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segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

ESPÓLIOS DE LAMPIÃO (Parte II)


... Os pesquisadores/historiadores, com seu ‘faro’ descobridor, terminam por verem, notarem, que muito das peças expostas em museus, não fizeram parte da tralha do cangaceiro mor.

“(...) Na época, nenhuma desconfiança foi levantada por alguém quanto a uma possível farsa relacionada aos pertences de Lampião. Mas passaram-se os anos e, pesquisadores mais atentos tiveram sua atenção voltada para o mosquetão que fora apresentado em 1938 como sendo o de Lampião. Frederico Pernambucano de Mello foi um desses pesquisadores, e, afirma em seu livro lançado em 1993, “Quem foi Lampião”, na página 107, ser falso o mosquetão que ora repousa naquele Instituto (Instituto Geográfico e Histórico de Maceió)(...).” (“LAMPIÃO – SUA MORTE PASSADA A LIMPO” – BASSETTI, José Sabino. e MEGALE, Carlos César de Miranda. 1ª edição. 2011)

A partir do momento, ou do descobrimento, da falsa arma, os olhos e sentidos dos pesquisadores se aguçam mais detalhadamente nesse rumo. O mosquetão usado por Lampião era modelo do ano de 1922, e a imagem do que aparece sendo sua arma, desde a foto das escadas da Prefeitura, em Piranhas, AL, seria modelo 1908. Para leigos no assunto, a coisa passaria despercebida, porém, há dentre os pesquisadores, verdadeiros experts em identificação de armas. E vejam só onde está a diferença:


“(...) vemos na frente da cabeça de Lampião, um mosquetão sem a presilha dupla no cano, peça encontrada somente no modelo 1908. O modelo 1922 de fabricação belga possui presilha única, mais estreita e braçadeira. Até mesmo os enfeites da bandoleira do mosquetão da foto tirada em Piranhas, são diferentes dos que aparecem na foto do livro “Bandoleiros das Caatingas” e que foi entregue a Melchiadas da Rocha para ser exposto no Rio de Janeiro (...).” (Ob. Ct.)

Uma testemunha ocular, que com Lampião conviveu, andou, lutou e quase morreu junto ao mesmo, no dia do ataque em Angico, em meados de 1938, foi o senhor Manoel Dantas Loyola, no cangaço tinha a alcunha de Candeeiro, que após ter cumprido sua pena passou a morar em sua terra natal no município de Buique, PE, relatando ao pesquisador José Sabino Bassetti que o “Rei Vesgo”, usava um mosquetão de modelo 1922.

“(...) O ex cangaceiro Candeeiro afirmou que havia poucas armas deste tipo entre os grupos e que, Lampião realmente possuía um mosquetão modelo 1922 com a madeira da coronha em tonalidade clara (...).” (Ob. Ct.)

No discorrer dos acontecimentos descritos, segundo a obra literária pesquisada, encontramos uma citação, retirada do livro “Quem foi Lampião”, de autoria do sociólogo, pesquisador/historiador Frederico Pernambucano de Mello, onde o mesmo afirma ter comprado objetos que pertenciam a Lampião.

“(...) No mesmo livro e na mesma página 107, Frederico Pernambucano de Mello informa que além da família de João Bezerra, comprou também da família de Teodoreto Camargo do Nascimento, joias que pertenceram a Lampião. Vejamos o que diz:

“Parte das joias, antigos acervos dos comandantes volantes João Bezerra e Teodoreto Camargo do Nascimento, compõem hoje a Coleção Frederico Pernambucano de Mello, destinada a servir de base ao futuro Museu do Cangaço do Nordeste. Dela fazem parte ainda lenços de pescoço, cartucheiras, lapiseira, algemas e alpercatas de Lampião”.

O autor de “Quem foi Lampião” comprou da família de João Bezerra, o lenço de pescoço que o Rei do Cangaço usava na hora da morte, joias, bornais, um par de alpercatas e também os mosquetões que pertenceram aos cangaceiros Quinta-Feira e Sabonete. 

Cangaceiro Luiz Pedro

Da família de Teodoreto Camargo do Nascimento, adquiriu o punhal que pertenceu a Luiz Pedro, um vestido de Maria Bonita, um lenço de pescoço de lampião, além de joias (...).” (Ob. Ct.)


O ataque aos cangaceiros no coito do riacho Angico foi pela manhã do dia 28 de julho, uma quinta-feira, de 1938. Nessa mesma manhã, foram levadas as cabeças e os espólios dos cangaceiros abatidos, mais o corpo da única baixa militar que teve no ataque, o corpo do soldado Adrião, para a cidade de Piranhas, AL.

Após serem as cabeças devidamente colocadas nos degraus da escada da Prefeitura, junto aos aparatos ‘arrumados’, não sabemos informar, pois não encontramos, ainda, o local onde passaram a noite daquele dia. Só na manhã do dia seguinte, 29 de julho daquele ano, uma sexta-feira, ao romper da aurora, é que chega a Piranhas, AL, o comandante do II Batalhão que ficava em Santana do Ipanema, AL, coronel José Lucena de Albuquerque. O mesmo segue em caminhão com o cortejo macabro em direção a Pedra de Delmiro, de lá, após outras paradas breves nas cidades, vilas ou povoados na estrada, chegam ao seu destino primeiro onde o esperava o Comandante Geral da Polícia Militar de Alagoas, coronel Teodoreto Camargo do Nascimento.

Naquela cidade, Santana do Ipanema, na sede do II Batalhão, os comandantes, segundo os autores da obra pesquisada, fizeram um ‘conselho de guerra’ com determinação da ‘partilha’ daquilo que fora encontrado no acampamento dos cangaceiros. 

“(...) Foi aí que João Bezerra expôs aos dois comandantes a totalidade, ou quem sabe até, parte de tudo que conseguiu arrecadar em Angico (...).” (Ob. Ct.)

Pelo que notamos após a narração dos pesquisadores, o montante em joias e dinheiro não fora pouco. 

Havia, naquele tempo, um fazendeiro, grande latifundiário que era um dos maiores colaboradores de Lampião, Audálio Tenório de Albuquerque, que era primo do coronel José Lucena. E é das mãos do primo do comandante do II Batalhão que vemos surgir outros objetos que pertenceram ao cangaceiro mor. Esse primo do coronel Lucena, certa feita vai a capital pernambucana a fim de consultar um oftalmologista, Dr° Isaac, afim de saber qual medicação daria, ou faria em, a Virgolino Ferreira, pois o mesmo estava enfermo da vista esquerda, única que tinha. A consulta e o tratamento tiveram bons resultados.

“(...) O ex militar José Panta de Godoy afirma que o Tenente Coronel José Lucena “não quis ficar com nenhum objeto que tenha pertencido aos cangaceiros”, mas, quanto ao dinheiro nada comentou. Não disse como soube deste fato, mas, acertou quando afirmou que houve uma divisão do butim entre os comandantes. Na verdade, o coronel Lucena ficou com alguns objetos que foram depois repassados ao amigo e primo Audálio Tenório de Albuquerque e, hoje, também pertencem a coleção de Frederico Pernambucano de Mello (...).” (Ob. Ct.)

O cangaceiro, mistificado, produzido e aparentado por Lampião, diferenciava-se daqueles que os antecederam. Suas vestimentas não eram para camuflarem-se, pelo contrário, havia uma necessidade de mostrar-se, aparecer e ser visto pelas pessoas, exibindo-se mesmo. Com isso, muitas foram às pessoas que viram as peças artesanais, moedas e enfeites de algum metal precioso servindo de adorno para testeiras, barbicachos e bandoleiras das armas longas assim como o belo trabalho nos cabos dos punhais, facões e peixeiras.

O tenente que comandou o ataque aos cangaceiros na grota do riacho Angico, o pernambucano João Bezerra, não negou nem escondeu que tinha em seu poder os objetos que outrora pertencera a Lampião e seu bando. No entanto, sempre discordou, quando citavam que tivesse ficado com algum montante em contos e mil réis.

Já o comandante Ferreira de Melo, deu entrevista citando sobre o assunto...

CONTINUA...
Foto Benjamin Abrahão
Cangaçanabahia.com
Ob. Ct.
PS// FOTOS COLORIZADAS, DIGITALMENTE, PELO AMIGO Rubens Antonio.

Fonte: facebook
Página: Sálvio Siqueira
Grupo: Ofício das Espingardas

https://www.facebook.com/groups/545584095605711/?fref=ts

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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