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segunda-feira, 18 de novembro de 2024

O CALUNGA

 Clerisvaldo b. Chagas, 18 de novembro de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3. 147

CAMINHÃO FORD ANTIGO.

Após o carro de boi que carregou esse Brasil pesado em sua mesa, surgiu o caminhão que entrava pelas trilhas alargadas pelo carro de boi e chorava na rampa de terrenos brutos. O motorista, na época chamado chofer, precisava entender um pouco de motor para eventuais problemas pelos esquisitos caminhos. Tinha prestígio sim, por todos os lugares aonde rodava. Mas, o que chamava atenção mesmo era o seu inseparável ajudante, chamado pelo próprio chofer e pelo povo de “calunga”. O calunga servia para carregar nas costas as mercadorias do caminhão, carregar e descarregar, era essa a função principal.  Mas também servia para colocar o cepo na roda traseira do veículo quando este parava nas ladeiras. Cepo de madeira com três quinas e um cabo que evitava uma possível pulada de marcha e uma descida surpresa com prováveis acidentes.

Pois bem, no meu romance” Fazenda Lajeado”, apresentamos uma cena em que um caminhão carregado de couros e peles é parado por cangaceiros perto de Pão de Açúcar. O episódio é muito forte e realista. É ali onde se vê a frieza do chofer e o pavor do calunga. Mas isso o leitor viverá quando adquirir Fazenda Lajeado que ainda não foi lançado oficialmente. E por falar nisso, quem conheceu em Santana o famosos Miguel Mão-de-onça, tem dele o relato da falta de um calunga quando fora pegar uma carga no estado do Maranhão. Nenhum dos presentes quis ajudá-lo a carregar o caminhão e ele teve que sozinho, fazer às vezes de calunga. Amaldiçoava o lugar chamando aquele povo de preguiçoso. Mas... Isso era opinião dele.

Atualmente, meus prezados e prezadas, um caminhão, por mais simples que seja, só falta falar de tanta tecnologia. Mesmo assim, o atrativo, a sedução pela máquina do momento, continua dentro dos que acham romântico um caminhão na estrada. E como tem gente pelos quatro cantos desse Brasil, a figura musculosa do calunga perdeu o passo do progresso e sumiu. Como já estão colocando asas nos automóveis, não duvidamos de futuras asas em caminhões para que eles pareçam nos ares com besouro mangangá. Assim o tempo vai acabando profissões antigas e modernas e apontando novas que você jamais ouviu falar. Mas, depois do sumiço do calunga será que vai na mesma trilha, o chofer, o motorista?

Como estamos viajando no tempo, logo, logo descobriremos. De calunga ao Século XXII.



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DOCUMENTÁRIO DE DENTRO DO BANDO - O DIÁRIO DO CORONEL ANTÔNIO GURGEL

 Por Ivanaldo Fernandes

https://www.youtube.com/watch?v=e1YEElbwq9w

Excelente Vídeo sobre a INVASÃO DE MOSSORÓ pelo Grupo de Lampião...

Confira...!

O documentário "De Dentro do Bando" aborda o cangaço no Nordeste do Brasil, com foco em Lampião e os eventos relacionados com a cidade de Mossoró-RN em 1927. Destaca a importância do Diário do Coronel Antônio Gurgel como um dos registros históricos mais relevantes sobre o cangaço. O documento é considerado fundamental por especialistas e historiadores para o estudo desse período, fornecendo detalhes cruciais sobre o cangaço. A publicação do diário em jornais em 1930 permitiu que a sociedade tivesse acesso a informações detalhadas sobre a vida dos cangaceiros e os eventos ocorridos durante o sequestro. São apresentados trechos do diário, entrevistas e descrições dos momentos vividos durante o período de cativeiro pelo Coronel Antônio Gurgel. A narrativa revela a complexidade do cangaço como movimento social armado e a luta pela sobrevivência em meio a conflitos e adversidades. Quase 100 anos depois, muitas questões ainda precisam ser esclarecidas. De Dentro do Bando revistou os lugares e a literatura, conversou com especialistas e reconta essa história. Confira. Roteiro: Ivanaldo Fernandes Revisão Ortográfica: Monalisa Cardoso Adaptação de Roteiro: Rodolfo Amorim Fernandes Direção: Ivanaldo Fernandes Direção de Fotografia: Pacífico Medeiros Produção: Emanuel Castro Diretor de animação: Klauss Victor Storyboard: Klauss Victor Sequências de animação: Klauss Victor Investigação e Pesquisa Histórica: Ivanaldo Fernandes Consultoria e revisão histórica: Kydelmir Dantas Geraldo Maia Apresentação/Narração: Clara Jordany Narração/Antônio Gurgel: Erisberto Rêgo Intérprete de Libras Rafaele Ramona Rodrigues de Oliveira Captação e produção de Imagens: Canal 2 Produções Ronildo Medeiros Edição: Canal 2 Produções Vinicius Marinho Direção de Arte: Ivanaldo Fernandes Assistente de Direção de Arte: Maria Eduarda Amorim Fernandes Direção de Marketing: Ana Cláudia Barbalho Assessoria de Imprensa: Monalisa Cardoso Kauany Sousa Música: Letra: Lalauzinho de Lalau Ivanaldo Fernandes Intérprete: Lalauzinho de Lalau Maestro: Helan Cunha Sonorização, mixagem e masterização: Sonora Pró Music Cenografia: Ivanaldo Fernandes Entrevistas Aderbal Nogueira Kydelmir Dantas Cicinato Ferreira Geraldo Maia Lemuel Rodrigues Marcílio Lima Robério Santos Agradecimentos Casa de Cultura de Pau dos Ferros Museu Histórico Municipal Jornalista Lauro da Escóssia Universidade do Estado do Rio Grande do Norte Erineide Contabilidade Academia Limoeirense de Letras Dimensão Engenharia Ltda Sociedade Amigos da Pinacoteca Potiguar - SAPP Realizado com recursos da Lei Paulo Gustavo. Operacionalização: Secretaria Municipal de Cultura – Prefeitura Municipal de Mossoró Execução: Escambau – Coletivo de Ideias Realização: SmartWeb Comunicação Integrada Ltda

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CAPITÃO FELIPE CASTRO, O HUMANISTA.

Por Moisés Reis

Enquanto José Osório de Farias, o Zé Rufino, era um autêntico caçador, um guerreiro das caatingas acostumado a combater violência com violência, o capitão Felipe Borges de Castro, se notabilizou pelo seu viés humanitário.

Estudioso do tema cangaço e do sertão enquanto palco principal do fenômeno, o Capitão Felipe, como era conhecido, chegou a propor abordagens de não-violência como ferramenta de combate ao cangaço.

Em relatório enviado ao comando, chegou a afirmar:

[...] dos estudos feitos por esse comando, no distrito de Bebedouro, município de Geremoabo, quando de sua viagem daquela zona, resulta falar com segurança acerca do abandono que se encontrava, aquela terra, a infância cujo vida estar condicionada aos horrores do Cangaço criminoso. Não há escolas, nem oficinas, nem arados. Ali, só o bacamarte, conduzido por mãos assassinas, doutrinado exemplifica. IV a escola, para o cujo funcionamento despende o governo certa importância, vive fechada. V – o passatempo favorito das crianças naquela zona, é imitar os cangaceiros nas vestes, nas artes. Merece lembrado um fato há bem pouco tempo ocorrido, em Geremoabo, cujo desfecho fatal, tivemos de lamentar e até agora consterna os corações daquela gente; brincavam Raimundo e Miguel, quando este fingindo-se bandido empunho uma arma encontrada sobre a mesa de jantar, da sua casa de sua residência, e dispara-a, inocentemente, contra o seu companheiro. Eis senão quando, o infeliz moço, estarrecido pela brutal surpresa, ouve ao deflagrar inesperado da arma, o aterrador estampido e, em seguida, vê, diante de si, tombar sem vida, ao solo, o seu amigo e vítima. Sequência senão deste, mas de outros fatos criminosos se tem verificado em Bebedouro, como produto natural do meio. VI – finamente, senhor comandante, para que se tenha, de passagem, uma leve impressão do que seja Bebedouro, atualmente, basta, sabe-lo fornecedor de vinte e dois bandidos cujos nomes vão na relação anexa. VII – saúde e fraternidade. (Ass.) Capitão Felipe Borges de Castro – comandante. (P. 276, 1940).

Esse oficial, chegou a sugerir aos superiores que criassem instituições de correção, onde os sertanejos flagrados em algum envolvimento com cangaceiros, pudessem receber apoio do estado, formação profissional e ser redirecionados para o bom convívio em sociedade, mas suas ideias foram taxadas de utópicas.

O Capitão Felipe Castro, teve importante papel nas entregas do bando de Labareda em 1940, quando, ao lado do Monsenhor José de Magalhães e Souza, conseguiu negociar com o arisco Ângelo Roque e seu bando, ação que resultou na rendição desses. Chegou a tentar, ainda na companhia do mesmo religioso, negociar a rendição de Corisco, mas sem êxito.

Relutante em se entregar, Corisco fez pouco caso dos métodos pacíficos do Capitão Felipe e conheceria a brutalidade dos métodos de Zé Rufino meses depois.

https://www.facebook.com/photo/?fbid=9169655913047479&set=a.584309154915574

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NAZARÉ E O CANTO DO ACAUÃ #NAZARENOS #CANGAÇO #LAMPIÃO.

Por Aderbal Nogueira

Entrevista em Nazaré, declarada? então, Museu a Céu Aberto. Com várias homenagens aos integrantes das Forças Volantes da PMPE que residiram naquela localidade, inclusive o Cel Manoel de Souza Ferraz, que foi comandante geral das FCCB - Forças de Combate Contra o Banditismo sediadas em Jeremoabo- Bahia.

https://www.youtube.com/watch?v=4TDMtHVxXZY

Um bate-papo com a pesquisadora Marilourdes Ferraz sobre Nazaré, o seu livro O Canto do Acauã e também sobre a realização de seu filme gravado em 1969 com os nazarenos que combateram o cangaço. Para participar da Expedição Rota do Cangaço entre em contato pelo e-mail: narotadocangaco@gmail.com Seja membro deste canal e ganhe benefícios:    / @cangacoaderbalnogueira   Parcerias: narotadocangaco@gmail.com

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CANTORES...

 Volta Seca

Sérgio Reis, Dominguinhos e Luiz Gonzaga - 1985

Música: Baião da Garoa - 1987

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RAUL SEIXAS

  Por José Mendes Pereira


Este grande artista se foi cedo para a casa do Senhor. Seu maravilhoso trabalho ficou gravado em nossas mentes. Tão cedo não desaparecerá. Todos os brasileiros, de Norte a Sul, e de Leste a Oeste são seus fãs. Que bom que você ainda estivesse aqui no nosso meio, Raul Seixas! 

Canta Raul Seixas, e um bom dia por onde você estiver!


Clique neste link e conheça Raul Seixas de cabo a rabo.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Krig-ha,_Bandolo!

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QUALIDADE DE PAI.

 Autor: José Di Rosa Maria

1
Ser pai é ser cuidadoso,
Carinhoso e paciente,
Trabalhador e honesto,
Respeitador e prudente,
Exemplo de cidadão,
Dono de casa excelente,
Pra gente sentir orgulho
Do pai que cuida da gente.
2
Na minha compreensão
Pai nota dez é àquele...
Que sente o sofrer do filho
No fundo da alma dele...
Que faz parecer que a dor
É transferida por ele,
Do lugar que dói no filho
Pra ficar doendo nele.
3
O bom pai se preocupa
Quando preso o filho vai,
É nosso pai que nos ergue
Na hora que a gente cai,
Quem se diz amigo, foge,
Só o nosso pai não sai;
Depois de Deus, o altíssimo
Nosso deus é nosso pai!
4
O nome pai tem três letras
Que a gente nunca esquece,
Um pai cem por cento bom,
Todo bom filho merece...
Feliz de quem tem o seu
Que com saúde envelhece,
É abençoado o filho
Que o ama e agradece.
5
Meu pai para mim foi tudo
Na terra, enquanto viveu,
Seu nome ficou gravado
Por Deus no coração meu...
Nunca vou me esquecer
Do herói que Deus me deu,
Em nome dele, eu desejo
Vida longa para o seu.
Feliz dia dos pais: Isaias, Itamar & Taumaturgo.
Que Deus abençoe vocês abundantemente.


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ANGICO ESMIUÇADO

 Por Aderbal Nogueira 

https://www.youtube.com/watch?v=tVMwH1G-HS0&t=639s

Quer ajudar nosso canal? Nossa chave Pix é o e-mail: narotadocangaco@gmail.com Esse vídeo havia sido postado em 3 partes.
Hoje estou postando na íntegra para aqueles que ainda não assistiram e também para ver os comentários dos amigos, pois Angico é sempre motivo de bons debates.
Nesse vídeo faço um Raio-X baseado em minhas pesquisas, o que não quer dizer que seja o que realmente aconteceu, mas é no que acredito. Saudações a todos e tamo junto pela história.

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ESCRITORA AGLAE

  Por Guilherme Velame Wenzinger

Aglae Lima de Oliveira e Vicente Marinho, ex-cangaceiro Pássaro Preto. Carolina(MA), Março de 1975.

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COISAS INTERESSANTES

 Por Cidcley Jamaica

Um bloco de ouro puro pesa cerca de 110 kg. Não há nenhum bloco de ouro tão pesado quanto este na Terra...

Este entrelaçado e embutido muito preciso com turquesa, ágata e todas as pedras preciosas não tem paralelo no planeta...

Nenhum destes milhares de pequenos pedaços de pedras preciosas caiu apesar de permanecer no subsolo em um deserto muito quente por cerca de 3.500 anos...

Esta magnificência, precisão fabulosa e beleza milagrosa não se repetiu em todas as civilizações humanas...

Agora não é possível criar algo assim, por mais moderno que sejam os equipamentos que usam.

Este é o auge do milagre humano e o auge da habilidade manual desde que o primeiro homem pisou a Terra.

 https://www.facebook.com/groups/545584095605711/?multi_permalinks=2840064916157606&notif_id=1725576506945086&notif_t=group_activity&ref=notif

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ANGICO

 Por Aderbal Nogueira

https://www.youtube.com/watch?v=c5nxaMHADJk&t=1047s

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Vídeo documentário dos 80 anos da morte de Lampião - Combate de Angico

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A SAUDADE QUE FICA DO CAIPIRA DE POÇO REDONDO

 Por Archimedes Marques

Escritores - Dr. Archimedes Marques, Alcino Alves Costa e Elane Marques, esposa do Dr. Archimedes 

Você deixou tudo a tua cara
Só pra deixar tudo
Com cara de saudade. (Alice Ruiz)

O que chamamos de morte e que na verdade é apenas o desencarne, o fim da vida terrena, é um caminho inevitável. Temos todos, um dia ou outro, hoje ou amanhã, próximo ou mais demorado, de uma forma ou de outra, que viver isso. Não porque é uma fatalidade do destino, mas porque faz parte da vida desde que a nossa vida se faz vida. Mas o que sempre esperamos, torcemos e pedimos ao Criador é que os bons, aquelas pessoas ILUMINADAS que só fazem o bem ao seu semelhante durem mais tempo, sobrevivendo aos maus.

Assim cada um de nós vive, mesmo se de maneira dolorosa igual, de um jeito diferente as diferentes perdas pelas quais temos que atravessar, embora saibamos muito bem que dessas perdas ficam os seus exemplos, positivos ou negativos.

E mesmo quando o tempo consegue aplacar essa dor, estancar esse dissabor, sempre fica dentro da gente aquele sentimento indecifrável de vazio junto com a saudade, sensações que perduram até chegar a nossa hora, então passando tais sentimentos para os nossos amigos que também chorarão por nós, caso mereçamos, e assim sucessivamente. É a vida daqueles que sobrevivem a vida dos seus amigos, dos seus entes queridos.

Absoluta certeza tenho que não somente eu sinto essas sensações com a perda do amigo ALCINO ALVES COSTA, mas também centenas de outras pessoas, pois o CAIPIRA DE POÇO REDONDO (como ele próprio carinhosamente gostava de ser chamado) sem dúvida alguma foi um homem ILUMINADO que bem soube iluminar a todos que o cercavam, uma pessoa abençoada por Deus que irradiava e continuará na saudade irradiando luz, irradiando alegria, irradiando paz, irradiando harmonia, também irradiando determinação, irradiando a coragem do bravo sertanejo. Alcino é desses abençoados amigos que para sempre ficam guardados “debaixo de sete chaves”, pois além de tudo ele abençoava os seus amigos com a sua áurea desprovida de qualquer maldade. As diversas homenagens e eloquentes mensagens de despedidas desprendidas por seus amigos no cortejo funeral ocorrido no seu querido Poço Redondo são inequívocas provas de tudo isso que falei. Um amigo que bem soube plantar, regar e colher uma grande legião de amigos.

A SAUDADE QUE FICA DO CAIPIRA DE POÇO REDONDO

Poço Redondo, encravado nesse nosso sertão sergipano, na escaldante tarde desse dia 02/11/2012 (coincidentemente o dia dedicado aos mortos) chorou as suas lágrimas de pesar desde a sua residência nas primeiras horas, a Câmara de Vereadores, a missa de corpo presente na Igreja da Matriz, a Prefeitura até chegar ao Cemitério local da cidade em verdadeira romaria de amigos, provando e comprovando o quão querido era e continuará sendo o poeta, compositor, escritor, pesquisador e historiador ALCINO ALVES COSTA, para mim e com certeza para a grande maioria daquele povo, até então, A MAIOR PERSONALIDADE NASCIDA NAQUELAS TERRAS.

Da missa de corpo presente, além das eloquentes falas dos seus amigos, uma passagem ficará para sempre guardada na minha memória: uma rosa amarela brilhante e ensolarada retirada do nosso singelo buquê e repassada às minhas mãos pela minha companheira Elane Marques, cuja cor específica evoca sentimentos de calor, respeito, alegria, felicidade e amizade, depositada por mim sobre o caixão então fechado onde jazia o corpo do CAIPIRA DE POÇO REDONDO, rosa essa que também continha nas suas pétalas gotas das minhas lágrimas, notei como bom observador, que colocaram-na para dentro dessa urna funerária assim que fora aberta na própria igreja quando da bênção final com os Asperges sagrados de água benta realizados pelo Pároco local. Dessa minha simples homenagem e das suas conseqüências senti-me agraciado pelas circunstâncias em ver aquela rosa amarela a seguir junto com o corpo do amigo Alcino em direção ao seu descanso final.

Não só os seus parentes e amigos, mas também a cultura sergipana, nordestina e brasileira perde um grande ícone. O sertão perde uma imensa parte da sua identidade. O movimento CARIRI CANGAÇO jamais será o mesmo sem a presença do grande amigo de todos os seus componentes. A história do cangaço que sem dúvidas é das mais legitimas expressão da nossa cultura, da cultura do nosso querido Nordeste, deixa de ter em “vida matéria” dos seus maiores historiadores, embora as suas obras, os seus legados, os seus escritos, os seus pensamentos, os seus entendimentos, os seus ensinamentos vivam para sempre. Com toda certeza daqui a centenas de anos ainda estarão citando ALCINO ALVES COSTA como fonte de informação, pois as águas bebidas das suas fontes e também oferecidas ao público foram águas de fontes saudáveis e não envenenadas, águas de fontes puras e cristalinas, águas das fontes de um verdadeiro CABRA-MACHO SERTANEJO que de tudo deixou a sua cara e com isso deixou tudo com cara de saudade como bem diz a escritora e poeta Alice Ruiz no preâmbulo acima citado.

Ser um desses amigos de Alcino, para mim foi um dos maiores privilégios, uma verdadeira honra. De Alcino só me resta eterna gratidão por também fazer parte da sua legião de amigos.

Que você seja bem sucedido também na sua nova morada amigo ALCINO ALVES COSTA e que o seu exemplo de vida ensine os bons a serem melhores!

Archimedes Marques é Delegado de Polícia no Estado de Sergipe. Pós-Graduado em Gestão Estratégica de Segurança Pública pela UFS, idealizador e administrador do Site Folha do Delegado.

https://gibanet.com/a-saudade-que-fica-do-caipira-de-poco-redondo/

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ENCONTRO DE GIGANTES

 Por Alcino Alves Costa

Certa vez, através de e-mail, Alcino Alves me disse que depois da sua morte, qualquer amigo que quisesse homenageá-lo, fizesse uso desta sua imagem.

Outrora, Poço Redondo era um arruado pertencente ao vasto município de Porto da Folha. Com sua emancipação em 25 de novembro de 1953 quase todas as fazendas nascidas nos escondidos daquelas brenhas caatingueiras passaram a pertencer ao novo município. Dentre elas uma fazenda chamada Pia Nova. Nos idos do cangaço o proprietário da Pia Nova era um caboclo de “boa cepa”, “raiz de braúna”, verdadeira “madeira de lei”, “homem atutanado”, sertanejo de “peso e medida”, chamado Torquato José dos Santos.


Já caindo para a idade seu Torquato cuidava com esmerado carinho e zelo de sua terrinha, de sua família, especialmente de sua numerosa filharada. No meio dela um rapazinho saindo da puberdade, chamado João. Este jovem caboclo carregava orgulhosamente o nome de seu pai junto ao seu nome de batismo. Vindo, com o passar dos anos, a se tornar no célebre João Torquato, o homem que derrotou Corisco, o “Diabo Louro”, na famosa medição de força acontecida na fazenda Queimada de Luís.  


Zé Sereno à esquerda e Mané Moreno à direita - ambos são primos.

O sofrimento, dores e provações de João Torquato começaram acontecer naquele entardecer do triste dia 02 de maio de 1937, quando chegou a sua casa um bando de malvados cangaceiros comandados por Zé Sereno e Mané Moreno.Numa atitude injusta e perversa, os cruéis cangaceiros assassinam o velho Torquato e seu genro Firmino. Medonha tragédia que destroçou a vida de João e todos da família. Desatinado com tamanha injustiça, João Torquato só pensava em vingar a morte do papai amado e de seu cunhado Firmino. Só lhe restava uma alternativa. Mesmo sabendo que sua mãe iria acrescentar ainda mais as suas dores e sofrimentos se decidiu por procurar uma das “forças do governo” que combatiam Lampião e nela se engajar. Só assim teria oportunidade de caçar e se vingar dos monstros que tiraram a vida de seu pai.

Foi o que fez. Procurou a volante comandada pelo famoso Zé Rufino e nela deu início a uma nova e inesperada etapa de sua vida; a vida de caçar cangaceiro. Pouco se demora sob o comando de Zé Rufino. O seu destino é a volante do temido Antônio Recruta, onde perseguiu cangaceiro por longo tempo. Nesta volante, João Torquato participou de vários confrontos com os cangaceiros. 

Um deles, no entanto, se tornou célebre. Aquele em que sozinho enfrentou a cabroeira de Corisco, baleando-o e tirando a vida dos cangaceiros Guerreiro e Roxinho.

Como se sabe Corisco, após a morte de Lampião, ficou “atoleimado” e “atarantado” da cabeça, sem tino e sem razão. Ensandecido, cometeu diversas atrocidades, dentre elas as monstruosas execuções e degolamento de Domingos Ventura e mais cinco pessoas da família do vaqueiro da fazenda Patos, nas Alagoas, e como requinte final, após cortar as cabeças de suas desventuradas vítimas, as enviou para a cidade de Piranhas, aonde foram entregues ao prefeito João Correia Britto. O mesmo acontecendo, já em Sergipe, na fazenda Chafardona, em Monte Alegre de Sergipe, quando em mais um ato brutal assassinou Sinhozinho de Néu Militão, cortou a sua cabeça colocando-a em uma gamela e a enviando para o então povoado de Monte Alegre, por um rapaz chamado Santo e entregá-la ao cabo Nicolau que ali destacava.

Corisco

Foi logo após esse crime que Corisco se deslocou até as caatingas da linha divisória entre Sergipe e Bahia.  Existem duas versões sobre o local em que aconteceu o extraordinário combate travado por João Torquato e Corisco.

O notável historiador Antônio Amaury, em seu livro “Gente de Lampião: Dadá e Corisco”, no capítulo “Agonia do cangaço”, páginas 113, 114 e 115, seguindo as acreditáveis informações de Dadá, diz que este confronto entre Corisco e João Torquato, aconteceu na fazenda “Lagoa da Serra”, residência do coiteiro Geraldo. Ocorre que João Torquato afirmava convicto que o seu embate com Corisco se deu em uma fazendinha abandonada chamada “Queimada de Luís”. Está em muitos livros a história deste confronto. Como se sabe o cangaceiro Guerreiro foi morto pelas balas do fuzil de João Torquato quando caminhava ao lado de Dadá e Roxinho pela malhada da fazendinha.

Imaginando que Guerreiro fosse Corisco, João Torquato faz pontaria em seu corpanzil e dispara a sua mortífera arma. O bandido tomba gravemente ferido. Não é Corisco é o cangaceiro Guerreiro. Corisco e os que lhe acompanhavam pensaram ser uma volante. A cabroeira corre e se ampara no paredão de um tanque. Prepara-se para enfrentar os agressores. Assim pensando, Corisco grita raivoso: “Macacos covardes! Venham! Vamu brigar. Vocês tão pegados é com Corisco” - jamais poderia imaginar que estava sendo atacado apenas por um soldado.

João se surpreendeu ao ouvir aquela possante voz. Pensava que o bandido que havia derrubado na malhada da fazenda fosse justamente Corisco, mas estava enganado. Os cangaceiros estão amparados no paredão do tanque. No outro lado do paredão está João Torquato que os enfrenta como desmedida coragem. Troca tiros com os bandidos. De repente divisa um cangaceiro que como se fosse uma cobra – e cobra ele era – se arrasta cautelosamente a sua procura. Sem perda de tempo o “contratado” dispara seu fuzil e o assecla despenca, rolando em sua direção. O “cabra” é muito jovem. Mais parece um menino. É Roxinho, o mesmo que estava ao lado de Guerreiro e Dadá na malhada da fazenda.

Grupo de Corisco

O menino é valente. Tenta pegar a sua arma que havia escapado de suas mãos. Não consegue. João Torquato com o coice de seu fuzil esbagaça a sua cabeça.Temendo o cerco da volante, assim imaginava Corisco, o mesmo e sua Dadá deixam o paredão do tanque e procuram a proteção da caatinga. João Torquato grita para o “Diabo Louro”:

 “Tá correndo covarde? Num diz que é valente, cabra frouxo. Num corra! Vamu brigar”.         

O famoso alagoano escuta as palavras desafiadoras do soldado. É um valente. Vira-se para enfrentar a volante. Surpreso se depara apenas com um inimigo. Cadê os outros? Fica a se indagar por segundos. É a sua perdição. João Torquato aproveita aquela momentânea indecisão e dispara a sua arma. Naquele dia o filho de seu Torquato estava totalmente protegido pela sorte. Uma bala atingiu justamente os dois braços de Corisco deixando-o fora de combate.

O balaço fez com que o fuzil do companheiro de Dadá caísse por terra. Sem forças para segurá-lo o cangaceiro se desespera e procura se proteger na mataria. Percebendo a situação do famoso bandoleiro, João Torquato grita desafiador: “Não corra covarde. Espere pra morrer”. Mesmo com os braços destroçados Corisco pára. Mostra o quanto é valente. Sabe que irá morrer, mas morrerá como um verdadeiro homem. João Torquato aponta-lhe a sua mortífera arma. Será o fim de um dos mais famosos companheiros de Lampião.

Dadá e Corisco

É neste instante tão decisivo que entra em cena a figura de Dadá. Sem temer o inimigo o enfrenta com inusitada coragem. Nele atira, fazendo-o desviar a sua atenção em Corisco e ter que trocar tiros com ela. Dadá não pára de atirar. Atira no feroz inimigo e empurra Corisco na direção de uma baixada protetora ali nas proximidades. As balas de sua arma se acabam. Eis que numa atitude gigantesca e inesperada, a companheira de Corisco o defende jogando pedras em João Torquato, o homem dos olhos grandes e “abotecados” como ela dizia.

Continua empurrando o companheiro. Escorrega e cai. O vingador da morte do pai sorriu. Apontou-lhe o seu fuzil. Iria matá-la sem piedade. Errou o alvo. Com raiva se prepara para o segundo tiro. Percebe então que a sua arma estava sem munição. Enfia uma das mãos no bornal. Tem que recarregar rapidamente o seu fuzil. Ao retirar a mão do bornal com as balas o nunca esperado aconteceu. Seus companheiros vinham chegando e sem medir as consequências atiraram justamente em João Torquato ferindo-o na mão que ele segurava as balas.Os pedidos que naquela agonia Dadá rogava a Nossa Senhora foram atendidos. Na confusão que reinou no meio dos da volante, Corisco e sua valente companheira conseguiram se salvar. Como se sabe, Corisco deixou esse mundo no dia 25 de maio de 1940, assassinado pelas armas de Zé Rufino. Baleada, Dadá teve a sua perna amputada.

João Torquato deixou à volante e retornou a sua amada Pia Nova, onde viveu até o final de seus dias.Em 1958 vamos encontrá-lo ao lado de Zé de Julião. Havia se tornado um de seus fiéis aliados, naquela famosa disputa política entre o antigo cangaceiro Cajazeira e o seu oponente Artur Moreira de Sá, quando os dois eram candidatos a prefeito de Poço Redondo.


Desesperado com a monstruosa perseguição que lhe movia o governador do Estado, Zé de Julião roubou a urna no dia da eleição, ou seja, em 03 de outubro de 1958, e João Torquato ali estava de arma em punho, pronto para matar ou morrer defendendo um dos antigos “cabras” de Lampião, cangaceiros que ele tanto odiava. Para conhecer mais detalhes sobre essa história de sofrimento do povo sertanejo de Poço Redondo, em especial da família Torquato, leia-se os capítulos “Combate da Arara – morte de Zepelim”, página 249; “Os cangaceiros se vingam e matam Torquato e Firmino”, página 259; “A traição se consuma”, página 261; “Um milagre salva a volante”, página 265; e “A vingança de João Torquato, o filho de Torquato e o tiroteio com Corisco”, página 273, da terceira edição do livro “Lampião além da versão – mentiras e mistérios de Angico”, que se encontra a venda com Pereira, em Cajazeira, na Paraíba.

Alcino Alves Costa, o Decano
Caipira de Poço Redondo
Sócio da SBEC, Conselheiro Cariri Cangaço

http://cariricangaco.blogspot.com/2012/02/encontro-de-gigantes-poralcino-alves.html

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