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sexta-feira, 24 de abril de 2015

DEUS E DIABO NA TERRA DO SOL - A NOITE EM QUE PADRE CÍCERO CONVERSOU COM LAMPIÃO

lilianeferrari.com

Parece que não existem fotos do Padre Cícero Romão Batista e Virgulino Ferreira da Silva juntos. Se existem, eu ainda não as vi. - blogdomendesemendes.blogspot.com 

Ali estavam, frente a frente, pela primeira e única vez, Lampião e Padre Cícero, os dois maiores mitos de toda a história nordestina. Uma terceira figura mitológica era indiretamente responsável por aquele encontro inusitado: Luís Carlos Prestes, o comandante da Coluna Prestes, movimento militar guerrilheiro que desde o ano anterior serpenteava pelo interior do país, enfrentando as tropas do presidente Artur Bernardes. Quando a marcha da coluna revolucionária rumou para o Nordeste, o governo federal não teve dúvidas: convocou os chefes políticos locais para formarem exércitos próprios e combater os rebeldes. No livro O General Góes Depõe, da década de 1950, o próprio general Góes Monteiro, chefe do Estado-Maior das operações contra a Coluna, assume que partiu dele a ideia de convocar jagunços e cangaceiros para fazer frente ao avanço de Prestes. No Ceará, coube ao deputado Floro Bartolomeu, médico e aliado político do Padre Cícero, fazer o convite oficial ao bando de Lampião para se engajar no “Batalhão Patriótico”. Em fevereiro de 1926, Padre Cícero ainda tentou uma solução pacífica. Enviou aos revolucionários uma carta em que os incitava a depor armas. Em troca, prometia-lhes abrigo em Juazeiro do Norte (CE), onde teriam garantias legais de que seriam submetidos a um tratamento justo. De acordo com o relato de Lourenço Moreira Lima, secretário da Coluna revolucionária, a mensagem foi recebida. “Tivemos a oportunidade de ler essa carta, escrita com uma grande ingenuidade, mas da qual ressaltava o desejo íntimo e sincero do padre no sentido de conseguir fazer a paz”, escreveu Moreira Lima em seu diário de campanha, publicado em 1934. O pedido, como se sabe, foi ignorado. Quando Lampião chegou no dia 4 de março à cidade de Juazeiro do Norte, atendendo ao chamado de Floro, este não se encontrava mais por lá. Doente, o deputado federal viajara para o Rio de Janeiro, onde acabaria morrendo. Padre Cícero se viu então com um problema nas mãos: recepcionar o famoso bandido e seus cabras na cidade e, mais ainda, cumprir o que havia sido combinado entre Lampião e o deputado, com a devida aprovação do governo federal: o cangaceiro deveria receber dinheiro, armas e a patente de capitão do “Batalhão Patriótico”. Lampião e outros 49 cangaceiros ocuparam uma casa próxima à fazenda de Floro, nas imediações da cidade, e, em seguida, alojaram-se em Juazeiro do Norte, no sobrado onde residia João Mendes de Oliveira, conhecido poeta popular da região. Foi lá que, da janela, Virgulino atirou moedas ao povo e onde, durante a madrugada, Padre Cícero encontrou o bando. Os bandidos, ajoelhados em deferência ao sacerdote, teriam ouvido o padre tentar convencer seu líder a largar o cangaço logo após voltasse da campanha contra Prestes. Mandou-se então chamar o único funcionário federal disponível na cidade, o agrônomo Pedro de Albuquerque Uchoa, para redigir um documento que, supostamente, garantiria salvo-conduto ao bando pelos sertões e, principalmente, concedia a prometida patente. O papel, como Lampião viria a descobrir tão logo saiu da cidade, não tinha qualquer valor legal, o que não o impediu de assinar, daí por diante, “Capitão Virgulino”. Ciente da desfeita, o cangaceiro não se preocupou mais em dar combate à Coluna Prestes. Já obtivera dinheiro e armas em número suficiente para seguir seu caminho de bandoleiro, agora ostentando orgulhoso a falsa patente militar. Mais tarde, o agrônomo Uchoa justificou seu papel no episódio: diante de Lampião, assinaria qualquer coisa. “Até a destituição do presidente da República”, disse.

Bonnie e Clyde do sertão

O amor de Maria Bonita e Lampião provocou uma revolução no cotidiano dos cangaceiros.

Uma sertaneja amoleceu o coração de pedra do Rei do Cangaço. Foi Maria Gomes de Oliveira, a Maria Déa, também conhecida como Maria Bonita. Separada do antigo marido, o sapateiro José Miguel da Silva, o Zé de Neném, foi a primeira mulher a entrar no cangaço. Antes dela, outros bandoleiros chegaram a ter mulher e filhos, mas nenhuma esposa até então havia ousado seguir o companheiro na vida errante no meio da caatinga. O primeiro encontro entre os dois foi em 1929, em Malhada de Caiçara (BA), na casa dos pais de Maria, então com 17 anos e sobrinha de um coiteiro de Virgulino. No ano seguinte, a moça largou a família e aderiu ao cangaço, para viver ao lado do homem amado. 

Quando soube da notícia, o velho mestre de Lampião, Sinhô Pereira, estranhou. Ele nunca permitira a presença de mulheres no bando. 

Imaginava que elas só trariam a discórdia e o ciúme entre seus “cabras”. Mas, depois da chegada de Maria Déa, em 1930, muitos outros cangaceiros seguiram o exemplo do chefe. Mulher cangaceira não cozinhava, não lavava roupa e, como ninguém no cangaço possuía casa, também não tinha outras obrigações domésticas. No acampamento, cozinhar e lavar era tarefa reservada aos homens. Elas também só faziam amor, não faziam a guerra: à exceção de Sila, mulher do cangaceiro Zé Sereno, não participavam dos combates – e com Maria Bonita não foi diferente. O papel que lhes cabia era o de fazer companhia a seus homens. Os filhos que iam nascendo eram entregues para ser criados por coiteiros. Lampião e Maria tiveram uma filha, Expedita, nascida em 1932. Dois anos antes, aquele que seria o primogênito do casal nascera morto, em 1930. Entre os casais, a infidelidade era punida dentro da noção de honra da caatinga: o cangaceiro Zé Baiano matou a mulher, Lídia, a golpes de cacete, quando descobriu que ela o traíra com o colega Bem-Te-Vi. Outro companheiro de bando, Moita Brava, pegou a companheira Lili em amores com o cabra Pó Corante. Assassinou-a com seis tiros à queima-roupa. A chegada das mulheres coincidiu com o período de decadência do cangaço. Desde que passou a ter Maria Bonita a seu lado, Lampião alterou a vida de eterno nômade por momentos cada vez mais alongados de repouso, especialmente em Sergipe. A influência de Maria Déa sobre o cangaceiro era visível. “Lampião mostrava-se bem mudado. Sua agressividade se diluía nos braços de Maria Déa”, afirma o pesquisador Pernambucano de Mello. Foi em um desses momentos de pausa e idílio no sertão sergipano que o Rei do Cangaço acabou sendo surpreendido e morto, na Grota do Angico, em 1938, depois da batalha contra as tropas do tenente José Bezerra. Conta-se que, quando lhe deceparam a cabeça, a mais célebre de todas as cangaceiras estava ferida, mas ainda viva.

Saiba mais
LIVROS
Guerreiros do Sol: Violência e Banditismo no Nordeste Brasileiro, Frederico Pernambucano de Mello, Massangana/Girafa, 2004
Um dos melhores estudos sobre cangaço, desmitifica a idéia de Lampião como um “bandido social”.
Lampião: Senhor do Sertão, Élise Grunspan-Jasmin, Edusp, 2006
Compara as várias versões a respeito da vida de Virgulino Ferreira e analisa a permanência do mito Lampião.
A Derradeira Gesta: Lampião e Nazarenos Guerreando no Sertão, Luitgarde Oliveira Cavalcanti Barros, Mauad, 2007
Analisa a violência que cercou o cangaço e Lampião.
Lampião: O Rei dos Cangaceiros, Billy Jaynes Chandler, Paz e Terra, 2003

Biografia de Virgulino Ferreira, baseada em jornais da época.

http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/lampiao-dragao-maldade-436085.shtml

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

CORREIO DO PAJEU. MAIO.2015.2


Comentário - A-09 Maio/2015 No 81
Encontro 124o. Breve Histórico

Caros amigos:

Em nome da Comissão do Grupo Amigos de Serra Talhada, comunicamos que, no dia 10 (DEZ) deste mês de abril, aconteceu o 124o encontro mensal dos serra-talhadenses. O presidente da reunião, Genildo Nunes, iniciou o evento, parabenizando e lendo a relação dos aniversariantes do mês de abril. Fez também uma referência à publicação feita no Jornal Diário de Pernambuco, do dia 05 (cinco) de abril, sobre o livro “Família Ignácio Cabral de Oliveira Medeiros e outras” de autoria da escritora serra-talhadense Carmélia Ignácio de Mello e ainda destacou os artigos sobre Assis Nunes, de autoria dos escritores Adalberto Nazaré e Hamilton Silva, ambos publicados na edição no 80 do Jornal Correio do Pajeú.

Genildo lembrou que o Grupo Amigos de Serra Talhada completará 12 anos de existência, no próximo mês de junho e colocou em pauta para discussão os métodos a serem adotados para se melhorar, cada vez mais, a consolidação e o comparecimento das pessoas e dos seus amigos e familiares. Dando sugestões sobre o assunto colocado em pauta e falando sobre temas variados, se pronunciaram as pessoas relacionadas a seguir: O orador José Alves de Oliveira, Edmilson Feitosa, Luiz Francelino, Assis Nunes, Tomé Magalhães, Abidoral Aragão (aniversariante), Alaim José de Souza, Walter Carvalho e Carlos Augusto Barros que justificou a ausência do amigo José Ricardo Brito.

Dando prosseguimento, José Alves Sobrinho fez uso da palavra e comunicou que o livro “Pegadas de um sertanejo – vida e memórias de José Saturnino”, de sua autoria e de Antonio Filho Neto terá seu lançamento, na Fazenda São Miguel, no dia 30 (trinta) deste mês de abril.

Haverá também outro lançamento, no dia 02 (dois) de maio, em Carqueja (Nazaré) e outro lançamento, no dia 09 (nove) de maio, na feira do livro, em Serra Talhada. O lançamento em Recife será divulgado posteriormente.

Redator: Antônio Neto - E-mail: correio.pajeu@gmail.com - Fones (81) 96320252 Durante a reunião, foi distribuída aos participantes a edição no 80 do "Jornal Correio do Pajeú", editado pelo amigo Antônio Neto, brindando aos leitores com os trabalhos dos escritores: Adalberto Nazaré, Hamilton Silva, Antônio Timóteo Sobrinho e Francisco Ferraz.

Em um ambiente de confraternização pelo reencontro de pessoas amigas, Genildo promoveu o encerramento da reunião, agradeceu às pessoas que ali se encontravam e pediu que cada frequentador traga, pelo menos, mais um convidado, para o próximo encontro que será realizado no dia 08 (OITO) DE MAIO de 2015, na AABB-Recife.

Após o encerramento, foi feita a "foto histórica" com a participação de todas as pessoas que estavam presentes e prestigiaram o evento.

Assis Nunes
Falsos profetas

Lendo o Evangelho de João cap. 20, vers. 19, que trata da aparição de Jesus aos seus discípulos e dizia que eles estavam trancados com medo dos judeus, então Jesus entrou e no meio deles disse: “Apaz esteja convosco”.

Hoje nós também estamos trancados, com medo, sem esperança, sem confiança e sem paz, mas Jesus nos deixou a companhia do Espírito Santo que nos move e faz aumentar nossa fé.

Mas meus irmãos e minhas irmãs estamos cheios de falsos profetas, que aparecem na calada da noite, travestidos de salvador da pátria, nos enganando com promessas demagógicas, pregando a mentira e a falsidade, burlando as leis que eles próprios criaram aproveitando-se da necessidade dos mais fracos lhe iludindo com auxílios, mantendo-os na pobreza, no analfabetismo, e desviando tudo o que é do povo para suas contas bancários, tornando- se ricos. Precisamos de nos livrar desses falsos profetas que salvam seus bolsos e condena o povo a uma inflação alta, a falta de moradia; a falta de atendimento médico, remédios, e tudo mais.

Tenhamos fé, fé sem medo, fé de quem confia, fé no ressuscitado, fé na misericórdia de Deus. Vamos juntar nossa fé e reunidos no amor a nós mesmos, ao nosso irmão e a nossa pátria e vamos lutar para nos livrarmos deste mal e assim desejarmos: “Apaz do senhor esteja convosco”.
FERRAZ (tico) E-mail: conferraz@hotmail.com

Página 02 - Variedades
Aniversariantes de maio

Caros amigos,

Em nome da Comissão do Grupo Amigos de Serra Talhada, parabenizamos e desejamos muitas felicidades aos aniversariantes do mês de maio, constantes da relação abaixo:

-Dia 01- Marluce Magalhães Palmeira
-Dia 02- Felipe Aragão Feitosa
-Dia 03- Icléa de Souza Guerra Simões
-Dia 04- Brígida Lucélia B. Maciel
-Dia 05- Moisés Jacy Filgueira Duarte
-Dia 05- Irene Côrte Magalhães Sousa
-Dia 05- Heitor Alexandre Paiva
-Dia 05- Luciene Godoy Batista
-Dia 06- Tatiana de F. Rodrigues
-Dia 06- Fábio Malinconico
-Dia 07- Gisélia Gomes de Lima
-Dia 07- Armindo Braga de Moraes
-Dia 08- Fernando Geraldo Madeiro
-Dia 08- Vinicius Magalhães de Sousa Passos
-Dia 09- Zeneide Epaminondas Tenório
-Dia 11- Josimar Teixeira Maranhão
-Dia 12- Henry Laércio Cavalcanti
-Dia 12- Antonio Varejão de Godoy
-Dia 13- Roberto Coelho Caribé
-Dia 13- Amália de Almeida Sá (Filha de Lulu)
-Dia 14- Marcos Antonio Vaz de Magalhães
-Dia 14- Rosilda Alves Vasconcelos
-Dia 15- Alexsandro Magalhães
-Dia 16- Antonio Soares
-Dia 18- Arcôncio Afonso de Magalhães Neto
-Dia 19- Maria Raquel Curioso Ferreira Beltrão
-Dia 20- Anselmo Alves
-Dia 20- Maria José Vieira de Barros
-Dia 21- Jurivan Moraes de Lira (BB)
-Dia 21- Eveline Magalhães
-Dia 22- Luiz Inocêncio Lima
-Dia 23- José Pereira Loureiro
-Dia 24- Maria de Fátima Batista
-Dia 25- Teófanes Torres de Carvalho
-Dia 25- Auristela Gomes de Magalhães
-Dia 26- Hamilton José da Silva
-Dia 28- Misalene Maranhão
-Dia 28- Marina Marine de Magalhães

Saudações
Assis Nunes

Tempo, fruto semente

O tempo se incube de fazer e depositar em nossas mãos o fruto da semente que plantamos em nossa vida.

Assim, "Deus tem sempre que ensinar, e o Ser Humano tem sem que aprender com Deus".

Deus estar em toda parte, portanto, está também dentro de nós e dentro de todas pessoas que nos cercam, boas ou más. Tudo provém de Deus. Tudo é manifestação Divina. Mesmo aquilo que nos parece mal pode ser a causa de um benefício futuro.

Nosso sofrimento resulta do desconhecimento da verdade básica. Deus dirige todos os acontecimentos, por que está em tudo. E faz com que compreendemos que a modéstia, a humanidade, a pureza são frutos de todas as estações da história e que o transcorrer do tempo não alterou a composição química de certos valores, tais como a gratuidade, a obediência, a confiança, a ternura e o perdão.

São valores que perduram e que não entraram em desuso.

Retorna, pois, ao nosso meio e oferece a todos uma edição atualizada das grandes virtudes humanas que te tiveram grande aos olhos de Deus. O tempo corre e a vida escapa das nossas mãos. Mas pode escapar como areia ou como semente. "Para recomeçar cada dia, necessário se faz renascer cada dia".

Nonato Magalhães é membro da ASTL
Leopoldo Nachbin, um matemático
pernambucano.
*Antônio Neto

Leopoldo Nachbin, nasceu em Recife, no dia 7 de janeiro de 1922. Faleceu no Rio de Janeiro, em 3 de abril de 1993. Foi um matemático brasileiro, conhecido internacionalmente pelo famoso teorema de Nachbin e considerado o mais representativo matemático brasileiro.

Foi membro fundador do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) e do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (IMPA). É pai do jornalista Luis Nachbin e do também, matemático André Nachbin.

Estimulado por Luiz Freire, Nachbin se mudou para o Rio de Janeiro, onde se graduou em engenharia civil em 1943, pela Escola Nacional de Engenharia da Universidade do Rio de Janeiro. Em 1948, foi estudar na Universidade de Chicago, onde manteve frequentes contatos com matemáticos renomados, como André Weil, Jean Dieudonné, Marshal Harvey e Lorent Schwartz. Leopoldo Nachbin foi um dos primeiros matemáticos brasileiros a receber bolsa de estudo de uma instituição americana e também o primeiro matemático a receber o prêmio Moinho Santista, em 1962, dado a cientistas brasileiros de destaque. Segundo o próprio Nachbin, seu trabalho mais importante é o estudo dos espaços Hewitt-Nachbin. Teve quatro livros editados no exterior e quase cem artigos publicados em revistas de matemática nos Estados Unidos e na Europa, principalmente.

Fontes:1. Notáveis: Leopoldo Nachbin,
2. Grandes cientistas brasileiros - Leopoldo Nachbin
3. Leopoldo Nachbin
*Antônio Neto é membro da ASTL

VARIEDADES
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Variedades
03 Variedades

Lorena, uma lembrança forte.
*José Alves de Oliveira

Serra Talhada é uma cidade feliz, terra de expressivos nomes, pessoas que se destacaram no papel que lhes coube desempenhar.

Há, entre todos, um nome muito especial. Um nome que é quase unanimidade. E aqui discordo de Nelson Rodrigues, pois acho que nem toda unanimidade é burra. No caso do meu amigo Lorena, a unanimidade é inteligente, pois se baseia na admiração a uma personalidade rica de grandes predicados.

Luiz Conrado de Lorena e Sá poderia ser chamado Coronel Lorena, como antigamente se nomeavam os Chefes Políticos de grande prestígio.

Lorena preferiu ser um homem simples. Todos se achegavam a ele como a gente se achega a um amigo, a um irmão. Ele gostava de ajudar as pessoas.

Político fiel às suas ideias, sabia respeitar os outros.

Por essa razão era procurado por gregos e troianos.

Vou revelar uma coisa que poucos sabem: Eu estava estudando no Recife e me encontrava sempre com seu Metódio, nosso Deputado Metódio Godoi, que no governo de Agamenon era chamado interventor do sertão.

Uma vez seu Metódio me convocou: Zé, você vai se candidatar a Deputado para guardar a vaga para Lorena, que ainda não se decidiu e o prazo está vencendo. Lembro-me do nome do Presidente do Partido: Aderbal de Arroxelas Galvão. Não me lembro, entretanto, do nome do Partido. Lorena não quis ser Deputado, mas a vaga no Partido estava reservada. Lorena foi Prefeito quatro vezes. Numa das vezes, ajudei muito na campanha. Fiz comício em todos os distritos. Ele era meu amigo, e nossa amizade nunca estremeceu.

Quando fui Diretor do Bandepe, recebi a visita dele, acompanhado do nosso amigo comum João Duque. Cobrei um hotel para Serra Talhada. Quinze dias depois, ele repetiu a visita, desta vez para dizer que resolveu construir o Hotel das Palmeiras. Grande Lorena.

Luiz Conrado de Lorena e Sá merece todas as homenagens que se possam imaginar. Busto, museu, espaços especiais, bibliotecas etc. Serra Talhada tem o dever de homenagear este filho que soube atuar com elegância e correção nos diversos setores: Política, comércio, literatura, e por aí vai. Historiador de grandes méritos. Seus livros são ricos de informação.

Lembro-me de alguns: História Universal, História do Brasil, História de Pernambuco, Serra Talhada e Caminhos do Homem. Soube honrar seu lugar como integrante da Academia Serra- talhadense de Letras.

Eu poderia dizer ainda tanta coisa de Lorena! Prefiro encerrar com palavras do Escritor Frederico Pernambucano de Melo: “Luiz Lorena é um episódio muito elevado da consciência cívica sertaneja a que um dia os filhos do Pajeú darão o valor devido. Ele já não mais se pertence. Nem mesmo à sua família tão admiravelmente formada à sombra do patriarca.

Já é uma instituição, a modo de memorial que encerrasse entre as balizas da bravura e da solidariedade a soma das qualidades do homem da velha ribeira pernambucana.” *José Alves de Oliveira pertence à Academia Serra- talhadense de Letras.

Mãe missão da mulher
* Ivone Maranhão

Mãe fonte de amor e carinho
De amor eterno e emoção
Dá o peito como alimento
Embala no colo a todo momento

A mulher que cuida dos filhos
Criatura de grande visão
É respeitar a mãe natureza
É sentir paz no coração

A natureza tem seus mistérios
De dar esse poder a mulher
Dar a luz a uma vida
Desejo que toda quer

Hoje tudo é diferente
Tem mãe que joga filho no lixo
Outras querem tanto um filho
Tem que adotar se é preciso

Já os animais cuidam dos filhos
Coisa linda de se ver
Essa é a maior das belezas
Mistérios da mãe natureza

Deus deu a mulher esse dom
De amor e inspiração
De Cuidar de suas crias
Vem dentro do coração

* Ivone Maranhão Chuang, uma poetisa iluminada.

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CONVITE


A Academia Serra-talhadense de Letras e o escritor Benedito Vasconcelos Mendes convidam V. Sa. e família para abrilhantarem com as suas presenças o lançamento do livro:

«CULINÁRIA SERTANEJA»

. Essa obra resgata a história da culinária dos tempos idos da colonização do semiárido nordestino. Enquanto expõe, um conjunto de pratos típicos de uma região, onde a gastronomia do lugar difere das demais regiões do Brasil, não somente em aroma e sabor, mas, notadamente no colorido da natureza tropical.

Vale a pena, não somente ler o livro, sobretudo curtir e conhecer a tradição alimentar de nossos antepassados. Bom proveito. Esse livro será lançado em data, hora e local indicado s a seguir:

Data: 02 de maio de 2015
Hora: Apartir das 16 horas
Local: Carqueja- Floresta (PE).
Variedades CONVITE

A Academia Serra-talhadense de Letras e os escritores Antônio Neto e José Alves Sobrinho convidam V. Sa. e família para prestigiarem com suas presenças o lançamento do livro:

PEGADAS DE UM SERTANEJO

Vida e memórias de José Saturnino(1o inimigo de Lampião).

Pegados de um Sertanejo trata-se da biografia e das memórias de José Alves de Barros, conhecido por José Saturnino da Pedreira - 1o inimigo do famigerado Lampião.

Essa obra foi escrita em quatro mãos e duas cabeças pensantes - Antônio Neto e José Alves Sobrinho, ambos conhecedores desde criança das qualidades e virtudes da pessoa do biografado. Por referir-se a um registro biográfico, tudo que foi escrito nesse trabalho fora fundamentado em dados reais e verdadeiros ou como tais, por suas evidências. Grande parte desta obra foi escrita com base nos processos judiciais e arquivos da Polícia Militar de Pernambuco. Pouco de falatório e muito menos do que se ouviu dizer. Esse Livro será Lançado em datas, horas e locais indicados a seguir.

Data: 30 de abril de 2015.
Hora: A partir das 18 horas.
Local: Fazenda São Miguel - Serra Talhada(PE).
Data: 02 de maio de 2015
Hora: Apartir das 16 horas.
Local: Carqueja - Floresta(PE)
Data: 09 de maio de 2015
Hora: Apartir das 20h30
Local: Estação do Forró - Serra Talhada(PE).

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ENTREVISTA DE EXPEDITA FERREIRA E VERA FERREIRA, RESPECTIVAMENTE FILHA E NETA DE LAMPIÃO E MARIA BONITA


Entrevista com Expedita Ferreira e Vera Ferreira, respectivamente filha e neta de Lampião e de Maria BonitaVale lembrar ao leitor que Expedita Ferreira é a única filha de Virgolino Ferreira da Silva (Lampião),  e Maria Gomes de Oliveira (Maria Bonita). 

O irmão de Lampião, o João Ferreira da Silva, afirmou em entrevista que a sua família não tem conhecimento de outro filho de Lampião e Maria Bonita. Se existir, é fato isolado, até mesmo alguém querendo se passar por filho dos reis do cangaço. 


Programa Sem Censura.
Fonte do vídeo: Youtube

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CONFIRMAÇÃO DA PRESENÇA DE PAULO BRITTO NO CARRI CANGAÇO PIRANHAS 2015


Gentileza e generosidade, serenidade e elegância, marca a personalidade desta maravilhosa CONFIRMAÇÃO para nosso Cariri Cangaço Piranhas 2015! De uma das famílias mais significativas do sertão nordestino, nobre por natureza e de coração, PAULO BRITTO, filho do tenente João Bezerra, comandante da volante que matou Lampião, é a mais nova confirmação em Piranhas. Paulo Britto e Ane Ranzan grandes personalidades, grandes amigos. Quem viver verá! Programação Completa breve!

Manoel Severo Barbosa

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CONFIRMAÇÃO DO ESCRITOR E PESQUISADOR DO CANGAÇO JOÃO DE SOUSA LIMA NO CARIRI CANGAÇO PIRANHAS 2015!


"Assim que os cangaceiros sob o comando de GATO entraram em PIRANHAS, o delegado Cipriano Pereira e mais oito soldados fugiram deixando os moradores desguarnecidos. 

O cangaceiro Gato

Os populares tiveram que suprir a falta dos “Homens da Lei”. Formaram-se poucos grupos de resistência e entre alguns dos habitantes que lutaram estava Cyra Britto, esposa do tenente João Bezerra. No cemitério estava Joãozinho Carão e mais alguns companheiros e em um dos sobrados, estavam Chiquinho Rodrigues e Joãozinho Marcelino..." 

A mais nova CONFIRMAÇÃO do Cariri Cangaço Piranhas 2015; JOÃO DE SOUSA LIMA, vai nos contar essa espetacular história quando Julho chegar: João De Sousa Lima é mais uma confirmação do CARIRI CANGAÇO PIRANHAS 2015!

Manoel Severo Barbosa

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A Ira de João Gabiru.

Por Antonio Carlos Olivieri

O texto é longo, a leitura prazerosa. A melhor história que já li sobre Lampião e o cangaço. (Antonio MoraisO Cangaço).
Bom dia.

Sexta-feira, sete e meia da tarde, fazia muito calor. Eu andava pela Barra-Funda. A esmo, apreciando o que sobrou de antigo no bairro, despreocupado com o resto do mundo.

Empapado de suor, pelo resplandecente sol do horário de verão, entrei num boteco de esquina, o primeiro que encontrei e pedi uma cerveja no balcão, urgente. – Uma Brahma, pelo amor de Deus! É pra já, meu querido – respondeu, do outro lado do balcão, o rapaz de avental, com esse modo íntimo, embora nunca tivesse me visto antes. – No capricho! Depois do primeiro copo, um homem novinho em folha, respirei fundo e passei a apreciar o interior do botequim, que não via uma reforma desde os anos 60.


Balcão e bancos de fórmica, azulejos, lâmpadas fluorescentes. A gente só se dava conta de estar em 2005 devido à opulenta nudez de Juliana Paes, nos cartazes da Antártica. Para não me apaixonar por uma mulher impossível, voltei à atenção para a conversa de dois tipos ao meu lado.

Os dois também bebiam e se divertiam depois de um dia de batente, contando casos um para o outro, com delicioso sotaque pernambucano. Um deles, o mais velho, parecia mesmo um repentista, pelo vozeirão grave e a eloquência narrativa, que se traduzia em uma vasta gama de expressões e gestos. O tema dos casos era sua terra natal, a que não iam há muito tempo. Inacessível às suas posses, porém, o sertão se franqueava às suas lembranças. Era quase ali (no bar em que os três bebíamos) o mais remoto cocuruto de serra, do sertão de Pernambuco. Mas não se tratava do sertão atual, “muderno”, cortado por caminhões de carga, bolsas-famílias e antenas de TV, mas de um sertão de outro tempo, mitológico, onde os versos épicos dos cegos jamais se calam e o cangaço é eterno.

Nos alto-falantes pendurados nos quatro cantos do recinto, a voz de Luiz Gonzaga inspirava os narradores. As doses de cachaça com que intercalavam os grandes goles de cerveja tornavam-nos cada vez mais eloquentes. Os enredos se sucediam, agrestes. Um deles me chamou a atenção. Major de patente comprada, o fazendeiro Luiz Antonio Feitosa, de Cajarana, sertão da Bahia, devia muitos favores a Lampião. Entre eles, o de ter aumentado em muitas léguas os limites de sua propriedade. O rei do cangaço o auxiliou em rixas, intimidou e eliminou vizinhos. Pressionou juízes a favorecê-lo em pendências agrárias.

Em troca, o Major lhe fornecia mantimentos e munições, bem como o acoitava sempre que o cangaceiro atravessava o São Francisco, fugindo das volantes de Pernambuco e Paraíba.Certa ocasião, o Major tomava a fresca da manhã no copiá da casa-grande, quando avistou um cabra batendo alpercatas na estrada, caminhando em sua direção. Feitosa apurou a vista e reconheceu o homem, ainda distante. Era o negro Vicente do Outeiro, um cabra do eito, gente sua, mas que só o procurava nas ocasiões em que Lampião aparecia naquelas paragens, trazendo recados do cangaceiro. Bom dia, Major Feitosa – saudou Vicente, sem subir os degraus da varanda, olhando de baixo para cima. – Tenho um pedido para vosmecê. – Pois se achegue aqui, homem de Deus, não faça tanta cerimônia – respondeu o fazendeiro, bonachão, embora remendasse, resmungando para si mesmo, entre dentes: – Os recados que você me traz, é melhor que sejam dados ao pé do ouvido. O negro aproximou-se, tirando o chapéu de palha. Major, o Capitão Virgulino mais três cabras estão aqui perto, no sitiozinho que o senhor conhece, perto do Tanque, atrás do bosque de oiticicas.

Os homens vêm de um combate danado que toparam há três dias lá para as bandas de Triunfo. Foi tiroteio de mais de cinco horas, que começou bem para o capitão. Até que apareceu, não se sabe de onde, uma tropa federal com 150 praças que deram sustento ao fogo da volante do tenente Maurício. Os cabras de Lampião estavam cercados. Não me diga... – fez o Major, apreensivo. – Mas os cangaceiros conseguiram furar o cerco – prosseguiu o negro, impressionado com os fatos. – Se meteram na caatinga e conseguiram escapar dos macacos. Mas havia muitos feridos: Jararaca, Beiço Lascado, Cobra Verde... Lampião achou melhor separar seus homens, mandando cada grupo para um coito seguro, em lugares diferentes. Ele mesmo achou que era melhor atravessar para a Bahia e me procurou ontem à noite, para mode saber se pode acoitar-se uns vinte dias cá na sua propriedade. Vicente se calou, aguardando uma resposta.

O Major permaneceu em silêncio por não mais que um simples instante. No entanto, este lhe pareceu o maior dos instantes que conheceu em toda a sua vida. Só que não devia demorar em responder ao negro: Vá dizer ao Capitão que me espere onde está – declarou, resoluto. – Vou encontrar com ele no início da tarde. – Senhor, sim, Major Feitosa – obedeceu o outro e voltou pelo caminho por onde viera, batendo mais rápido as alpercatas, até desaparecer na distância da capoeira. A sinfonia de uma revoada de juritis encheu o céu de Cajarana. Os bogaris, plantados em frente aos esteios da varanda, adocicavam o ar do verão que, a essa altura, já estava quente como o inferno. Em contraste com o sol que brilhava acima da casa-grande, a expressão que tomara conta do rosto do Major era sombria, grave, repleta de nuvens e trovoadas. Na verdade, naquele momento, a demanda de Lampião o colocava num impasse delicadíssimo. Uma rixa com o coronel Napoleão da Fonseca, de Queimadas, havia levado Feitosa a ingressar na política, filiando-se ao partido do governo.

O Major tinha agora a pretensão de candidatar-se a deputado estadual e a proximidade com cangaceiros podia constituir uma montanha instransponível no seu caminho para a Assembleia do estado. Por outro lado, dizer não ao rei do cangaço era a mesma coisa que assinar um atestado de óbito para si mesmo, a mulher e os filhos. Sem falar nos agregados, que eram a cunhada dona Amelinha, o sobrinho Vitorino e o primo José Amaro. Se em algum momento o sentido da palavra diplomacia lhe interessou na vida de mandos e desmandos, foi naquele. O que fazer? ruminava, aperreado. Sua plataforma de campanha – que empolgava os eleitores – era justamente o combate ao banditismo, tanto o dos cangaceiros, quanto dos tenentes de volante que os perseguiam (além das obras de combate à seca). Puxou um charuto encorpado que lhe mandaram do Recôncavo, mastigou-o numa das pontas e o acendeu com uma pederneira. As nuvens azuladas de tabaco fertilizaram seu raciocínio. Em pouco tempo, ordenava para o afilhado Bentinho, o filho da comadre Vivi:– Esse menino, me traga aqui o João Gabiru. Preciso conversar com ele, o mais rápido possível. Gabiru era uma espécie de pau para toda a obra, na fazenda do Major Feitosa. Tinha um jeitinho para tudo. Nada ganhava com isso, exceto um teto, roupa e comida. Para ele, porém, era o que bastava. Mais uns goles de cachaça nos fins de semana e se dava por muito satisfeito. Além disso, dedilhava a viola e era um primor no repente. Quando ia a Cajarana, nos dias de feira, vinha gente de várias cidades das redondezas para ouvi-lo. Apesar de baixinho, franzino, cabeça grande e o rosto mal traçado, ao tocar a viola, conquistava a atenção até das morenas faceiras que acompanhavam as mães às compras. Pouco depois do chamado, Gabiru chegou ao copiá, onde o Major Feitosa o aguardava, aflito.

Ao vê-lo, o patrão nem lhe desejou bom dia e foi direto ao ponto: Lampião pedira coito, favor que naquela ocasião não estava em condições de prestar ao cangaceiro. Porém, como podia dizer não a Virgulino Ferreira da Silva, sem produzir consequências desastrosas? Gabiru matutou, matutou, mas não encontrava saída. O patrão também não lhe concedeu muito tempo para pensar, ordenando em seguida:– Vá imediatamente encontrar o Capitão. Tente explicar que aqui, neste momento, ele não estará seguro. Melhor que fique mesmo na caatinga, no sitiozinho onde já se instalou, pegado ao Tanque. Posso mandar-lhe mantimentos e tudo que for de sua precisão. Mas recebê-lo em minha casa é impossível. Invente que estou esperando a visita do governador, acompanhado por militares de alta patente e pelo próprio chefe de polícia. Sei lá! Assunte bem o terreno, veja lá como fala e dê um jeitinho. Senão, estamos todos desgraçados! João Gabiru não aparentou medo, ao aceitar a tarefa.

Acreditava que a solução de um problema assim era uma coisa que só se encontrava de repente, num estalo. Confiou-se a São Severino de Ramos. Colocou sobre a cabeça um chapeuzinho de couro, quase sem abas. Foi ao curral e arreou a mula ruça, que pisava macio. Montou, deu-lhe com o cabresto e seguiu caminho. Com a ponta dos pés descalços nos estribos, equilibrava-se sobre o trote da jumenta, gingando como um ginete das velhas ordens de cavalaria. Sob a sombra de uma cajazeira, no sitiozinho do Tanque, os três cabras de Lampião matavam o tempo jogando dominós. Estavam muito concentrados, mas o instinto os fez interromper repentinamente a partida. Ao perceber à distância a aproximação de um cavaleiro, se fizeram nos rifles, espalhando-se aos pés das imburanas. Porém, à medida que João Gabiru se tornou visível, os cangaceiros serenaram e baixaram as armas.

A imagem equestre do moleque de recados nada apresentava que lhes pudesse provocar o menor medo. Ao contrário, parecia-lhes um motivo de provável diversão. De cartucheiras trançadas no peito, os três homens ficaram de pé, batendo as coronhas do rifle no chão, como autênticos militares. Receberam o recém-chegado, perfilados, com cortesia galhofeira. Ajudaram-no a descer da jumenta e perguntaram o que um homem daquele porte fazia naquele oco de mundo. Venho da parte do Major Luís Antônio Feitosa – respondeu Gabiru, sério, aparentemente sem perceber que mangavam dele. – Com um recado para o Capitão Virgulino Ferreira.– Pois vossa incelência espere só um minutinho que vou ver se o Capitão pode te receber – respondeu o maior dos três cangaceiros, que era também o mais mal encarado, e entrou na casinha de taipa caiada, onde o chefe descansava. Voltou poucos  instante depois e abriu a porta para o recém-chegado, com uma reverência que despertou a risada de seus dois companheiros. João Gabiru não fez caso disso, entrou na casa e deu de cara com a cozinha vazia, com um fogão de lenha num canto e uma mesa de pinho ao centro, onde pareciam repousar todas as armas do famigerado cangaceiro: um rifle papo-amarelo, uma carabina Comblain, três bornais de balas, dois revólveres Schmidt & Wesson, um punhal e um facão de mateiro. Mas o rapaz não teve tempo de observar o arsenal com mais atenção, pois uma voz vigorosa o chamou da camarinha. João Gabiru entrou no dormitório onde Lampião, estirado numa rede, fazia sinal para ele se aproximar. Pela janela aberta, o sol do meio dia reluzia no quarto como se estivesse dentro dele. Iluminava a figura ridícula do mensageiro, em todos os seus pormenores. O único olho do capitão mirou o sertanejo com expressão furiosa, como se estivesse ofendido por deparar com semelhante moleque de recados.

Como é que o major Feitosa lhe fazia uma desfeita daquelas? Não só mandava alguém em seu lugar, em vez de vir pessoalmente, mas mandava aquela figurinha de baralho lhe dar a resposta que ele, o Feitosa – não aquele cabrito desajeitado – lhe devia?!Isso era um desfeita que a majestade de Virgulino Ferreira da Silva não havia de engolir! Lampião ergueu-se da rede, com a rapidez que – no gatilho – lhe valeu o apelido. Estava desarmado e completamente a vontade, com as fraldas da camisa para fora da calça de zuarte. Lentamente aproximou-se de Gabiru – a quem olhava de baixo para cima – e sem a mínima cortesia, nem pela mesma mangação dos comparsas, lascou-lhe na cara uma pergunta atrevida: Você sabe o que é a ira de Lampião? Não senhor – respondeu Gabiru, sem deixar de encará-lo. A ira de Lampião – explicou-se o próprio – é uma fazenda arrasada, muitas mulheres graúdas desonradas, dezenas de cadáveres e o sangue correndo como um rio por cem léguas de distância.

O sertanejo escutou, humilde, mas respondeu com outra pergunta: Pois vossa incelência sabe o que é a ira de João Gabiru? O rei do cangaço riu-se da insolência e deu-lhe o troco na bucha: A ira de João Gabiru há de ser o cipó-de-boi comendo no lombo dele, que acabará de volta à casa do Major, mais morto que vivo, se arrastando atrás de sua mula. – É não – contradisse o outro e sacou zunindo uma peixeira que trazia escondida na cintura. – Quando João Gabiru fica irado, como agora, o máximo que pode haver é dois cadáveres, o sangue não corre mais que cinco passos, mas todo o cangaço há de ficar de luto. Com a ponta da lâmina a milímetros de seu pescoço, Lampião não piscou o olho nem moveu um dedo. Mas respirou fundo, antes de responder ao Gabiru: É de cabra assim, com cabelo na venta, que eu gosto, não sabe? Abaixe essa arma e vamos conversar, meu camarada. Tem sorte o Major Feitosa de contar com um macho esperto como tu a seu serviço...

O final da história coincidiu com o fim da minha garrafa de cerveja. Durante algum tempo, esqueci do mundo, nocauteado pelo relato do velho. Ao voltar a mim, os danados dos nordestinos tinham simplesmente desaparecido. Cheguei a me perguntar se os dois haviam estado ali mesmo ou se eu os imaginara numa espécie de delírio. Não consegui chegar a uma conclusão. Fui interrompido pelo rapaz do balcão que queria saber:– Outra Brahma, meu querido?

Antonio Carlos Olivieri nasceu no Rio de Janeiro, em 1957, e radicou-se em São Paulo ainda criança. Formado em Letras, foi professor e em seguida dedicou-se ao jornalismo. Atualmente presta serviços editoriais e faz assessoria de imprensa. Lançou seu primeiro livro juvenil em 1987 e, desde então, já publicou mais de dez histórias. Obras publicadas por outras editoras: - O renascimento. São Paulo, Ática, 1987. - A pré-história. São Paulo, Ática, 1988. - Uiramirim contra os piratas. São Paulo, Atual, 1989. - Independência dos Estados Unidos. São Paulo, Ática, 1990. -Uiramirim contra os demônios da floresta. São Paulo, Atual, 1992. - Perdidos no tempo. São Paulo, Atual, 1997. - Um bom sujeito. Belo Horizonte, Formato, 1997. - A carta de achamento do Brasil. São Paulo, Callis, 1999. -D. Pedro II, imperador do Brasil. São Paulo, Callis, 1999. - Cronistas do descobrimento. São Paulo, Ática, 1999.

Fonte: facebook 
Página: Antonio Morais

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CANGACEIRO BRONZEADO


Seu verdadeiro nome era MANOEL FERREIRA, natural da cidade de Lavras da Mangabeira-CE e pertencia ao bando de Massilon.

- Em 10 de Maio de 1927, sob o comando de Massilon, participou do ataque à cidade de Apodi-RN.

- Em 11 de Maio de 1927, também sob o comando de Massilon, participou do ataque ao lugar Gavião (Umarizal-RN).


Depois do ataque à Gavião, com a dissolução do bando de Massilon, na pretensão de retornar ao Ceará, desgarrou-se do grupo e, desnorteado, foi parar na cidade de Martins-RN, onde, após ser reconhecido por alguém, foi preso e conduzido à Cadeia Pública local.

Posteriormente, junto com o companheiro Mormaço, ex integrante do bando de Lampião, que participou do ataque à Mossoró-RN, foi fuzilado na Cadeia de Martins-RN, para onde fora conduzido no dia 28 de Março de 1928, com a desculpa oficial de que "havia tentado fugir". Tinha 27 anos, quando de sua morte.

Fonte: Cangaceiros de Lampião de A a Z - Bismarck Martins de Oliveira


Fonte: facebook
Página: Geraldo Júnior ‎O Cangaço

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