Se você ainda não comprou este fantástico trabalho do escritor José Bezerra Lima Irmão, só restam poucos livros. Então procura adquiri-lo o quanto antes, pois os colecionadores poderão comprar os poucos que restam. Seja mais um conhecedor das histórias sobre cangaço, para ter firmeza em determinadas reuniões quando o assunto é "cangaço".
São 736 páginas.
29 centímetros de tamanho.
19,5 de largura.
4 centímetros de altura.
Foram 11 anos de pesquisas feitas pelo autor
É o maior livro escrito até hoje sobre "Cangaço". Fala desde a juventude e namoro dos pais de Lampião. Quem comprou, sabe muito bem a razão do "Sucesso a nível nacional do Raposa das Caatingas".
O autor aceita e agradece suas críticas, correções, comentários e sugestões:
Lendo e
pesquisando tantos jornais e revistas da época em que Lampião atuava, isto é,
anos 20 e 30 do século passado, não passou despercebido, de vez em quando
aparecia caricaturas e charges de Lampião, mas, o que me chamou a atenção foi a
utilização do personagem com a política e os políticos do poder naquele
período.
Contextualizar cada charge ou caricatura seria por demais maçante, pois creio
que elas não perderam o caráter atemporal.
As codificações visuais que os chargistas queriam passar ao retratar Lampião
eram afetadas de acordo com a região do artista, o que determinava, até pela
falta de conhecimento que tinham do caricaturado, a representação de formas tão
dispares na fisionomia desenhada.
As charges com
Lampião, nessa pesquisa, abrangem o período de 1926 a 1939, porém acrescentei
duas de 1969, sendo a última apresentada, uma propaganda com alusão ao
desenvolvimento industrial através de incentivos fiscais, citando Sudam-Sudene
onde Lampeão é usado como referência de uma região. Ao todo o livro mostra 83
charges e caricaturas.
A charge tem como finalidade satirizar, descrever ou relatar fatos do momento
por meio de caricaturas, com um ou mais personagens de destaque, nas áreas da
política com maior frequência.
As apresentadas nesse livro abrangem personagens de prestígio nacional como o
Padre Cícero, Antônio Carlos, governador de Minas, Capitão Chevalier, com a
famosa tentativa de uma expedição contra Lampião no início dos anos 30, Getúlio
Vargas como presidente do governo provisório após a revolução de 1930.
Após sua morte, cartazes foram utilizados como propaganda de filme da Warner,
com James Cagney “substituindo o famoso cangaceiro nordestino”.
A propaganda comercial também utilizou com frequência o nome de Lampião. Como
curiosidade inseri no trabalho as da Casa Mathias e O Mandarim, que
apresentavam nos seus comerciais um conteúdo humorístico.
Até o
conhecido compositor Noel Rosa, como Lampeão foi caricaturado. Como se fossem
dois personagens ao mesmo tempo é mostrado características de identificação de
Lampião com o rosto de Noel Rosa. Mesmo nas capas de famosas revistas, Careta
em 1926 e 1931, O Cruzeiro em 1932, Lampeão é caricaturado.
Na contracapa desse livro, consta a foto original muito popular de Lampeão e
seu irmão Antônio Ferreira, já nesta época, famigerado cangaceiro, perseguido
em Pernambuco, Paraíba, Ceará e Alagoas. Foi tirada em Juazeiro do Norte, no
estado do Ceará, onde Lampeão foi convocado pelo Padre Cícero a pedido do
deputado federal Floro Bartolomeu, para combater os inimigos do governo de
Artur Bernardes, a Coluna Prestes, em 1926. Na capa, usando a foto da contra
capa, foram introduzidas as faces de Getúlio Vargas como Lampeão e Osvaldo
Aranha como Antônio Ferreira. Foi publicada pelo Estado de São Paulo em 24 de
setembro de 1933, sendo Getúlio já vitorioso da revolta de 1932 em São Paulo.
O desenho era utilizado, isto é, a charge, como uma crítica político social
onde as situações cotidianas são exploradas com humor e sátira. Lampião foi
personagem principal dos chargistas, mas o objetivo era atacar os poderosos da
época, geralmente vítima dos jornais da oposição.
Coloquei tudo numa ordem cronológica para facilitar a sequência histórica,
pois, no futuro com a leitura das diversas obras publicadas sobre Lampião e o
cangaço em geral, teremos uma visão não contextualizada das sátiras contra os
personagens vítimas dos chargistas.
O livro tem 95 páginas, custa R$ 25 (Vinte e cinco reais) com frete
incluso e você adquire diretamente com o autor pelo emailluiz.ruben54@gmail.com
*Luiz Ruben F. de A. Bonfim. Economista e Turismólogo e Pesquisador do Cangaço
e Ferrovias
“As fotos e
filmes de Benjamim eram um atestado da incompetência das forças policiais e uma
afronta ao Palácio do Catete”, comenta o historiador, que traduziu a caderneta
em que o forasteiro sírio registrou denúncias sobre as forças policiais que
matavam civis e colocavam a culpa nos cangaceiros.
Nessa época,
sequências inteiras dos filmes foram destruídas. O que restou foi recuperado na
década de 1950 pela Fundação Getúlio Vargas. Entre os filmes remanescentes, um
chama atenção. Mostra o rei do cangaço fazendo comercial de Cafiaspirina,
remédio para dor de cabeça da empresa alemã Bayer. O cangaceiro aparece
distribuindo o remédio para seu bando em frente a um cartaz que diz: “Se é
Bayer, é bom”.
Nessa época,
sequências inteiras dos filmes foram destruídas. O que restou foi recuperado na
década de 1950 pela Fundação Getúlio Vargas.
Entre os filmes remanescentes, um
chama atenção. Mostra o rei do cangaço fazendo comercial de Cafiaspirina,
remédio para dor de cabeça da empresa alemã Bayer. O cangaceiro aparece
distribuindo o remédio para seu bando em frente a um cartaz que diz: “Se é
Bayer, é bom”.
Na imagem
abaixo Lampião entrega aos seus companheiros de cangaço o comprimido de
CAFIASPIRINA da empresa alemã Bayer.
Fonte: Livro
“BENJAMIN ABRAHÃO – ENTRE ANJOS E CANGACEIROS” de Frederico Pernambucano de
Melo.
2ª fonte: facebook
Página: Geraldo
Antônio de Souza Júnior (Administrador)
Em fins do
século passado, Delmiro Gouveia, rico comerciante e exportador do Recife,
capital do Estado de Pernambuco, Brasil, sofre perseguições políticas. Seu
estilo arrojado e aventureiro lança contra ele muitos inimigos, inclusive o
Governador do Estado que manda incendiar o grande mercado Derby, recém -
construído por Delmiro Gouveia. Falido e perseguido pela polícia do Governador,
Delmiro refugia-se no sertão, sob a proteção do Coronel Ulisses, levando
consigo uma enteada do Governador. No sertão, ele recomeça sua atividade de
exportador de couros e monta uma fábrica de linhas de costura, aproveitando a
energia elétrica de uma usina que constrói na cachoeira de Paulo Afonso e o
algodão herbáceo nativo da região. A Grande Guerra de 1914, impedindo a chegada
dos produtos ingleses à América do Sul, garante a Delmiro a conquista desse
mercado, sobretudo brasileiro. Os ingleses da Machine Cottons, ex-senhores
absolutos do mercado, enviam emissários para negociar a situação assim criada.
Delmiro nega-se a vender ou associar-se. É assassinado em 10 de outubro de
1917. Alguns anos mais tarde, 1929, a fábrica é adquirida pelos ingleses,
destruída e lançada nas águas da Cahoeira Paulo Afonso. (Press-release)
Prêmios Melhor Roteiro e Melhor Trilha Sonora no Festival de Brasília, 11,
1978, Brasília - DF.. Grande Prêmio Coral no Festival de Havana, 1979 - CU..
Prêmio São Saruê - Federação de Cineclubes do Estado do Rio de Janeiro, 1979.
Melhor Diretor - Troféu Golfinho de Ouro, 1979 - Governo do Estado do Rio de
Janeiro
Elenco:
Falco, Rubens de (Coronel Delmiro Gouveia)
Parente, Nildo (Lionello Lona)
Soares, Jofre (Coronel Ulisses Luna)
Berdichevsky, Sura (Eulina)
Dumont, José (Zé Pó)
Graça, Magalhães (Gal. Dantas Barreto)
Sena, Conceição (Mulher de Zé Pó)
Freire, Álvaro (Tenente Isidoro)
Déda, Harildo (Coronel Zé Rodrigues)
Adélia, Maria (Dona Augusta)
Bourke, Denis (Mister Hallam)
Alves, Maria (Jove)
Almeida, Henrique (Oswaldo)
Gama, João (Chefe da estação)
Wilson, Carlos
Ribeiro, Sue
Guerra, Hélio (Sertanejo)
Na iminência
de finalizar um vídeo especial, com a última componente do bando de Lampião,
Dulce Meneses dos Santos, apresento aos amigos deste seleto grupo, o Making of,
do que será apresentado em breve na sua totalidade...
Neste trabalho, a mesma
aborda de forma inédita, algumas passagens ainda desconhecidas pela maioria dos
pesquisadores do tema!
Amigos, nosso trabalho, A VOLTA DO REI DO CANGAÇO, além vendido direto por mim, no MERCADO ALMEIDA JUNIOR, também pode ser encontrado na PAPELARIA AQUARELA, ao lado do Correio, também na PANIFICADORA MODELO, com Ariselmo e Alessilda e no MERCADO POPULAR, de Daniel ClaudinoDaniel Claudino e Gicele Santos.
Também pode ser encontrado com o Francisco Pereira Lima, especialista em livros sobre cangaço.
Em nossos
livros “Lampião além da versão” e “O Sertão de Lampião”, existe em cada um
deles um capítulo discorrendo sobre a vida e morte de Deluz e de Juriti, este
assassinado cruelmente pelo famoso e temido sargento, então delegado de Canindé
de São Francisco. No “O Sertão de Lampião”, a página 269, está o capítulo “A
morte do sargento Deluz” e no “Lampião além da versão, a página 345, está o
capítulo “Juriti: perverso na vida, valente na morte”.
Amâncio Ferreira da Silva - Sargento Deluz
Amâncio
Ferreira da Silva era o verdadeiro nome do sargento Deluz. Nascido no dia 11 de
agosto de 1905, este pernambucano ainda muito jovem arribou para o Estado de
Sergipe, indo prestar os seus serviços na polícia militar sergipana.
Os tempos
tenebrosos do banditismo levaram Deluz para o último porto navegável do Velho
Chico, o arruado do Canindé Velho de Baixo. Por ser um militar extremamente
genioso, violento e perverso, ganha notoriedade em toda linha do São Francisco
e pelas bibocas das caatingas do sertão. Dos tempos do cangaço ficou na
história, e está registrada no livro “Lampião em Sergipe”, o espancamento
injusto que ele deu no pai de Adília e Delicado, o velho João Mulatinho,
deixando-o para sempre aleijado.
No
pós-cangaço, sem jamais sair de Canindé, também ficaram na história aquelas
versões de que os assaltantes de Propriá quando presos eram entregues a Deluz e
ele ao transportá-los em canoas que faziam o trajeto Propriá/Canindé, prendia
as mãos dos prisioneiros e amarrava uma pedra nos pés dos mesmos jogando-os
dentro do rio. Um de seus maiores prazeres era caçar ex-cangaceiro para
matá-los sem perdão e sem piedade. Foi o que fez com Juriti, prendendo-o na
fazenda Pedra D`água e o assassinando de maneira vil e abjeta jogando-o em uma
fogueira nas proximidades da fazenda Cuiabá.
Foi em virtude
de desavenças com o seu sogro, o pai de Dalva, sua esposa, que naquele dia 30
de setembro de 1952, quando viajava de sua fazenda Araticum para o Canindé
Velho de Baixo, se viu tocaiado e morto com vários tiros. Morte atribuída ao
velho pai de Dalva, o senhor João Marinho, proprietário da famosa fazenda
Brejo, no hoje município de Canindé de São Francisco.
Diz à história
que João Marinho foi o mandante, chegando até ser preso; e seu genro João Maria
Valadão, casado com Mariinha, irmã de Dalva, portanto cunhado de Deluz, ainda
vivo até a feitura desse artigo, com seus 96 anos de idade, completados no mês
de dezembro de 2011, foi quem tocaiou e matou o célebre militar e delegado que
aterrorizou Canindé e o Sertão do São Francisco.
Cangaceiro Juriti
Foi o sargento
Deluz o matador de Manoel Pereira de Azevedo, o perverso e famoso Juriti.
Manoel Pereira de Azevedo era um baiano lá das bandas do Salgado do Melão. Um
dia arribou de seu inóspito sertão e viajou para as terras do Sertão do São
Francisco, indo ser cangaceiro de Lampião, recebendo o nome de guerra de
Juriti.
Este
cangaceiro possuía uma aparência física impressionante. O seu porte atlético
abismava as mocinhas sertanejas que se derramavam em desejos para receber os
seus carinhos e o seu amor. Contrapondo a toda essa atração que despertava nas
jovens, Juriti carregava em seu sentimento e em sua alma um extremado pendor
para brutais violências; cangaceiro de atitudes monstruosas sentia especial
prazer em torturar e assassinar com requintes animalescos as infelizes vítimas
que caiam em suas mãos, como aconteceu com José Machado Feitosa, o rapaz de
Poço Redondo que ele após torturá-lo medonhamente, o assassinou com uma
punhalada em seu pescoço.
Em pouco tempo
Juriti angariou extraordinária fama.
A fama de ser
um cangaceiro que deixava as mocinhas sertanejas loucas de paixão e a fama de
ser um assecla perverso ao extremo. Uma menina-moça, chamada Maria, filha de
Manoel Jerônimo e Àurea, irmã de Delfina da Pedra D`água, deixou-o alucinado.
Aquela ardente paixão foi recíproca. E o jamais imaginado pelos seus pais
aconteceu. A menina de Mané de Aura deixou seu lar, seus pais e se jogou no
mundo. Os seus sonhos e a sua ilusão era passar a viver nos braços do tão
falado e comentado cabra de Lampião.
Na Grota de
Angico vamos encontrar Juriti e Maria vivendo aquele instante de suprema
agonia. Lampião, Maria Bonita e seus companheiros foram abraçados pela morte.
Sem o grande chefe o viver cangaceiro não era possível. Os bandos espalhados
pelas caatingas foram se desfazendo. Alguns fugiram e outros se entregaram as
autoridades de Alagoas e Bahia.
Juriti seguiu
o mesmo caminho de muitos. Após enviar a sua Maria para a proteção do pai e a
ajuda do amigo Rosalvo Marinho que a levaram para Jeremoabo, onde ela foi
recebida e bem tratada pelo capitão Aníbal Ferreira que deixando o papai
surpreso e feliz liberou a sua filha para que com ele retornasse para sua casa
e para o aconchego de sua família. Ainda mais. Solicitou a ajuda de Maria, do
pai e de Rosalvo Marinho para que ambos fizessem com que Juriti e seus companheiros
também viessem se entregar.
Juriti e
Borboleta são convencidos pelo amigo da Pedra D`água e também seguem para
Jeremoabo onde se entregam ao capitão Aníbal. Recebem o mesmo presente que
Maria recebeu. São liberados. Borboleta joga-se na “lapa do mundo” e nunca mais
se soube notícias dele. Talvez não esquecendo a sua Maria, Juriti se demora
alguns dias no Canindé Velho de Baixo, porém no início de 1939 viaja para
Salvador a capital baiana.
Em Salvador
consegue trabalhar como vigia de um fábrica. Em 1941 é despedido do trabalho e
retorna para o sertão de Sergipe. É seu desejo visitar os amigos da Pedra
D`água, obter notícias de sua antiga companheira e seguir viagem para o Salgado
do Melão, a sua terra de nascimento. Chegou ao último porto do Baixo São
Francisco em uma quarta-feira e seguiu para a fazenda de Rosalvo Marinho, onde
se “arranchou” e dormiu.
O sargento
Deluz foi avisado da inesperada presença de Juriti na casa de seu cunhado
Rosalvo Marinho. O sentimento impiedoso do militar não perdoava ex-cangaceiro.
Juriti teria que pagar todos os crimes praticados durante sua vida no cangaço,
e ele seria o juiz que iria condená-lo a morte.
Assim foi
feito. A quinta-feira amanheceu e ainda muito cedo o café foi servido. Juriti
conversa animado com seu amigo Rosalvo. Deluz e seus “rapazes” haviam cercado a
casa. Surpreso, Juriti se vê na mira das armas dos atacantes e é imediatamente
preso.
Sorrindo,
Deluz diz:
- “Mais qui
surpresa! Nunca pensei qui Juriti fosse um pásso tom manso, tom faci de ser
agarrado. Teje preso cabra. Eu num quero cangaceiro perto de mim não”.
Juriti se
recompõe da surpresa e desafia Deluz, dizendo: “Deluz, você é covardi. Eu sei
quem você é. Um covardi. Mostri qui é homi e mi sorte. Só assim você vai ficar
sabeno quem sou eu. Vamu, mi sorti, covardi. Você é um covardi”.
Amarrado a uma
corda, Deluz transporta Juriti na direção de Canindé. Ao chegar a uma
localidade chamada Roça da Velhinha, nas proximidades da fazenda Cuiabá, o
sargento, friamente, ordena que se faça uma fogueira e quando as labaredas
começam a lamber a caatinga e torrar a mataria e o chão daquele triste cenário
da vida sertaneja, Juriti é jogado, sem dó e sem piedade no meio do fogaréu.
Em poucos
minutos o corpo do antigo cangaceiro havia se transformado em um monte de
cinzas. Ficando, por várias décadas, como testemunha daquele medonho momento os
botões da braguilha da calça de Juriti, além do negrume deixado pelo fogo no
local do monstruoso assassinato do antigo Manoel Pereira de Azevedo, do Salgado
do Melão.
Capa do livro de Frederico Pernambucano mostra Benjamin Abrahão e padre Cícero. (foto: reprodução).
Livro resgata
a saga do sírio-libanês Benjamin Abrahão, que imigrou para o Nordeste
brasileiro na década de 1910 e entrou para a história por se tornar braço
direito do padre Cícero e ter sido o único a filmar Lampião e seu bando.
O aventureiro
sírio-libanês Benjamin Abrahão exibe o equipamento da Aba Filmes ao lado de
Lampião, Maria Bonita e o restante do bando. (foto: Cinemateca Brasileira)
Deus e o diabo
na terra do sol. Impossível não lembrar do título do filme de Glauber Rocha ao
ouvir a história do sírio-libanês Benjamim Abrahão, curiosa figura que fez sua
vida no sertão nordestino nos anos 1920 e 1930. O forasteiro conseguiu seu
sustento se aproveitando ora do homem santo padre Cícero, ora do vilão Lampião.
Nessa empreitada, ficou marcado na história como o primeiro a documentar de
perto a vida do cangaço, através de fotos e filmes.
Sua rica
biografia é narrada pelo historiador Frederico Pernambucano em Benjamin Abrahão, entre anjos e cangaceiros, livro repleto
de detalhes suculentos sobre a vida no sertão e que não deixa de fora
importantes marcos da política e da história da época.
Parte da
história de Benjamin Abrahão já havia sido contada no filme Baile
perfumado (1997), de Paulo Caldas e Lírio Ferreira. A essa época,
Pernambucano já estudava a saga do sírio-libanês e foi ele quem sugeriu o tema
para os cineastas. Passados quase 20 anos, o historiador nos revela, em mais
detalhes, um Benjamin Abrahão oportunista, que soube aproveitar cada chance
oferecida no Brasil.
Logo que
chegou ao país, em 1915, fugido do alistamento militar para a Primeira Guerra
Mundial, Abrahão usou da sua estrangeirice para conquistar a confiança de padre
Cícero, então um poderoso e influente líder religioso e político de Juazeiro,
interior do Ceará. Em meio à multidão de fiéis que visitavam o ‘padim’, o sírio
se destacou apresentando-se como conterrâneo de Jesus. Tornou-se secretário
pessoal de Cícero.
“Benjamin era
um espertalhão, tão sedutor que conseguiu se instalar na casa paroquial, na
época uma sede de poder importante. Lá vivia o padre Cícero e seu braço
político Bartolomeu Floro. Benjamin se tornou o braço pessoal do padre”, conta
Pernambucano. “Ficaram o padre e os dois como se fossem seus ministros.”
O
sírio-libanês ficou na paróquia de 1917 a 1926. Nesse período, responsável
pelas muitas joias doadas por fiéis, desviou fundos para si mesmo. Circulava no
luxo e na luxúria até que a morte do padre pôs fim a sua boa vida.
Pernambucano
nos conta que em uma última tentativa de lucrar em cima do beato, Abrahão
cortou chumaços de cabelo de Cícero já morto e passou a vendê-los para os
romeiros. O empreendimento deu lucro até que o povo começou a desconfiar que o
religioso não tinha tanto cabelo quanto estava sendo vendido.
O cangaço
filmado
Sem dinheiro e
desrespeitado, Benjamin Abrahão partiu para uma nova aventura. Com a chancela
de ter sido braço direito de padre Cícero, foi em busca do temido Virgulino
Ferreira, o Lampião. Devoto conhecido do ‘padim’, o cangaceiro estava em seu
auge, controlando vários bandos pelo Nordeste, quando Abrahão lhe propôs ser
seu documentarista oficial. Os dois já haviam se encontrado quando o cangaceiro
foi convencido por padre Cícero a lutar ao lado do governo contra a Coluna
Prestes, que passou pelo Nordeste por volta de 1925.
Abrahão já
tinha tudo preparado. Conseguiu apoio da agência alemã Aba Filmes para filmar o
cangaceiro procurado pela Justiça com uma câmera sem som de alta tecnologia
para a época. Lampião, fascinado com a modernidade dos apetrechos, aceitou a
proposta. Antes, porém, testou o equipamento para garantir que não se tratava
de uma arma disfarçada.
Pernambucano:
“Lampião viu na proposta de filmagem a oportunidade de ingressar na
história pela forma mais moderna que havia então”.
“Benjamim
conseguiu convencer Lampião por causa do efeito mágico do cinema”, diz
Pernambucano. “Naquela época, Lampião mobilizava grossos capitais. Travava com
coronéis da região que financiavam seus roubos e recebiam parte do lucro. Seu
bando era a imagem do sucesso da organização fora da lei. Ele viu na proposta
de filmagem a oportunidade de ingressar na história pela forma mais moderna que
havia então.”
A aventura
cinematográfica de Benjamim Abrahão ganhou as páginas dos principais jornais do
país. Em fevereiro de 1937, ele publicou uma série de reportagens no Diário
de Pernambuco exibindo a intimidade do cangaço.
Havia fotos
impensáveis de Lampião costurando, Maria bonita penteando-lhe os cabelos,
cangaceiros tocando gaita e comendo. O sírio-libanês anunciava para a imprensa
que em breve lançaria um documentário sobre Lampião e seu bando.
A ideia dele
era exibir o filme no Brasil e vender cópias para o exterior, onde Lampião
também era manchete. Mas seu sonho foi destruído pela então recém-instalada
ditadura do Estado Novo, que mandou confiscar as filmagens e proibiu a exibição
e comercialização das películas.
“As fotos e
filmes de Benjamim eram um atestado da incompetência das forças policiais e uma
afronta ao Palácio do Catete”, comenta o historiador, que traduziu a caderneta
em que o forasteiro sírio registrou denúncias sobre as forças policiais que
matavam civis e colocavam a culpa nos cangaceiros.
Assista a
trechos do filme de Benjamin Abrahão sobre o bando de Lampião
Nessa época, sequências inteiras dos filmes foram destruídas. O que restou foi
recuperado na década de 1950 pela Fundação Getúlio Vargas. Entre os filmes
remanescentes, um chama atenção. Mostra o rei do cangaço fazendo comercial de
Cafiaspirina, remédio para dor de cabeça da empresa alemã Bayer. O cangaceiro
aparece distribuindo o remédio para seu bando em frente a um cartaz que diz:
“Se é Bayer, é bom”.
Fadados à
morte
Benjamin
Abrahão morreu em circunstâncias misteriosas sem conseguir lucrar com seus filmes.
Saiu para beber cerveja quando faltou luz na vila em que estava. Ouviram-se
gritos e seu corpo foi encontrado esfaqueado dentro da casa de um homem
aleijado que confessou o crime.
Ninguém sabe
quem foi o real autor do assassinato. Segundo Pernambucano, provavelmente foi
alguém do povo contratado por algum coronel que queria queimar o ‘arquivo vivo’
que era Abrahão. Tendo convivido com Lampião, ele conhecia todos os coronéis e
policiais corruptos que ajudavam o cangaceiro.
Pernambucano:
“Quem matou Benjamin foi a mesma força que matou Lampião: o Palácio do Catete e
os valores da ditadura”.
Mas, para o
historiador, em última instância, quem matou o sírio-libanês e também Lampião
foi o Estado Novo. O fim da soberania dos estados imposta pelo novo regime nacionalista
desmantelou a estratégia de ocupação do cangaço, que se mantinha nas fronteiras
para escapar das forças policiais que não tinham domínio para além de seus
territórios.
Outro elemento
apontado por Pernambucano foi o fim da inviolabilidade do latifúndio, que fez
com que os coronéis que abrigavam bandos de cangaceiros não pudessem mais
impedir a entrada de policiais em suas terras.
“Quem matou
Benjamin foi a mesma força que matou Lampião: o Palácio do Catete e os valores
da ditadura”, afirma o historiador. “Antes que o Estado Novo espatifasse o
sistema de poder do sertão, era alto negócio para qualquer fazendeiro
comercializar com o cangaceiro. O Estado Novo acabou com esse colaboracionismo.
A morte de Benjamin foi, sobretudo, uma queima de arquivo histórica.”
Aproximação
suspeita
A história de Benjamim, na biografia de Frederico Pernambucano, tem como pano
de fundo a relação da Alemanha com o Brasil antes da Segunda Guerra Mundial. O
patrocínio da Bayer e da Aba Filmes à empreitada de Abrahão não foi gratuito. O
historiador acredita que o apoio alemão é indício da política de aproximação do
Reich com o nosso país.
“Lampião foi garoto propaganda da Bayer e isso se encaixa dentro de um quadro
geral de sedução da Alemanha em direção ao Brasil”, diz. “Para se ter ideia,
Hugo Sorentino, italiano que fazia filmes no Brasil, foi convidado a dirigir a
Universo Filmes, agência alemã criada aqui para difundir o cinema alemão e
furar o bloqueio de Hollywood. Ele chegou a ser convidado por Goebbels
[ministro de propaganda de Adolf Hitler] a ir para Alemanha e ouviu dele que
tinha interesse em moldar o cinema alemão para ser atraente para o brasileiro.
Havia um namoro entre Alemanha e Brasil. A Alemanha sonhava com certas
matérias-primas brasileiras, algumas estratégicas como o urânio.”
Pernambucano diz que os interesses da Bayer no Brasil não são completamente
esclarecidos por falta de documentos históricos.
Quando o Brasil declarou
guerra aos países do Eixo, em 1942, a Bayer sofreu intervenção federal e muitos
arquivos foram destruídos. Mas o historiador acredita que a figura de Lampião
era estratégica para a entrada da empresa no sertão. “Aproveitar uma figura de
herói popular, no sentido grego da palavra, que é um sujeito capaz de grandes
façanhas para o bem e para o mal, era a intenção”, diz. “Lampião era cruel,
perverso, atacava vilarejos, mas fascina o povo até hoje.”
Na fotografia estão o Sírio-Libanês Benjamin Abrahão Botto e o Padre Cicero do Juazeiro.
Sem dinheiro e
desrespeitado, Benjamin Abrahão partiu para uma nova aventura.
Com a chancela
de ter sido braço direito de padre Cícero, foi em busca do temido Virgulino
Ferreira, o Lampião. Devoto conhecido do “Padim”, o cangaceiro estava em seu
auge, controlando vários bandos pelo Nordeste, quando Abrahão lhe propôs ser
seu documentarista oficial. Os dois já haviam se encontrado quando o cangaceiro
foi convencido por padre Cícero a lutar ao lado do governo contra a Coluna
Prestes, que passou pelo Nordeste por volta de 1925.
Abrahão já
tinha tudo preparado. Conseguiu apoio da agência alemã Aba Filmes para filmar o
cangaceiro procurado pela Justiça com uma câmera sem som de alta tecnologia
para a época. Lampião, fascinado com a modernidade dos apetrechos, aceitou a
proposta. Antes, porém, testou o equipamento para garantir que não se tratava
de uma arma disfarçada.
Ademar B. Albuqurque - proprietário da Abafilm
“Benjamim conseguiu convencer Lampião por causa do efeito mágico do cinema”,
diz Pernambucano. “Naquela época, Lampião mobilizava grossos capitais. Travava
com coronéis da região que financiavam seus roubos e recebiam parte do lucro.
Seu bando era a imagem do sucesso da organização fora da lei. Ele viu na
proposta de filmagem a oportunidade de ingressar na história pela forma mais
moderna que havia então.”
A aventura
cinematográfica de Benjamim Abrahão ganhou as páginas dos principais jornais do
país. Em fevereiro de 1937, ele publicou uma série de reportagens no Diário de
Pernambuco exibindo a intimidade do cangaço.
Havia fotos
impensáveis de Lampião costurando, Maria bonita penteando-lhe os cabelos,
cangaceiros tocando gaita e comendo. O sírio-libanês anunciava para a imprensa
que em breve lançaria um documentário sobre Lampião e seu bando.
Maria Bonita penteando os cabelos de Lampião
A ideia dele
era exibir o filme no Brasil e vender cópias para o exterior, onde Lampião
também era manchete. Mas seu sonho foi destruído pela então recém-instalada
ditadura do Estado Novo, que mandou confiscar as filmagens e proibiu a exibição
e comercialização das películas.
“As fotos e
filmes de Benjamim eram um atestado da incompetência das forças policiais e uma
afronta ao Palácio do Catete”, comenta o historiador, que traduziu a caderneta
em que o forasteiro sírio registrou denúncias sobre as forças policiais que
matavam civis e colocavam a culpa nos cangaceiros.
Nessa época,
sequências inteiras dos filmes foram destruídas. O que restou foi recuperado na
década de 1950 pela Fundação Getúlio Vargas. Entre os
filmes remanescentes, um chama atenção. Mostra o rei do cangaço fazendo
comercial de Cafiaspirina, remédio para dor de cabeça da empresa alemã Bayer. O
cangaceiro aparece distribuindo o remédio para seu bando em frente a um cartaz
que diz: “Se é Bayer, é bom”.
Nessa época,
sequências inteiras dos filmes foram destruídas. O que restou foi recuperado na
década de 1950 pela Fundação Getúlio Vargas.
Entre os
filmes remanescentes, um chama atenção. Mostra o rei do cangaço fazendo
comercial de Cafiaspirina, remédio para dor de cabeça da empresa alemã Bayer. O
cangaceiro aparece distribuindo o remédio para seu bando em frente a um cartaz
que diz: “Se é Bayer, é bom”.
Detalhe: Essa Sepultura foi localizada pelo Historiador/Pesquisador Rubens Antonio Antônio (Salvador/BA), durante suas pesquisas de campo.
Arsênio Alves
de Souza, ou Tenente Arsênio Alves como assim era conhecido foi durante a época
do cangaço um implacável perseguidor de cangaceiros, em especial a Lampião e
seu bando.
Bando
de Lampião em 1936, Ribeira do Capiá, Alagoas.
Uma história
interessante que envolveu o então Tenente Arsênio foi quando Lampião e seus
homens cercaram o local em que sua tropa havia parado para descansar e tomar
água em um lajedo. Quando todos os soldados estavam desprevenidos Lampião e
seus homens atacaram, matando muitos soldados já durante os primeiros disparos.
A volante foi praticamente dizimada e o massacre não foi ainda pior, graças à
rapidez do tenente que conseguiu alcançar e disparar a metralhadora (hotkiss),
afugentando os cangaceiros que atacavam ferozmente a tropa. Durante o disparo
da metralhadora, que era algo novo para a época, um dos projéteis atingiu mortalmente
Ezequiel Ferreira (Ponto Fino), pondo fim a vida do irmão mais novo de Lampião.
O Tenente
Arsênio consegue fugir levando uma das peças da metralhadora, deixando-a
inutilizada. Esse combate ocorreu no dia 24 de abril de 1931, na Fazenda Tanque
do Touro na Bahia.
Arsênio Alves
faleceu vítima de acidente automobilístico no sul do Estado da Bahia, e seus
restos mortais estão enterrados no CEMITÉRIO CAMPO SANTO em Salvador/BA. Causa da
Morte: Fratura do Crânio.
Fonte: facebook
Página: Geraldo
Antônio de Souza Júnior (Administrador)