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quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

CORISCO - DOC 200 ANOS

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Publicado em 29 de jan de 2018
O "Alagoas, dois séculos de História", traz a história do Cristino Gomes da Silva Cleto, mais conhecido como Corisco (Água Branca, 10 de agosto de 1907 - Barra do Mendes, 25 de maio de 1940) que foi um cangaceiro do bando de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião. Confira!
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Volta Seca
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A Musica do Cangaco
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O CANGACEIRO LAMPIÃO - FILME - TAPEROÁ-PB

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SERTÃO GOSTOSO

Clerisvaldo B. Chagas, 6 de dezembro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.020

SERRA AGUDA (FOTO: B. CHAGAS).
Novamente o tempo mudou completamente, ontem, em Santana do Ipanema e sertão inteiro. E como dissemos anteriormente, ficamos aguardando pelo dia os locais chovidos na noite anterior. E as notícias foram excelentes para a faixa sertaneja do Rio São Francisco e proximidades, como Pão de Açúcar, Belo Monte, Delmiro Gouveia, Batalha, Jacaré dos Homens, Jaramataia e o grande sítio Olho d’Água do Amaro, entre Santana e Senador Rui Palmeira. Só não sabemos se isso é suficiente para evitar carro-pipa rodando nas caatingas. Na tarde de ontem, quarta, o tempo voltou a cercar a nossa Capital do Sertão com nuvens pesadas e muito escuras. E pelo que se via no céu, a cidade ficou até receosa de uma pesadona daquelas.
Pela tardinha o velho trovão voltou a arrotar muito valente. No início parecia móveis arrastados na sala. Rsssss... Depois imitando mil bombas de São João: ssstbum... Bum... Bummmmm!... “Corre, menino – o menino sou eu mesmo – feche a porta da rua e dos fundos que o trovão está valente!”. Kkkkkk, eu sozinho em casa criando personagens. Caem os primeiros pingos com o espaço recomendando cautela. O trovão abusado ronca e o relâmpago clareia o mundo, Zé! Ligar TV é muito perigoso nessas circunstâncias. E logo na hora do Jornal, amigo! Computador? Nem pensar! “Corre, Zezinho, vá espiar o cuscuz no fogo, menino danado!”. Virei-me no Zezinho e corri lá. “Não esqueça às velas, caixa de fósforos e lâmpada de emergência... A luz apaga nestante!”.
O vento levou as nuvens para distante da cidade e ficaram apenas as ameaças do trovejar e a insistência do relâmpago. Tempo limpo novamente, vamos registrar os fatos. Para o novo amanhecer, ficamos aguardando o paradeiro das chuvas. Quando se aproxima o Natal, é costume cair um bom volume d’água para enverdecer o cinza do plano e dos montes. E nós santanenses, após a peneirada do céu, aguardamos três quatro dias, para notar a mudança no serrote do Cruzeiro, na Reserva Tocaia, no serrote do Gonçalinho... Na serra Aguda, elevações que a circundam a urbe. Bem, ainda não foi dessa vez que choveu bem em Santana. Quem sabe, amanhã! E como disse certa vez o padre José Augusto: “mas venha mansa”.
Ô Sertão gostoso!

CAFÉ COM SAUDADE

*Rangel Alves da Costa

Todo santo dia, que esteja chovendo ou não, que esteja em frieza ou não, antes das quatro da manhã eu já tenho pulado da rede. Um pulo automático, como se diz, sem necessidade de relógio ou despertador. É apenas a propensão biológica do acordar sempre no mesmo horário, e ainda enquanto o galo dorme e os fantasmas passeiam.
O negrume final da madrugada sempre me desperta para o encontro com o silêncio, com a nudez das ruas, com a paz ainda presente neste momento. Gosto que seja assim. Gosto de ouvir somente os meus passos, de sentir somente o meu pulsar, de escutar os quase-silêncios das emanações próprias da madrugada. Creio que alua tem voz. As estrelas, estas eu tenho certeza que sim.
Quando está chovendo ou mesmo serenando, é como o instante se transformasse em algo tão cativante que me torno mais pensativo e até melancólico. A chuva emoldura o instante de forma exuberante. Há um mistério tão envolvente na chuva, que o seu sentir tem o dom de transformar todo o espírito e toda alma. E me entrego a esse instante de espiritualidade voz. Também de reminiscências e reencontros.
De qualquer forma, o passo seguinte é correr ao chuveiro para o verdadeiro despertar. Um banho assim afasta a sonolência do corpo, as inércias da noite e o acúmulo de sonhos entrecortados pelo impossível. E já deixo a água no fogo para o primeiro café do dia. O primeiro de tantos e tantos, pois sou verdadeiramente um adorador de café.
Sempre dizem que o café desperta, que anima, que provoca disposição e criatividade. Talvez eu já tenha sentido tudo isso, mas depois de anos de beiços na xícara, agora tenha certeza que é mesmo um caso passional. É como se a borda fosse uma boca gulosa, o sabor fosse a mulher amada e o sorver fosse o mais prazeroso dos gozos.
Despejo a água fervente por cima do café solúvel e forte, sem açúcar, e depois me afasto um pouco de mim, me distancio do corpo ainda um tanto molhado. Passo a ser somente o café, sorvido aos pouquinhos, e pensamentos e reflexões. Deixo que meus olhos vagueiem pelos espaços ainda escurecidos, que encontrem restos de estrelas e réstias de luar. Deixo que meus olhos viajem pelas distâncias e imaginem ter avistado outras realidades.
Então chegam as saudades, as nostalgias, as recordações. Um terno entristecimento na madrugada. Gosto e não gosto que seja assim. Mas não há como fugir disso. Se está chovendo, então tudo se redobra no sentimento. Como dita, na chuva a transformação é total. Saio de mim para ser a própria chuva. Pingo e respingo saudades, visões, retratos. E valseio cada plangência desta magia molhada.
O silêncio do mundo, a canção da chuva, a valsa molhada lá fora, em meio ao chão molhado e aos amarelos das luzes, então tudo parece querer forçar uma lágrima. Talvez eu lacrimeje mesmo, não sei, vez que os pingos caindo também perante a minha face banhada de passado e presente, como se os belos e os angustiantes retratos surgissem todos diante de mim.
E depois, bem depois, já depois de tantos e tantos cafés, apenas o gostar do beber. Mas nada igual aos primeiros goles da madrugada. Na boca, o café negro se derramando como se fosse um noturno sem lua. Mas logo a doçura do sabor e a lua inteira.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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PROGRAMA ENTRELINHAS

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Publicado em 5 de dez de 2018
Lançamento do documentário "Angico:80 Anos -Parte 1"
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ENTREVISTADO PELO JORNAL A NOITE (RJ), ASSIM SE PRONUNCIOU O CAPITÃO JOÃO BEZERRA A RESPEITO DA MORTE DE LAMPIÃO: _____________ NÃO HAVIA NINGUÉM COM VIDA

Material do acervo do pesquisador Antonio Corrêa Sobrinho

NÃO HAVIA NINGUÉM COM VIDA

O capitão Bezerra fala à NOITE, ao chegar hoje ao Rio.

Chegou hoje pela manhã, a esta capital, o capitão João Bezerra, comandante da força que extinguiu o bando de Virgulino Ferreira – o famoso “Lampião”.

O capitão Bezerra é tipo autêntico do sertanejo.

Caboclo forte, bronzeado, em pleno vigor dos seus 36 anos.

- Sim senhor, tenho 36 anos de idade, 19 dos quais, de farda, pois ingressei na Força Pública com 17 anos. Foi preciso até aumentar a idade...

- Quantos anos dedicados ao combate dos cangaceiros?

- É uma pergunta difícil de responder. Na minha terra todo soldado que se preza leva a sua vida pensando em dar cabo daquela mancha que enodoa o seu nome.

- Perseguição sistemática ao bando de Lampião, eu vinha fazendo há 4 anos. Encontramos-nos duas vezes. Da primeira ele quase deu cabo de mim. Éramos nove homens na volante, contra 18 cangaceiros... de Lampião. Isso do primeiro encontro. Do segundo, o senhor já sabe – a sorte foi ingrata para ele. Eu vim ao Rio para um passeio e trabalhar em um livro, onde pretendo contar para os brasileiros o que seja o problema do cangaço no Nordeste. Então eu direi quem é e por que existe o coiteiro – principal auxiliar do cangaço. Narrarei a história tremenda que foi a perseguição ao bando de Lampião. Há muita gente que acredita na primeira lenda que se lhe conta, sem examinar os fundamentos da questão. Cito, como exemplo, o fato de Lampião escapar sempre com vida dos combates que oferecia às forças policiais. Dizia-se que o soldado sempre era vencido porque tinha medo de Lampião, ou então, porque Lampião tinha o “corpo fechado”.

Eu explico a questão nestes termos: “Lampião sempre escapou porque os soldados que o atacavam iam tão cheios de vontade de dar cabo do homem e sentiam tal emoção durante o embate, que, em regra, perdiam os tiros.

Qualquer de nós está sujeito a estas situações.

- Correm as mais diversas versões a respeito do degolamento de “Lampião” e do seu bando.

- Bem lembrado. Faço questão de frisar este detalhe. Em primeiro lugar, não encontramos ninguém com vida quando entramos na toca. Depois, havia a necessidade de mostrar as cabeças às autoridades e ao povo, a fim de evitar possíveis dúvidas sobre a morte do rei do cangaço. Ninguém acreditava que o homem pudesse morrer... Isto é um ponto de honra para mim e para os meus soldados. Não somos tão desumanos... Não transportamos os corpos, porque não era possível, dada a grande distância de que nos encontrávamos de qualquer povoado.

O capitão Bezerra falava fluentemente, com entusiasmo mesmo.

Chegavam, porém, os seus amigos para levar-lhe as boas-vindas e fomos obrigados a encerrar a palestra para darmos lugar aos abraços.

A NOITE (RJ) - 04/10/1938

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EM MEIO À FUGA O PADRE QUE CASOU DULCE E 'CRIANÇA' E BATIZOU 'BALÃO'

 Padre Lima

Gonçalo de Souza Lima, popularmente conhecido por Padre Lima, nasceu em Porto da Folha aos 27 de julho de 1900, filho de Pedro de Souza Rito e Josefa Maria dos Prazeres. Nessa época Porto da Folha passava por significativa mudança no que se refere ao fim da escravidão à cerca de 20 anos, algo que havia deixado por lá a ferrenha marca do preconceito racial.

A primeira missa celebrada pelo Padre Lima aconteceu dia 01 de Dezembro de 1929 na terra natal. No ano seguinte foi designado a substituir o Padre Arthur Passos em Porto da Folha, permanecendo até 1931, quando foi transferido para a paróquia de Pacatuba, onde ficou até 1937, ocasião em que passou a ser o pároco de Aquidabã.

O Padre Lima esteve por diversas vezes a celebrar missas, casamentos e batizados em Porto da Folha, embora sendo o pároco oficial de Aquidabã. Este compromisso espontâneo se deu pelo fato de sua terra natal haver ficado longo período sem Padre.

 Igreja de Nossa Senhora da Conceição, no município de Porto da Folha/SE

Após a chacina de Angico, em 28 de Julho de 1938, quando morreram Lampião, Maria Bonita e mais nove cangaceiros, chegou a Porto da Folha um grupo de 17 cangaceiros para se entregar, três deles foram à casa do Pe. Lima a procura dos sacramentos. 

Entre estes, o casal Criança e Dulce e o cabra Balão.

João Alves da Silva "o Criança" e Dulce Menezes pediram para se casar e Guilherme Alves dos Santos "o Balão", para ser batizado. O Padre, então vigário de Aquidabã, encontrando-se na terra natal não se opôs ao pedido de Criança. Quanto ao pedido de Balão, disse com seu vozeirão:

“Eu não acredito que um homem na sua idade seja pagão!”

E o cangaceiro respondeu: “Eu sou”. A minha família é crente. O Capitão só me aceitou porque prometi que tão logo encontrasse um Padre, pediria pra me batizar.”

O Padre Lima retrucou: “Lampião já morreu!”

Balão justificou: “Mas eu estou devendo e quero pagar.”

O Padre achando bonito o gesto do cangaceiro, lhe disse: “Então vá procurar um padrinho”.

Ele foi direto a “seu” Manezinho Delegado, mas este recusou o convite.

O cangaceiro voltou triste e o Padre Lima perguntou: “Já tem padrinho?”

Balão: “Eu convidei seu irmão e ele não aceitou”.

O Padre mandou chamar o irmão e disse: “Aceite, que é para fazer dele um cristão”.

O casamento e o batizado foram realizados perto do meio dia, na presença de muitos curiosos, principalmente meninos, tendo por padrinhos o Sr. Manoel de Souza Lima, "Manezinho delegado" e sua esposa Dona Estefânia Poderoso a Dona Ester.

Manoel de Souza Lima, o 'Manezinho delegado'. (1910 - 2012)

A partir deste e de outros acontecimentos marcantes, o Padre Lima foi se tornando cada vez mais conhecido no sertão de Sergipe. O religioso faleceu no dia 28/01/1980, em sua residência na capital sergipana.

Trecho da biografia composta por Joaquim Santana Neto, de acordo com informações da família em conjunto com os dados contidos no livro “Porto DA Folha, fragmentos da história e esboços biográficos” de Manoel Alves de Souza.

Pescado em http://www.joaquimsantana.net/galeria/padre-lima/

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