... Os
pesquisadores/historiadores, com seu ‘faro’ descobridor, terminam por verem,
notarem, que muito das peças expostas em museus, não fizeram parte da tralha do
cangaceiro mor.
“(...) Na
época, nenhuma desconfiança foi levantada por alguém quanto a uma possível
farsa relacionada aos pertences de Lampião. Mas passaram-se os anos e,
pesquisadores mais atentos tiveram sua atenção voltada para o mosquetão que
fora apresentado em 1938 como sendo o de Lampião. Frederico Pernambucano de
Mello foi um desses pesquisadores, e, afirma em seu livro lançado em 1993,
“Quem foi Lampião”, na página 107, ser falso o mosquetão que ora repousa
naquele Instituto (Instituto Geográfico e Histórico de Maceió)(...).” (“LAMPIÃO
– SUA MORTE PASSADA A LIMPO” – BASSETTI, José Sabino. e
MEGALE, Carlos César de Miranda. 1ª edição. 2011)
A partir do
momento, ou do descobrimento, da falsa arma, os olhos e sentidos dos
pesquisadores se aguçam mais detalhadamente nesse rumo. O mosquetão usado por
Lampião era modelo do ano de 1922, e a imagem do que aparece sendo sua arma,
desde a foto das escadas da Prefeitura, em Piranhas, AL, seria modelo 1908.
Para leigos no assunto, a coisa passaria despercebida, porém, há dentre os
pesquisadores, verdadeiros experts em identificação de armas. E vejam só onde
está a diferença:
“(...) vemos
na frente da cabeça de Lampião, um mosquetão sem a presilha dupla no cano, peça
encontrada somente no modelo 1908. O modelo 1922 de fabricação belga possui
presilha única, mais estreita e braçadeira. Até mesmo os enfeites da bandoleira
do mosquetão da foto tirada em Piranhas, são diferentes dos que aparecem na
foto do livro “Bandoleiros das Caatingas” e que foi entregue a Melchiadas da
Rocha para ser exposto no Rio de Janeiro (...).” (Ob. Ct.)
Uma testemunha
ocular, que com Lampião conviveu, andou, lutou e quase morreu junto ao mesmo,
no dia do ataque em Angico, em meados de 1938, foi o senhor Manoel Dantas
Loyola, no cangaço tinha a alcunha de Candeeiro, que após ter cumprido sua pena
passou a morar em sua terra natal no município de Buique, PE, relatando ao
pesquisador José Sabino Bassetti que o “Rei Vesgo”, usava um mosquetão de
modelo 1922.
“(...) O ex
cangaceiro Candeeiro afirmou que havia poucas armas deste tipo entre os grupos
e que, Lampião realmente possuía um mosquetão modelo 1922 com a madeira da
coronha em tonalidade clara (...).” (Ob. Ct.)
No discorrer
dos acontecimentos descritos, segundo a obra literária pesquisada, encontramos
uma citação, retirada do livro “Quem foi Lampião”, de autoria do sociólogo,
pesquisador/historiador Frederico Pernambucano de Mello, onde o mesmo afirma
ter comprado objetos que pertenciam a Lampião.
“(...) No mesmo livro e na mesma página 107, Frederico Pernambucano de Mello
informa que além da família de João Bezerra, comprou também da família de
Teodoreto Camargo do Nascimento, joias que pertenceram a Lampião. Vejamos o que
diz:
“Parte das joias, antigos acervos dos comandantes volantes João Bezerra e
Teodoreto Camargo do Nascimento, compõem hoje a Coleção Frederico Pernambucano
de Mello, destinada a servir de base ao futuro Museu do Cangaço do Nordeste.
Dela fazem parte ainda lenços de pescoço, cartucheiras, lapiseira, algemas e
alpercatas de Lampião”.
O autor de “Quem foi Lampião” comprou da família de João Bezerra, o lenço de
pescoço que o Rei do Cangaço usava na hora da morte, joias, bornais, um par de
alpercatas e também os mosquetões que pertenceram aos cangaceiros Quinta-Feira
e Sabonete.
Cangaceiro Luiz Pedro
Da família de Teodoreto Camargo do Nascimento, adquiriu o punhal
que pertenceu a Luiz Pedro, um vestido de Maria Bonita, um lenço de pescoço de
lampião, além de joias (...).” (Ob. Ct.)
O ataque aos
cangaceiros no coito do riacho Angico foi pela manhã do dia 28 de julho, uma
quinta-feira, de 1938. Nessa mesma manhã, foram levadas as cabeças e os
espólios dos cangaceiros abatidos, mais o corpo da única baixa militar que teve
no ataque, o corpo do soldado Adrião, para a cidade de Piranhas, AL.
Após serem as
cabeças devidamente colocadas nos degraus da escada da Prefeitura, junto aos
aparatos ‘arrumados’, não sabemos informar, pois não encontramos, ainda, o
local onde passaram a noite daquele dia. Só na manhã do dia seguinte, 29 de
julho daquele ano, uma sexta-feira, ao romper da aurora, é que chega a
Piranhas, AL, o comandante do II Batalhão que ficava em Santana do Ipanema, AL,
coronel José Lucena de Albuquerque. O mesmo segue em caminhão com o cortejo
macabro em direção a Pedra de Delmiro, de lá, após outras paradas breves nas
cidades, vilas ou povoados na estrada, chegam ao seu destino primeiro onde o
esperava o Comandante Geral da Polícia Militar de Alagoas, coronel Teodoreto
Camargo do Nascimento.
Naquela
cidade, Santana do Ipanema, na sede do II Batalhão, os comandantes, segundo os
autores da obra pesquisada, fizeram um ‘conselho de guerra’ com determinação da
‘partilha’ daquilo que fora encontrado no acampamento dos cangaceiros.
“(...) Foi aí que João Bezerra expôs aos dois comandantes a totalidade, ou quem
sabe até, parte de tudo que conseguiu arrecadar em Angico (...).” (Ob. Ct.)
Pelo que
notamos após a narração dos pesquisadores, o montante em joias e dinheiro não
fora pouco.
Havia, naquele tempo, um fazendeiro, grande latifundiário que era um dos
maiores colaboradores de Lampião, Audálio Tenório de Albuquerque, que era primo
do coronel José Lucena. E é das mãos do primo do comandante do II Batalhão que
vemos surgir outros objetos que pertenceram ao cangaceiro mor. Esse primo do
coronel Lucena, certa feita vai a capital pernambucana a fim de consultar um
oftalmologista, Dr° Isaac, afim de saber qual medicação daria, ou faria em, a
Virgolino Ferreira, pois o mesmo estava enfermo da vista esquerda, única que
tinha. A consulta e o tratamento tiveram bons resultados.
“(...) O ex
militar José Panta de Godoy afirma que o Tenente Coronel José Lucena “não quis
ficar com nenhum objeto que tenha pertencido aos cangaceiros”, mas, quanto ao dinheiro
nada comentou. Não disse como soube deste fato, mas, acertou quando afirmou que
houve uma divisão do butim entre os comandantes. Na verdade, o coronel Lucena
ficou com alguns objetos que foram depois repassados ao amigo e primo Audálio
Tenório de Albuquerque e, hoje, também pertencem a coleção de Frederico
Pernambucano de Mello (...).” (Ob. Ct.)
O cangaceiro,
mistificado, produzido e aparentado por Lampião, diferenciava-se daqueles que
os antecederam. Suas vestimentas não eram para camuflarem-se, pelo contrário,
havia uma necessidade de mostrar-se, aparecer e ser visto pelas pessoas,
exibindo-se mesmo. Com isso, muitas foram às pessoas que viram as peças
artesanais, moedas e enfeites de algum metal precioso servindo de adorno para
testeiras, barbicachos e bandoleiras das armas longas assim como o belo
trabalho nos cabos dos punhais, facões e peixeiras.
O tenente que
comandou o ataque aos cangaceiros na grota do riacho Angico, o pernambucano
João Bezerra, não negou nem escondeu que tinha em seu poder os objetos que
outrora pertencera a Lampião e seu bando. No entanto, sempre discordou, quando
citavam que tivesse ficado com algum montante em contos e mil réis.
Já o comandante Ferreira de Melo, deu entrevista citando sobre o assunto...
CONTINUA...
Fonte: facebook
Página: Sálvio Siqueira
Grupo: Ofício das Espingardas
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