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quinta-feira, 7 de agosto de 2014

A casa da cangaceira Lídia Pereira


A casa da cangaceira "Lídia Pereira, companheira do cangaceiro Zé Baiano" – no Sítio Salgadinho - Paulo Afonso – no Estado da Bahia. 

Mané Moreno, Zé Baiano ao centro e Zé Sereno - eram primos entre si.

Considerada por muitos, a cangaceira mais bonita (não existe foto dela), Seu companheiro Zé baiano (o ferrador de mulheres), e, em face de tê-lo traído, foi morta por esse, a pauladas. O cangaço não admitia traições, e, a sentença era a morte.

Concita Gomes disse:


A traição era uma mancha terrível e o cangaceiro não admitia, mas entre eles havia muitas traições.

E a Francisca Alencar falou o seguinte: 


Pois é, uma pena mesmo, Luciana, pois o local poderia inclusive ser aproveitado como ponto turístico e gerar renda para o município. Diga isso para as autoridades. Ou povo insensível! 

Luciana lima  também disse:


Moro aqui em Salgadinho e fico triste de não poder fazer nada pela conservação do nosso patrimônio, pois, além de não termos apoio das autoridades, ainda rolamos conflitos de interesses entre os herdeiros destes patrimônios, fico frustrada porque na realidade são poucas as pessoas da nossa comunidade que se interessam pela nossa história.



O descaso é geral, tempos atrás numa viagem fiz um desvio considerável por Exu-PE a fim de visitar o Museu do Gonzagão e em pleno feriado prolongado o mesmo se encontrava fechado.

Sálvio Siqueira também deu sua opinião:


É inacreditável como as autoridades brasileiras cuidam do seu acervo cultural. Parabéns amigo pelas postagens.

Parte de trás da casa

Colaboração do escritor e pesquisador do cangaço João de Sousa Lima

Fonte: facebook
Página: João de Sousa Lima

Postado e ilustrado por Adryanna Karlla Paiva Pereira Freitas
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O FIM DA SEDIÇÃO - Padre Cícero (IV) Final da série de 4 crônicas

Por Clerisvaldo B. Chagas, 7 de agosto de 2014 - Crônica Nº 1.235

Em 9 de dezembro de 1913, os jagunços já haviam invadido o quartel da força pública e tomado as armas. Após esse acontecimento o “Círculo da Mãe de Deus” foi feito. As forças estaduais retornaram ao Crato e pediram reforço. Franco Rabelo enviou mais soldados e um canhão. O canhão falhou e a tropa foi derrotada.

Juazeiro do Norte

Passaram-se alguns dias para a reação do governo central. Tropas da capital juntaram-se aos soldados do Crato. Sem conhecer o terreno e nem a disposição dos jagunços, os atacantes fracassaram. O reforço sofreu demora e o tempo não ajudou no segundo ataque realizado em 22 de janeiro. Outra humilhante derrota para os legalistas. Parte das tropas deixou a região. Enfurecidos, os defensores do Juazeiro partiram para invasão e saques de cidades da vizinhança, inclusive o Crato. Os saques, dirigidos para alimentos e armas, ficaram incontroláveis, pois, aproveitadores partiam também para o roubo de bens pessoais.


Houve ainda outra investida legalista, cujo comandante chamava-se José da Penha e que acabou morto na refrega durante o mês de fevereiro, apontado como o último combate.

Foi importante a ida de Floro Bartolomeu ao Rio de Janeiro em busca de apoio como o de Pinheiro Machado.

A Marinha procurou realizar um bloqueio marítimo em Fortaleza com o avanço dos rebeldes em direção à capital. Cercado e sem ter como escapar, Franco Rabelo não passou do dia 14 de março, quando foi deposto. Foi nomeado interinamente Fernando Setembrino de Carvalho, pelo presidente  Hermes da Fonseca e novas eleições foram convocadas. Já vimos o resultado com Benjamim Liberato Barroso eleito governador, padre Cícero eleito vice, de novo com o retorno da família Acciolly ao poder.

Em relação ao médico e articulador da luta armada, Floro Bartolomeu, foi eleito deputado estadual e depois federal.

A influência política do padre Cícero Romão Batista, continuou juntos aos coronéis e se estendeu até o final do período da História Brasileira chamada República Velha.

Nem os percalços da política ou da Igreja evitaram a fama adquirida pelo sacerdote do Juazeiro, considerado conselheiro, visionário, ecologista, taumaturgo e santo.

O padre Cícero Romão Batista, nascido em 24 de março de 1844, era filho de Joaquim Romão Batista e Joaquina Vicência Romana. Faleceu em 20 de julho de 1934. Após a sua morte aconteceu mais uma das suas inúmeras profecias: “Quando eu morrer é que Juazeiro vai crescer”.

Cícero foi eleito o cearense do século. O povo nordestino canoniza-o a seu modo: PADRE CÍCERO, O SANTO DO NORDESTE. 

* Final da série de 4 crônicas sobre o padre Cícero.



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ASPECTOS DA FORMAÇÃO DOCENTE

Por Rangel Alves da Costa*

O processo de formação docente é tecido educacional que continua instigando teóricos, pesquisadores e os próprios docentes. Jamais consensualizam acerca dos melhores caminhos para uma eficiente formação de professores. Realmente não é tarefa fácil, principalmente considerando-se que o processo de formação encontra barreiras não só de qualidade, mas principalmente do componente ideológico do futuro educador.

Contudo, de modo geral o que se vislumbra não é só o fato da formação do educador, mas todo um cenário que se apresenta na sua atuação profissional. Do mesmo modo, o tipo de educador que se forma, quais seus objetivos, sua atuação no processo educacional, seu modo de operar o saber em alinhamento com a realidade social, bem como a ultrapassando para conhecimento maior dos contextos subjacentes.

A maioria dos estudiosos comunga a ideia que a formação docente, muito mais que um ato de capacitar para o ensino, deve capacitar o educador para ser crítico, com visão multidisciplinar, sabendo relacionar conteúdos educacionais com a realidade presente e, principalmente, tendo o dom da educação verdadeiramente transformadora. Creio, contudo, ser um ideário reducionista, pois tal discurso só ganha contornos de realidade quando o professor subverte a sua própria atuação e transforma sua docência numa luta contra as ideologias escolares que tentam, a todo custo, esbarrar os avanços, as atitudes verdadeiramente inovadoras.

A concepção que atualmente se faz da formação docente possui aspectos bastante diferenciados daquilo que, tantas vezes, se presencia na realidade. Quer dizer, a prática pouco diz respeito ao que se apregoa teoricamente. Pretende-se uma educação transformadora, mas a própria escola, amparada que está no sistema educacional, ainda caminha com passos conservadores, com ensino baseado apenas na retransmissão, valorizando-se sempre os conteúdos em detrimento do despertar da consciência crítica do alunado. Quer dizer, infelizmente ainda se forma aquele tipo de professor que nada mais faz em sala de aula que transmitir datas, conteúdos acabados, fórmulas exatas. Não há, na verdade, uma preocupação maior com o saber, com a valorização do pensamento, com o diálogo entre o currículo e a realidade social.


Por mais que não se queira acreditar, mas o tradicionalismo inerte e conformista ainda está presente na atual formação do educador. Não que a instituição formativa não tenha modificado as formas de trabalhar as práticas docentes, mas pela falta de iniciativa dos próprios educadores. Ora, não raro que o professor aprende de uma forma, mas vai ensinar de outro jeito, de modo mais cômodo e costumeiro. Isto acontece por falta de maior espaço para o estágio. É a partir do estágio que o educador vai moldando sua forma de ensinar, ajustando seu pensamento às ideologias requeridas pela modernidade. E tendo acompanhamento, então se tornará muito fácil reparar arestas antes que a sala de aula seja enfrentada de forma ineficiente e retrógrada.

De qualquer modo, difícil não reconhecer que a formação precisa ser reformulada ou, ao menos, conduzida de modo a não dar demasiada liberdade ao educador antes que o mesmo esteja suficientemente preparado para construir uma feição educacional própria. E é na própria sala de aula que o professor vai conhecendo a realidade do ensino e as carências dos alunos e também aprendendo a se redirecionar perante as necessidades. De repente não mais estará apenas transmitindo conteúdos, mas propiciando uma realidade nova que se ajuste ao que deseja para seus alunos e a visão de mundo desejada para todos.

Por fim, há que se afirmar que a estrada docente é longa e que cada período letivo é apenas o limiar do caminho. Quanto mais procura aprimorar sua formação mais aprende que ainda está no início de tudo. De repente, os pensamentos são confrontados com novas realidades, as teorias mostram-se ultrapassadas e as práticas necessitando de novas engrenagens e redirecionamentos. Daí a importância da educação continuada do educador, como forma não apenas de conhecer mais sobre sua função, mas principalmente como meio de situá-lo perante novas realidades que clamam por uma nova educação. Algo como um ato educacional engajado com as verdadeiras transformações sociais.

Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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Outras fotos do tenpo do cangaço


Sergia Ribeiro da Silva e Ângelo Roque, no mundo civil. Dadá e Labareda no cangaço. Visita a companheira de cangaço, no bairro Mussurunga em Salvador !!! (foto de Corisco Dadá).


Este é o João Gomes de Lira Neto, que é neto do senhor João Gomes de Lira, que foi um dos perseguidores do bando de cangaceiros de Lampião. (fotos de Paulo George).


Parece que é dona Cyra Britto esposa do tenente João Bezerra da Silva segurando o facão que decepou a cabeça do rei do cangaço, o  Lampião - (foto de Paulo Britto, filho do tenente João Bezerra).


Segundo o professor e pesquisador do cangaço Rubens Antonio afirma que estes cangaceiros são: Cajazeira e Diferente, em Dezembro do ano de 1938. O primeiro da direita na foto ver-se que se trata de um policial.

Só tenho uma pequena dúvida: Não sei se existiram dois ou mais cangaceiros no bando de Lampião com o nome de Cajazeira. Se não, este é o Cajazeira (Zé de Julião) companheiro de 

Enedina companheira do cangaceiro Zé de Julião - Foto do acervo do escritor Alcino Alves Costa

Enedina, que foi assassinada na madrugada de 28 de Julho de 1938, na Grota de Angico, no Estado de Sergipe. Mas o pesquisador Rubens  Antonio talvez nos informará se realmente se trata do cangaceiro Zé de Julião.

Estas fotos foram adquiridas no facebook, páginas dos referidos informantes.

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Lampião na Bahia


O encontro de Lampião e o coronel Petronílio Reis, conhecido como "Petro".

Quando Lampião encontrou o coronel Petronilío Reis pela primeira vez, este estava no alpendre de sua casa.

Lampião teria se apresentado como tenente fulano, das forças volantes de Pernambuco, e que estava ali perseguindo os cangaceiros.

O coronel Petronilo Reis colocou-se imediatamente à disposição do mesmo.

- Aqui tem gado, munição e gente. o que o senhor precisar está as ordens.

Depois de algum tempo de conversa o cangaceiro se apresenta:

- Coronel Petronilo, eu num sô tenente nenhum. Eu sô o capitão virgolino. Sô  o Lampião.

Sem se abalar o coronel responde:

- Pois a pisada é a mesma!!!

Um homem de raciocínio rápido.

Enviado por: Adalto Silva (Osasco no Estado de São Paulo)


Fonte: facebook
Página: Geraldo Júnior

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O cangaço lançando moda. Um estilo de vida.

Por Geraldo Antônio de Souza Júnior

O casal Alex Lopes Silva júnior e Fábia Lima residentes na cidade de Orós, lá no nosso querido Estado do Ceará, nos enviou esta foto em que estão vestidos com camisetas com a estampa de Lampião e Maria Bonita, simbolizando o amor e a união entre o casal.

Mesmo com o passar dos anos a nação nordestina continua vendo o cangaço como um símbolo de luta, e permanecem extraindo dessa história apenas o lado bom, ou seja, a garra, a coragem e a determinação, correntes nas veias, no sangue e no suor da nossa gente.

www.antonioviana.com.br

A história e a lembrança do cangaço ao som das águas. Nossa homenagem ao povo da cidade de Orós-CE, a cidade das águas, o oásis cearense.

Fonte: facebook
Página: Geraldo Júnior

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Nautlia é irmã de Jarda Pereira

Por José Mendes Pereira
Nautília de blusa cor clara

Através de Maria Das Graças Nóbrega com quem mantenho contato em sua página no facebook, recebi informações sobre Nautília, uma irmã de Jardelina Nóbrega Pereira, viúva do cangaceiro Chico Pereira, assassinado em Caicó, nas terras do Rio Grande do Norte.

Jardelina - viúva do cangaceiro Chico Pereira

“Esconde essa aliança e casa com  outro. Chico já morreu”. 


Leia o que ela me falou sobre a Jardelina e a Nautília:

"Eu sei que dona Jardelina tinha 3 filhos homens, sendo dois religiosos. A data precisa de sua morte não lembro. Sei que ela morreu no final da década de 70. As fotos que tiramos juntas estão com minha família em João Pessoa. Sua irmã, Nautília ainda é viva, mas está um pouco esquecida, e mora em João Pessoa. Ela mora na rua Dom Pedro II, centro, número não lembro, mas vou procurar saber e mando pra você. Eu moro em Gravatá e quase não vou a João Pessoa. Quando eu for por lá, procuro alguma coisa para você".

Informações cedidas a mim por Maria Das Graças Nóbrega, em sua página no facebook. 

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Esclarecimento de postagem

Por Paulo Britto

Caro José Mendes, como disse no facebook, seu blog está em destaque, entre as leituras sobre volantes e cangaço e devo dizer que fico contente de ver seu trabalho isento de fanatismo e feliz com a sua disposição em colaborar com um espaço para debates através do Blog do Mendes e Mendes. Sabemos que um blog requer um trabalho e dedicação diários.

Tomei a liberdade de esclarecer um Artigo que foi publicado na sua página, acho que dia 30/07 "PIRANHAS: Cangaceiros e volantes, uma disputa que não faz mais sentido - Por José Cícero".

Segue arquivo anexo.
Se puder postar fico-lhe imensamente grato.
Disponha sempre.
Forte abraço
Paulo Britto
81 99799723


Pesquisador José Cícero da Silva - Aurora
Prezado José Cícero,

Estou de pleno acordo quando da responsabilidade de escrever a “história”, para que esta seja contada com mais zelo/cuidado para não deturpar a realidade fática. Porém, o que se vê - em alguns casos - é a falta de preparo (mental/intelectual) na “construção de obras” científicas que parecem mais “literárias”.

Tenente João Bezerra da Silva - o homem que eliminou Lampião

Procuro trazer à tona quem foi o militar João Bezerra da Silva, que poucos conhecem sua história e trajetória. O que nos deixa tristes são as calúnias e inverdades.

Vera Ferreira neta de Lampião e Maria Bonita

Discordo quanto às “nuances e resquícios da velha peleja”, pois se você estava presente na tarde do dia 24/07, deve ter visto quando disse sermos amigos de Vera Ferreira e sua família há 36 anos, desde 1980. 

Os cangaceiros Moreno e Durvinha

Também com a descendente de Durvinha e Moreno (Lili) não é diferente, pois nos conhecemos desde 2009 e temos, considero eu, um excelente relacionamento. 

Lili Conceição e Inacinho filhos dos cangaceiros Moreno e Durvalina

Essas são algumas das pessoas que conhecemos que descendem de cangaceiros. Então, está comprovado que não há “nuances e resquícios da velha peleja”!!!

Concordo quando você diz que ... 

“é preciso não perder o foco. Principalmente a real noção do papel sociológico, político e cultural do cangaço na construção da história recente do povo dos sertões”. 

É que às vezes nos deparamos, como você bem disse, “com escribas laureados dos gabinetes sempre prontos para qualquer shownalismomidiático”.

Sobre diferenças entre soldados/volantes e cangaceiros, quis dizer que: as volantes tinham/tem uma Instituição formal, a quem deviam/devem prestação de contas, esclarecimentos e obedeciam/obedecem ordens. Meu pai serviu a Polícia Militar de Alagoas de 1922 a 1955 e esta existe há 182 anos, desde 1831, portanto, muito antes do aparecimento do Cangaço Lampiônico.

Vejamos a definição da palavra Vocação/vocacionado, “disposição natural e espontânea que orienta uma pessoa no sentido de uma atividade, função ou profissão - disposição, talento, tendência...”, segundo o Dicionário Houaiss.

Quanto a decapitação no Combate de Angico, foi – exclusivamente – para provar a morte dos cangaceiros que lá cessaram a vida. O corte das cabeças, como sabido, far-se-ia necessário para identificação dos criminosos, principalmente naquele caso, considerando o cansaço, a distância e, inclusive, havendo um soldado morto para transportar e mais dois militares feridos.

Adrião é o primeiro da esquerda - Foto do acervo do professor e escritor Antonio Vilela de Sousa

O fato das forças volantes terem tido apenas uma baixa (Soldado Adrião Pedro de Souza) é mais um ponto a favor da estratégia militar praticada pelo Comandante da Volante (Cel. João Bezerra da Silva) e a colaboração de todo seu efetivo.

Já em relação às “suspeitas de ter sido fogo amigo”, de 1938 até 2012  isso jamais foi mencionado por qualquer escritor, pesquisador, volante ou entrevistado. No livro que meu pai escreveu “Como dei cabo de Lampeão”, em que teve suas 1ª e 2ª edições editadas em 1940 (e em sua 4ª edição reeditada no final de 2013), meu pai presta uma homenagem ao Soldado Adrião e explica não só a morte do soldado, mas também muitos outros assuntos. Portanto, caso tivesse sido meu Pai o autor do disparo contra o Soldado Adrião, acredito que jamais teria Ele realizado essa homenagem em seu livro em momento imediatamente posterior ao ocorrido!

Entendo que é um equívoco pensarem que apenas os cangaceiros “vivenciaram e conseguiram a duras penas sobreviver ao flagelo do cangaço”. Na minha opinião, é de que os volantes sofreram mais que os cangaceiros, pelas condições adversas (dificuldade/inferioridade bélica e pela ajuda de coiteiros, latifundiários e chefes políticos aos cangaceiros)!

Tudo o que disse no Seminário de Piranhas está gravado.

Fico à disposição.
Recife, 05 de Agosto de 2014.

Enviado por: Paulo Britto, filho do tenente João Bezerra da Silva, o homem que eliminou das caatingas do nordeste brasileiro o cangaceiro capitão Lampião.

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LAMPIÃO EM SERGIPE (II)

Por Luiz Antonio Barreto

Antes de chegar a Poço Redondo em 29 de abril de 1929, Lampião esteve em Ribeirópolis, Pinhão e no povoado do Alagadiço, pertencente a Frei Paulo. Parecia procurar alguém ou reconhecer um terreno onde contava com amigos, como Otoniel Dória, de Itabaiana, terra de Volta Seca. A amizade entre Lampião e Otoniel Dória certamente evitou a entrada do cangaceiro e do seu grupo em Itabaiana. No dia 21 de abril Lampião estava em Ribeirópolis, de lá foi para o Pinhão, voltou para Ribeirópolis, foi a Alagadiço, seguindo viagem até chegar a Poço Redondo, a terra que mais contribuiu com gente, homens e mulheres , para os bandos de cangaceiros. Entrando e saindo de Sergipe, Lampião escolhia a dedo o roteiro e o lugar de suas visitas. A sua presença em Capela, em novembro daquele mesmo ano, é a mais conhecida e relatada, graças aos depoimentos de Jackson Alves de Carvalho, incluindo o relato que fez ao conterrâneo Nelson de Araújo, publicado no jornal A Tarde, da Bahia, e aos artigos de Zózimo Lima, no Correio de Aracaju e na Gazeta de Sergipe. Os dois informantes foram protagonistas dos acontecimentos na Capela e mereceram de Lampião toda a atenção. Um deles chegou a ser procurado no cinema da cidade. Zózimo Lima era dos Correios e Telégrafos, posto chave para evitar que a notícia da presença ali do cangaceiro fosse comunicada às autoridades. Antes e depois de Capela, o capitão esteve em Nossa Senhora das Dores. A rota de Virgulino Ferreira da Silva em Sergipe era guardada por um grande círculo de amizades, transformadas quase sempre em coitos e em fornecimento de víveres, armas, munições, animais, dinheiro e outras coisas necessárias à sobrevivência do chefe e do seu bando. Um dos bons amigos de Lampião foi o capitão médico Eronídes de Carvalho, que depois da revolução de 1930 passou a ser figura destacada da vida política sergipana, ocupando o Governo da Interventoria e sendo, com a constitucionalização de 1934, Governador do Estado. Em agosto de 1929, ano que Lampião passou quase todo em Sergipe, na fazenda Jaramantaia no município de Gararu, houve um encontro entre os dois amigos. Foram longas conversas documentadas pela câmera fotográfica de Eronídes de Carvalho, em fotos que o cangaceiro usa perneiras, o que era raro. Além de ser amigo do militar, Virgolino Ferreira da Silva tinha fortes laços com Antonio Carvalho, o Antonio Caixeiro, pai de Eronídes e influente senhor de terras em Canhoba, Gararu e Porto da Folha e em outros locais do sertão do São Francisco. A notória amizade estimulava os comentários de que a família de Eronídes de Carvalho fornecia armas e munições novas, modernas, tornando Lampião melhor armado do que as forças que o perseguiam. O rio São Francisco era a ponte para Lampião, seu grupo, e os grupos de outros chefes, como Zé Sereno e Corisco, que frequentemente andavam em solo sergipano. Sendo comum a travessia, nem sempre foi fácil fixar com precisão, quantas foram e quando foram as visitas dos cangaceiros a Sergipe. O que se sabe é que Sergipe foi bem frequentado e viveu dias de medo, e sobressalto, debaixo da presença sempre surpreendente dos cangaceiros. Sabe-se também, que os senhores de terra e de engenhos davam quantias significativas a Lampião, atendendo aos seus pedidos, quase sempre escritos em cartões de visita com sua foto ao lado, ou em simples pedaços de papel. Antes de ter encontrado com o padre Artur Passos em Poço Redondo, Lampião pode ser assistido missa em Canindé, o arruado antigo que desapareceu do mapa para que surgisse, com a barragem do rio, uma nova cidade. No entanto, não houve o registro nos moldes do que foi feito pelo padre Artur Passos. A presença de Lampião em Sergipe permaneceu no noticiário dos jornais e nas conversas das cidades, povoados, nas feiras e nas ruas e estradas sergipanas, até sua morte na gruta de Angicos, nos domínios geográficos de Poço Redondo, no dia 28 de julho de 1938. O ataque da força alagoana atraiu a imprensa do Brasil, enquanto por coincidência ou não, Eronídes de Carvalho, na chefia do Governo, novamente como Interventor, pagava matéria publicitária de Sergipe, nos jornais do Rio de Janeiro. A morte de Virgulino Ferreira da Silva não encerrou o ciclo. Corisco, que escapou do massacre por ter chegado atrasado para o encontro com Lampião, vingou o chefe degolando moradores de fazendas da margem sergipana do rio São Francisco. O rei do cangaço mereceria ainda, a atenção de escritores sergipanos, como Ranulfo Prata e Joaquim Góis. O primeiro era médico, escritor premiado como contista e como romancista, autor de Dentro da Noite, Navios Iluminados, Lírio da Corrente, escreveu Lampião, documentário editado em 1937 (Rio de Janeiro: Ariel) quando ainda vivo Lampião alimentava o imaginário social com suas façanhas. Joaquim Góis, investigador de polícia, integrante de uma das volantes sergipanas, revelou-se excelente narrador ao escrever Lampião – O Último Cangaceiro (Aracaju: Sociedade de Cultura Artística de Sergipe, 1966). Outro sergipano, José da Costa Dória, radicado na Bahia, testemunha ocular da presença de Lampião no sertão baiano, deixou inédito Vida e Morte do Cangaceiro Lampeão. Padre Artur Passos fez registro do seu encontro com Lampião em Poço Redondo em série de artigos publicados em pequenos jornais de Penedo, Alagoas e de Rosário do Catete e outros lugares de Sergipe. O jornalista baiano radicado em Aracaju, Juarez Conrado é o autor de A Última Semana de Lampião, publicado em 1983, adaptado para especial na televisão. O acadêmico e magistrado José Anderson do Nascimento escreveu Cangaceiros, Coiteiros e Volantes, editado em 1998. Sila: Uma Cangaceira de Lampião é o livro de Ilda Ribeiro de Souza, a Sila, mulher de Zé Sereno, com seu depoimento sobre as andanças dos grupos pelo Nordeste. E Alcino Alves Costa, político de Poço Redondo, tem contribuído com informações e análises para a compreensão do fenômeno do cangaceirismo e especialmente sobre a presença de Lampião em Sergipe. Depois de publicar Lampião Além da Versão, em 1996, acaba de lançar O Sertão de Lampião, ambos editados sob os auspícios da Secretaria de Estado da Cultura. Vera Ferreira, filha de Expedita e neta de Lampião e de Maria Bonita tem pesquisado e estudado o cangaço, publicando livros esclarecedores, sozinha ou em parceria com o incansável Antonio Amaury Corrêa de Araújo, odontólogo e escritor radicado em São Paulo.Permitida a reprodução desde que citada a fonte "Pesquise - Pesquisa de Sergipe / InfoNet"

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