Por Sálvio
Siqueira
Ao estudarmos
o Fenômeno Social notamos que, ao longo da historiografia cangaceira, diversos
nomes, alcunhas ou apelidos de cangaceiros foram repetidos em distintas
personagens. Para algumas dessas repetições o significado era bem claro: dar a
impressão que o cangaceiro não havia tombado em determinado combate.
A notícia da
morte era divulga pelas autoridades e, como o vento pelas planícies, morros e
chapadas do sertão nordestino, se espalhavam feito fumaça. Porém, em um ou
outro embate, ou mesmo um ataque a alguma Vila, Povoado ou arruado qualquer, os
cangaceiros pronunciavam a mesma alcunha do cangaceiro morto para ser muito bem
escutado. Escutando, a população, também, soltava aos quatro ventos que aquele
cangaceiro estava vivo e que havia participado do ataque, roubo ou extorsão
praticada.
Esse tipo de
estratégia foi muito bem usado por Virgolino Ferreira, chefe cangaceiro
codinominado Lampião, surgido no princípio do séc. XX, na microrregião do Pajeú
das Flores, mais precisamente no município de Vila Bela, hoje Serra Talhada,
sertão pernambucano. Lampião foi um jovem chefe cangaceiro que soube empregar
diversas táticas de guerrilhas, guerra de movimentos, e outras estratégias tais
como a informação e, principalmente, a desinformação tão perfeitamente que o
elevaram ao topo como maior dos chefes cangaceiros desde os primórdios do
fenômeno social surgido no princípio da segunda metade do séc. XVIII.
Os apelidos,
as alcunhas, dos cangaceiros eram, normalmente, empregados, ou mesmo criados,
devido a algum dom, movimento em combate ou algo dessa natureza... Em fim, para
determinado roceiro que entrava para um bando de cangaceiros era codinominado
aquela alcunha que o chefe, ou seus asseclas, achasse que melhor ficaria
representando suas façanhas. Porém, como em tudo há regras e exceções, esse
parâmetro da historiografia também teve as suas. Como exemplo citaremos a
alcunha, apelido, de um dos renomados chefes cangaceiros antecessores a
Lampião, Antônio Silvino. O nome de registro desse chefe cangaceiro natural da
fazenda Colônia, município de Carnaíba, PE, era Manoel Batista de Morais. Ao
entrar nas hostes cangaceiras adotou o codinome de Antônio Silvino. O primeiro
em homenagem ao Santo Padroeiro da própria fazenda onde nascera, pois nela,
ainda hoje tem a Capela de Santo Antônio. Já o segundo nome, Silvino, foi
homenageando um parente, Silvino Aires, que era cangaceiro e que fora preso nas
proximidades de Alagoa de Baixo, região do Moxotó pernambucano, hoje, cidade de
Sertânia.
Ao longo da
existência do fenômeno social deparamo-nos com mais de um cangaceiro chamado,
apelidado, de uma mesma alcunha, apelido. Como por exemplo “Candeeiro”,
“Jararaca”, “Azulão”, esse último com quatro participantes, e outros mais tais
como os chamados de “Baliza”, sendo Venceslau Xavier, que foi o último deles,
cangaceiro do bando de Lampião morto pelo tenente Ladislau Reis, alcunhado de
‘tenente Santinho’, ”Baliza”, José Dedé, que foi cangaceiro do bando de Sinhô
Pereira antes de 1922, Sinhô Pereira, Sebastião Pereira da Silva, cangaceiro
que foi chefe de Virgolino Ferreira, o Lampião, e, por fim, o primeiro
“Baliza”, Manuel Batista Elifas, cangaceiro que esteve ao lado do chefe
cangaceiro Antônio Silvino, antes de 1914, que quando baleado entrega-se a
volante comandada pelo, então, Alferes Teófenes Ferraz Torres. Também
encontramos aqueles que tiveram suas alcunhas denominadas de “Gato”: José
Pereira foi o primeiro cangaceiro a possuir o apelido de “Gato”, ainda quando
do cangaço de Jesuíno Alves de Melo Calado, alcunhado de Jesuíno Brilhante, “o
cangaceiro Romântico”, surgido na região de Patu, RN, ainda na época do
Império, 1844 a 1879, tendo em seguida a participação de Amâncio Guedes de
Farias, que ‘trabalhou’ com o apelido de “Gato” sob as ordens do chefe
cangaceiro Antônio Silvino. Já outro cangaceiro alcunhado de “Gato” prestou
seus dons na espingarda ao chefe cangaceiro Sebastião Pereira da Silva, Sinhô
Pereira, porém, nem a Fundaj, Fundação Joaquim Nabuco, tão pouco o pesquisador,
historiador e sociólogo Frederico Pernambucano de Melo, em seu livro
“Guerreiros do Sol”, em sua 5ª edição revista e atualizada, apesar de o terem
registrado na historiografia, não nos fornecem seu nome de registro e, por fim,
o índio Pankararé Santílio Barros, que tendo o apelido de “Gato”, é considerado
o mais perverso e sanguinário daqueles cangaceiros que prestaram seus
‘serviços’ ao chefe cangaceiro Lampião.
Nossos
estudos, nessa pesquisa, se concentram naqueles que foram chamados de
“Sabonete”. Logicamente por um deles, o terceiro, ter servido diretamente a
cangaceira Maria Gomes de Oliveira, a Maria de Déa, mais conhecida nos estudos
do cangaço lampiônico por “Maria Bonita”, companheira do chefe cangaceiro,
sendo seu ‘secretário’ particular. A História do cangaço é secular, porém, os
estudos sobre esse Fenômeno Social recai quase que exclusivamente sobre o
cangaço lampiônco, 1918/19 a 1938, tendo se alongado até maio de 1940 quando um
dos subchefes, na época o único em ação, Cristino Gomes da Silva Cleto, o
famoso Corisco, foi abatido, e mesmo assim, apesar da proximidade do tempo, sua
historiografia tem muito a ser contada, analisada, revisada e ‘cortada’ as
rebarbas das invencionices. Acreditamos que a falta de registros, e quando os
mesmo existem serem montados, é o que mais leva a maioria dos autores,
pesquisadores/escritores, falharem nos escritos em suas obras literárias. O quê
a imprensa da época escreveu, na maioria dos vespertinos, têm um sentido
parcial, escolhendo, sempre, o lado da Força Pública. Muito, daquelas
personagens, que fizeram parte da história ainda estão por serem descobertos,
outros, jamais saberemos quem foram de onde vieram e quem são seus
descendentes, seus familiares. Até meados de 2016 todos nós que estudamos os
fatos e atos desse tema, tínhamos o conhecimento de que existiram dois
cangaceiros denominados de “Sabonete” no cangaço lampiônico. No entanto, após o
lançamento de um dos melhores livros, “ As cruzes do Cangaço – Os fatos e
personagens de floresta – PE”, dos autores Marcos Antônio de Sá e Cristiano
Luiz Feitosa Ferraz, que já li sobre a história aonde esse famoso chefe
cangaceiro, Lampião, viveu seus primeiros e principais passos, vieram a toma
personagens, fatos e atos contados como realmente ocorreram e existiram. Os
autores dessa obra são filhos da mesma região aonde ocorreram os tais fatos, e
isso é mais importante como, sendo filho do mesmo torrão, as pessoas confiarem
mais em relatarem sua passagem e/ou dos seus descendentes.
Da famosa
região do Navio, cantada em versos e prosas pelos poetas e repentistas e até
pelas letras das músicas do “Rei do Baião”, Luiz Gonzaga, surgiram homens de
têmperas jamais vistas e/ou comparadas em termos de valentia e disposição para
brigar. Um dos grandes exemplos é o famoso cangaceiro Cassimiro Honório da
Silva, “Cassimiro do Navio”, ou mesmo o afamado Clementino José Furtado, mais
conhecido por “Clementino Quelé”, onde, quando cangaceiro do bando de Lampião,
tinha a alcunha de “Tamanduá Vermelho”, isso devido ter sua pele clara e ao
entrar em discussão, brigar ou estar em combate, ficar bastante acalorado,
ficando sua tez avermelhada. Dentre esses aparecem os ‘Celestino’. Um ramo da
família “Celestino”, o qual tinha como patriarca o Sr. Ramiro Celestino que,
devido a razões e questões familiares, migra da região do Navio para o próximo
município de Floresta, PE, consequente do município da “Terra dos Tamarindus”
para o, na época, Vila de Santa Maria, hoje Tapanaci, munícipio de Mirandiba,
PE. Normalmente nessas questões familiares havia mortes, ou mesmo para
evita-las, uma das saídas era mudar de localidade como tentou por várias vezes
José Ferreira, pai dos cangaceiros Esperança, Vassoura, Lampião e Ponto Fino,
Antônio, Livino e Virgolino Ferreira, respectivamente. Ramiro (Vieira)
Celestino muda-se novamente, com os seus, para o povoado da Vila de Santa
Maria, município de Mirandiba, PB.
Estando nessa
região, um de seus filhos, Pedro Celestino, mais conhecido por todos como
“Pedro de Ramiro”, tendo como grande amigo desde a infância Antônio Alexandre,
mesmo sob os protestos do pai, resolve entrar para o bando de Lampião, e seu
amigo, Alexandre, ao contrário, vai prestar seus serviços a Força Pública. O
cangaceiro mor lhe dá a alcunha de “Sabonete”. Não sabemos citar a data exata
da sua entrada nas hostes cangaceiras, assim como ninguém declara com certeza a
data da entrada dos outros dois que o sucederam, porém, ainda há descendentes,
familiares em Tapanací, outrora denominada de Vila de Santa Maria, no município
de Mirandiba, PE, como um sobrinho do jovem cangaceiro, o Sr. Antônio Neto,
filho de uma irmã de Pedro chamada Emília Vieira (Celestino), o qual detalha
fatos, revelando seu tio ter sido um dos cangaceiros do bando de Virgolino
Ferreira.
No entanto, a
data da sua morte ficou registrada nos anais da história quando a mesma refere
sobre uma das grandes batalhas ocorridas entre cangaceiros e volantes no
município de Floresta, PE. Trata-se do ‘Fogo da Favela’, ocorrido em 11 de
novembro de 1926, onde o grande perseguidor de cangaceiros, Manoel de Souza
Neto, comandante Mané Neto, ou mesmo ‘Mané Fumaça’ como lhe apelidou Lampião,
com sua volante, juntamente com a volante comandada pelo primeiro inimigo do
“Rei Vesgo”, José Alves de Barros, alcunhado de Zé Saturnino, que há poucos
dias havia recebido as divisas de 3º Sargento, caem numa ‘arapuca’, emboscada,
muito bem arquitetada por Lampião nas terras daquela fazenda. Ocorreram baixas
dos dois lados, sendo que as baixas da Força Pública foram maiores que as dos
cangaceiros. Seis guerreiros tombaram naquele embate, fora os feridos, contra
três cangaceiros que também partiram para rever seus antepassados e cinco
feridos. No local do combate, no oitão de uma das casas, ficou um corpo de um
dos cangaceiros, os outros dois corpos foram encontrados próximos, mas já
dentro do mato, pois, ao serem atingidos arrastaram-se, procuraram refúgio
dentro da Mata Branca e lá pereceram. Um dos corpos encontrados dentro do mato
foi exatamente o corpo do jovem Pedro Celestino, o ‘Pedro de Ramiro’, o
cangaceiro “Sabonete I”. Seu corpo foi reconhecido por um dos soldados
sobreviventes, o então soldado da PMPE Antônio Alexandre, amigo de infância de
“Pedro de Ramiro”, então cangaceiro.
Quanto ao
cangaceiro alcunhado de “Sabonete II”, não há esse tipo de registros: desde
seus pais e amigos, localidade natural, mudanças de moradias e remanescentes,
vivos e saudáveis, para contarem sua triste passagem pelo sangrento bando de
bandoleiros comandados pelo terceiro filho de José Ferreira, apenas que seu
nome seria, segundo o pesquisador Bismark Martins de Oliveira em seu livro
‘Cangaceiros de Lampião de A a Z’, de 2012, “Manoel Rosa”.
Cita a
historiografia que um dos cangaceiros que estavam em um dos sete pés de
umbuzeiros nas terras da fazenda Maranduba, no estado sergipano, em princípios
de 1932, foi baleado e morto, o qual tinha seu apelido de “Sabonete”. A morte
desse cangaceiro alcunhado de “Sabonete” é contada pelo saudoso
pesquisador/historiador Alcino Alves Costa em seu livro “Lampião Além da Versão
– Mentiras e Mistérios de Angico”, 3ª edição, página 168. Diz o escritor,
transcrição na íntegra:
“Um bandido
(Sabonete) pula na frente dos inimigos. Está enlouquecido. Com um punhal na mão
corre na direção de Mané Neto. Parece que quer sangrá-lo. O cangaceiro está tão
próximo do nazareno que este não tem dificuldade nenhuma em derrubá-lo com um
tiro certeiro na cabeça. O assecla cai morto aos seus pés.
A sede o atormenta. Na cintura do “cabra” uma cabaça d’água e uma caneca
pendurada pelo gargalo. O matador aproveita, sacia a sede que começava
dominá-lo. Ao beber a água sente um gosto horrível. É o precioso líquido que
está tinto de sangue do cangaceiro morto; mesmo assim o comandante pernambucano
saciou sua sede.”
O cangaceiro “Sabonete II” foi enterrado em cova coletiva nas terras da própria
fazenda Maranduba.
Falemos agora do ‘secretário’ de Maria Bonita, o cangaceiro “Sabonete III”.
Fora os registros fotográficos, ainda bem que os temos, há pouquíssimos
registros documentais sobre essa personagem da historiografia cangaceira, pelo
menos do nosso conhecimento. Esse cangaceiro, o “Sabonete III”, ‘secretário de
Maria Bonita, tinha um irmão que também era cangaceiro alcunhado de
“Borboleta”, ambos da localidade Guia e filhos de dona Antônia Rosa. (AA. 2011)
Alguns
pesquisadores citam que quem o matou foi o pernambucano, tenente da Briosa
baiana, José Osório de Farias, mais conhecido por tenente Zé Rufino, inclusive
o próprio e, na verdade, foram os homens, soldados, de sua volante. Quando a
volante entrou no mato para ir à busca dos cangaceiros, bando de Lampião, a volante
estava sendo comandada pelo cabo Miguel, pessoa destemida e respeitada por
todos da tropa que sabia usar, antes das armas, a inteligência e homem da
inteira confiança do tenente.
O tenente,
naquele momento estava na cidade baiana de Jeremoabo, e lá recebe a informação,
de um coiteiro que ‘cortava’ dos dois lados, de onde se encontrava o bando de
cangaceiros. Acreditamos que o tenente fizera aquela viagem para receber mais
uma homenagem e/ou divisa, sendo promovido pelos serviços prestados exatamente
por comandar uma volante que matava muito cangaceiro, aliás, a volante baiana
do tenente Zé Rufino é considerada a que mais matou cangaceiros, ou mesmo foi
em busca de informações sobre por onde andavam os cangaceiros. Para o soldado,
ou civil, contratado ou voluntário, que matava um cangaceiro, além de receber
uma quantia extra no soldo, tinham o direito de ficarem com os espólios, “bens
matérias”, que o cangaceiro possuía, pois, naquele tempo, o cangaceiro
carregava consigo todo o dinheiro, joias e ouro que conseguia em suas ações
criminosas, e esses passavam a ser daquela pessoa que o matava, além da
recompensa por sua morte. Para termos uma ideia, só à morte de Lampião rendeu
para o comandante da tropa, o pernambucano tenente da Briosa das Alagoas João
Bezerra da Silva, que o eliminou na manhã do dia 28 de julho de 1938, na grota
do riacho Forquilha, nas terras da fazenda de mesmo nome, no município de,
hoje, Poço Redondo, SE, 50:000$000!! (cinquenta contos de réis), uma fortuna
para a época.
Pois bem,
segundo pesquisadores o tiro que abateu o cangaceiro “Sabonete III”, foi ao
acaso. O rastejador da volante de Zé Rufino, soldado Gervásio, coloca a volante
em cima do bando. O chefe mor do cangaço tendo sido alertado por um coiteiro
que a Força estava chegando, retira-se do coito, deixando toldas, panelas e
redes como estavam, e espera o momento certo para atacar. Veja bem, a volante
estava prestes a fazer um ataque ao bando de cangaceiros, porém, Lampião
consegue inverte essa coisa rapidamente. Após os homens de a volante estarem no
meio do acampamento sem cangaceiros, são atacados pelos homens do “Rei Vesgo”.
Sabedor da proteção natural que havia naquele acampamento, ele a usava para si
e os seus, o chefe dá o sinal para a retirada e, aos poucos, todos deixam o
local. A volante ficou atirando em ninguém. Porém, os cangaceiros já indo bem
distante, alguns dos soldados, talvez para jogarem para fora sua raiva, atiram
em determinada direção, ou mesmo por desencargo de consciência.
Os cangaceiros
vão se afastando do local silenciosamente e, depois de alguns metros, viram-se
e dão costas aquele embate. Um dos últimos subgrupos a saírem ficou, dando
cobertura para os outros se retirarem, foi o de Mané Moreno, subgrupo no qual,
naquele momento, “Sabonete” fazia parte. Algum tempo depois da retirada, faixa
de dois dias, fazendo uma espécie de inspeção da ‘tropa’, o chefe do subgrupo
Mané Moreno nota a falta do cangaceiro ‘secretário’ de Maria Bonita.
O projétil da
arma de um dos soldados, que atiravam sem saberem em que ou em quem, pois não
viam os alvos, atingiu, em cheio, a cabeça do jovem cangaceiro, derrubando-o
imediatamente sem vida tão silenciosamente que, na hora, ninguém escutou nada,
nem um gemido se quer. Acabava-se ali, a carreira criminosa de um dos filhos de
dona Antônia Rosa.
Vejam, na
íntegra, a transcrição daquilo que deixou registrado o pesquisador/historiador
Alcino Alves Costa sobre a morte do cangaceiro “Sabonete”, ‘secretário’ de
Maria do Capitão:
“... Com vigor
a “força” responde ao tiroteio. O combate é feroz. Lampião quer brigar. Os
soldados idem. É um confronto de gigantescas feras.
Com mestria, Lampião vai cercando a volante. Miguel (cabo que comandava a
volante na hora do embate) e seus homens percebem. Param de atirar e esperam os
bandidos. A intenção dos de Zé Rufino é esperar o máximo possível à aproximação
da cangaceirada para, então, ataca-los com redobrado furor e cm todas as
vantagens de seu lado de vez que os barrancos da baixa os protegia. Os
cangaceiros iriam lutar em campo aberto.
Nem tudo era como a volante queria. Do outro lado estava justamente o maior
guerreiro dos sertões. E Lampião dar mais uma lição de sabedoria. Sente o
perigo. Descobre que os inimigos estão protegidos com segurança. Se continuasse
aquela luta poderia expor seu bando. Resolve se retirar. Calmamente dar o sinal
convencionado de retirada e sem pressa deixa o coito e vai embora.
Dois dias se passam. Mané Moreno sente a falta do cangaceiro Sabonete. O que
lhe aconteceu? Procura averiguar. Chega então a notícia de que o rapaz da Guia,
filho de dona Antônia Rosa e irmão de Borboleta, fora atingido e morto naquele
combati do Zitái.
Sabe-se que quando os cangaceiros iam se retirando, já distante do local do
tiroteio, uma bala perdida atingiu a sua cabeça tirando-lhe a vida. Como estava
sozinho ninguém o viu ser baleado...” (AA. Pg 326, 2011)
Lampião usava
um apito e, automaticamente, ensina a seus homens os silvos e as funções que
deveriam praticar a cada um deles.
Trouxemos, com
a ajuda de algumas obras literárias de renomados pesquisadores e escritores, a
existência de mais um dos cangaceiros denominados “Sabonete”. Como uma vez me
falou um certo pesquisador baiano; “ a história do cangaço tem muito a nos
mostrar, basta espremer”.
Referências:
“As Cruzes do Cangaço – Os fatos e personagens de Floresta – PE”, SÁ, Marcos
Antônio de e FERRAZ, Cristiano Feitosa. 1ª edição, TODA Gráfica: pgs 194 a 195.
Floresta, 2016
“Cangaceiros de Lampião de A a Z”, OLIVEIRA, Bismark Martins de. 1ª edição.
Pocinhos, PB. 2012
“Lampião Além da Versão – Mentiras e Mistérios de Angico” , COSTA, Alcino
Alves. 3ª edição. Cajazeiras – PB: Editora Gráfica e Real, 2011
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“Jornal e Revista a Noite”
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