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domingo, 30 de setembro de 2018

REPORTAGEM ESPECIAL.


Por Wasterland Ferreira Leite

Na edição de setembro de 2005, ano 1 e número 3 da Revista de História da Biblioteca Nacional, traz uma reportagem especial (de capa), sobre a gênese do cangaceirismo no Brasil e bem como da trajetória histórica do cangaceiro Lampião e seu bando pelos sertões de 7 estados do Nordeste brasileiro.
A excelente matéria, que tem por título "O guerreiro do Sol", foi assinada pelo historiador e escritor Frederico Pernambucano de Mello, considerado uma das maiores (senão a maior) autoridade sobre o Cangaço, no Brasil.


Coleção Wasterland Ferreira Leite.

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CAMINHADAS PERIGOSAS

Clerisvaldo B. Chagas, 28 de setembro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 1.988
BARRAGEM - MARACANÃ. (FOTO: ARQUIVO B. CHAGAS
Muitas construções feitas deixam para depois, consertos que se perpetuam. Encerrando a semana com Santana do Ipanema, mais uma vez, deixamos a onda das eleições passar. Voltamos a parabenizar a Prefeitura e outros órgãos responsáveis pelo embelezamento e mais segurança do trecho da BR-316, Caixa Econômica – Maracanã, a que chamo de Via-Expressa. A sinalização da pista com “olho de gato” deixou o trecho parecendo uma cidade particular de tão iluminado. Agora a novidade foi à continuação do benefício Maracanã – Barragem com um visual maravilhoso, principalmente à noite. O canteiro central do posteamento, foi alteado, recebeu grama e irrigação por gotejamento. Os postes foram pintados e talvez a pintura se estenda até o novo canteiro.
A entrada de Santana do Ipanema, agora, de quem vem do oeste, Alto Sertão, impressiona com o que foi transformado, dignificando a Rainha. Entretanto, o perigo contra os pedestres continua porque a população caminha pela pista intensamente movimentada. Defeito do início. De um lado, as calçadas irregulares não permitem o movimento. Do outro, a vala que separa a pista do casario, muito pior. Agora a população resolveu fazer caminhadas no trecho Maracanã – Barragem. Pela manhã e a noitinha acontece na mesma pista uma mistura de veículos leves e pesados, carroças, motos e gente onde o lusco-fusco é poderoso inimigo dos condutores.
Somente um trabalho de engenharia pode corrigir esse erro antigo que não pensou no ser humano e privilegiou o veículo. Por outro lado, a cidade ainda não dispõe de um parque de caminhada. Não seria o momento de até mesmo um empreendimento particular? A beleza atual da pista poderá se transformar em tragédia, ceifando muitas vidas.  
Voltaremos a outros temas regionais e mundiais nos próximos trabalhos. Vamos aproveitando esse final de setembro como um mês muito proveitoso para Santana do Ipanema.
CONTRA O COISO.


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COISAS DO SERTÃO

*Rangel Alves da Costa


Não adianta pretender esquecer ou mudar. A bolsa de viagem, de caçada ou de trabalho do sertanejo sempre foi e sempre será o aió, o alforje e o embornal. Não do sertanejo tomado pelos modismos recentes e suas sacolas, pastas e mochilas requintadas, mas sim daquele que tem sua bolsa encourada e tingida de sol e suor como verdadeiro instrumento de trabalho.
Com destino à mente, ou mesmo diante de um fato inesperado e urgente, lá se vai o caboclo lançando mão de sua companheira de viagem. Envelhecida, carcomida pelo tempo, já de cor muito além do barro queimado, mas sempre firme nas suas costuras e fechamentos. Ou ainda de cipó trançado com maestria artesanal, cujo tempo vai amolecendo as tiras e nós, mas sem diminuir sua resistência.
Quando produzidas em larga escala e comercializadas pelos quatro cantos, tais mochilas sertanejas possuem a mesma serventia para o viajante, mas não a mesma durabilidade. Esta só é conseguida quando cada peça é feita artesanalmente, uma a uma, na dureza dos dias, manualmente cortadas, costuradas ou enlaçadas, segredos maiores do velho coureiro ou do enlaçador de cipós.
Depois de dias e mais dias, assim que o velho artesão dá como pronta sua encomenda, a primeira coisa que se observa é o cheiro forte no alforje ou no embornal. Aliás, todo instrumento de couro exala um cheiro intenso quando novo. Precisa, pois, ser batizado pelo sol, receber uns solavancos e sofrer as mesmas agruras sofridas pelo homem. Depois disso fica macio, de cor envernizada, humilde e singelo como o filho da terra onde terá serventia.
O mesmo ocorre com o aió, mas não pelo cheiro, e sim pelo trabalho que dá. Feito de caroá, uma planta da família das bromélias, vai surgindo do cuidadoso trabalho do artesão para cortar as folhas, retirar toda a pele e ir repuxando as longas e resistentes fibras. Quando isoladas das folhas, as fibras passam a se assemelhar muito mais a fiapos esbranquiçados, que unidos vão formando verdadeiros cordames. Do entrelaçamento dessas cordas finas é que vai surgindo o aió.


Sempre colocado num armador do canto da casa, de modo a ser logo alcançado quando já próximo da saída para o afazer cotidiano, o aió, o alforje ou o embornal passa a ter quase a mesma utilidade daqueles tão conhecidos instrumentos sertanejos. Presente no homem como o gibão, o chapéu de couro, a perneira, a taca de couro cru, a sela, o cantil. E assume tanta importância porque dentro dele estará tudo que necessitar nas horas que a fome apertar ou quiser lançar mão de um cigarro de palha, de uma espoleta ou de qualquer outra coisa de pequeno porte.  
Por mais que chamem de embornal aquela sacola de muitos bolsos e trancas que os jovens de hoje andam carregando às costas, geralmente de pano ou sintética, em nada se parece com aquele outro, obra artesanal e autenticamente sertaneja. Este é traçado no couro curtido debaixo do sol, com enfeites à moda cangaceira ou não e feito para a eternidade. Embornais passam de geração a geração e, além da história familiar, continuam carregando dentro de si as necessidades dos novos tempos.   
Tanto o aió como embornal e o alforje surgiram da necessidade de o sertanejo obter mais facilidade de alcance daqueles objetos de menor porte que faziam parte do seu cotidiano além da moradia. Por mais que levasse consigo a cartucheira, o cantil, o canivete de cinta, precisava de uma bolsa que fosse espaçosa e resistente para as durezas da lide. Bastava arrumar lá dentro a carne seca com farinha, o fumo e a garrafa de pinga, o frasco com espoleta e tudo que fosse de serventia, deitar nas costas ou no lombo do animal e seguir adiante.
Luiz Gonzaga, na música “Pau de Arara” fala de outro objeto dessa mesma família sertaneja: o matulão. Um pouco maior que os citados, a serventia desse utilitário de retirantes é descrita com precisão: “Quando eu vim do sertão, seu moço, do meu Bodocó/ A maleta era um saco e o cadeado era um nó/ Só trazia a coragem e a cara, viajando num pau de arara/ Eu penei, mas aqui cheguei/ Trouxe um triângulo no matulão/ Trouxe um gonguê no matulão/ Trouxe um zabumba dentro do matulão/ Xote, maracatu e baião, tudo isso eu trouxe no meu matulão...”.

Escritor
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TAQUARITUBA PREPARADA PARA O XIII FESTIVAL DE INTERPRETAÇÃO DA MÚSICA SERTANEJA RAIZ BATISTA DOS SANTOS


Já estamos em Taquarituba para o XIII Festival de Interpretação da Música Sertaneja Raiz Batista dos Santos. Acompanhando meus amigos Fábio Marx e Henrique, de Itaí e Edinho Violeiro, de Mogi Guaçu, que serão acompanhados na Viola por Edson Martins

A Sela Produções parabeniza os organizadores e a cidade de Taquarituba pela excelente estrutura oferecida e o pelo Teatro que é simplesmente maravilhoso.








https://www.facebook.com/edicarlosferreira.oliveira

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MEMÓRIAS E HISTÓRIAS DE SÃO JOSÉ DE BELMONTE...

Por Valdir José Nogueira

A IMPERIAL ORDEM DE CRISTO E O CORONEL JOSÉ SEBASTIÃO PEREIRA DA SILVA, 1° PREFEITO DE SÃO JOSÉ DO BELMONTE
Recebi hoje pelo correio um grande presente de dona Maria Olímpia de Menezes, ou seja, um importantíssimo documento original de grande importância para a História de São José do Belmonte, trata-se da Comenda Imperial da Ordem de Cristo, assinada e concedida pela Princesa Imperial Regente Dona Isabel de Bragança ao coronel José Sebastião Pereira da Silva (Cazuzinha da Cachoeira, irmão do Juiz da Comarca de Vila Bela o Dr. Arcôncio Pereira da Silva) 1º Prefeito do Município de São José do Belmonte.
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A ORDEM DE CRISTO, na verdade, embora adotada pelo Império brasileiro no século XIX era muito mais antiga do que o próprio Brasil, e praticamente contemporânea do surgimento de Portugal como nação independente. Isto porque ela se iniciara como uma organização medieval européia – a Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão – criada no início do século XIII pelos cavaleiros cruzados que então haviam recentemente tomado a cidade de Jerusalém aos muçulmanos. Seu intuito, com isso, era proteger os peregrinos cristãos em viagem à Terra Santa. E como sua sede primitiva ficava no local de Jerusalém onde havia as ruínas do antigo Templo de Salomão, os cavaleiros dessa ordem receberam o nome de Templários.
Algum tempo depois de seu surgimento, os templários, no entanto, seriam perseguidos por Felipe IV, o Belo, Rei da França, que, valendo-se do poder que então exercia sobre o Papa, obrigou este último a abolir a ordem, confiscando os seus bens. No entanto, em Portugal, os templários foram protegidos pelo então monarca lusitano, Dom Dinis, o qual conseguiu, junto à Santa Sé, reviver essa instituição religiosa e militar, e que em Portugal, “ressuscitaria” com o nome de ORDEM DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO.
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O símbolo da nova ordem portuguesa, ligeiramente modificado em relação ao dos templários, era uma cruz vermelha e branca. E esta, algum tempo depois, começaria a aparecer com bastante recorrência nos navios das expedições empreendidas por esses cavaleiros para descobrir terras de além-mar para Portugal. Aliás, a Cruz de Cristo chegou ao Brasil no próprio dia do descobrimento português de nosso país, visto que então se encontrava representada nas velas dos navios da esquadra de Pedro Álvares Cabral, que aportaram na Bahia no ano de 1500. E, também foi devido a isso que os portugueses, naquela mesma ocasião, batizaram a terra por eles recém-descoberta com o nome de “Ilha de Vera Cruz”, e pouco depois, “Terra de Santa Cruz”, com que o primitivo Brasil seria inicialmente conhecido.
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Ao longo de todo o Império brasileiro, a ORDEM DE CRISTO foi usada para compensar os cidadãos, militares ou civis, que tivessem prestado relevantes serviços ao Brasil. E, no caso belmontense, em meados do século XIX tem-se notícia que ela fora conferida pelo menos a um personagem de destaque em nossa história, pertencente ao Partido Conservador: Delegado de Vila Bela, Primeiro Presidente Intendente de nossa Câmara Municipal e Primeiro Prefeito Municipal de Belmonte o coronel José Sebastião Pereira da Silva (Cazuzinha da Cachoeira), grande fazendeiro e líder político local.
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Coronel JOSÉ SEBASTIÃO PEREIRA DA SILVA, 1º Prefeito do Município de São José do Belmonte, no período monárquico, foi agraciado, em 24 de janeiro de 1872, com o grau de Cavaleiro da Ordem de Cristo, honraria concedida pela Princesa Isabel, a Redentora, quando esta governava o Império do Brasil como Princesa Regente, na ausência de seu pai, o Imperador Dom Pedro II.
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Soldado Heleno Tavares de Freitas
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Assassinado barbaramente durante o assalto a cidade de Belmonte no dia 20 de outubro de 1922 pelo bando de Lampião. O soldado Heleno aos 22 anos de idade caiu em poder dos bandidos quando acudia a chamada para a defesa da cidade. Foi sepultado no cemitério local. O soldado Heleno Tavares de Freitas era natural do Estado de Alagoas, filho de João Tavares de Freitas e Joana Maria da Conceição. Soldado do destacamento de Polícia da cidade de Belmonte, cujo comandante na época era o sargento José Alencar de Carvalho Pires (Sinhozinho Alencar), aos 20 anos de idade casou com Enedina Maria da Conceição, natural do município de Salgueiro, filha de Rufino Benedito da Silva e Jesuina Maria Ribeiro. O matrimônio do soldado Heleno foi realizado na Matriz de São José de Belmonte no dia 27 de julho de 1920 pelo padre José Kherle, e teve como testemunhas José Bezerra Leite e Luiz Mariano da Cruz, ambos também soldados da Polícia Militar de Pernambuco. 
Viúva do soldado Heleno, casou Enedina Maria da Conceição em 1925 com Severino Luiz dos Santos, filho do senhor Francisco José dos Santos e Idalina Maria da Conceição. Para homenagear o ato heróico deste bravo soldado, a cidade de Belmonte possui em uma de suas principais artérias o seu nome: “RUA SOLDADO HELENO.”
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O casal FRANCISCO PIRES DE CARVALHO e ELVIRA DA ASSUNÇÃO PIRES residia na Fazenda Várzea em São José do Belmonte. Do Partido Liberal e Coronel da Guarda Nacional, Francisco Pires de Carvalho era sobrinho do major José Pires Ribeiro (Fundador de Belmonte), sendo filho de Manoel de Carvalho Alves e Ana Joaquina do Amor Divino. Elvira da Assunção Barros sua esposa, era filha de Manoel Pires de Carvalho Belfort e Maria Teodora da Assunção Luz. Homem austero, respeitável e íntegro, o coronel Chico Pires, como era conhecido, nos primórdios da Vila de Belmonte como município, no ano de 1891 exerceu o cargo de Intendente Municipal e com prudência, comandou a política dos Carvalhos contra os Pereiras sendo o primeiro líder da família Carvalho no município. O coronel Francisco Pires de Carvalho faleceu na Várzea no dia 23 de setembro de 1893. Conta-se que sem conseguir ter filhos, o casal Francisco Pires e dona Elvira resolveu adotar uma linda menina a qual na pia batismal recebeu o nome de Gertrudes, nome muito comum na família Carvalho. Essa menina, cujo apelido carinhoso era Tutude, cresceu e se tornou uma bela moça. Seu pai, pensando no futuro da filha, tratou logo em lhe arranjar um bom casamento. O “bom partido” arranjado tratava-se do compadre Borboleta, um senhor que apesar de bastante maduro, era viúvo, possuía muitas cabeças de gado e muitas léguas de terra, só que a sua pretendente não nutria simpatia nenhuma por aquele homem. Todavia, em silêncio e às escondidas, Tutude trocava juras de amor com um afamado vaqueiro da fazenda Oiticica, cujo nome era Manoel Antônio Ferreira da Silva conhecido como Manoel Baía. No dia em que foi marcada a data para o enlace matrimonial, Tutude levantou o rabo de uma gata e mostrou para o seu futuro noivo, demonstrando assim a sua indignação e reprovação com o seu noivado. Ao saber da atitude dos pais de Tutude em noivá-la com um senhor que a mesma não gostava e não tinha a menor simpatia, Manoel Baía, o vaqueiro, mandou um recado para a mesma que iria raptá-la. Então, numa noite de verão, ao cantar dos galos, Tutude fugiu com seu verdadeiro amor e logo a notícia se espalhou com rapidez por toda a ribeira. Inconformados com a atitude da filha, seus pais resolveram por fim deserdá-la.o

Tutude, cujo nome é Gertrudes Maria da Conceição, faleceu a 22/01/1953 aos 92 anos de idade, viúva de Manoel Antônio Ferreira da Silva (Manoel Baía), deixou 4 filhos: Antônio Ferreira da Silva (Antônio Baia). É deste senhor que descende os Baía da fazenda Mariola em Belmonte. Maria Francisca de Jesus, Manoel Ferreira da Silva (Né Baía, também foi vaqueiro na Oiticica) e Pedro Baía dos Santos.
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Valdir José Nogueira, pesquisador e escritor
Presidente da Comissão Local

Cariri Cangaço São José de Belmonte 2018

Tudo isso e muito mais em:

http://cariricangaco.blogspot.com/2018/09/memorias-e-historias-de-sao-jose-de.html

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O CANGAÇO E A NONA ARTE - LAMPIÃO EM QUADRINHOS

Por Rubens Stone

Virgolino Ferreira da Silva o Lampião não foi o primeiro cangaceiro, mas certamente é o maior e mais importante representante do fenômeno Cangaço. Sua história já foi contada de todas as maneiras e formatos: cordel, livros, filmes, documentários para a TV, etc. Os quadrinhos não poderiam ficar de fora dessa saga.

No que diz respeito à Nona Arte, já vem de muito longe as aventuras do Cangaço e do seu representante maior, em quadrinhos. Em 1938, ano da morte de Lampião, Euclides Santos produziu para o Jornal Noite Ilustrada a HQ "Vida de Lampião", considerado uma das primeiras produções de quadrinhos sobre o cangaço. Em 1953, o desenhista José Lanzelloti criou a HQ "Raimundo, O Cangaceiro", cuja diagramação mostrava um forte influência dos quadrinhos norte-americanos.

Em 1954, André Le Blanc adapta para os quadrinhos o livro "Os Cangaceiros" obra do grande José Lins do Rego, revista publicada pela antiga Editora Brasil América Ltda (Ebal), na série Edição Maravilhosa, Nº 89, julho de 1954. Aliás, foi a única vez em que a grande Ebal publicou uma HQ sobre cangaceiros. Durante seus mais de cinquenta anos de existência, a maravilhosa editora carioca de Adolfo Aizen jamais publicou uma HQ sobre Lampião.

Depois, temos um hiato no tempo, e só em 1970 é que o Cangaço volta aos quadrinhos, através do cartunista Henfil, que produziu os personagens Zeferino e Graúna. Capitão Zeferino é um cangaceiro nordestino e Graúna uma ave da caatinga. Em 1976, o desenhista e diagramador Jô Oliveira produz a HQ "Os quatro cavaleiros do apocalipse" (esse mesmo ilustrador pernambucano viria a produzir em 2001 a HQ "A guerra do Reino Divino", explorando novamente o imaginário nordestino e o cangaço.)

Pulamos agora para 1988, quando saiu nas bancas uma curiosa revista em quadrinhos intitulada "O Ataque de Lampião a Mossoró", criada por Emanoel Amaral e Aucides Sales. Seis anos depois, em 1994, é publicada a grafic novel "Mulher-Diaba no Rastro de Lampião", com roteiro de Ataíde Braz e desenho de Flávio Colin. Nesta história, uma mulher que foi atacada por cangaceiros de Lampião faz pacto com o demônio pra ficar com o corpo fechado, partindo para uma vingança estranha e diabólica contra Lampião e seu bando.

Em 1997, surge aquela que é considerada a obra-prima dos quadrinhos lampiônicos, a belíssima revista em preto e branco "Lampião em Quadrinhos", de Ruben Wanderley Filho. O autor fez um profundo trabalho de pesquisa pra ilustrar de forma magnífica a vida de Lampião, com desenhos o mais fidedignos possíveis, tanto do do ambiente como dos personagens; é possível reconhecer em suas páginas o Rio São Francisco, a cidade Lapinha das Piranhas, seu desenho é uma mistura do quadrinho europeu com a xilogravura nordestina.

Finalmente, em 2004 foi lançada a HQ "Sertão Vermelho - Lampião em Quadrinhos", com roteiro de Haroldo Magno e desenhos de Edvan Bezerra, essa produção de caráter independente, mostra um Lampião muito violento e cruel. Os autores também destacam os relacionamentos amorosos do Rei do Cangaço, além da sua relação com os companheiros de bando e seus confrontos com a polícia.

Uma bela HQ, com desenhos bacanas e páginas repletas de tiroteios e violência. No ano seguinte, foi lançado o segundo volume de "Sertão Vermelho - Lampião em Quadrinhos". Dessa vez, além de seus autores, a revista contou com a participação dos renomados quadrinistas brasileiros Júlio Shimamoto e Eugenio Colonese.

É isso, é o tema Cangaço mostrando sua importância como fenômeno sócio-cultural também nos quadrinhos. (rstone)

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VÍDEO...CANGACEIROS "VINTE E CINCO E CANDEEIRO" E, SILVIO BULHÕES, FILHO DE CORISCO E DADA.


Um vídeo de Aderbal Nogueira
https://www.youtube.com/watch?v=GnXiewVyNVE


Publicado em 18 de out de 2017

Vinte e Cinco, Candeeiro e Silvio bulhões filho de Corisco e Dada.
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SEPULTAMENTO DAS CABEÇAS DOS CANGACEIROS, NO CEMITÉRIO QUINTA DOS LÁZAROS, 6 FEV. 1969.


Imagem do acervo do pesquisador Beto Rueda

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OBJETOS ENCONTRADOS COM LAMPIÃO E MARIA BONITA EM ANGICO.


Por Beto Rueda

Segundo a Polícia, foram encontrados com Lampião pertences como:


- CALÇA E TÚNICA - Calça caqui e Túnica de brim alvorada com galões de sutache branco. Botões em ouro e prata.

- ALPERCATAS - Número 40, tipo sertaneja, bordada com ilhós coloridos.

- BORNAIS - Um jogo bordado a máquina, com linha de várias cores e perfeito acabamento. Um fecho com dois botões de ouro e prata e outro com apenas um de prata. No suspensório nove botões de prata e ainda uma caixa de folha de flandres, coberta no mesmo pano dos bornais. Mais um bornal de brim azul mescla, bastante usado, próprio para carregar mantimentos, do ano de 1937 e as seguintes iniciais: "C.V.F.S.L.


- CHAPÉU - De couro, ornado em alto relevo em suas abas, com seis signos de Salomão; barbicacho de couro, com 46 centímetros de comprimento e ornado em ambos os lados com cinquenta e cinco peças de ouro, de confecção variada.


Testeira com 4cm. de largura e 22cm. de comprimento, onde estão afixadas as seguintes moedas e medalhas: duas com a gravação "Deus te Guie", duas "Liras Esterlinas", uma "Moeda Brasileira" de ouro, com a efígie de "Petrus II", de 1855, e ainda duas brasileiras de ouro, respectivamente de 1776 e 1802; barbicacho traseiro de couro, com as mesmas dimensões da testeira e ornado com as seguintes peças de ouro: duas inscrições com a palavra "Amor" e uma com a mesma inscrição e um pequeno brilhante e quatro outros desenhos diferentes.
- LENÇO - Seda vermelha com bordados simples, em três ângulos. No quarto, apenas um risco.

- OUTROS

- Botões para colarinho e punhos.

- Cartões de visita com variadas inscrições, como - "Saudade", "Recordação", "Lembrança" e "Amizade". Em alguns um "P" com inicial e em outros "CV".

- Três anéis , sendo um de pedra verde, outro uma aliança e o terceiro, um de identidade, gravado o nome "Santinha"

- Apito dourado inglês da marca "The Acme".

- Palmilha de Alpercata, com a metade pé de anjo

- Cobertores de Chita.

- MOSQUETÃO - Modelo Mauzer, 1908, em perfeito estado de conservação, número 314, série B, com bandoleira enfeitada com 7 escudos de prata e gravado uma estrela; uma moeda de prata do Império, no valor de mil réis e vinte e cinco ilhoses brancos, reforçado.


- CARTUCHEIRA - De couro com enfeites de costumes da caatinga, com capacidade para armazenar cento e vinte cartuchos de fuzil e mosquetão.

- PISTOLA PARABELLUM - 9 mm., número 97, ano de fabricação 1918, com bainha de verniz preto, demonstrando bastante uso.

- PUNHAL - De folha de aço, com 67 centímetros de dimensão, com cabo e terço de níquel, adornado o cabo com três anéis de ouro, notando-se na lâmina uma mossa produzida naturalmente por bala; bainha toda de níquel, com forro interno de couro, também, na parte superior, estrago produzido por bala.


Pertences encontrados com Maria Bonita:

- Luvas de fazenda, vestidos, chales finos, moedas dos anos de 1776, 1802 e 1855, de procedência nacional, alianças, medalhas de ouro com imagens de santo no verso e no reverso, medalhões "Deus te Guie", última moda naquela época e outras peças de ouro.

Ficam duas perguntas:

1) O espólio foi montado, ou seja, apareceram peças que não estavam com eles?

2) Não se faz referência ao dinheiro que eles carregavam, e o ouro, o que aconteceu?

FONTE: OLIVEIRA, Aglae Lima de. Lampião Cangaço e Nordeste.
Rio de Janeiro: Editora O Cruzeiro, 1970.
ARAÚJO, Antônio Amaury Corrêa. Assim Morreu Lampião.
São Paulo: Editora Traço, 2013
IRMÃO, José Bezerra LIma. Lampião a Raposa das Caatingas.
Salvador: Editora JM e Gráfica, 2014.

https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/permalink/925024004373211/

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BOLSONARO DIZ QUE "VICE ATRAPALHA" E AFIRMA QUE NÃO ACEITA RESULTADO QUE NÃO SEJA SUA VITÓRIA



Irineu Machado, gerente-geral de Notícias
Boa noite!

O candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, concedeu nesta sexta-feira várias entrevistas a jornalistas no quarto onde está internado no hospital Albert Einstein, em São Paulo. Ao jornalista José Luiz Datena, do programa Brasil Urgente, da Band, Bolsonaro reagiu a declarações recentes do candidato a vice-presidente em sua chapa, o general da reserva Hamilton Mourão (PRTB), que criticou o 13º salário e outros direitos trabalhistas. "Vice não apita nada, mas atrapalha muito", disse Bolsonaro. "Daqui para frente, general, com todo respeito, o senhor não fala mais nada", declarou. Bolsonaro disse na mesma entrevista que não aceita um resultado que não seja a sua vitória.

O candidato acionou o MP para tentar retirar de circulação a edição da revista "Veja" que traz reportagem sobre processo sigiloso envolvendo o presidenciável, sua ex-mulher Ana Cristina Valle e o filho dos dois.

A Polícia Federal concluiu hoje o inquérito sobre o episódio em que Bolsonaro levou uma facada durante um ato de campanha em Juiz de Fora (MG) no dia 6 de setembro. Segundo o delegado Rodrigo Morais Fernandes, responsável pela investigação, o crime foi motivado por "discordância política" e a investigação aponta que o agressor agiu sozinho no momento do ataque.

O Facebook informou em nota pública nesta sexta que removeu 11 páginas e 42 perfis diretamente associados à atividade da empresa de marketing digital Follow por violação de suas políticas de autenticidade. Entre os perfis pessoais retirados está o do deputado federal e candidato ao Senado pelo PT de Minas Gerais, Miguel Corrêa Júnior, dono da empresa, relata o jornalista Leonardo Sakamoto.

Também nesta sexta, o Facebook anunciou que descobriu um ataque hacker que afetou 50 milhões de usuários em todo o mundo. Por causa disso, vários internautas tiveram seus perfis deslogados da rede social.

Tenha um bom fim de semana! 

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O NOVO LIVRO DO PROFESSOR BENEDITO VASCONCELOS MENDES



O NOVO LIVRO DO PROFESSOR BENEDITO VASCONCELOS MENDES, “Lembranças Campestres“SERÁ LANÇADO EM SOBRAL, SUA CIDADE NATAL. 

O novo Livro do Prof. Benedito Vasconcelos Mendes, “Lembranças Campestres“E UMA Memória de SUA adolescência em Sobral, vivenciada na Fazenda Aracati e no Sítio Frecheiras, de Propriedade fazer Seu avô paterno, Onde ELE passava como férias escolares. 

ELE transcreve, Detalhes com, como Atividades rotineiras destas Duas Propriedades Rurais, Uma nenhuma e a sertão Outra na Serra da Meruoca, Durante como Décadas de 1950 e 1960 e algo relembra SEUS momentos de lazer, Como o banho e como Pescarias NAS ÁGUAS DO Rio Aracatiaçu e Outros Fatos Interessantes observados não sertanejo cotidiano. 

SEUS Colegas de bancos escolares, Arnaud de Holanda Cavalcante e Joab Aragão e Seu amigo Antonino Melo estão convidando a Academia Sobralense de Estudos e Letras-ASEL, o Lions Clube Caiçara e Outras Instituições para organizarem o evento cultural, Que o referido Livro Será lançado. 

Enviado por: Benedito Vasconcelos Mendes 

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sábado, 29 de setembro de 2018

LIVRO “O SERTÃO ANÁRQUICO DE LAMPIÃO”, DE LUIZ SERRA


Sobre o escritor

Licenciado em Letras e Literatura Brasileira pela Universidade de Brasília (UnB), pós-graduado em Linguagem Psicopedagógica na Educação pela Cândido Mendes do Rio de Janeiro, professor do Instituto de Português Aplicado do Distrito Federal e assessor de revisão de textos em órgão da Força Aérea Brasileira (Cenipa), do Ministério da Defesa, Luiz Serra é militar da reserva. Como colaborador, escreveu artigos para o jornal Correio Braziliense.

Serviço – “O Sertão Anárquico de Lampião” de Luiz Serra, Outubro Edições, 385 páginas, Brasil, 2016.

O livro está sendo comercializado em diversos pontos de Brasília, e na Paraíba, com professor Francisco Pereira Lima.

Já os envios para outros Estados, está sendo coordenado por Manoela e Janaína,pelo e-mail: anarquicolampiao@gmail.com.

Coordenação literária: Assessoria de imprensa: Leidiane Silveira – (61) 98212-9563 leidisilveira@gmail.com.

franpelima@bol.com.br

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EM BUSCA DA VERDADE... SEMPRE!


ILDA RIBEIRO DE SOUZA FAZENDO 'PAR' AO ILUSTRE POETA ANTÔNIO BEZERRA, "ANTÔNIO DE CATARINA", NA ÁREA DA CASA DO SAUDOSO POETA REPENTISTA LOURIVAL BATISTA, "LOURO DO PAJEÚ", AQUI EM SÃO JOSE DO EGITO, PE, A TERRA DA POESIA.

MENTIRAS OU VERDADES DA EX CANGACEIRA HERMECÍLIA BRÁS SÃO MATEUS, A SILA, EM SEUS RELATOS, LIVROS E ENTREVISTAS?

Por Sálvio Siqueira

Sempre se comentou, até debate foi feito, sobre o que a ex cangaceira do bando de Lampião, companheira do então chefe de subgrupo Zé Sereno, José Ribeiro Filho, Sila, Ilda Ribeiro de Souza, na verdade trata-se de Hermecília Brás São Mateus, seu nome de registro, falou em suas entrevistas a respeito de sua permanência e convivência no cangaço, não ultrapassaram dois anos, a jornais, livros, programas televisivos e canais de produções artísticas em veículos de comunicação em massa.

Para variar, esse também é um assunto polêmico dentre aqueles que pesquisam e estudam a historiografia do Fenômeno Social. Alguns citam que a ex cangaceira danou a língua nos dentes e contou diversas mentiras. Dizem até que para promover-se dentro da mídia e entre os estudiosos, alguém ‘criou’ para a Sila um manequim especial, corte de cabelos, vestimentas, mudar seu nome para um mais artístico e etc., em fim, foi idealizada uma produção artística para a mesma se ‘apresentar’, juntando a essa, que as ‘mentiras’ tiveram alguns toques bem arquitetados de sensacionalismo. Já outros dizem, rebatendo os primeiros, que a ex cangaceira não mentiu. Alguns até citam, interrogando, para que se diga uma determinada ‘quantidade de mentiras’ nas entrevistas. Alguns ainda acreditam que ela, ao ser entrevistada, foi ‘forçada’ a dizer determinadas histórias pelos pesquisadores. 

A verdade é que, não sabemos o porquê, todo remanescente cangaceiro se viu diante de um momento de destaque, de glória, e procurou aproveitar-se. Muitas das entrevistas foram fornecidas a base de pagamentos. A mesma personagem disse, relatou, para distintos pesquisadores, várias versões d’um mesmo assunto.

Voltando a personagem estudada, ou o que ela disse, vemos um grande desencontro quando ela relata ser da cidade de Poço Redondo, SE, já que a cidade só passou a existir em 1953. Ela é natural da cidade de Porto da Folha, SE, portanto ela é “buraqueira” e não poçoredondense. Como relata um dos filhos do saudoso pesquisador Alcino Alves Costa, o amigo Rangel Alves da Costa: “(...) da criação do município, desmembrado que foi de Porto da Folha no ano de 1953. A dúvida é se a emancipou ocorreu a 23 de novembro de 1953, como quer constar da lei municipal, ou a 25 de novembro de 1953, conforme preceituado na lei estadual (...)”.

Ainda há em seu histórico, que não se chamava Poço Redondo, e sim, Poço Verde: “Elevado à categoria de município e distrito com a denominação de Poço Verde, em 25 de novembro de 1953, desmembrado do município de Porto da Folha.” (www.familysearch.org)


Na entrevista cedida à jornalista/apresentadora Silvia Popovic, no programa de nome da apresentadora na rede de televisão Bandeirantes, apesar do vídeo de sido editado, notamos alguns ‘escorregões’ da ex-cangaceira. Ilda Ribeiro disse: “que nas férias, vinha pra cidade e que seu irmão não queria que ela viesse pra cidade que os cangaceiros poderiam passar lá e carregar ela”. Para começar, férias de quê? Escolares? Acreditamos que sim. No entanto, todos sabem que quem vivia da, e na roça naquele tempo não gozava férias coisa nenhuma. Sempre houve muitos afazeres para uma mocinha se entreter com sua mãe na labuta da casa em um sítio ou fazenda. A própria determinação das pessoas na época, era para que, sendo do sexo feminino, muitas coisas não poderiam fazer, como por exemplo, estudar, usar batom, cortar o cabelo diferentemente do corte dos cabelos de sua mãe e muitas outras determinações que hoje se acham ultrapassadas. Mas, na época, era como uma ‘lei’ e todas as seguiam se não a ‘chibata’ comia solta no lombo. Acreditamos que deveria ela ter narrado ao contrário, que seu irmão não permitia ela ir para o sítio, nas férias. 

Essa é profunda. Citando que nunca havia visto Lampião, Sila diz que uma vez, ele ao passar na ‘cidade’, supomos que novamente refira-se a Poço Redondo, ela estando ‘louca pra vê-lo’, quando é trancada dentro de um quarto, então ela abaixou-se e olhou por baixo da porta e viu ‘a percata dele’, viu o pé dele, mas a pessoa dele não’. Ora, se ela nunca havia visto Lampião como saberia que exatamente aquelas sandálias seriam as de Lampião? Não tem como.

Sila, na entrevista diz que foi com Zé Sereno quando esse a chamou, não da cidade, mas da ‘fazenda’ onde estava. Outra contradição, pois o real perigo estava, segundo ela no início da entrevista, estava na cidade e não no sítio. Cita que não queria ir, mas que seu irmão falou que se ela não fosse seria pior. Ela aí diz que foi, porém, ‘mais caia do que andava’. Ora, ela nasceu e criou-se no sítio, então como não sabia andar nas estradas e veredas da mata sertaneja? Estranho.

Sila não referiu à entrevistadora que Zé Sereno deu, doou cinco contos de réis a um parente dela para que ele ‘ajeita-se’ o namoro dele com o próprio Zé Sereno.

Ela e o próprio companheiro abstiveram-se, não relataram, de dizerem que ele assassinou um cidadão a golpes de martelo, numa crueldade sem tamanho. E que, ao ir fazer a ‘vingança’ do vaqueiro que atirou no irmão dela, Sereno, além de matá-lo, também assassinou o filho dele.

A Sila referiu que, ela e Maria de Déa saíram um pouco do centro do coito na grota do Riacho Angico, no ocaso do dia 27 de julho de 1937, na quarta-feira, sentaram-se em uma pedra, e ela viu ‘luzes’ piscando, que retornando para a tolda, ainda viu a luz, e que se tivesse falado para ele, Zé Sereno no caso, a coisa teria sido diferente. Pela posição em que as luzes piscavam, subentende-se que foi na direção do Rio São Francisco. Dizendo ou não o que achava ser, Sila, a nosso ver, tentou mais uma vez se promover na mídia. Com certeza, inteligente como era, sabia que vários pesquisadores cairiam de boca atrás dessa história. Ora, historicamente a historiografia dessa cangaceira pouco contribuiu para a história do cangaço em si, portanto, tinha que haver um ‘toque’ a mais, bem especial, para chamar a atenção para ela. E isso foi o que ocorreu. ‘Essas luzes’ passaram a clarear o caminho, agora artístico, sim porque fez contrato com a Rede Bandeirante de Televisão, da ex cangaceira. Fato.

Bem, vamos seguir com os relatos da Sila. Vejam bem, o que escreverei abaixo, são citações dela, da própria Sila. Em seus livros, por incrível que pareça, ela cita uma data da morte de seu próprio pai diferente, no mínimo, três vezes. Referiu à companheira de Zé Sereno que seu pai havia morrido quando a mesma tinha 9, 10 e 13 anos de idade. Ou seja, a cada livro lançado, vinha uma data da morte do pai, só que diferente. Ô homem morredor da gota serena. Ela, em seus livros, ou em alguns deles, diz que a sua noite primeira no cangaço foi ao lado de Zé Sereno, “À noite, ele estendeu um cobertor em cima de uma pedra, e tive de me deitar com ele. Foi assim minha primeira noite. Fui sabendo que a partir daquele dia seria sua mulher”. No entanto, em outro livro, sobre o mesmo fato, disse ela que havia passado a noite dançando com o cangaceiro Luiz Pedro, por estar com medo de José Ribeiro.

Ilda relata em um determinado livro que a partir do momento em que entrou para o cangaço, acompanhou Zé Sereno, seus irmãos também passaram a fazer parte, entrando junto no bando. Só que, em outros livros, ela relata que foi após uma semana, um mês, mais dias... e por vai. No livro, por incrível que pareça, Sila se contradiz com o que relata em entrevistas quando citou que no grupo, chamava Maria Déa de “Maria Bonita”.

Hermecília citando sobre as ‘reuniões’ que havia entre os grupos, no livro, referiu que em novembro de 1936 Zé Baiano estava em uma delas junto com seu companheiro Zé Sereno, que era primo de Zé Baiano. Ora, sabemos que o “Pantera Negra” foi assassinado por Antônio de Chiquinho e seus ‘cabras’ em julho de 1936. Portanto, só se Zé Baiano pedisse autorização ao ‘rabudo’ e viesse quatro meses depois de ter sido assassinado. No mesmo livro, ela disse que “o coronel Nogueira queria se apossar das terras do Zé Ferreira”. Não ocorreu esse fato, a não ser na minissérie da Rede Globo “Lampião e Maria Bonita”, onde o drama tenta mostrar esse fato de roubo de terras. Mais adiante, Sila ‘relata’ que Lampião invadiu Nazaré do Pico e botou fogo em todas as casas que pertenciam aos Nogueiras. Nunca ocorreu tal fato. Aliás, Virgolino teve bastante juízo em não ter atacado Nazaré.

Sobre a morte do pai de Lampião, José Ferreira, Sila disse que a polícia cercou a casa de Zé Ferreira, juntamente com Zé Saturnino, e a mãe de Lampião não suportando, morre do coração. Nada correto, pois quando a polícia cerca e assassina Zé Ferreira, sua esposa já havia falecido há dias. Tão pouco José Saturnino fez parte da volante de José Lucena, a qual é que cerca e mata Zé Ferreira. Danouuuuuu-se.

Sila referiu que após a morte do “Rei do Cangaço”, em julho de 1938, os cangaceiros sobreviventes, em torno de duzentos cangaceiros, “inclusive Corisco e Dadá”, fizeram uma reunião e promoveram seu companheiro, Zé Sereno, para assumir o lugar do chefe mor. Essa foi pra lascar tudo em banda. Há uma entrevista da própria ex cangaceira referida onde ela declara nunca ter conhecido Corisco e Dadá, e que Dadá tinha loucura para conhecê-la. Sila ainda disse que colocou um fuzil no ombro, pegou a cartucheira a entupiu de balas e danou-se pelo mato. Cangaceira andar com arma longa? Teve não. Sobre o ataque aos cangaceiros na grota, Sila disse, através de livros, que o ‘primeiro tiro ecoou matando um companheiro. Aí ela começa a ‘voar’ mais alto e diz que agarrou Enedina pela mão e a levou quase que arrastanto, que Candeeiro fora baleado em uma das pernas, quando o mesmo passou a implorar para que ela o ajuda-se e não o deixa-se ficar ali. Arra mulesta. Essa foi pra abrir pau d’arco no meio. Candeeiro foi ferido na altura do antebraço e não numa perna e Enedina, companheira de Zé de Julião, o cangaceiro Cajazeira, foi uma das vítimas fatais entre os cangaceiros, inclusive o projetil de fuzil esfacelou com o crânio dela.

Bem, sabemos que a maioria dos sobreviventes mentiu bastante. Tais como Balão, Volta Seca, Zé Sereno e outros mais. Talvez por quererem esconder aquilo por que passaram, por vaidade ou simplesmente para se promoverem, aproveitando algum momento de destaque. Não os condeno. De maneira alguma condeno algum deles por isso... Quem nessa vida não mentiu alguma vez, não é verdade?

Só não posso dizer que há verdades quando sei que não existiu nenhuma em relatos inacreditáveis, mirabolantes mesmo, e principalmente, sendo deles.

Referências:

“Sila – Memórias de Guerra e Paz” – Ilda Ribeiro de Souza
“Sila - Uma cangaceira de Lampião” – Ilda Ribeiro de Souza e Israel (zai) Araújo Orrico
“Angicos – Eu Sobrevivi” - Ilda Ribeiro de Souza
Gente de Lampião – Sila e Zé Sereno” - Antônio Amaury C. Araújo
Programa Silvia Popovic – Rede Bandeirantes de Televisão
Programa Amaury Jr. – Rede Bandeirantes de Televisão
Programa do Jô – Jô Soares – Rede Globo de Televisão
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Antônio Bezerra

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