O cangaço foi
composto por homens sem medo, sem rumo e sem guarida... Nômades que ao viverem
na dureza do sertão nordestino, também ficaram duros, resistentes e de uma
têmpera igual ao poder e força do sol que calcina constantemente aquele solo. E
ao mesmo tempo, de uma força de regeneração tão e quanto ao rico solo que,
apesar das intempéries do clima, basta um sereno para fazer brotar um ‘tapete
verde’ parecendo agradecer aos céus.
Quando Lampião
se encontra com Maria de Déa, na casa da fazenda de seus pais, encomenda uma
porção de lenços de seda para que a mesma os bordasse com as iniciais de seu
nome. Sabemos o quanto Virgolino foi vaidoso, porém, essas ‘encomendas’ tinham
lá seus objetivos, menos vaidades. Na verdade, essa foi uma maneira dele vir
com mais frequência à casa da fazenda e ver Maria. Que, ao passar de pouco
tempo, segue o “Rei dos Cangaceiros” para não mais voltar a morar na casa
paterna.
Após formarem
o primeiro casal a fazerem parte do cangaço, Lampião abre uma brecha para que
outros também se façam. Maria tinha uma prima, que era irmão de seu esposo, Zé
de Nenê chamada Mariquinha. Essa se torna companheira do cangaceiro “Labareda”,
Ângelo Roque.
Labareda chefe de subgrupo do grupo de cangaceiros de Lampião
Não se sabe,
pelo menos até hoje não vi, nenhum escrito relatando sobre alguma mulher
acompanhar algum soldado de volante. É correto dizer que após a entrada das
mulheres no cangaço, diminuíram parte das torturas e dos estupros dos
cangaceiros? Já que os mesmos, segundo alguns escritores, tornam-se mais
limpos, mais higiênicos. Eis uma boa pergunta...
O subgrupo chefiado por Labareda, certa feita estava acoitado em terras
sergipanas no lugar chamado Riacho do Negro. Para sua defesa, escolhe um
serrote, pequena elevação de terra, pequena serra, para montarem acampamento.
Com a
indicação do chefe cangaceiro preso na Casa de Detenção do Recife, Capital
pernambucana, Antônio Silvino, de como agirem as autoridades para ‘chegarem’ ao
“Capitão Lampião”, os comandantes das volantes, principalmente os
pernambucanos, sabem a quem, ou em quem, ‘apertar’ para saberem onde estavam
seus perseguidos. Apesar da caguetagem do “Rifle de Ouro”, a malha fora tão bem
elaborada, que se passaram vários anos para que o objetivo fosse alcançado.
Volante
baiana comandada pelo sargento Odilon Flor. Detalhe, o filho do comandante
Odilon, Luiz Flor, encontra-se entre seus comandados. Ele é o terceiro da
esquerda para direita, na segunda fila. Luiz estava dando muito trabalho, com
sua adolescência "a todo vapor", então sua mãe o manda para junto do
pai.
Pois bem, o
coiteiro pego nas redondezas, ali perto, após uma sova, muita ‘prensa’ da
volante do nazareno Odilon Flor, abre o bico. Canta feito um passarinho e diz
onde estão os cangaceiros acoitados. Em vez de seguir as orientações que o
coiteiro lhe diz, Odilon resolveu que ele mesmo servisse de ‘guia’ até o local
para ele e seus 15 comandados.
O subgrupo de
cangaceiros chefiado por "Lanbereda" era composto, nessa situação,
por 8 pessoas incluindo a/ou as mulheres. Estão a se divertirem, jogando cartas
e/ou limpando e lubrificando as armas. Quando de repente uma saraivada de balas
‘cai’ sobre o acampamento.
Chegando
próximo ao local, vendo o posicionamento do coito, o comandante estuda o
terreno, elabora um plano e ordena que avancem... Com muito cuidado, os
militares conseguem chegar a ponto de tiro.
Cabeças
dos cangaceiros "Pé de Peba", "Mariquinha" e "Xofreu".
Após o impacto
da surpresa, que não era demorado para aquelas pessoas já acostumadas ao som
dos disparos e ao zunido das balas, os cangaceiros contra-atacam e inicia-se um
ferrenho tiroteio. O cangaceiro alcunhado de Pé de Peba tomba sem vida. Outro
cangaceiro, de apelido "Xofreu", por alguns tido como “Chofreu"
ou "Sofreu”, segue Pé de Peba na trilha escura da morte.
Cruzes
no local onde foram abatidos os cangaceiros Mariquinha, Pé de Peba e Xofreu,
pela volante do sargento Odilon Flor em terras sergipanas, os quais faziam
parte do subgrupo chefiado pelo cangaceiro "Labareda".
Em fim, a
companheira do subchefe, Mariquinha, também cai na senda da guerra. Tendo três
baixas em seu grupo, os cangaceiros conseguem abrir uma brecha na linha de
ataque e conseguem fugirem.
Os
cangaceiros "Gitirana" e "Xofreu"(Sofreu ou Sofrê)
No decorrer do
ataque, ferrenho e ininterrupto, a volante tem uma baixa. O comandante Odilon
Flor é ferido na altura das nádegas. Mas, não é nada grave. Os soldados são
ordenados a cortarem as cabeças dos cangaceiros mortos. As mesmas são colocadas
no lombo de uma burra e levadas para a cidade de Paripiranga, SE.
E assim, nas
quebradas das serras sergipanos, na década de 1930, tem-se fim a vida de mais
três cangaceiros.
Fonte “Lampião
– O Cangaceiro” - LIMA, João de João De Sousa. 1ª
edição. Paulo Afonso, BA. 2015.
PS// OS
ESCRITOS NA FOTO DOS DOIS CANGACEIROS, “GITIRANA E XOFREU”, ASSIM COMO OS NA
FOTO DAS CABEÇAS FORAM FEITOS POR LUIZ FLOR.
Fonte: facebook
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