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terça-feira, 9 de abril de 2024
𝐂𝐎𝐌𝐏𝐋𝐄𝐓𝐀
TEXTOS ANTIGOS RELACIONADO AO CANGAÇO
Por Antônio Corrêa Sobrinho
AMIGOS,
Aos que gostariam de obter o livro impresso em papel, recomendo adquirir o e-book e procurar tirar cópias.
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APRESENTAÇÃO
Entre o cangaço de Manoel Batista de Morais, o ANTÔNIO SILVINO e o de Virgulino Ferreira da Silva, o LAMPIÃO, o banditismo no sertão nordestino foi protagonizado pelos cangaceiros Luiz Pereira da Silva Jacobina, o LUIZ PADRE, e Sebastião Pereira e Silva, o SINHÔ PEREIRA.
Roubos, furtos, sequestros, assassinatos, estupros e outros crimes perpetrados por esses quatro bandoleiros e seus asseclas foram noticiados pela imprensa nacional de época, embora SILVINO e LAMPIÃO, principalmente este último, tenham ocupado mais páginas de jornais.
Porém, ao contrário de ANTÔNIO SILVINO e de VIRGULINO LAMPIÃO, que desde sempre foram objeto de estudo dos mais variados, e suas façanhas contadas fartamente por historiadores, artistas, literatos, bem como, seus nomes tornados palavras adjetivas e até mesmo adverbiais, LUIZ PADRE e SINHÔ PEREIRA em tempo algum de suas vidas e trajetórias delituosas chamaram a atenção efetiva dos pesquisadores do cangaço.
O que, além de seus nomes, se sabe dos cangaceiros que formaram os grupos de SINHÔ PEREIRA e LUIZ PADRE? E a respeito dos militares que lhes combateram? Que maiores informações e esclarecimentos temos dos ataques feitos por esses dois bandoleiros, a pessoas, propriedades, povoados, vilas?
É matéria que parece não fazer parte da “grade curricular” da história do Cangaço; como se irrelevantes, na composição deste banditismo imperante no passado, os terríveis acontecimentos causadores de sérios prejuízos às populações principalmente as do sertão pernambucano e paraibano, envolvendo os temerosos SINHÔ PEREIRA e LUIZ PADRE; estes que, sob certo olhar, a meu ver fomentaram o cangaço mais intenso, abrangente e de consequências nefastas, o de LAMPIÃO. Eu diria até que LAMPIÃO, ao se integrar e, posteriormente, herdar a chefia do grupo facinoroso destes seus comandantes, quando os tais deixaram a perigosa luta, chamou para si o ódio e todo uma gama de ressentimentos (se não diretamente, indiretamente ou reflexivamente sim) nutrido pela família Carvalho, contra o clã dos Pereira, de SEBASTIÃO e LUIZ PADRE. Aversão recíproca esta, rixa nascida há muitos anos, perpetuada que fora por recorrentes desentendimentos, conflitos pontuais, justamente no meio da qual LAMPIÃO assentou-se e fez carreira. Estamos falando das tradicionais e poderosas famílias, raízes do Cariri, em perene conflito, desentendimentos maximizados e agravados pela busca constante pelo poder político nesta, sem dúvida, das mais ricas e fecundas porções do sertão nordestino. Guerra esta, segundo consta, uma das causas que levaram SINHÔ PEREIRA e LUIZ PADRE ao mundo do cangaço.
Naturalmente que existem trabalhos versando sobre os celerados primos, parentes do barão do Pajeú, filhos de Vila Bela, a hoje Serra Talhada, do sertão pernambucano, a exemplo da obra de Nertan Oliveira, editada em 1975, intitulada SINHÔ PEREIRA, O COMANDANTE DE LAMPIÃO.
Mas, geralmente, é retratado assim, SINHÔ PEREIRA, como descreve o título do retromencionado livro, como um ilustrador da saga lampiônica, ao mesmo tempo, como um personagem a ser enaltecido (sobre isto até podemos imaginar), a começar pelo desinteresse da pesquisa pela sua violenta e sanguinária vida cangaceira. E mais, como o cangaceiro que, no auge da luta armada, em respeito ao apelo do grande, famoso e respeitável taumaturgo, o líder religioso e político cearense, padre Cícero Romão Batista, e abandona o cangaço. Ainda, o homem que chefiou LAMPIÃO, deu-lhe este apelido; ensinou ao iniciante e futuro rei do cangaço, táticas e estratégias de guerra; a atemorizar, aterrorizar, extorquir populações; como negociar com poderosos; como adquirir armas e munições etc.
E sobre LUIZ PADRE eu já ia esquecendo. Com esta alcunha a sugerir religiosidade, paz, espiritualidade, na verdade, foi o mais violento da célebre dupla. Muito pouco temos a respeito deste bandoleiro e de seus muitos crimes.
A imprensa em geral, por sua vez, desde os tempos que LUIZ PADRE e SINHÔ PEREIRA abandonaram o cangaço e os holofotes do jornalismo se voltaram para as tenebrosas e espetaculares proezas de VIRGULINO LAMPIÃO, andou na mesma toada dos pesquisadores, ou seja, calou-se em relação ao marcante cangaço situado entre os praticados por ANTÔNIO SILVINO e VIRGULINO LAMPIÃO.
O objetivo deste O CANGAÇO DE LUIZ PADRE E SINHÔ PEREIRA NOS JORNAIS DE ÉPOCA é, primeiro, facilitar o acesso do leitor ao noticiário e às opiniões que vieram a lume na imprensa contemporânea à atuação bandoleira de SINHÔ PEREIRA e LUIZ PADRE. E, depois, convidar você, leitor, a conhecer o que os jornais disseram, naquela época, a respeito dos acontecimentos envolvendo estes dois personagens imortais da história do banditismo brasileiro.
São textos elaborados há cem anos, os que formam esta coletânea, vale aqui de logo mencionar, portanto praticamente inéditos, pois só foram lidos quando os jornais circularam, e, desde então, apenas por raros pesquisadores, frequentadores de acervos.
Servi-me, para tanto, dos jornais DIÁRIO DE PERNAMBUCO (PE), A PROVÍNCIA (PE), JORNAL DO RECIFE (PE), A NOITE (RJ), A ÉPOCA (RJ), CORREIO PAULISTANO (SP), O NORTE (PB), O PAIZ (RJ), GAZETA DE NOTÍCIAS (RJ), O IMPARCIAL (RJ), A RAZÃO (RJ), A ORDEM (CE) e o JORNAL DO BRASIL (RJ).
Dizer que, no final da coleção, anexei um texto de 1971, “VOLTA AO SERTÃO DO PAJEÚ ANTIGO BANDIDO QUE FOI CHEFE DE LAMPIÃO”. Aconteceu que o ex-cangaceiro SINHÔ PEREIRA, aos 75 anos de idade, retornou ao Cariri para rever a sua família, e o Diário de Pernambuco o entrevistou. Vale a pena lê-lo.
Os impressos estão agrupados cronologicamente, ou seja, de acordo com as respectivas datas de publicação. É um e-book (PDF) o presente trabalho, composto de pouco mais de cem páginas, e que não carece de índice remissivo.
Concluo agradecendo à Biblioteca Nacional, pela disponibilização do seu acervo digital, e ao meu filho Thiago Corrêa, pela feitura da capa e diagramação do livro.
A ORIGEM DA FLOR QUADRIPÉTALA
Arquivo Volta Seca
O ornamento da
flor quadripétala - quatro pétalas com cantos entre cada pétala, como se
estivesse assente sobre um quadrado - representa a união entre o céu e a terra.
Nos primeiros séculos da era cristã, a produção têxtil do Egipto copta atingiu
grande qualidade, onde se incluía este motivo. Com ligeiras variantes – com
cinco cantos, ou enlaçado em si, e também a elementos iguais, mas com as
pétalas transformadas em círculo colocado sobre os lados do quadrado –,
encontra-se tal módulo na escultura arquitectónica do já referido palácio de
Khirbat al-Mafjar; com o canto do quadrado virado para o interior, repete-se
noutro padrão nesse palácio. A mesma dinastia, agora limitada ao al-Andalus,
utilizou a flor quadripétala enlaçada nos estuques e pedras de Madinat
al-Zahra, entre outros exemplos. Algumas plantas de edifícios islâmicos têm
esta forma. Numa placa ornamental de Lisboa, as grandes flores quadrilobadas,
também com os cantos do quadrado colocados entre cada pétala, mostram que
estavam esculpidas internamente com águias; no topo, vê-se as garras e cauda da
ave, e, na base, aparece ainda uma cabeça. Segundo Manuel Luís Real, em ficha
de catálogo, essa placa repete desenhos dos estuques do palácio de Khirbat
al-Mafjar, e “Não têm qualquer paralelo com a restante arte peninsular,
atribuível à época visigótica”; o autor atribui esta placa a uma oficina
moçárabe de Lisboa islâmica dos séculos IX-X. Tanto a flor quadripétala como a
palmeta (também presente neste relevo, em grupos de quatro) – que veremos adiante
– são motivos que aparecem nestes couros lavrados mais antigos. Contendo
figuras, tal módulo – com menor ênfase dada aos meios-círculos / pétalas –
encontra-se em iluminuras do “Apocalipse do Lorvão”, de 1189. A mesma forma
utilizada no couro lavrado encontra-se talhada em madeira na cabeceira do
túmulo de Isabel de Aragão, c. 1330, na Igreja de Sta. Clara (Coimbra); os
cantos entre as pétalas apresentam-se agudos. No Mosteiro da Batalha, do século
XIV final, na fachada do portal sul, duas flores quadripétalas, no gablete
triangular, encerram a heráldica dos reis D. João I e D. Filipa.
Esse ornamento
também é perceptível no chapéu no cangaceiro, sendo usado muito frequentemente
por Lampião, citando o especialista na arte de couro lavrado ibérico Franklin
Pereira, Suria Seixas na Dissertação Desenhos de Couro sobre a influência
islâmica ibero-mudejar nos trabalhos de couro nordestino ( Seixas, 2017, pág 83
):
" O
desenho de couro sertanejo nas selas de couro, por outro lado, teve
considerável alteração de repertório visual, muito embora a base técnica seja a
mesma, a de punção ou ferreteamento e costuras, e a memória dos motivos seja
ainda rastreável. Segue-se descrição particularmente familiar, se tivermos em
mente os desenhos de couro do sertão pernambucano (e mesmo não sendo nosso
objeto focal o desenho de couro que aparece no cangaço lampiônico, a descrição
a seguir ainda alcança as chinchas e os bornais dos cangaceiros):
' No campo dos
lavrados (realizados por goiva em V cortante), encontra-se uma série de
ornamentos devedores ao legado islâmico. Assim, vemos largas molduras de
estilizações florais inscritas em SS deitados - também lidas como dispostas
numa estrutura de espiral, colocada alternadamente ao longo de uma linha, em
ondas, em enlaçado vegetalista de dois cabos, ou em rombos; no campo, aparecem
palmetas simétricas, flor de quatro pétalas sobre quadrado (cada canto entre
pétalas), minuciosa decoração floral com pássaros, 8 duplo/ nó do infinito.A
estilização da folha de acanto - denominada em estudos espanhóis como
"palmeta digitada" apresenta-se como gomos e anéis, ou meias luas com
curvas internas, ou gomos em torno de espiral; esta estilização é continuadora
daquela iniciada no Califado e que se prolongou até ao Sultanato de Granada.
(SEIXAS 2017 apud PEREIRA 2008, p.83 ) "
Logo após ela
conclui:
" Tais
motivos, transformados nos sertões do norte do Brasil em pleno século XX, se
encontram inclusive nas fotografias dos cangaceiros – na única peça de couro
que usavam, o chapéu de aba levantada – bem como no encouramento mais rico e
elaborado de uso dos vaqueiros, ainda em produção pelos mestres do couro
sertanejos. "
Fontes:
- Franklin
Pereira, «O couro lavrado de estética mudéjar na Casa-Museu e Fundação Guerra
Junqueiro – memórias do al-Andalus em terras portuguesas», Medievalista
[Online], 22 | 2017.
- NEIVA, Suria
Seixas. Desenhos de couro: registro e memória dos desenhos no encouramento do
vaqueiro sertanejo. 2017. 192 f. Dissertação (Mestrado Acadêmico em Desenho
Cultura e Interatividade) - Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de
Santana, 2017.
- PEREIRA,
Franklin. A monta "à brida", e "à jineta" nas planícies da
Península Ibérica - selas, arreios, e protecção do cavaleiro cristão e
muçulmano. Revista Mirabilia 8, julho 2008. ISSN 1676-5818.
https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste
http://blogodmendesemendes.blogspot.com
CANGAÇO: JOSÉ SAMPAIO - DE TENENTE-AVIADOR A COMANDANTE DE VOLANTE
Por Fatos na História
CABRAS DE ANTÔNIO SILVINO
CANGACEIROS DA VELHA GUARDA.
Por Robério Santos
Os da frente: Maria, Juriti e Lampião. Mas, o de trás? Quem é? Foto: trecho do filme de Benjamin Abrahão, 1936.
https://www.facebook.com/groups/893614680982844/?multi_permalinks=2175513249459641¬if_id=1712679995294828¬if_t=group_highlights&ref=notif
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
LAMPIÃO...
Por Robério Santos
Para quem
nunca viu, estão aí. Lampião e Juriti montados. Provavelmente trecho retirado de
um filme inédito de Lampião em 1936, por Benjamin Abrahão. Queria muito ver isso
em movimento. Fico pensando: quantas imagens ainda existem por aí que nunca
vimos? Fica a pergunta, você já tinha visto esta foto?
https://www.facebook.com/groups/893614680982844/?multi_permalinks=2175513249459641¬if_id=1712679995294828¬if_t=group_highlights&ref=notif
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
CORONÉ PEREIRA
Por José Mendes Pereira
COMPONENTES DAS FORÇAS VOLANTES, DA FAZENDA SACO DA ROÇA (SERRA TALHADA).
Componentes das Forças Volantes, da Fazenda Saco da Roça (Serra Talhada), segue as identificações segundo as numerações da foto abaixo: (1) Paulino do Nascimento, (2) Severino Rodrigues de Andrade, (3) Manuel Panta do Nascimento, (4) Luís Tiburtino do Nascimento, (5) José Dantas do Nascimento, (6) Manoel Almiro, (7) Antônio José do Nascimento, (Antônio Cassiano e (9) Antônio Joaquim dos Santos o famoso rastejador de vulgo "Batoque".