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quinta-feira, 10 de março de 2011

Jerônimo Vingt-un Rosado Maia e a Família numerada

Por: José Mendes Pereira

Vingt-un Rosado

               Jerônimo Vingt-un Rosado Maia nasceu em Mossoró, no Estado do Rio Grande do Norte, no dia  25 de setembro de 1920, e faleceu  no dia 21 de dezembro de 2005. Era filho do farmacêutico Jerônimo Rosado Maia, vindo lá de Pombal, no Estado da Paraíba, e dona Isaura Rosado Maia. 

              Jerônimo Vingt-un Rosado Maia era o vigésimo primeiro filho do casal, e foi o último a falecer. Formado em agronomia. Foi por vários  anos diretor da Escola Superior de Agricultura de Mossoró, atualmente UFERSA, e importante personalidade da cidade potiguar. Foi escritor historiador, e uma das suas  maiores contribuições foi a criação da “Coleção Mossoroense”, que possui uma quantidade enorme de livros, todos escritos  por pessoas da região. 

Teve como Irmãos, os seguintes:

               1 - Jerônimo Rosado Filho.  Nasceu no ano de 1890, em Mossoró. Foi farmacêutico e poeta. Faleceu em novembro de 1920. Deixou três filhos e um livro de poesia não publicado. 

              2 - Laurentino Rosado Maia. Nasceu em 1891, em Catolé do Rocha, na Paraíba, e faleceu com alguns dias de vida.

               3 - Tércio Rosado Maia. Nasceu no dia 19 de agosto de 1892, em Mossoró. Farmacêutico, dentista, advogado e médico. Foi um dos maiores intelectuais mossoroenses. Teve sete filhos, três deles morreram ainda pequenos. Tércio faleceu em 8 de novembro de 1960.   

Segundo casamento do seu pai, com Isaura Rosado Maia, irmã da primeira esposa de Jerônimo Rosado Maia.

               4 - Isaura Quarto Rosado Maia. Nasceu em 1894, em Mossoró, e faleceu dois anos depois.  

               5 - Laurentino Quinto Rosado Maia. Nasceu no ano de1896, em Mossoró, e faleceu no ano seguinte. 

              6 - Isaura Sexta Rosado de Sá. Nasceu em janeiro de 1897, em Catolé do Rocha, na Paraíba. Em 1919, casou-se com o médico Abdon Henrique de Sá. Tiveram três filhos. 

             7 - Jerônima Sétima Rosado Fernandes. Nasceu em agosto de 1898, em Mossoró. Casou-se com o cunhado e advogado Aldo Fernandes Raposo de Melo. Tiveram quatro filhos.                             

             8 - Maria Oitava Rosado Cantídio. Nasceu em novembro de 1899, em Mossoró. Casou-se com o comerciante Raimundo Cantídio de Oliveira. Tiveram quatro filhos.

            9 - Isauro Nono Rosado Maia. Nasceu em 1901, em Mossoró. Faleceu 24 anos depois do seu nascimento, quando fazia o terceiro ano da faculdade de farmácia em Recife.                                                           

            10 - Vicência Décima Rosado Maia. Nasceu em Mossoró, em março de 1902. Casou-se em 1923 com o comerciante Francisco Sérgio Maia. Tiveram seis filhos.                                                          

            11-Laurentina Onzième Rosado Fernandes. Nasceu em setembro de 1903, na cidade de Mossoró. Casou-se com o advogado Aldo Fernandes Raposo. Faleceu em abril de 1922 e teve apenas um filho: Aldo Rosado Fernandes.                                                        

           12 - Laurentino Duodécimo Rosado Maia – Nasceu em 1905, em Mossoró. Em 1927, se casou com Maria do Carmo Queiroz Rosado. Tiveram seis filhos. Morreu no Rio de Janeiro, em maio de 1954.               

            13 Isaura Trezième Rosado Maia – Nasceu em maio de 1906. Casou-se em 1928 com o médico Lavoisier Maia. Tiveram sete filhos. 

            14 - Isaura Quatorzième Rosado Magalhães – Nascida em junho de 1907, foi professora. Casou-se com o funcionário dos Correios Gentil de Magalhães. Tiveram um filho. 

           15 - Jerônimo Quinzième Rosado Maia – Nasceu em 1908, em Mossoró. Morreu em dezembro do mesmo ano.

            16 - Isaura Seize Rosado Coelho – Veio ao mundo em fevereiro de 1910, em Mossoró. Casada com o professor e juiz Abel Freire Coelho. Tiveram três filhos.

            17 - Jerônimo Dix-Sept Rosado Maia – Nasceu em maio de 1911, em Mossoró. Foi prefeito da cidade e governador do Rio Grande do Norte. Casou-se com Adalgiza de Souza Rosado. Tiveram quatro filhos. Morreu num acidente aéreo, em julho de 1951.

            18 - Jerônimo Dix-Huit Rosado Maia. Nasceu em maio de 1912, em Mossoró. Foi médico e chefe do serviço de saúde da polícia militar do Rio Grande do Norte. Prefeito de Mossoró, deputado estadual, deputado federal e senador. Casou-se com Naide Medeiros Rosado e teve quatro filhos. 

            19 - Jerônimo Dix-Neuf Rosado Maia – Nasceu em novembro de 1913, em Mossoró. Foi industrial e comerciante. Casou-se com Maria Odete de Góis Rosado. Tiveram oito filhos. 

            20 - Jerônimo Vingt Rosado Maia. Nasceu em janeiro de 1918, em Mossoró. Foi farmacêutico, vereador de Mossoró, prefeito de Mossoró, deputado estadual e federal. Casou-se com Maria Lourdes Bernadeth. O casal teve três filhos e adotou um.

           21 -Jerônimo Vingt-un Rosado Maia – Nasceu em setembro de 1920, foi agrônomo e intelectual, além de vereador. Casou-se com América Fernandes Rosado Maia em 1947 e o casal teve seis filhos.


             Fonte de pesquisa:
            
             "Coleção Mossoroense – Os Rosado"


Maestro Batista - Músico Mossoroense

Extraído do caderno "Universo" do Jornal "O Mossoroense"

MAESTRO BATISTA

Entrevista

            A paixão pela música começou na infância. Pai de quatro filhos, sendo dois deles músicos, Maestro Batista é considerado um dos maiores representantes do cenário musical mossoroense. No último dia 2, aos 73 anos, depois de 18 dias internado, o músico faleceu  vítima de insuficiência renal, e como forma de homenageá-lo o jornal O Mossoroense republica esta entrevista, que foi concedida poucos dias antes de sua internação.

Maestro Batista é o que está à direita da foto

Por Patrícia Paz  Amanda Melo.
           
               O Mossoroense - Quando o senhor começou a se interessar por música? Conte da sua trajetória musical?  

              Maestro Batista - Comecei a tocar ainda na infância. Na adolescência entrei para a Banda de Artur Paraguay, fiz parte dela por pouco tempo, depois integrei o "Totõezinho e Seu Conjunto" que se firmou e ficou conhecido em todo o Estado. Depois de alguns anos de trabalho decidi deixar o grupo. Fiz parte de vários outros conjuntos como "Infla Seis", passei rapidamente pelos "Perdidos e Achados", também fiz parte dos "Magnatas" e o "The Pop Som". Depois fui convidado pela Universidade para organizar o conservatório de música. Na época o reitor era Antônio Capistrano. Eu colaborei com a fundação do conservatório, continuei ensinando e ainda estou por lá, toco hoje no Grupo de Chorinho Ingênuo.

              OM - Você aprendeu música como autodidata ou alguém lhe ensinou a tocar?

              MB - A sensibilidade da música impele a gente a buscar a aprendizagem. Quando eu entrei para a Banda de Música Artur Paraguai recebi muitas instruções dele e fui pegando o jeito. Mas essas instruções foram por pouco tempo, por conta do seu estado de saúde e sua idade. Então eu comecei a comprar livros de teoria musical, a ouvir grandes músicos, boas orquestras, a associar aquilo que ele tinha me ensinado ao que encontrava na teoria dos livros e no que eu ouvia e dos grandes músicos que tocavam aqui. Hoje, modéstia à parte, eu tenho facilidade de ouvir uma gravação e passar tudo para a pauta, seja qual for a orquestra.

               OM - Quais são os instrumentos que o senhor toca?

               MB - O que eu me sinto mais à vontade é o saxofone, por ter sido o meu primeiro instrumento, mas na época dos grandes carnavais toquei Pistom, que tem o manejo totalmente diferente. Hoje eu toco apenas o saxofone e o clarinete.

             OM - Dois dos seus filhos também são músicos, o senhor os influenciou de alguma forma?

               MB - Eu dizia para eles: turma, a profissão que lhe dá base para o futuro não pode ser música, porque a região em que vivemos não oferece muitas oportunidades para os músicos. Mas a música para eles falou mais alto e mesmo buscando outras profissões eles insistiram nisto. Um deles, Antonio Carlos Batista de Sousa, já me ultrapassou em termos oficiais, já que é bacharel em música pela Universidade do Estado do Ceará e também tem especialização na mesma universidade. Ele fez concurso para professor da Uern no curso então recém-criado de música e passou. O outro, Marcos Batista de Sousa, toca vários instrumentos e hoje é contramestre da Banda de Música Municipal. A música teve uma atração superior e fez com que eles realmente seguissem esse caminho, mas eu, na verdade, não incentivei muito.

               OM - Numa época em que as pessoas apreciam músicas com pouca qualidade apenas por ceder aos apelos da mídia e da indústria fonográfica, ainda se pode falar em evolução musical? 
   
               MB - Estamos numa época em que a evolução da música foi para pior, hoje o que predomina e o público aceita é a música que não tem essência. Hoje tudo vem empacotado, o povo quer vibração, zoada, pancadaria rítmica para que não a alma, mas o corpo vibre e se delicie daqueles momentos.

               OM - Que músicos influenciaram na sua carreira?

               MB - A minha maior influência musical é a Orquestra Tabajara, de Severino Araújo, que ainda hoje faz gravações e shows no Sul do país e foi considerada de nível internacional. Esta orquestra pra mim é o maior exemplo, o maestro Severino não me conhece, mas eu me considero seu aluno.  Também apreciava muito Tommy Dorsey, Glenn Miller, Artie Shaw, grandes orquestristas americanos nos quais eu buscava inspiração e aprendizagem.

              OM - Como o senhor tinha acesso a esses artistas?

             MB - Através do disco. Eu apreciava todo o acervo das minhas orquestras preferidas, ouvia, captava cada detalhe e somava aos meus conhecimentos.

             OM - O homenageado deste ano no Festuern é o senhor, o que isso significa?

             MB - Pra mim foi uma surpresa muito especial, me incentivou e me deixou bastante sensibilizado. O que eu tenho feito pela música é acima de tudo uma satisfação. Não me nego e nem me negarei a colaborar seja com qualquer outro músico, ou com a arte musical da minha cidade.
Essa homenagem me deixou muito feliz, porque olhando para mim, olhando para o que eu fiz, eu acho que fiz tão pouco, mas dentro das minhas limitações eu dei o meu melhor com muita boa vontade, com vontade que a música cresça não só em Mossoró, mas em toda nossa região.

            OM  - Durante o tempo que você trabalhou no conservatório de música, que tipo de experiência você adquiriu formando novos músicos?

            MB  - É uma experiência muito boa porque aquilo que você vai passando para o aluno você também colhe dele, muitas vezes um detalhe que lhe desperta para desenvolver uma nova técnica para melhorar o que é ensinado. É obrigação do professor fazer de tudo para que o aluno entenda o método pelo qual ele procurou transmitir cada detalhe do conteúdo. Eu aprendi muito com os meus alunos, porque é ensinando que também se aprende.

            OM - Você acha que a música é um dom, um talento nato ou algo que qualquer um pode aprender desde que se empenhe?

            MB - Todos nós em maior ou menor escala trazemos um pouco do dom musical, é um dom natural que Deus nos dá, porém em parte a hereditariedade também ajuda. Existem pessoas que nascem com esse dom sobrando, e chegam a abusar. Alguns músicos são tão bons que desperdiçam este dom, não assumem responsabilidade profissional, não buscam um aperfeiçoamento, uma aprendizagem mais apurada, assim como existem outros que se esforçam bastante e não conseguem passar do nível básico. Uns com excesso de boa vontade e outros com excesso de talento desperdiçado. Porém, com empenho qualquer pessoa aprende alguma coisa sobre música.

             OM - Como o senhor avalia o cenário musical de Mossoró?

            MB - Com o surgimento do conservatório de música o cenário musical da cidade melhorou muito. Hoje temos grupos muito bons. Nós temos músicos muito promissores aqui. Se provisoriamente eu estou segurando a batuta já vejo quem a segure e continue o meu trabalho. Então eu acho realmente muito promissor o cenário musical mossoroense e fico muito feliz com isso. Hoje já se vê uma camerata de violinos com oito músicos, coisa que antes não se via. Acredito que em pouco tempo nós teremos uma orquestra sinfônica em Mossoró, este é um dos meus maiores sonhos, muito embora eu não seja atuante nesse movimento, mas a minha vontade chega aos demais colegas e colabora para que esse projeto se concretize.

           OM - Nós sabemos que é difícil viver de música no Brasil, mas, mesmo assim, você acredita que é compensador, você aconselha os jovens a seguirem carreira de músico apesar das dificuldades?

            MB  - Para que os jovens tenham isso como profissão, tirem dali o seu sustento, eu não aconselho música. A musicalidade vem e a gente não pode fugir, mas como um 'hobby'. Quando isto possibilita algum retorno financeiro é excelente, porque une-se o útil ao agradável, mas isto nem sempre acontece. Enquanto atividade profissional eu não acho que se deva pensar só nisso, a não ser que a pessoa tenha um excelente desempenho musical, estude bastante e busque os grandes centros. Só assim é possível ser bem sucedido nesta carreira. Por que a nossa região não oferece o reconhecimento necessário para dar qualidade de vida aos musicistas, claro que isto está mudando, mas ainda existe um grande caminho a se percorrer para se chegar ao nível ideal.

           OM - Se houvesse esse reconhecimento o senhor gostaria de ter vivido só de música?

            MB - Sem dúvida! É bem verdade que eu teria que me esforçar muito para fazer jus a esse retorno da sociedade, mas se houvesse essa condição, com certeza eu viveria só de música. Entretanto, eu não tenho do que reclamar, porque atuando em outras áreas eu também aprendi muitas coisas, mas a música sempre foi uma prioridade.

            OM - O que a música significa para você?

           MB - A música faz parte da minha vida. Quando eu ouço esqueço todos os problemas, as dificuldades se afastam e muitas vezes vêm aquilo que nós chamamos de viagem do espírito. A gente sente muitas vezes a alma flutuar, embalada na beleza da harmonia musical. A música é um dos alimentos da alma. Então, enquanto eu tiver um suspiro eu continuarei a soprar, nem que seja para tirar a poeira do meu saxofone.

           O maestro Batista faleceu no dia 02 de novembro de 2007.