que
disse no Seminário de Piranhas está gravado.
Fico à
disposição.
Recife, 05 de Agosto de 2014.
Enviado por: Paulo Britto, filho do tenente João Bezerra da Silva, o homem que eliminou das caatingas do nordeste brasileiro o cangaceiro capitão Lampião.
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