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terça-feira, 20 de janeiro de 2015

HISTÓRIA DO CANGAÇO: BOM DE VERA E A SENHORINHA DE CORISCO

Por José Cícero da Silva
Sr. Adelson de camisa listrada ao lado de JC e Bosco André

Casarão de Seu Joaca Rolim

Os pesquisadores José Cícero(Aurora) e João Bosco André(M.Velha) empreenderam visitas no último final de semana à região do distrito de Missão Nova(município de Missão Velha-CE.  No roteiro, o sítio Chiqueiro das Cabras e Forquilha( que hoje compreende a fazenda Barreiras) famosos por terem abrigado no passado os temidos cangaceiros oriundos de Caririzinho-PE - Bom de Vera, Lua Branca e João 22 que também integraram o bando de Lampião.

Pesquisadores Bosco André e José Cícero  com o do quadro no museu de Joaca Rolim

No lugar ainda hoje residem vários parentes de Bom de Vera, a exemplo do Sr. Adelson (foto) - sobrinho do valente cangaceiro, que com  inegável cortesia recebeu os conselheiros do Cariri Cangaço em sua residência para uma proveitosa conversa sobre o tema. Falando sobretudo sobre sua mãe que no lugar era conhecida como Alzira de Bom de Vera.

No interior do memorial

Dados e informações históricas que serão utilizadas e reforçarão o embasamento dos livros que estão sendo escritos por ambos os pesquisadores, ou seja: "História de Missão Velha" (de Bosco André) e "Lampião em Aurora: Antes e depois de Mossoró"( de J. Cícero).

Com o sobrinho de Bom de Vera no sítio Chiqueiro das Cabras em M. Nova

Partes daquelas antigas terras um dia pertenceram, inclusive, ao sr. João Arruda - irmão por parte de pai do célebra coronel Izaías Arruda (filho de Aurora e então prefeito de M. Velha). Quem sabe por ali, não se dera o primeiro contato e amizade do coronel com  Massilon Leite e  Lampião?

Bosco André, Luzilma Rolim, mestre Elias e JC no memorial da Missão Nova

"Além de um interessante momento de absoluta aprendizagem, está e pisar o solo sagrado de Bom de Vera e sua cepa, é algo que nos enche de entusiasmo, sabedoria e curiosidade... Ao passo que nos transportamos no tempo e no espaço no sentido de descobrir e redescobrir novas lutas e acontecimentos emblemáticos que marcaram para sempre a verdadeira história(não-oficial) dos sertões e suas gentes", disse o professor José Cícero durante a visita. "Algo que realmente não tem preço", completou.

Antigo engenho do sr.Pedro da Cruz

No caminho eles também visitaram os lugares onde um dia existiram os famosos engenhos de aguardente e rapadura de conhecidos latifundiários de antigos anos de fartura, tais como: Seu Adalberto Farias(sítio Coqueiros), bem como na extensão da Missão Nova dos senhores:  Pedro Saraiva, Antonio Argeu, Osvaldo Esmeraldo, Pedro da Cruz e Joaca Rolim - antigos símbolos de poder e de fomento da economia regional - e que infelizmente hoje, só fazem parte da memória de poucos.

D. Luzilmar Rolim no memorial de Joaca e Toinha na M. Nova

Na residência de Adelson - sobrinho de Bom de Vera

MEMORIAL DE JOACA ROLIM E TOINHA:

Ressalta-se igualmente a visita ao velho casarão do patriarca Joaca Rolim - que agora abriga o memorial da família. Trata-se de um rico acervo de peças, documentos e outros pertences do famosos senhor de engenho - o maior benfeitor de Missão Nova e região. Um homem incomum pela visão e sabedoria que o projetou muito além do seu tempo.

Na residência do vereador Zinha na fazenda Barreiras

Um equipamento histórcio-cultural importante que ainda se mantem de pé, graças aos esforços redobrados da Sra. Luzilmar Rolim, filha do Sr. Joaca. O que segundo ela, precisa urgentemente de parcerias governamental e afins no sentido de garantir a preservação da memória histórica do distrito, de missão Velha e do próprio Cariri.

Senhorinha de Corisco: 

No casarão de Seu Joaca com Bosco, mestre Elias e Luzilmar Rolim

Segundo ela, desde então, todos os dia 17 de julho sua mãe celebrava a tradicional renovação(reza do santo), em cumprimento a o pedido da senhorinha de Corisco no momento da entrega do presente a dona toinha, dizendo se tratar de uma promessa com o santo. Foi no memorial de Joaca e Toinha que os dois pesquisadores do cangaço, encontram por exemplo, o quadro do Coração de Jesus (por sinal impresso na Alemanha) que nos primórdios dos anos 30 foi dado de presente à esposa de Joaca pela companheira de Corisco. que tinha a alcunha de "Senhoria de Corisco", quando da passagem e estadia do casal por aquele lugar. "O quadro foi doado em sinal de respeito e agradecimento à minha mãe pela hospitalidade que senhoria recebeu quando este por estas bandas, onde inclusive passou muitos dias", disse a diretora do museu Luzilmar Rolim.

Da Redação.
Blog de Aurora - CE.
www.prosaeversojc.blogspot.com
fotos: Karlos Marx e JC

http://blogdaaurorajc.blogspot.com.br/2015/01/historia-do-cangaco-bom-de-vera-e.html

http://blogdomendesemendes.blogspot.com 

LAMPIÃO - AUTOR RANULFO PRADO


Ranulfo Prata nasceu em Lagarto, no Estado de Sergipe, no dia 4 de Maio de l896, e faleceu em São Paulo, no dia 24 de Dezembro de l942. Era Médico e escritor. Passou a infância na vizinha cidade de Simão Dias, também no Estado de Sergipe. Seu pai era o coronel Felisberto Prata, comerciante e fazendeiro. 

O livro de Lampião fora concluído na cidade de Simão Dias, no ano de 1933, e em 1934 foi publicado. Foi o primeiro livro que falava sob o rei do Cangaço, Virgulino Ferreira da Silva, Lampião . É um livro raro.

Com quem adquiri-lo? 

Possivelmente na Livraria do Professor Pereira, lá em Cajazeiras, no Estado da Paraíba, através deste e-mail: 

franpelima@bol.com.br

Fonte: facebook

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LAMPIÃO A RAPOSA DAS CAATINGAS


Depois de onze anos de pesquisas e mais de trinta viagens por sete Estados do Nordeste, entrego afinal aos meus amigos e estudiosos do fenômeno do cangaço o resultado desta árdua porém prazerosa tarefa: Lampião – a Raposa das Caatingas.

Lamento que meu dileto amigo Alcino Costa não se encontre mais entre nós para ver e avaliar este livro, ele que foi meu maior incentivador, meu companheiro de inesquecíveis e aventurosas andanças pelas caatingas de Poço Redondo e Canindé.

O autor José Bezerra Lima Irmão

Este livro – 740 páginas – tem como fio condutor a vida do cangaceiro Lampião, o maior guerrilheiro das Américas.

Analisa as causas históricas, políticas, sociais e econômicas do cangaceirismo no Nordeste brasileiro, numa época em que cangaceiro era a profissão da moda.

Os fatos são narrados na sequência natural do tempo, muitas vezes dia a dia, semana a semana, mês a mês.

Destaca os principais precursores de Lampião.
Conta a infância e juventude de um típico garoto do sertão chamado Virgulino, filho de almocreve, que as circunstâncias do tempo e do meio empurraram para o cangaço.

Lampião iniciou sua vida de cangaceiro por motivos de vingança, mas com o tempo se tornou um cangaceiro profissional – raposa matreira que durante quase vinte anos, por méritos próprios ou por incompetência dos governos, percorreu as veredas poeirentas das caatingas do Nordeste, ludibriando caçadores de sete Estados. 
O autor aceita e agradece suas críticas, correções, comentários e sugestões:

(71)9240-6736 - 9938-7760 - 8603-6799 

Pedidos via internet:
Mastrângelo (Mazinho), baseado em Aracaju:
Tel.:  (79)9878-5445 - (79)8814-8345

Clique no link abaixo para você acompanhar tantas outras informações sobre o livro.
http://araposadascaatingas.blogspot.com.br

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

A PROPAGANDA DA FÁBRICA DE DELMIRO GOUVEIA EM MOSSORÓ

Por Rostand Medeiros

- Dedicado ao amigo José Mendes Pereira, organizador do site http://blogdomendesemendes.blogspot.com/ e um orgulhoso mossoroense.

Manchete da Morte de Delmiro

Há poucos dias neste “Tok de História”, publiquei uma informação sobre o lançamento do interessante livro “Quem Matou Delmiro Gouveia”, do amigo Gilmar Teixeira Santos, competente historiador baiano (Ver –http://tokdehistoria.wordpress.com/2011/10/26/novo-livro-sobre-delmiro-gouveia-e-a-sua-morte/).


Motivado por este lançamento, andei cascavilhando meus alfarrábios e encontrei em antigas páginas do jornal “O Mossoroense”, de 1917, pouco antes do assassinato de Delmiro Augusto da Cruz Gouveia, a propaganda do seu empreendimento mais famoso, a “Fábrica da Pedra”.
Localizada na Vila da Pedra, atual município de Delmiro Gouveia, as margens do Rio São Francisco, foi aqui que este industrial, nascido em Ipu, Ceará, em 5 de junho de 1863, com sua inigualável visão empresarial, criou o que os estudiosos definem como o primeiro polo industrial do Nordeste brasileiro, através da criação da primeira fábrica voltada para a indústria têxtil em pleno sertão alagoano.

Jornal "O Mossoroense"

Denominada Companhia Agro Fabril Mercantil, iniciou sua produção em junho de 1914. O lugarejo logo prosperou, tendo sido criados o telégrafo, realizada a abertura de 520 quilômetros de estradas para escoar a sua produção, isenção de impostos para a futura fábrica, permissão para captar energia da cachoeira de Paulo Afonso, construção de 200 casas de alvenaria na Vila Operária da Pedra e outros benefícios para seus trabalhadores. Segundo dados existentes, nesta fábrica chegaram a serem produzidos, em 1916, mais de 500.000 carretéis de linhas para costura.

O negócio chegou ao ponto de exportar sua produção para a outras nações, como Argentina, Chile, Peru e Bolívia.

O Rio Grande do Norte teve uma larga participação neste negócio. Se no início Delmiro mportou algodão do Egito como matéria prima, logo estava utilizando o algodão de fibra longa, vindos do nosso Seridó. Já tive oportunidade de ler notícias do embarque de fardos desta malvácea, via navio, em direção a Vila da Pedra.

Propaganda da fábrica da Pedra no Rio Grande do Norte

Nesta relação com nosso estado, chama atenção a divulgação de seus produtos em jornais potiguares, tanto de Natal como de Mossoró.

Nesta última cidade o representante era a firma S. Gurgel, onde a propaganda nos jornais locais da Companhia Agro Fabril Mercantil enaltecia a marca “Estrella”, vendida em território nacional e a marca e “Barrilejo” para o resto da América Latina.

A divulgação era realizada de forma agressiva, onde escancaradamente o produto da Fábrica da Pedra era anunciado como “Melhor que a afamada marca estrangeira Corrente, esta vendida a preços elevadíssimos e a nossa a preços baratíssimos”.

Outro ponto enaltecido era que o carretel de linha estaria por “500 réis ou mais”, se não fosse a fabricação das linhas “Estrella”. Delmiro fazia questão de mostrar o benefício para a população da quebra do monopólio de fabricação de linhas de costura, então um negócio dominado pela fábrica inglesa Machine Cotton, produtora dos carretéis da marca Corrente.

Segundo o site Wikipédia (http://pt.wikipedia.org), a empresa Machine Coats ou Coats Corrente, Coats PLC, ou simplesmente Coats, foi fundada em 1755, na cidade de Paisley, na Escócia, com a fusão das empresas pertencentes aos industriais James Coats e James Clark. Esta é considerada até hoje a maior empresa multinacional de materiais têxteis e de costura para uso doméstico e industrial. Possui mais de 25.000 empregados, com linhas de produção em 65 nações nos cinco continentes e seus produtos são vendidos em mais de 150 países.

No Brasil a Coats se estabeleceu inicialmente em São Paulo, no dia 18 de junho de 1907, no bairro do Ipiranga, com o nome comercial de Linhas Corrente. Atualmente a empresa tem quatro filiais em nosso país.

Não sei se de forma exagerada, ou não, mas a propaganda afirmava que a fábrica da Vila da Pedra empregava “2.000 pessoas”.


A destacada propaganda da Companhia Agro Fabril Mercantil, publicada no jornal “O Mossoroense” de 1917, mostra como a empresa estava atuante no mercado nacional e sua propaganda enaltecia fortemente o seu progresso e um caráter tipicamente nacionalista, muito comum naquela época.

Mas naquele mesmo ano, como mostra o livro “Quem Matou Delmiro Gouveia”, do amigo Gilmar Teixeira Santos, o preogressista industrial foi brutalmente assassinado. Consta que por pressão da Machine Coats, os herdeiros de Delmiro venderam a fábrica à esta  empresa inglesa. Em uma atitude típica de capitalistas detentores de monopólios e com espirito tipicamente de colonizadores, os ingleses mandaram destruir as máquinas de Delmiro, demolir os prédios, e lançar tudo no Rio São Francisco, buscando apagar uma incômoda concorrência e retirar da memória local qualquer ideia de empreendedorismo.

Em minha opinião, apesar de tudo que aconteceu, Delmiro Gouveia não possui o merecido reconhecimento quando o assunto é a história do Nordeste brasileiro.

Autor – Rostand Medeiros

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Rostand Medeiros é historiógrafo,pesquisador do cangaço, sócio da SBEC - Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço e administrador do blog: http://tokdehistoria.com.br/2011/11/01/a-propaganda-da-fabrica-de-delmiro-gouveia-em-mossoro/


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“O GLOBO” – 26/06/1957 - PARTE III

Material do acervo de Antonio Corrêa Sobrinho

LUIZ PEDRO, SUPERIOR A LAMPIÃO

A janela, a pedido de um amigo comum, se fecha. Oferecemos um copo de água mineral ao entrevistado e ele recusa: “Por ora, não”. Em sequência, entrando propriamente no objeto da reportagem garante:

- Homem, o bandido que criou nome foi Lampião, mas no grupo dele havia estrategistas mais hábeis, como Luiz Pedro, que também era mais valente e mais esperto do que o chefe.

O coronel João Bezerra percebe o nosso espanto e adita:

- Todavia, lampião também era um cabra valente da peste.

DETALHES INÉDITOS SOBRE O FIM DO BANDOLEIRO

O repórter solicita ao coronel João Bezerra que focalize a morte do famigerado Virgulino Ferreira, comissionado como capitão por decreto do Governo Bernardes. O entrevistado parece comprazer-se com a solicitação:

- Está certo: vou devassar para vocês passagens que nunca pude devassar sobre os meus passos para chegar a Lampião.

E, segurando o braço do repórter:

- Reconstituirei a verdade histórica, que alguns tentam vulnerar.

PROCURANDO LOCALIZAR A “GANG”

O coronel João Bezerra, ereto na cadeira e policiando todas as anotações do repórter, reconta, então, desde o seu início, a caçada que, desencadeando-se na hinterlândia das Alagoas e de Pernambuco, mobilizou a atenção nacional. Seu tom de voz, agora, torna-se mais duro:

- Fortemente apoiado pelas autoridades, comecei por efetuar sindicâncias para a localização do grupo. Numa diligência que eu fizera, quando eles passaram no município de Palmeira dos Índios, eu soube que ali haviam tiroteado com o sargento Porfírio, em Creibeiras. Eu me achava em Olho d’Água das Flores, de ordem superior, por acreditarmos que eles procurariam aquele centro. Encontrava-me, dessarte, na boca da barra, mas lá eles não compareceram.

REMUNICIANDO O CONTINGENTE

Deduzimos que a primeira tentativa fora frustrada. E o coronel João Bezerra, ajeitando o laço da gravata, sem maior convicção:

- Homem, cangaceiro, como mosca, a gente não derruba com o primeiro tapa.

E continuou:

- Somente depois do tiroteio, já mencionado, entre os facínoras e a Força Pública, ocasião em que, confirmando o adágio, entre mortos e feridos se salvaram todos, segui para Santana de Ipanema, em caminhão, onde apanhei munição suficiente para reabastecer a tropa, que demandaria o homizio dos cangaceiros. Chegando a um povoado de nome Tiririca, embosquei casas de caboclos – alguns prisioneiros do grupo – e, às 8 horas do dia seguinte, eu os peguei, assombrados, obrigando-os a orientar a tropa até o sítio onde haviam deixado o grupo, que era nas caatingas fechadas, onde havia numerosas macambiras.

LAMPIÃO DA TAPA EM LUGAR DE ESMOLA

- Lobrigando algumas macambiras com folhas quebradas, interroguei um ex-prisioneiro do bando. Ele me asseverou que fora ele que ali caíra. Ao pedir uma esmola a Virgulino Ferreira, deste recebeu violento tapa, projetando-o ao solo. Dispensei o prisioneiro, porquanto já levantara todos os vestígios da passagem dos delinquentes, e ative-me aos seus rastros durante doze dias, perdendo-os nas caatingas de Guaribas, perto da vila de São Domingos, município de Buíque, Pernambuco.

MAIS DE DUZENTOS QUILÔMETROS ENTRE ESPINHOS

A um quesito do repórter, o entrevistado esclarece:

- Cumpri, aproximadamente, nesse percurso, quarenta léguas, com as voltas e revoltas da caatinga. Eis os lugares que me lembro de ter percorrido, na pista dos cangaceiros, nessa viagem: Lagoa do jirau, Riacho do Mel, Riacho de Traipu, Serra dos Tocos, Poço do Cosme, Lagoa da Camiso, Serra do Uruçu, Serra das Antas, Currais Novos, Serra de São Pedro, Sete Lagoas, Uamaro. Saí de lá emplastrado de espinhos.
DESENHA-SE O DESÂNIMO

- Em face do escondimento dos rastros dos criminosos, verifiquei que eles se iam acampar ocultamente, porém já na proteção de alguém, no povoado. Distante cerca de quinhentas braças do local, escolhi entre os 95 homens 20 soldados dos mais carrancudos – que mais facilmente se poderiam assemelhar com os marginais – para poder fazer investigações diretas. Percebendo que nas maiores casas de negócios havia um aspecto de indignação, abordei um comerciante sobre a existência ou passagem de cangaceiros por ali. Ele redarguiu que ignorava totalmente o fato. Sondei os demais, mas nenhuma informação obtive a respeito. Meu ato subsequente foi retornar ao seio da tropa, no acampamento. Um leve desânimo desenhou-se em mau espírito.

ABATE DE BODES CRIA UMA PISTA

- Chegando ao acantonamento, vi que já haviam abatido quinze bodes. Inquirindo de quem era a criação, responderam-me que parecia ser do subdelegado local. Mandei chamá-lo, apresentando-se ele imediatamente para cobrar a despesa. Fê-lo, porém, a preço exorbitante. Chamei-lhe a atenção, frisando que não deveria deslembrar-se do convênio sobre o custo de gado e de bode para tropas volantes. Ele concordou e eu ainda o interpelei com certo rigor, acentuando que quem não era amigo dos soldados passava a sê-lo dos cangaceiros.

CONTINUA...

“O GLOBO” – 26/06/1957 

Fonte: facebook
Página: Antonio Corrêa Sobrinho

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MEMÓRIAS DE BALÃO, UM VELHO CANGACEIRO


Publicado pela Revista Realidade em 1973.

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