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terça-feira, 9 de abril de 2013

ARISTÉIA - NOS DIAS SEGUINTES - FINAL

Por: João de Sousa Lima

Durvalina tentou alegrar Aristéia de todas as formas possíveis, porém a dor da amiga era por demais recente inesquecível. Moreno escalou dois cangaceiros para levarem Aristéia onde ela escolhesse, cumprindo o prometido ao amigo Cícero Garrincha.

João e Aristeia no Capiá da Igrejinha, na casa onde ela nasceu. 

O cangaceiro cruzeiro passou a perseguir Aristéia, insistindo para ficar com ela. A cangaceira ainda abalada com a perda do marido recusou as propostas de cruzeiro. O dinheiro tirado dos bornais de catingueira, 50 contos de réis, foi costurado por Durvalina, na barra do vestido de Aristéia. A cangaceira pediu pra ir se entregar, pois se voltasse para família poderia ser morta. Moreno aceitou o pedido da companheira e mandou Boa Vista e Cruzeiro levá-la em Santana do Ipanema, local escolhido por ela. Os cangaceiros seguiram dentro do Máximo cuidado, escoltando Aristéia. Na fazenda pedra D’água, os cangaceiros pegaram um rapaz e mandaram que ele levasse a mulher até a cidade, pois não podiam se aproximar mais, pois, corriam o risco de serem presos ou mortos. O rapaz temeroso se recusou a atender ao pedido dos cangaceiros. Boa Vista se aproximou e jurou sangrar o garoto caso ele desobedecesse a sua ordem. O jovem sem opção seguiu escoltando Aristéia. Em Santana do Ipanema, diante dos olhares curiosos, Aristéia se entregou ao capitão Mané Vicente. O militar deixou a cangaceira em sala livre onde ela passou alguns meses. O moço portador, que havia ido apenas deixar a mulher na cidade, acabou sendo preso também. O senhor Ismael, de Alexandre, quando viu o rapaz preso, diante do absurdo da detenção, procurou o delegado e foi pedir para que ele soltasse o garoto, pois o conhecia e ele era guia de uma cega. O delegado ordenou a soltura do inocente e ele retornou pra fazenda, onde realmente servia de guia de uma senhora que vivia na escuridão por falta de visão.

 Casa do filho de Aristeia, Pedro Soares.

No dia 15 de maio de 1938, Aristéia deu a luz ao filho dela e catingueira. O menino ganhou o mesmo nome do pai de Aristéia, José Soares. O filho ficou aos cuidados das tias de Aristéia. O menino depois que cresceu, ganhou o mesmo apelido que tinha o pai, catingueira.

Aristeia sendo entrevistada para um documentário que será lançado em julho

No mês de julho, cubículo apertado, cercado por grades, Aristéia ouviu fogos de artifício estourados nos arredores da cidade. Diante dos gritos e do barulho formado, Aristéia e mais algumas mulheres que também estavam presas subiram em tamboretes e avistaram, ao longe, soldados que exibiam as cabeças de Lampião, Maria Bonita e mais alguns cangaceiros abatidos na Grota do Angico, em Sergipe. Foi essa a única vez que Aristéia viu Lampião, apesar de terem trilhado o mesmo caminho do cangaço.

Participação de Aristeia no centenário de Maria Bonita

Pedra Agra, Pedro Gaia e Pedro Soares, homens de recursos, tios de Aristéia, quando ficaram sabendo da prisão da sobrinha, reuniram-se e foram solta-la. A cangaceira ficou livre das grades, tendo apenas que permanecer na cidade, sem poder se ausentar, ficando sob ordens do coronel Lucena, que a enviou para casa das tias Mariinha, Zafina, Santo e Maria Grande, na fazenda Lajinha.

 Aristeia participando do Cine Ceará, em Fortaleza.

Os tios de Aristéia, Pedro Gaia e Pedro Soares residiam em Palmeira dos Índios, sendo que o primeiro tornou-se depois prefeito de Santana do Ipanema. Homens de influência política e publica usaram seus conhecimentos para deixarem a sobrinha sem os infortúnios das regras regidas dos detentos vindos dos diversos bandos de cangaceiro.

Aristeia sendo entrevistada para um documentário que serviu de formação para alunos de comunicação.

O coronel Lucena disse que Aristéia podia ir ficar na casa das tias, mas que não fosse procurar mais por cangaceiros. Aristéia respondeu que não havia mais cangaceiros vivos, pois Lampião havia morrido. Salvo desconhecimento da cangaceira, o seu ex chefe, o Moreno, percorria ainda, os mesmos esconderijos.

 Entrevista pra TV Bahia.

Na casa das tias, Aristéia ficou durante algum tempo, depois retornou pro Capiá da Igrejinha, seu paraíso de infância, deixando José Soares, seu filho, para ser criado pelas tias, todas elas, moças velhas.

Aristeia é recepcionada no aeroporto de Aracaju por Érico Israel. 

Catingueirinha, quando já rapaz, deixou as tias e veio morar com a mãe biológica. Tornou-se um negociante de frutas, conhecidos por todos da região, levando seus produtos para serem vendidos nas feiras das localidades vizinhas. Em uma dessas viagens, demorou chegar em casa e a sua esposa aflita saiu em busca do marido, indo encontrá-lo na beira da estrada, gemendo e todo ensanguentado  falecendo no outro dia, crime realizado em 1964, por um amigo, que levou irrisória quantia, pela qual, mesmo sendo a pior qualidade de bandido, não e tira a vida da mais simples espécie. 

Encontro de cangaceiros em fortaleza 

O salteador foi transferido para Maceió, depois que um dos primos de catingueirinha tentou invadir a cadeia para vingar do bárbaro assassinato, inconformado com a barbárie da morte de um jovem familiar.

Homenagem na morte de Aristeia por João de Sousa Lima

Aristéia ainda vive, lúcida e forte, hoje aos cuidados do filho Pedro Soares, lembrando com facilidade dos fatos ocorridos que deixaram marcas profundas em seu curso de vida, sendo sempre aliviada pelo amor dos familiares e pelas correntes de orações que lhe são dedicadas em dia especial, em uma maravilhosa noite festiva, acontecida no Capiá da Igrejinha, em Canapí Alagoas, terras abençoadas e que ela carrega sempre no pensamento como se fosse parte sagrada do seu próprio corpo.

João de Sousa Lima é escritor, pesquisador, autor de 09 livros. Membro da Academia de Letras de Paulo Afonso e da SBEC- Sociedade Brasileira de estudos do Cangaço. telefones para contato: 75-8807-4138 9101-2501 email: joaoarquivo44@bol.com.br joao.sousalima@bol.com.br

http://www.joaodesousalima.com

O inventor do País de Mossoró

Em noite de cultura no Teatro Municipal, Raibrito, Vingt-un Rosado, Aline Linhares e Dorian Jorge Freire - http://www.luciarocha.com.br/

Clique no link abaixo para você conhecer a história completa do homem que classificou Mossoró como um País do Mundo.


Vem aí: Cariri Cangaço Parayba !!!


Depois das confirmações das Avant Premier do Cariri Cangaço nas cidades de Lavras da Mangabeira nos dias 18 e 19 de Maio e Piranhas, em Alagoas  no mês de Julho; confirmamos a chegada do Cariri Cangaço ao estado da Paraíba. Em recente reunião de trabalho acontecida na cidade de Sousa, neste último dia 02 de abril, foi fechada a realização do Cariri Cangaço Parayba; iniciativa que marca a parceira do Cariri Cangaço com o Centro Cultural do Banco do Nordeste em Sousa. À frente do empreendimento, o confrade Wescley Rodrigues, representando o Cariri Cangaço e o Coordenador do CCBNB em Sousa, César Nóbrega. Participaram ainda do encontro Sérgio Silveira e Irís Mendes, também representantes de Sousa e da cidade de Nazarezinho.

O formato do evento, à exemplo do Cariri Cangaço em Lavras da Mangabeira, terá a duração de dois dias, contando com Conferências, Debates e Visitas Técnicas. Além da cidade de Sousa teremos a participação da cidade de Nazarezinho, berço de um dos personagens mais marcantes do cangaço na Paraíba: Chico Pereira. O convite é confirmado pelo professor e pesquisador, representante do Cariri Cangaço, Wescley Rodrigues: "convidamos a todos para participar de mais um evento cultural que, antes de tudo, além de promover um debate profícuo sobre o nosso Nordeste e sertão, possibilita um reforço das nossas raízes e tradições culturais."


Manoel Severo, curador do Cariri Cangaço ressalta a importância da iniciativa: " O Cariri Cangaço Parayba consolida sem dúvidas este grande sentimento de integração que hoje é uma realidade entre todos aqueles que pesquisam o cangaço no Brasil; a agenda do Cariri Cangaço é intensa; em Maio temos Lavras da Mangabeira, em Junho; Sousa e Nazarezinho, em Julho, Piranhas nas Alagoas e em Setembro o grande Cariri Cangaço 2013, reunindo mais de 150 pesquisadores de todo o Brasil. Só nos resta louvar o trabalho e a dedicação do confrade Wescley Rodrigues e toda a equipe do CCBNB de Sousa e Nazarezinho, e dizer que sem dúvidas é uma grande honra estarmos juntos nesta empreitada".

Wescley Rodrigues

E ainda assevera Wescley Rodrigues, "na oportunidade, além de voltarmos os debates para o cangaço na Paraíba, é pretensão encabeçarmos um manifesto na cidade de Nazarezinho, para o restauro e preservação pelo poder público, da casa de Chico Pereira, que está deteriorando-se devido à ação do tempo. Sendo que, assim como foi feito em Paulo Afonso e Serra Talhada com a criação do museu na casa que pertenceu a família de Maria Bonita e Lampião, tal seria feito também na antiga propriedade da família de Chico Pereira. Isso é uma forma de protegermos o patrimônio material e cultural do cangaço, haja vista que um povo sem história e sem símbolos ou monumentos que sinalizem para o seu passado, é uma povo com identidade fluída." O Cariri Cangaço Parayba tem ainda o apoio do GPEC - Grupo Paraibano de Estudos do Cangaço e do GECC - Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará.

Em Junho...Cariri Cangaço Parayba !!!
Sousa e Nazarezinho
Programação Completa em breve...

Cariri Cangaço Parayba

NOTA CARIRI CANGAÇO: A cultura como elemento de integração para o desenvolvimento; o Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBNB) é uma ação concreta dessa política. O primeiro equipamento foi inaugurado em julho de 1998, em Fortaleza, o segundo, localizado em Juazeiro do Norte e com uma atuação regional no Cariri, iniciou seu funcionamento em 04 de abril de 2006 e o terceiro, instalado na cidade de Sousa-PB em 25 de junho de 2007, atuando na região do Alto Sertão Paraibano. Desta forma, o CCBNB tem se firmado no cenário cultural Nordestino como um espaço onde é permitido experimentar a diversidade de conceitos, estilos e suportes, oferecidos em sua programação. Isto significa trabalhar cada Programa relacionando-o a um contexto mais amplo, estabelecendo pontes entre saberes e transformando-se em um lugar de encontro dos vários públicos para usufruir e refletir sobre arte e cultura. O CCBNB oferece a seus visitantes uma variada programação diária e gratuita, enquanto dedica-se a formar um público crítico. Tendo como princípio que uma ação cultural efetiva é resultado do diálogo com os artistas,  com as comunidades e o público em geral, o Centro Cultural Banco do Nordeste trabalha sua programação a partir de um edital anual onde recebe propostas de artistas nas áreas de cinema, artes visuais, música, artes cênicas, literatura, história, patrimônio e atividades infantis. Nos espaços do Centro Cultural Banco do Nordeste o público descobre o prazer de conhecer e apreciar a arte e a cultura: do Nordeste, do Brasil e do Mundo.

FONTE: http://www.bnb.gov.br/content/aplicacao/Centro_Cultural_Sousa

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Enquanto não vem cangaço - Roberto Carlos ao vivo

Por: José Mendes Pereira
Foto: facebook

Muitos brasileiros não sabem que o nosso grande cantor Roberto Carlos,tem uma perna mecânica, saldo de um acidente causado por um trem em sua infância, quando retornava da escola para casa. 

A música "O divã" conta a história e suas recordações, que mesmo famoso, ainda não saiu de sua mente.

Veja o vídeo:


A letra é de Roberto Carlos e Erasmo Carlos, mas acredito que como parceiro, Erasmo apenas aparece na letra, e ele a compôs sozinho, pois ninguém melhor para dizer o que sente, se não ele.

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Pesar


Registramos com profundo pesar o falecimento da nossa amiga Dona Maria Diniz Andrade (Maria Diniz), que faleceu ontem aos 82, anos.  

Ela trabalhou por muitos anos na antiga Editora Comercial S/A. 

Foi uma funcionária responsável, honesta e que trabalhamos juntos durante 12 anos na mesma empresa. 

Maria Diniz era moça velha, e não gostava de posar para fotos, sempre se ausentava  diante desses profissionais.

Que Deus a tenha ao seu lado eternamente.

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GPEC no Cariri Cangaço 2013 !


GPEC
Grupo Paraibano de Estudos do Cangaço,
mais um parceiro realizador do Cariri Cangaço 2013 !

Cariri Cangaço 2013
17 a 22 de setembro
Cariri do Brasil


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A vida do Coronel Arruda, Cagaceirismo e Coluna Prestes Comentário

Por: Archimedes Marques
Archimedes Marques e Manoel Severo

O bom trabalho literário, de grande importância para a compreensão da história regional da Paraíba, intitulado "A Vida do Coronel Arruda, Cangaceirismo e Coluna Prestes", de autoria do ilustre Promotor de Justiça paraibano, Severino Coelho Viana, sem dúvida, um dos mais brilhantes pombalenses, constitui-se em excelente contribuição para o mundo literário pertinente ao tema.

O texto, de leitura simples e direta, sem subterfúgios ou palavras difíceis, termina por envolver o leitor do inicio ao fim do livro, buscando mostrar todas as importantes passagens da vida publica do militar, do policial, do politico, do homem, do Cel. Arruda, desde a sua compreensão e retransmissão de que aquele cidadão se tratava de um ser humano espetacular, atencioso e formidável, além de ser dotado de memória estupenda, de tudo se lembrando nos mínimos detalhes, apesar da sua idade avançada quando da entrevista prestada ao autor do livro.

No decorrer da leitura, o leitor, por mais leigo que seja, percebe as grandes qualidades que possuía o Cel. Arruda, destarte para a sua coragem, destreza, honradez, honestidade, um grande homem, entretanto, teimoso e afoito por demais, talvez, por vezes agindo mais pela emoção, mas no intuito de acertar e vencer em vitórias não só suas, mas do seu povo, do povo a quem tanto amava, do povo paraibano a quem tanto defendeu. O exemplo maior dessa ousadia e extrema coragem visando defender o povo da tirania do suposto exército revolucionário que buscava novos rumos para o país, mas para tanto não deixou de praticar rosários de arbitrariedades por onde passou, foi o seu enfrentamento a grande e temível Coluna Prestes, quando da passagem daquela Unidade de Guerra pelo município de Piancó na Paraíba, em fevereiro do ano de 1926. Sem sombras de dúvidas, um ato corajoso de um destemido homem, mas ao mesmo tempo temeroso e intempestivo, vez que de tudo, houve final trágico para muitos combatentes com a cidade praticamente arrasada em verdadeiro inferno. Entretanto, o exercito revoltoso de Prestes sentiu a pungência e a força do povo paraibano, apesar de ter realizado verdadeiro e covarde massacre a certos combatentes de Piancó, já rendidos e desarmados como foi o caso do Padre Aristides Ferreira da Cruz e alguns dos seus bravos seguidores.

Severino Coelho Viana

Tal ato combativo e heroico rendeu ao então sargento Arruda, a importante e dignificante honraria do governo do Presidente do Estado, João Suassuna, por bravura, condecorado com a espada do herói.

Passeando na interessante leitura do livro, para não muito se alongar no presente comentário que de fato merece destaque para muitos atos heroicos do bravo Cel. Arruda, deixamos de tecer dados sobre a sua atuação incansável em busca de criminosos; sobre a prisão que efetuou do temível e sanguinário bandoleiro Chico Pereira; sobre a sua luta contra o poderio dos chamados "coronéis"; sobre a sua trajetória politica de prefeito a deputado estadual; sobre os embates que ravou com o Padre Manoel Otaviano na época em que ocupava uma cadeira na Assembleia Legislativa do Estado da Paraíba; sobre a sua inimizade com o famoso coronel Jose Pereira e sobre tantos outros acontecimentos pelos quais passou o Cel. Arruda na sua trajetória de militar e delegado de policia em várias cidades da Paraíba embrenhando-se no matagal, nas caatingas, sob o sol causticante em busca dos cangaceiros de Lampião, deixando de tudo então, para melhor se ater a questão da citada batalha contra a Coluna Prestes, a sua mais arrojada batalha, embora pudesse ter sido evitada se alguém dos combatentes de Piancó não tivesse disparado tiros contra aquele temível e terrível exército revolucionário, como de fato ocorreu, ninguém sabendo quem teria sido o autor de tal audácia que gerou rápida, mas sangrenta guerra naquelas terras da Paraíba.

Chico Pereira

Consta da leitura que quando a Coluna Prestes entrava em Piancó, talvez em passagem amistosa, ninguém sabe, com os homens da cidade já devidamente preparados e entrincheirados em diversos piquetes de defesa, tiros certeiros alvejaram cavalos e cavaleiros daquela tropa, até mesmo oficiais. Daí por diante o tempo fechou em barulho e desespero, quando intenso tiroteio transformou a cidade de Piancó em verdadeira praça de guerra.

Havia entre os defensores de Piancó, um cidadão que na verdade era um preso que ali estava por demonstrar ser de bom comportamento e assim viver de certas regalias fora da cadeia. Esse detento que possuía tratamento diferenciado era conhecido por "preá" e que ganhara tal apelido por ser considerado exímio rastreador de animais perdidos, que para prova disso, bastavam lhe dar uma rapadura que ele conseguia trazer do meio da caatinga qualquer caprino que por ventura se desgarrasse do rebanho. Na delegacia, por conta de tais benesses, o referido "preá" era uma espécie de faz-de-tudo que lhe mandassem.

A Coluna Prestes e a Arte de Portinari

Junto aos defensores da cidade o tenente Antônio Benício, delegado de Piancó, que estava do outro lado da rua, noutro piquete, solicitou por gestos e algumas poucas palavras em meio ao barulho ensurdecedor dos estampidos vindos de todos os lados, que "preá" trouxesse quatro fuzis e munição suficiente para o piquete dele que assim necessitava. Não havendo a mínima possibilidade de "preá" atravessar a rua em meio ao cerrado tiroteio sem ser atingido, principalmente com todo aquele apetrecho pesado, então, o agora protagonista da história ora comentada, sargento Arruda, teve a idéia de instrui-lo para pendurar a camisa branca que vestia em um dos fuzis. A estratégia deu certo, pois quando "preá", mesmo tremendo mais do que vara verde, saiu à rua com o fuzil hasteando a bandeira branca, imediatamente os revoltosos de Prestes, ensarilharam suas armas respeitando a decisão contida no símbolo internacional, ou até quem sabe, pensando que os combatentes pretendiam se entregar.

Em contraponto, talvez por não saber o que de fato acontecia naquele momento de pausa, outro piquete de defesa da cidade ali próximo, o grupo chefiado pelo Padre Aristides, aproveitou o momento de distração da Coluna Prestes para intensificar o tiroteio em sua direção, trazendo como resultado de tal irrazoabilidade, muitos soldados mortos e feridos.

Disso resultou que a tropa revoltosa, em imensa fúria e ódio, comandada pelo próprio Capitão Luiz Carlos Prestes, investiu fortemente contra o piquete do Padre Aristides Ferreira da Cruz, lançando inclusive duas bombas de efeito narcótico dentro da casa do citado reverendo, o que fez com que aquele grupo, fraco, tonto, sufocado e desorientado, se entregasse.

Covardemente, usando tão somente por base, o atroz sentimento de vingança pelos seus mortos em virtude do incidente ocorrido, o comando da Coluna Prestes determinou que todos "os prisioneiros de guerra" que estavam na casa, incluindo o Padre Aristides e o prefeito de Piancó, o Sr. João Lacerda, bem como o filho deste, fossem conduzidos amarrados a um barreiro ali próximo e lá barbaramente sangrados, um a um, com ferimentos perpetrados por longos punhais enfiados nas jugulares, ou em brutais degolas das vitimas que em gritos e desesperos não foram perdoados, fazendo disso, das maiores arbitrariedades, dos maiores e horrendos crimes praticados pelos soldados revoltosos na caminhada histórica da Coluna Prestes. A água do barreiro da morte ficou tão vermelha de sangue quanto vermelha de vergonha ficou essa covarde ação daqueles homens que diziam lutar por um Brasil melhor, que se diziam revolucionários reformistas. Uma ação totalmente injustificada que jamais justificaria a desastrada ação do grupo do Padre Aristides em ter atirado contra os homens que respeitavam a bandeira branca carregada por "preá". Uma triste, desolada, insana e macabra ação de negatividade em extrema falta de hombridade, sensatez e humanidade contra homens indefesos, desarmados e presos, uma execução sumaria em verdadeira chacina, que ficou para sempre guardada nos anais da história de guerra desses valorosos paraibanos contra a poderosa Coluna Prestes.

Luiz Carlos Prestes

O discurso do autor do livro não é um discurso autoritário, ditatorial ou mesmo demagógico, é um discurso livre, democrático, que busca novas discursões, mas que traz a verdade, ou pelo menos dela se aproxima, sem mentiras, invencionices, extravagâncias, baseado na história real até mesmo em certos pontos diferindo da história oficial, mas não em forma contundente, sim em trabalho cuidadosamente organizado, de forma realmente consciente, de tudo para mostrar ao leitor o que foi a trajetória vida do cidadão Manuel Arruda de Assis, um verdadeiro exemplo para todos os seus familiares, um homem imortal para os paraibanos, um exemplo a ser seguido por todos os homens de bem.

De parabéns, portanto está o autor do livro, por resgatar a historia desse homem guerreiro que tanto enobrece o solo desse tão importante Estado da Paraíba que tantos ilustres personagens trás para o cenário brasileiro. Uma leitura que de igual modo espero que todos gostem. Um livro que merece estar em todas as boas bibliotecas.

Foi assim que eu vi e senti do livro de Severino Coelho Viana.

Autor: Archimedes Marques-Delegado de Policia no Estado de Sergipe. Pós-Graduado em Gestão Estratégica de Segurança Pública pela Universidade Federal de Sergipe - Pesquisador e Escritor
archimedes-marques@bol.com.br
Fonte: O CANGAÇO EM FOCO

http://cariricangaco.blogspot.com