Por Moisés Reis
Enquanto José
Osório de Farias, o Zé Rufino, era um autêntico caçador, um guerreiro das
caatingas acostumado a combater violência com violência, o capitão Felipe
Borges de Castro, se notabilizou pelo seu viés humanitário.
Estudioso do
tema cangaço e do sertão enquanto palco principal do fenômeno, o Capitão
Felipe, como era conhecido, chegou a propor abordagens de não-violência como
ferramenta de combate ao cangaço.
Em relatório
enviado ao comando, chegou a afirmar:
[...] dos
estudos feitos por esse comando, no distrito de Bebedouro, município de
Geremoabo, quando de sua viagem daquela zona, resulta falar com segurança
acerca do abandono que se encontrava, aquela terra, a infância cujo vida estar
condicionada aos horrores do Cangaço criminoso. Não há escolas, nem oficinas,
nem arados. Ali, só o bacamarte, conduzido por mãos assassinas, doutrinado
exemplifica. IV a escola, para o cujo funcionamento despende o governo certa
importância, vive fechada. V – o passatempo favorito das crianças naquela zona,
é imitar os cangaceiros nas vestes, nas artes. Merece lembrado um fato há bem
pouco tempo ocorrido, em Geremoabo, cujo desfecho fatal, tivemos de lamentar e
até agora consterna os corações daquela gente; brincavam Raimundo e Miguel,
quando este fingindo-se bandido empunho uma arma encontrada sobre a mesa de
jantar, da sua casa de sua residência, e dispara-a, inocentemente, contra o seu
companheiro. Eis senão quando, o infeliz moço, estarrecido pela brutal
surpresa, ouve ao deflagrar inesperado da arma, o aterrador estampido e, em
seguida, vê, diante de si, tombar sem vida, ao solo, o seu amigo e vítima.
Sequência senão deste, mas de outros fatos criminosos se tem verificado em
Bebedouro, como produto natural do meio. VI – finamente, senhor comandante,
para que se tenha, de passagem, uma leve impressão do que seja Bebedouro,
atualmente, basta, sabe-lo fornecedor de vinte e dois bandidos cujos nomes vão
na relação anexa. VII – saúde e fraternidade. (Ass.) Capitão Felipe Borges de
Castro – comandante. (P. 276, 1940).
Esse oficial,
chegou a sugerir aos superiores que criassem instituições de correção, onde os
sertanejos flagrados em algum envolvimento com cangaceiros, pudessem receber
apoio do estado, formação profissional e ser redirecionados para o bom convívio
em sociedade, mas suas ideias foram taxadas de utópicas.
O Capitão
Felipe Castro, teve importante papel nas entregas do bando de Labareda em 1940,
quando, ao lado do Monsenhor José de Magalhães e Souza, conseguiu negociar com
o arisco Ângelo Roque e seu bando, ação que resultou na rendição desses. Chegou
a tentar, ainda na companhia do mesmo religioso, negociar a rendição de
Corisco, mas sem êxito.
Relutante em
se entregar, Corisco fez pouco caso dos métodos pacíficos do Capitão Felipe e
conheceria a brutalidade dos métodos de Zé Rufino meses depois.
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