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sábado, 4 de fevereiro de 2017

ESTIVEMOS NO RESTAURANTE MANGAI EM NATAL

Por Luiz Serra

ESTIVEMOS NO RESTAURANTE MANGAI EM NATAL

Nosso livro O Sertão Anárquico de Lampião breve estará nas prateleiras das lojas Mangai, por sugestão de sua proprietária, Sra. Parea. 
Foto na filial de Petrópolis, Natal.

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CAMBITEIRO É PRENÚNCIO DE ROMANCE BOM

Por Clerisvaldo B. Chagas, 04 de fevereiro de 2017 - Escritor Símbolo do Sertão Alagoano - Crônica 1.630

O grande da Matemática, professor Eli, chegado de Capela, prestou relevantes serviços às escolas de Santana do Ipanema, aonde veio a falecer. Interessados pelos hábitos canavieiros, indagamos ao colega o que significavam as palavras cambiteiro e mirigongo, comumente citadas na Zona da Mata.

Ilustração: Percy Lau

Aprendemos na época, que o cambiteiro é empregado que trabalha cambitando, isto é, transportando cana-de-açúcar, capim, madeira de construção, varas e lenha em lombo de animais com quatro cambitos. Cambito é uma forquilha onde se coloca a mercadoria de forma horizontal em burros, éguas e cavalos.

Estudioso do assunto Batista Caetano, diz que a expressão “cambito”, é uma corruptela do termo tupi: acambi que se traduz por “forquilha, correia de duas pernas, compasso, forcado”.

Mesmo com o progresso dos transportes nas zonas canavieiras, ainda podemos observar a movimentação de cambiteiros nas estradas. Os curiosos gostam das particularidades desse tipo regional no trato com seus quadrúpedes. O nome dos animais, a indicação dos pontos de parada, o modo de encostar para o descarrego, a forma de tanger e a autoridade que exercem sobre esses bichos domésticos, fascinam pesquisadores atentos.

“Outro aspecto curioso oferecido pelo cambiteiro é o constituído pelas trovas, quadras e emboladas com que procura amenizar a rudeza do trabalho” (...).

E quando não se colhe a quadra, inventa-se:

Cambiteiro, cambiteiro
Hoje tu vai cambitá?
Vou passar lá em Capela
Mode os zói de Sinhá!...

Aonde vai o cambiteiro
Aonde vai Mané Fulô?
Vou tirar mé de abeia
Pra levar pro meu amor!...

Isso não dá um romance bom? Mirigongo? Bem, esse aí é outra história.



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NAS MAIS PROFUNDAS RAÍZES DA TERRA

*Rangel Alves da Costa

Mais uma vez retorno ao meu berço de nascimento para reencontrar e abraçar as mais profundas raízes da terra. Nas suas profundezas, as primeiras gestações, as primeiras sementes, e que foram vingadas em imponentes frutos e troncos familiares.

Minha terra é sertaneja, é matuta, é cabocla. Num passado distante, quando ainda a mata nativa e seus habitantes prosperavam por todo canto e por todo lugar, a terra nua sequer imaginava em acolher no seu ventre uma raça tão devotada ao seu chão.

Quando o homem, abrindo caminho rumo aos sertões pelas águas do Velho Chico, aportou nas suas margens, e destas beiradas foi adentrado ao longe desconhecido, então os primeiros passos estavam dados ao que somos hoje.

E o que somos hoje é de uma feição sertaneja tão bem descrita por Euclides da Cunha: Antes de tudo, um forte. O que somos hoje é de uma raça de incansável luta e contínua esperança. O que somos hoje é de uma inigualável característica: filhos devotados ao seu ventre na terra.

Assim, desde aqueles idos, onde as primeiras penetrações mata adentro foram abrindo caminhos à formação de um povo, de uma raça típica e peculiarmente sertaneja, que se tem como sertão o singelo retrato de uma gente que a cada dia vai confrontando as dificuldades das intempéries naturais para sobreviver.

E foi dessa constante luta que nasceu e vingou a força do povo sertanejo. Desde aqueles primeiros colonizadores até os dias de hoje, sempre a força de um povo para vencer as secas e as estiagens, para combater os esquecimentos do poder, para prosperar e persistir na existência ante as angústias e os sofrimentos.

Uma vez em cima da terra, logo o surgimento do primeiro casebre, da primeira moradia de barro e cipó, logo o primeiro curral, o primeiro plantio, a primeira colheita. No fogo de chão o prato do dia, mais adiante a vaquinha e o garrote pastando, e por todo lugar uma vastidão sertaneja ainda a ser preenchida.


Dos pais, os filhos. Destes filhos, outros filhos, gestando o que se tem por geração sertaneja. Das casinhas, o surgimento de outras moradias, mais fortes, aconchegantes e até imponentes para um sertão marcado pela constante falta de chuvas, dificuldades na criação de animais e carência de alimentos da terra.

Uma vida de vaqueiros, de coletores, de caçadores, de comboieiros, de artesões do couro, de pequenos ofícios, de trabalho na terra. Nas mãos a enxada, a foice, o facão. Na cabeça o chapéu de couro, nos pés o roló de couro cru. Na vida vaqueira, o cavalo, o gibão, a perneira, a sorte e o destemor para lidar com bicho brabo embrenhado num mundo de catingueiras e garranchos.

Um mundo de João, de Maria, de Antônio, de Sebastiana, de Pedro, de Josefa, de Manoel, de Raimunda, um mundo tão sertanejo. O menino barrigudinho brinca na malhada com ponta de vaca enquanto sua mãe bate o pilão para depois peneirar e fazer o café, preparar o alimento de cada dia.

Dia após dia e o duro ofício da sobrevivência. O sertão se fez assim, no trabalho árduo de pessoas simples e sonhadoras, de pessoas humildes e compromissadas com o seu amanhã. Ante os sofrimentos causados pela terra esturricada de sol, somente a fé para manter viva a esperança nos corações. Daí a profunda religiosidade de um povo que sempre esperou em Deus sua força para viver e vencer.

Sou de um mundo assim, desse mundo tão sertanejo. Nasci do útero da terra seca, árida, tantas vezes esturricada. Mas também de um jardim onde florescem os mais belos gestos de vida e de onde brotam as mais ricas sementes de fé e esperança. E de uma contínua primavera nos gestos acolhedores dos mais humildes. Quanto mais humilde for o sertanejo mais ele terá o coração do tamanho de seu vasto mundo.

O meu povo, o povo sertanejo, é uma gente apenas orgulhosa de seu mundo. Do mais humilde ao mais alavancado na vida, sempre o prazer incontido de ter nascido e ser filho de uma terra grandiosa em tudo. Se há muita pobreza e sofrimento, inegável que há muito mais riqueza na história, na cultura, nas tradições. Inegável que há o dom da inseparável identidade entre a terra e o próprio sertanejo.

Por isso que bebo sedento nas mais profundas raízes da terra. Uma sede saciada no amor e no orgulho de filho. E sempre um gole prazeroso de ser tão sertanejo.

Escritor
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DE LUZ, O MATADOR DE JURITI

Por Alcino Alves Costa

Alcino Costa ao lado de José Cícero e Bosco André

Em nossos livros “Lampião além da versão” e “O Sertão de Lampião”, existe em cada um deles um capítulo discorrendo sobre a vida e morte de Deluz e de Juriti, este assassinado cruelmente pelo famoso e temido sargento, então delegado de Canindé de São Francisco. No “O Sertão de Lampião”, a página 269, está o capítulo “A morte do sargento Deluz” e no “Lampião além da versão, a página 345, está o capítulo “Juriti: perverso na vida, valente na morte”.

Amâncio Ferreira da Silva era o verdadeiro nome do sargento Deluz. Nascido no dia 11 de agosto de 1905, este pernambucano ainda muito jovem arribou para o Estado de Sergipe, indo prestar os seus serviços na polícia militar sergipana. Os tempos tenebrosos do banditismo levaram Deluz para o último porto navegável do Velho Chico, o arruado do Canindé Velho de Baixo. Por ser um militar extremamente genioso, violento e perverso, ganha notoriedade em toda linha do São Francisco e pelas bibocas das caatingas do sertão. Dos tempos do cangaço ficou na história, e está registrada no livro “Lampião em Sergipe”, o espancamento injusto que ele deu no pai de Adília e Delicado, o velho João Mulatinho, deixando-o para sempre aleijado. 

 
No pós-cangaço, sem jamais sair de Canindé, também ficaram na história aquelas versões de que os assaltantes de Propriá quando presos eram entregues a Deluz e ele ao transportá-los em canoas que faziam o trajeto Propriá/Canindé, prendia as mãos dos prisioneiros e amarrava uma pedra nos pés dos mesmos jogando-os dentro do rio. Um de seus maiores prazeres era caçar ex-cangaceiro para matá-los sem perdão e sem piedade. Foi o que fez com Juriti, prendendo-o na fazenda Pedra D`água e o assassinando de maneira vil e abjeta jogando-o em uma fogueira nas proximidades da fazenda Cuiabá. Foi em virtude de desavenças com o seu sogro, o pai de Dalva, sua esposa, que naquele dia 30 de setembro de 1952, quando viajava de sua fazenda Araticum para o Canindé Velho de Baixo, se viu tocaiado e morto com vários tiros. Morte atribuída ao velho pai de Dalva, o senhor João Marinho, proprietário da famosa fazenda Brejo, no hoje município de Canindé de São Francisco.

Diz à história que João Marinho foi o mandante, chegando até ser preso; e seu genro João Maria Valadão, casado com Mariinha, irmã de Dalva, portanto cunhado de Deluz, ainda vivo até a feitura desse artigo, com seus 96 anos de idade, completados no mês de dezembro de 2011, foi quem tocaiou e matou o célebre militar e delegado que aterrorizou Canindé e o Sertão do São Francisco.
  
Foi o sargento Deluz o matador de Manoel Pereira de Azevedo, o perverso e famoso Juriti. Manoel Pereira de Azevedo era um baiano lá das bandas do Salgado do Melão. Um dia arribou de seu inóspito sertão e viajou para as terras do Sertão do São Francisco, indo ser cangaceiro de Lampião, recebendo o nome de guerra de Juriti.

Este cangaceiro possuía uma aparência física impressionante. O seu porte atlético abismava as mocinhas sertanejas que se derramavam em desejos para receber os seus carinhos e o seu amor. Contrapondo a toda essa atração que despertava nas jovens, Juriti carregava em seu sentimento e em sua alma um extremado pendor para brutais violências; cangaceiro de atitudes monstruosas sentia especial prazer em torturar e assassinar com requintes animalescos as infelizes vítimas que caiam em suas mãos, como aconteceu com José Machado Feitosa, o rapaz de Poço Redondo que ele após torturá-lo medonhamente, o assassinou com uma punhalada em seu pescoço.

 Cangaceiro Juriti, na foto ao centro

Em pouco tempo Juriti angariou extraordinária fama. A fama de ser um cangaceiro que deixava as mocinhas sertanejas loucas de paixão e a fama de ser um assecla perverso ao extremo. Uma menina-moça, chamada Maria, filha de Manoel Jerônimo e Àurea, irmã de Delfina da Pedra D`água, deixou-o alucinado. Aquela ardente paixão foi recíproca. E o jamais imaginado pelos seus pais aconteceu. A menina de Mané de Aura deixou seu lar, seus pais e se jogou no mundo. Os seus sonhos e a sua ilusão era passar a viver nos braços do tão falado e comentado cabra de Lampião.

Na Grota de Angico vamos encontrar Juriti e Maria vivendo aquele instante de suprema agonia. Lampião, Maria Bonita e seus companheiros foram abraçados pela morte. Sem o grande chefe o viver cangaceiro não era possível. Os bandos espalhados pelas caatingas foram se desfazendo. Alguns fugiram e outros se entregaram as autoridades de Alagoas e Bahia.

Juriti seguiu o mesmo caminho de muitos. Após enviar a sua Maria para a proteção do pai e a ajuda do amigo Rosalvo Marinho que a levaram para Jeremoabo, onde ela foi recebida e bem tratada pelo capitão Aníbal Ferreira que deixando o papai surpreso e feliz liberou a sua filha para que com ele retornasse para sua casa e para o aconchego de sua família. Ainda mais. Solicitou a ajuda de Maria, do pai e de Rosalvo Marinho para que ambos fizessem com que Juriti e seus companheiros também viessem se entregar.

Juriti e Borboleta são convencidos pelo amigo da Pedra D`água e também seguem para Jeremoabo onde se entregam ao capitão Aníbal. Recebem o mesmo presente que Maria recebeu. São liberados. Borboleta joga-se na “lapa do mundo” e nunca mais se soube notícias dele. Talvez não esquecendo a sua Maria, Juriti se demora alguns dias no Canindé Velho de Baixo, porém no início de 1939 viaja para Salvador a capital baiana.

Em Salvador consegue trabalhar como vigia de um fábrica. Em 1941 é despedido do trabalho e retorna para o sertão de Sergipe. É seu desejo visitar os amigos da Pedra D`água, obter notícias de sua antiga companheira e seguir viagem para o Salgado do Melão, a sua terra de nascimento. Chegou ao último porto do Baixo São Francisco em uma quarta-feira e seguiu para a fazenda de Rosalvo Marinho, onde se “arranchou” e dormiu.

O sargento Deluz foi avisado da inesperada presença de Juriti na casa de seu cunhado Rosalvo Marinho. O sentimento impiedoso do militar não perdoava ex-cangaceiro. Juriti teria que pagar todos os crimes praticados durante sua vida no cangaço, e ele seria o juiz que iria condená-lo a morte.

Assim foi feito. A quinta-feira amanheceu e ainda muito cedo o café foi servido. Juriti conversa animado com seu amigo Rosalvo. Deluz e seus “rapazes” haviam cercado a casa. Surpreso, Juriti se vê na mira das armas dos atacantes e é imediatamente preso. Sorrindo, Deluz diz: “Mais qui surpresa! Nunca pensei qui Juriti fosse um pásso tom manso, tom faci de ser agarrado. Teje preso cabra. Eu num quero cangaceiro perto de mim não”.

Juriti se recompõe da surpresa e desafia Deluz, dizendo: “Deluz, você é covardi. Eu sei quem você é. Um covardi. Mostri qui é homi e mi sorte. Só assim você vai ficar sabeno quem sou eu. Vamu, mi sorti, covardi. Você é um covardi”. 

Amarrado a uma corda, Deluz transporta Juriti na direção de Canindé. Ao chegar a uma localidade chamada Roça da Velhinha, nas proximidades da fazenda Cuiabá, o sargento, friamente, ordena que se faça uma fogueira e quando as labaredas começam a lamber a caatinga e torrar a mataria e o chão daquele triste cenário da vida sertaneja, Juriti é jogado, sem dó e sem piedade no meio do fogaréu. 

Em poucos minutos o corpo do antigo cangaceiro havia se transformado em um monte de cinzas. Ficando, por várias décadas, como testemunha daquele medonho momento os botões da braguilha da calça de Juriti, além do negrume deixado pelo fogo no local do monstruoso assassinato do antigo Manoel Pereira de Azevedo, do Salgado do Melão.

Saudações cangaceiras!

Alcino Alves Costa
O Caipira do Poço Redondo
Sócio da SBEC - Conselheiro Cariri Cangaço

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O ASSALTO A CASA CARRAPATELO

Por Campos Monteiro

(I) O concelho de Marco de Canaveses foi fundado em 31 de Março de 1852, por decreto de D. Maria II, encorporando, no todo ou em parte, os julgados ou concelhos de Soalhães, Benviver, Canaveses, Portocarreiro, Riba Tãmega e Gouveia. Na altura do assalto, Carrapatelo pertencia ao concelho de Benviver, mas dois meses depois passou a integrar o concelho de Marco de Canaveses. Optaremos geralmente por dizer Soalhães/Marco, porque os documentos continuarão a usar, muitas vezes, a designação Soalhães.

(2) O funeral realizou-se no dia 5 para a Capela do Senhor Preso à Coluna, pertença da família, na Igreja Matriz de Paços de Gaiolo.

(3) In Campos Monteiro, obra citada. Alguns dos assaltantes fizeram a passagem do Canal em pequenos grupos, para não levantarem suspeitas. Levavam com eles duas cadelas (talvez com o intuito de acalmarem os cães da casa) e dois cães. O José do Telhado tinha com ele o seu cavalo. O comandante dera como senhas: Merda, para avançar, e Mesão Frio, para retirar.

[4) Bacamarte: "arma de fogo antiga, de cano curto e de grande calibre, com boca geralmente em forma de sino" (Dicionário da Academia); clavina: espécie de espingarda curta com estrias.

(5) Caniço: espécie de rede de canas entrelaçadas na qual se secam castanhas, ou se põem as carnes ao fumeiro ou se curam os queijos.

(6) Descrição feita pela criada Quitéria em declarações posteriores, num dos Autos. Botas Alamona = botas de montar a cavalo.

(7) Este anel ainda hoje se encontra na posse dos descendentes de D. Ana Vitória.

(8) Declaração de J. António dos Santos, um dos assaltantes que foi preso: «[...] que quem matou o criado, segundo o que ouviu dizer na saída a João Ribeiro Peneireiro, fora este, porquanto dizendo o José do Telhado que tinha feito mal em matar, porquanto ele tinha tratado bem as Senhoras da casa, este Peneireiro respondeu que o criado o tinha querido matar a ele, e que então ele o matara primeiro.» (In Autos, Tribunal da Relação do Porto.)

(9) Alguém ouviu da boca de Ana Amélia, mais tarde, que se não tem sido a sua intervenção, talvez o abusador não tivesse saído dali com vida.

(10) Nunca se sabe as más surpresas que a vida nos reserva: a informação da existência dos trinta mil cruzados fora passada para o José do Telhado pelo Fragas, que era, nem mais nem menos, afilhado do falecido sargento-mor e fora o fornecedor de pão e vinho na serra

Final(Resumo de testemunhas)

Enviado de Lisboa capital de Portugal pelo pesquisador Roberto Emídio

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ANALISANDO AS DUAS IMAGENS CLARAMENTE PODEMOS OBSERVAR NÍTIDAS SEMELHANÇAS ENTRE AMBAS.

Por Geraldo Júnior

A primeira fotografia (Esquerda) é da D. Carmina Leite Ramalho que segundo a amiga Fátima Ramalho Lepre, que me enviou gentilmente a imagem, era filha do célebre cangaceiro pernambucano, Antônio Silvino "Rifle de Ouro" (Direita). Ainda segundo Fátima Ramalho Lepre, D. Maria Carmina Leite sua avó teve três filhas com Antônio Silvino e quando o cangaceiro foi preso em 1914 a sua família levou as duas filhas maiores, deixando apenas a menor que era a sua mãe, Carmina Leite Ramalho.

Acredito que até por questões de segurança, Antônio Silvino não chegou a registrar as crianças em seu nome, ficando constando no registro de nascimento de D. Carmina Leite Ramalho apenas o nome de sua mãe (Maria Carmina Leite).

Dona Carmina L. Ramalho ao longo de sua vida não manteve contato com Antônio Silvino e nunca mais conseguiu encontrar suas outras duas irmãs, mas sempre foi ciente sobre o assunto, porém só revelou o assunto à família quando já se encontrava com idade avançada.

D. Carmina Leite Ramalho nasceu no dia 10 de maio de 1910 e faleceu no dia 27 de maio de 2005 aos 95 anos de idade tendo como causa de sua morte insuficiência respiratória, broncopneumonia, septicemia e abcesso punho, segundo dados constantes na certidão de óbito.

Fonte: facebook
Página: Geraldo Antônio de Souza Júnior
Grupo: O Cangaço
Link: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=713336778830221&set=gm.1460877563925357&type=3&theater

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"JORNAL DA TARDE" (O ESTADO DE S. PAULO) – 31/07/1973 A HISTÓRIA QUE NOS PERDOE. MAS POR QUE NÃO SE CONTA DE UMA VEZ A VERDADE SOBRE O CANGAÇO?

Material do acervo do pesquisador Antonio Corrêa Sobrinho
Imagem de Higino José Belarmino

Dizer que Padim Ciço, um santo, fez Virgulino Ferreira um bandido é um sacrilégio. Mas o santo fez o bandido virar capitão, sim, embora historiadores do cangaço omitam esse episódio em seus livros. Há outras omissões. Embora os personagens da História ainda estejam dispostos a depor para a História. Por enquanto, porque estão todos muito velhos.

O coronel aposentado Higino José Belarmino, o homem que mais combates travou com Lampião e seu bando, durante a primeira fase do cangaço, até 1928, desistiu de ler qualquer livro, jornal ou revista que trate desse assunto. Tem dois motivos para isso. O primeiro é pessoal: até hoje, segundo ele, ninguém descreveu corretamente a morte dos dois irmãos de Virgulino Ferreira, Antônio e Livino, considerados por todos como mais violentos, ferozes e ousados do que o irmão. Prova é que morreram logo, em combates com o então tenente Higino. O segundo motivo – e o que mais irrita o coronel – é a sua obsessão pela minúcia. “Já perdi a conta dos doutores (escritores, jornalistas, sociólogos) que vieram aqui falar comigo. E esta é a segunda vez que trazem a maquininha (gravador)”. A maioria dos entrevistadores do coronel conversava horas – até dias – com ele, anotando um dado ou outro, geralmente datas. “Um negócio feito assim só pode sair torto”, diz ele. O coronel está alertando, com muita seriedade, todos os estudiosos do assunto.

A maioria dos livros históricos – que fique claro: a maioria – ou ensaios sobre cangaceirismo parte de premissas discutíveis (alguns até partem de preconceitos) ou escolhem, a esmo, um determinado ângulo do fenômeno. Então temos livros que, sem maiores explicações, rotulam Lampião de “revolucionário”, vestem-no de Robin Hood, tratam as volantes como “forças opressivas” e, no fundo, descrevem o velho lugar comum que leva o leitor a identificar o bandido como mocinho e vice-versa. Se a intenção é politica, esses escritores perdem, nos seus preconceitos, ótimos detalhes que até ajudariam a defesa de suas teses; que, por exemplo, os métodos usados pela polícia na luta, em nada, mas em nada mesmo, se diferenciam dos métodos dos cangaceiros. Quando o coronel Higino diz que “eu era um boi”, fica claro sua identificação com os inimigos. A volante, enfim, seria um grupo de cangaceiros funcionários públicos. Igualmente ferozes e ingênuos. Outros pontos: não é possível pesquisar o cangaço sem o conhecimento profundo da República Velha, das condições socioeconômicas do Nordeste, na época, da psicologia do seu povo, das complicadíssimas árvores genealógicas, os clãs, os feudos, as pequeninas máfias. Como falar de cangaço sem o entendimento das relações estado-igreja-povo? A função dos beatos, o messianismo, o compadrismo político, tudo isso contribuindo direta e indiretamente para a formação dos bandos sanguinários, na verdade manuseados por uma série de elementos que vão desde o cínico senhor feudal às relações econômicas do Nordeste com o Centro-Sul. Há um exemplo edificante, de um homem que pesquisa o assunto há mais de vinte anos e ainda não escreveu o seu livro: o paulista Antônio Amaury C. Araújo.

À medida que ele avança no conhecimento do cangaceirismo, mais dados lhe são exigidos. Talvez uma pesquisa dessas, que além de muita cultura e paciência, obriga a gastos inestimáveis de dinheiro, nunca venha a ser feita no Brasil. A solução poderia estar num trabalho de equipe, financiado por uma riquíssima instituição cultural. E alguém teria realmente interesse de esmiuçar tão obsessivamente um período regional da História do Brasil? É fácil concluir que um trabalho assim é impossível, mas não se pode perdoar a desonestidade (ou o despreparo, vá lá) de alguns autores. Como é possível perdoar um “historiador” que, pelo simples fato de venerar o Padre Cícero do Juazeiro, omita da sua “história do cangaço” o episódio da “promoção” de Virgulino Ferreira a “capitão”?

Alguns personagens desta página – todos da primeira fase do cangaço, a mais desconhecida, que vai de 1914 a 1928, quando Virgulino atravessou o rio são Francisco e foi brigar na Bahia – estão dispostos a testemunhar, depor. Ainda podem chegar à minúcia. Mas os historiadores bem intencionados devem se apressar: a média de idade dessa primeira fase está por volta dos oitenta anos. A arteriosclerose começa a apagar a memória de muitos. A morte natural está bem próxima. E logo agora que se descobre que cangaceirismo está longe de ser um assunto esgotado pela História, como dão a entender os representantes do sensacionalismo escrito, falado, filmado e televisionado.

Fonte: facebook
Página: Antonio Corrêa Sobrinho
Grupo: O Cangaço
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O CANTOR JOÃO MOSSORÓ FARÁ SHOW HOJE, DIA 04 DE FEVEREIRO DE 2017, NO RIO DE JANEIRO


O cantor João Mossoró fará show hoje, dia 04 de fevereiro de 2017, no Rio de Janeiro, no bairro Benfica, no"Mercadão Cadeg".
Uma festa portuguesa, no "Cantinho das Concertinas".

 Será uma festa bastante animada, quando o artista cantará as mais lindas canções.

Você que mora no Rio de Janeiro prestigie o artista, participando do seu show.

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O ASSALTO A CASA CARRAPATELO 2ª PARTE

Por Campos Monteiro

O comandante preparara o assalto com todo o cuidado, e tomara as precauções necessárias para não se repetirem os erros de Cadeade. Acompanhavam-no, talvez, 25 homens (ou mais alguns, no máximo 30: a polícia não conseguiu apurar todos os nomes).

Ajudado pela sua experiência guerreira, traçou uma estratégia apropriada e pensou em todos os pormenores.

Mandara fazer um reconhecimento prévio ao local e escolhera os homens que entrariam consigo dentro de casa. Os restantes cobririam o assalto, uns vigiando os caminhos que levavam à quinta, outros postando-se mesmo ao redor da casa. Para pôr todo este grande plano em marcha, faltava só o regresso do batedor que enviara à frente para verificar se estava o caminho livre. Esse homem era o Vinagre, arrematante de carnes por profissão, em Canaveses, e profundo conhecedor da região.

- Vamos ter uma cobertura completa - disse o Avarento enquanto esperavam por notícias. - Os povos aqui para estes lados ficam longe da quinta, e os caseiros estão muito espalhados, e mesmo que quisessem não podiam acudir, porque temos muito pessoal.

- Se não fossem os meus homens não havia esta segurança toda - disse o Joaquim do Telhado, mal podendo abafar a inveja por os seus subordinados preferirem a chefia do irmão.

- Só há aqui uma coisa - interveio o Manuel Morgado. - Mourilhe é uma povoação grande, e podemos tê-los à perna. Fica logo do lado de lá do rio. Basta desconfiarem de alguma coisa, e aí vêm eles, é só meterem-se nos barcos, estão aí em menos de um credo.

- És um palerma! - replicou-lhe o José do Telhado. - Preparei tudo. Mandei os barqueiros virem todos para o lado de cá, Mourilhe está sem barcos.

- E não há o perigo de eles desobedecerem? - perguntou o Glórias.

- Respeitam-me muito - respondeu o José do Telhado. - Não vão arredar pé sem eu dar ordens.

Calaram-se. Ouviam-se passos a aproximar-se. Era o Vinagre que estava de volta.

- As novidades não são boas, chefe! - apressou-se ele a dizer. - Ainda há muita gente na casa.

- Ó diabo! - exclamou o comandante, preocupado. - Mas há homens? Viste bem?

- Há alguns! Há alguns! Estive lá mesmo ao pé de casa, é uma confusão, ainda há fidalgos e povo por todo o lado, ninguém deu por mim. Eu soube, por uma criada, que além da senhora, da irmã e da menina, ainda ficam lá para amanhã, o genro e o capelão, e o abade de Penha Longa, e mais o de Paços de Gaiolo, e um tal Serpa Pinto que é da Casa de Cerdeiredo, e mais duas meninas que são irmãs do genro.

- É muita gente! -disse o José do Telhado, pensativo. - É melhor esperar até amanhã.

Todo o bando olhou com ar interrogador para o comandante, aguardando explicações: então, o que fazer?

O José do Telhado virou-se para o Vinagre e recomendou-lhe: - Vais lá baixo à venda do José Ferreira, das Fragas, e trazeis comida à farta, broa, chouriço, e um cântaro de vinho e tabaco. Mas diz-Ihe que... bico calado! Desandas logo com ele para aqui, e não quero que vos vejam.

- Pronto! Está descansado!

E o Vinagre apressou-se a descer até à venda do José Ferreira, das Fragas.

No dia seguinte, 8 de Janeiro.

Terminara a ceia na Casa de Carrapatelo.

João, um dos dois homens que nesse momento se encontrava em casa - os outros criados, um fora ver sua mãe, outros dois tinham ido acompanhar ao fim da tarde o capelão, e finalmente o Francisco estava doente -, acabara de fechar todas as portas. Aproximavam-se as oito horas. Como de costume, os cães tinham entrado na cozinha para comer.

D. Ana Vitória encontrava-se num dos dois quartos do andar superior do edifício (eram as águas-furtadas) conversando com a filha, O. Ana Amélia, com a filha natural do falecido, D. Rita de Cássia, idade cerca de 45 anos, e com duas outras meninas, D. Maria da Glória e D. Josefa Maurícia (irmãs do genro por parte da outra filha que não estava presente; teriam ambas uns 22 anos de idade"

- Mãe! Pareceu-me ouvir barulho! -exclamou Ana Amélia, assustada.

- Não é nada. Foi impressão tua. São os criados a falar - disse D. Ana Vitória, procurando tranquilizar a filha.

Os criados que se encontravam em casa, nesse dia, eram:

João de Carvalho, novo, mas não sabemos a idade José Pinto, 26 anos Luísa Maria, 37 anos Quitéria, 20 anos Marcelina, 19 anos
  
Entretanto, momentos antes, tinham batido à porta da cozinha. O fiel João, pensando tratar-se de qualquer caseiro que viesse trazer algum recado ou saber ordens, aprestou-se a abrir a porta, ao mesmo tempo que soltava os cães e perguntava:

- Quem está aí?

De imediato surge-lhe um vulto pela frente. Ouve mais passos. Lembra-se dos ladrões Num movimento rápido, procura recuar e deitar a mão à porta para a fechar.

O Peneireiro vibrou-lhe uma violenta pancada com as costas de um machado, fazendo-o cair no chão, sem sentidos, à entrada da cozinha.

- Este já está! - exclamou o agressor.

Instantes depois, estavam dentro da cozinha uns dez homens: entre eles, o José do Telhado, como comandante; e ainda o Joaquim do Telhado, o José Pequeno, o Glórrias, o João de Morais, o Peneireiro, o Francisco Mineiro, e os irmãos Pedreiro (o Sopro-Leve). O José do Telhado e o seu irmão Joaquim levavam bacamarte e pistolas, e os outros iam armados com clavinas, pistolas, machados ou facas (4).

-Tu e o Glórias ficais aí de guarda! - ordenou o comandante virando-se para o Peneireiro. - Vigiais e vedes se é preciso alguma coisa. Não quero que façam mal ao homem. Se ele vier a si, mandai-o estar quieto.

As criadas gritaram. Foi um pandemónio. Luísa, a mais velha, estava sentada ao lume.

- Onde estão as suas amas? - perguntou-lhe o José do Telhado.

Diante de tantos assaltantes e o João de Carvalho no chão com a cabeça partida, Luísa nada podia fazer, quase nem podia entrar em pânico, tinha de enfrentar a situação com o máximo de sentido prático possível.

- As minhas amas estão nas águas-furtadas.

- Leve-nos até lá - disse o comandante.

Luísa obedeceu, conduzindo-os pelo corredor em direcção à sala.


Aproveitando a barafunda da agressão ao criado, a Marcelina, que também se encontrava na cozinha, percebeu de imediato o que se passava e num tremendo salto de pavor subiu para cima do forno e daí para o caniço (5), onde se manteve quieta e aterrorizada vendo o que em baixo se passava. No meio da confusão, ninguém reparara na sua fuga. "Oxalá não se lembrassem de a procurar!", pensou. "Oxalá que uma tossidela involuntária, ou até a simples respiração, a não denunciassem!"

Enviado de Lisboa capital de Portugal pelo pesquisador Roberto Emídio

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CORONEL JOÃO BEZERRA - O COMANDANTE DA VOLANTE

https://www.youtube.com/watch?v=0XI_sxGev44

Publicado em 8 de março de 2015

Prezados, saudações:

É com muita alegria que disponibilizamos aos amantes da cultura nordestina, o primeiro trabalho áudio-visual totalmente dedicado à figura do Coronel João Bezerra da Silva, indubitavelmente, o comandante maior da volante policial alagoana, que no famoso combate da Grota do Angico, ocorrido no dia 28 de julho de 1938, pôs fim à "Era Lampião".

Segue um pouco do histórico do documentário:

Locações: Fortaleza, Recife e São Paulo
Participações: Ângelo Osmiro e Antônio Amaury
Depoimento In Memoriam: Cyra Britto
Representando a família: Paulo Britto.
Direção: Anne Ranzan (PE) & Renata Sales (CE)
Produção e Apresentação: Charles Garrido
Duração: 01:22:25

Agradecemos a todos que colaboraram em prol da consolidação dessa obra e desde já, pedimos a compreensão do público quanto às nossas limitações, pois não somos profissionais da área televisiva ou cinematográfica, mas sim, apenas pesquisadores e estudiosos do tema.

Aceitamos críticas, sugestões e elogios. Entretanto, permitam-nos comunicar que, todo e qualquer comentário inserido será
previamente analisado, caso algum fuja aos padrões, infelizmente será excluído, pois pautamos o respeito para com os componentes e personagens históricos que participam do vídeo.

Seguimos uma ordem cronológica, inserimos cinquenta e três fotografias, dentre elas, vários documentos pessoais do militar.

No final, uma surpresa, ouviremos um trecho da entrevista exclusiva (apenas em áudio) com João Bezerra, realizada pelo escritor Antônio Amaury, no ano de 1969, no município pernambucano de Garanhuns. 

Para um melhor aproveitamento, colocamos uma legenda sincronizada à fala do militar.

Finalizamos citando que, o intuito maior é poder colaborar de alguma forma para o engrandecimento e divulgação dos temas, cangaço e volantes.

Família Britto Bezerra & Charles Garrido
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"Conquest Of Paradise" por Vangelis ( • )

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LAMPIÃO PEDIU QUE EU POSTASSE EM SEU NOME ESTA MÚSICA DEDICANDO AOS QUE ESTUDAM A SUA VIDA!

https://www.youtube.com/watch?v=3XDblMUgBP8

LUIZ GONZAGA E GONZAGUINHA ● PENSE N'EU

Publicado em 6 de dezembro de 2012
Composição: Gonzaguinha.
Áudio e fotos do show gravado pela Rede Globo, em 1984. Luiz Gonzaga Especial foi exibido em 4 de maio do mesmo ano. Direção: Maurício Tavares. Produção: Cícero Araújo. Roteiro: Maria Carmem Barbosa e Luiz Carlos Maciel.
- Publiquei o vídeo no YouTube, que ficou disponível por três semanas. Mas, infelizmente, por questão de direito autoral, foi excluído. Enfim, quem tem o direito não publica e não permite que outra pessoa o faça. Lamentável!
Consegui publicar o vídeo original no http://www.dailymotion.com/video/x18h...
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"Pense N'Eu" por Gonzaguinha, Luiz Gonzaga ( • )

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