Por Clerisvaldo B.
Chagas, 04 de fevereiro de 2017 - Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano - Crônica 1.630
O grande da
Matemática, professor Eli, chegado de Capela, prestou relevantes serviços às
escolas de Santana do Ipanema, aonde veio a falecer. Interessados pelos hábitos
canavieiros, indagamos ao colega o que significavam as palavras cambiteiro e
mirigongo, comumente citadas na Zona da Mata.
Ilustração:
Percy Lau
Aprendemos na
época, que o cambiteiro é empregado que trabalha cambitando, isto é,
transportando cana-de-açúcar, capim, madeira de construção, varas e lenha em
lombo de animais com quatro cambitos. Cambito é uma forquilha onde se coloca a
mercadoria de forma horizontal em burros, éguas e cavalos.
Estudioso do
assunto Batista Caetano, diz que a expressão “cambito”, é uma corruptela do
termo tupi: acambi que se traduz por “forquilha, correia de duas pernas,
compasso, forcado”.
Mesmo com o
progresso dos transportes nas zonas canavieiras, ainda podemos observar a
movimentação de cambiteiros nas estradas. Os curiosos gostam das
particularidades desse tipo regional no trato com seus quadrúpedes. O nome dos
animais, a indicação dos pontos de parada, o modo de encostar para o
descarrego, a forma de tanger e a autoridade que exercem sobre esses bichos
domésticos, fascinam pesquisadores atentos.
“Outro aspecto
curioso oferecido pelo cambiteiro é o constituído pelas trovas, quadras e emboladas
com que procura amenizar a rudeza do trabalho” (...).
E quando não
se colhe a quadra, inventa-se:
Cambiteiro,
cambiteiro
Hoje tu vai
cambitá?
Vou passar lá
em Capela
Mode os zói de
Sinhá!...
Aonde vai o
cambiteiro
Aonde vai Mané
Fulô?
Vou tirar mé
de abeia
Pra levar pro
meu amor!...
Isso não dá um
romance bom? Mirigongo? Bem, esse aí é outra história.
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