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quinta-feira, 19 de maio de 2022

LIVRO DO ESCRITOR ARCHIMEDES MARQUES

   Chegou o volume 2 de 'Lampião e o Cangaço na historiografia Sergipana'

Recebi, ontem, o novo livro do escritor sergipano Archimedes Marques, 'Lampião e o cangaço na historiografia Sergipana'. Essa magnífica obra e, fiquei surpreso com o grande conteúdo e, novidades que o mesmo traz. São quase 400 páginas, com fatos novos, inclusive uma certidão do casamento da cangaceira Dulce, com o também, cangaceiro, Criança. Uma iconografia muito rica, que vale a pena ter em sua biblioteca.
Foto: TV Aperipê

Neste segundo volume passeamos sobre a estada, a passagem, a vida das cangaceiras naqueles inóspitos tempos, suas dores e seus amores nas guerras do cangaço e também após esse tempo para aquelas sobreviventes.

A história do município de Carira, seus arruaceiros, seus bandoleiros, seus pistoleiros, os cangaceiros e policiais que por ali atuaram, também é minuciada e melhor estudada com a participação inequívoca de historiadores locais de renome que remontam esse tempo.

A histórica e linda Laranjeiras dos amores e horrores, não poderia ficar de fora, pois além de tudo, há a grande possibilidade de Lampião ali ter pisado, até mais de uma vez, para tratamento do seu olho junto ao médico Dr. Antônio Militão de Bragança. Nesse sentido a história, a ficção e as suposições se misturam para melhor compreensão do leitor.
  
O autor a esquerda, na ocasião do coquetel de lançamento em Aracaju.
Fonte Site do Bareta.
Boas novidades também são apresentadas neste volume, uma com referência ao “desaparecido” Luiz Marinho, cunhado de Lampião, então casado com a sua irmã Virtuosa, outra referente ao casamento de um casal de cangaceiros ainda na constância desse fenômeno ocorrido em Porto da Folha, com a prova documental e, em especial o extraordinário fato novo relacionado a Maria Bonita em Propriá na sua segunda visita àquela cidade para tratamento médico.

Fotos inéditas também estão apostas neste volume, que acredito será bem aceito pelos pesquisadores do cangaço. A excelente obra pode ser adquirida diretamente com o autor, através do email: archimedes-marques@bol.com.br

Resenha e Transcrição de Volta Seca, administrador do grupo Lampião, Cangaço e Nordeste - Facebook.

http://lampiaoaceso.blogspot.com/2018/05/novo-livro-de-archimedes-marques.html

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REVENDO SÍTIO E RUA

Clerisvaldo B. Chagas, 19 de maio de 2022.

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.703

Após à visita ao sítio Tocaias, ficamos a contemplar a mais antiga rua do Bairro Paulo Ferreira (Floresta). Muitas casas já de fachadas modernizadas, apesar da humildade dos seus moradores. Ganhou creche e ginásio de esportes e continua pavimentada com paralelepípedos. É a mais antiga rua do bairro e a principal da parte baixa. Tem o nome de Joel Marques que foi um dos prefeitos de Santana do Ipanema. A rua Joel Marques tem início logo após a ponte sobre a foz do riacho Salgadinho, riacho esse que divide o bairro Floresta com o Bairro Domingos Acácio. É uma rua muito comprida e reta até chegar ao final onde existe uma bifurcação. A da esquerda segue pela parte mais baixa do relevo, vai formando a estrada antiga das Tocaias e vai sair no riacho João Gomes, via Igrejinha das Tocaias. A da direita sobe até as faldas da serra Aguda e continua até o riacho João Gomes, mais acima, onde está sendo construída a maior barragem do município

ENTARDECER NA ESTRADA DAS TOCAIAS (FOTO: B. CHAGAS).

A parte do lado esquerdo da rua de quem vai para o João Gomes, tem ao fundo do casario, o riacho salgadinho, afluente do rio Ipanema. Seu trajeto é curto e tem as nascentes dentro da Reserva Tocaia. Mesmo assim, dava um trabalho danado antes da construção da ponte pelo prefeito Adeildo Nepomuceno Marques e ampliada pelo prefeito Isnaldo Bulhões. Tanto a rua citada quanto o bairro inteiro, tiveram suas ocupações principalmente pelos que chegavam da zona rural e encontravam terras mais baratas, a exemplo de antes no Bairro Camoxinga.

Atualmente quem segue pela Rua Joel Marques e entra pela antiga estrada das Tocaias, caso vá somente até à Igrejinha ou até a Reserva que fica defronte, ainda pode seguir devagar de automóvel. Quem quer seguir, porém, até o riacho João Gomes, só a pé ou a cavalo. Tem que subir pela estrada mais moderna que passa no sopé da serra Aguda. Caso venha a ser construída a imagem planejada pelo saudoso prefeito Isnaldo Bulhões na serra Aguda, também a região baixa da Floresta, poderá ser incorporada aos avanços que chegarão através do turismo religioso incorporando a Igrejinha das Tocaias e a Reserva Tocaia, pontos de alto prestígio para os santanenses.

Minha visita e pesquisas na área com o escritor João Neto Félix Mendes, fizeram atrasar às crônicas costumeiras. Vênia!  

http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2022/05/revendo-sitio-e-rua-clerisvaldo-b.html

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SEU ATANÁSIO - MEMÓRIA CENTENÁRIA DO CANGAÇO EM PARIPIRANGA, BA

 Por Kiko Monteiro

Dando continuidade aos registros de minha pisada junto com o confrade Narciso Dias por terras que ontem pertenciam a Paripiranga e hoje são de Adustina, tivemos mais uma grata surpresa ao sermos avisados da existência, eu diria até espetacular existência e presença de Seu Atanásio. Ele é mais uma testemunha ocular dos fatos lampiônicos no sertão baiano, e que para nossa sorte naqueles dias se encontrava em tratamento de saúde na casa da sua filha.


Ex-vaqueiro e coiteiro assumido, Atanásio Gregório dos Santos já não enxerga à onze anos. Precisamente quando completou os 102 anos de idade... Hoje aos "111" desafia o tempo e o vento, sim, o homem nasceu em 05 de fevereiro de 1902. Com prova documental.



Garantiu lembrar de ontem como se fosse ainda ontem. Conversamos com ele por pouco mais de uma hora. Não foi fácil montar o seu depoimento. É preciso intimidade com o ritmo e expressões e corruptelas da fala dos nossos vizinhos de estado. E seu Atanásio nem sempre partia do inicio ou finalizava um episódio. Alguns capítulos ficaram pela metade, portanto sem validade para nossa publicação. Não poderíamos exigir muito, os fatos conhecidos e vivenciados por este baiano fecharam com chave de ouro a nossa tão proveitosa visita.

Pra inicio de conversa, ele nos disse que não era filho de Paripiranga, é natural de Bebedouro (atual cidade baiana de Coronel João Sá que pertencia à Jeremoabo). 

Que na verdade foi um coiteiro de dupla função, pois serviu aos dois lados da força. 

Na época do cangaço ele já residia nos Jardins  mesmo lugarzinho em que vive amparado pelos filhos, (atualmente o Jardins é um povoado do município baiano Sitio do Quinto). 

O que facilitou sua amizade com os cabras de Lampião foi o fato de ser casado com uma prima do cangaceiro "Saracura". Assinala que o grupo que dominava a região era justamente o de Ângelo Roque "O Labarêda" um cangaceiro manso e chefe de Saracura.
Saracura não, o Benício, que era um excelente vaqueiro e conforme a história, um sertanejo que revoltou-se ao ver seu pai quase invertebrado numa rede por conta de uma surra que tomou de uma força volante.

Confiram a data de nascimento no RG do "menino"
Ressalta que manteve boa convivência com policiais. Todavia ao botar na balança quem mais apreciava, deixa claro a sua simpatia pelo modus operandi dos cabras de Lampião. Afirma que presenciou muito mais atrocidades dos "Macacos". Afinal de contas...
 - "O que mais tinha na policia era vagabundo a procura de comida e dinheiro. Era uma época de secas terríveis e estas pessoas não tinham opção. A única alternativa era pegar em armas para perseguir cangaceiros. Mas a única coisa que a maioria sabia fazer era pilhéria, covardia de bater em pobres coitados. Enfrentar os cangaceiros como devia de ser... Ah! foram poucos".
L.A. - Sabendo que havia violência de ambas as partes, por que o senhor preferia lidar com os cangaceiros do que com as Forças?
- "Vamos dizer assim: Eu não fazia nem cara feia, nem corpo mole. A volante exigia que eu matasse um bode dos meus, eu atendia, eles comiam, enchiam o bucho, nem sequer agradeciam e iam embora. Já os cangaceiros pediam a mesma coisa, porem ao se fartarem pagavam pelo animal abatido. Aliás, eu ganhava de cinco a dez mil réis por qualquer favor prestado a cabroeira".
 L.A. - O senhor chegou a frequentar algum baile com os cangaceiros? 
- "Fui dançar uma única vez um "pagode" convidado pelo próprio Ângelo Roque no Pinhão. Mas chegou uma força e teve tiroteio. Nesse dia não morreu ninguém, eu consegui fugir me arrastando pelo batente da choupana". 
 L.A. - E Lampião? 
- "Conheci demais, ele andou muito no sitio (Do quinto), aqui pelas matas de Paripiranga, também, tinha preferência pelos coitos na beira do rio Vaza Barris que corta a região".
  
A cada intervalo Seu Atanásio sempre repetia: 
"Tempo bom, meus amigos, é o de hoje".

Também pudera, o homem na condição de coiteiro, e de quem viu muito assombro e desmandos de toda a sorte no sertão pode fazer o comparativo.
Certa vez ele guiou a cabroeira até a casa de uma mulher chamada Josefa de Bispo, que morava com três filhos no lugar chamado Quixaba. Ao perceber a fome que estes passavam, os cabras ruins do sertão num momento de benevolência (heroismo) se compadeceram da situação e deram-lhes comida.
Mas certa feita esta mesma mulher achou de informar para a volante comandada pelo Sargento Balbino a localização do coito dos bandoleiros. O cangaceiro (cujo nome ele não recorda e prefere não sugerir ) Tomou conhecimento da desfeita e a visitou mais uma vez, desta vez sem piedade nem tampouco caridade.
- "Ele cortou a língua dela com uma faca de ponta para servir de exemplo à  todos que não soubessem manter silencio sobre suas presenças na região".
Pensam que o castigo lhe bastou? Dona Josefa, revoltada e sem a língua para caguetar, apontava com o dedo a direção do bando para a volante. Ligeiramente engraçado? No cangaço nada é cômico. Essas "apontadas" ocasionaram em tiroteio e como nova represália os cangaceiros intimidaram a velha de vez, matando dois dos seus filhos.
Recordou um outro trágico episódio envolvendo gente que desafiou o perigo, narrativas que ouviu dos próprios executores.
O jovem Manoel Caetano, “Manoelzinho” era caçador e certa vez deu de cara com um coito de cangaceiros que se preparavam para tratar uma vaca. Ao voltar para casa ao invés de segurar a novidade resolveu procurar o sargento Balbino e delatar o local. Novo embate com a policia... Não tinha outro, eles já sabiam quem os havia entregado e juraram vingança contra o Manoel. Tempos depois Manoelzinho que pensava que era invisível descia as margens do riacho sozinho e deu de cara com um cangaceiro que o cumprimentou pelo nome, Manoelzinho desconfiado perguntou quem ele era, e o cabra identificou-se como Soldado do governo".
O caçador nem imaginava quem seria a caça, achou de fazer a média com o volante e foi proseando:
- Pois um dia destes, botei vocês no rastro dos bandidos, não mataram porque não quiseram.
- É verdade, mataram ninguém não, tanto que estou aqui conversando com você, seu filho de uma p... vais morrer agora mesmo.
Outros cangaceiros saíram do mato. Manoelzinho se ajoelha clama que poupem sua vida pois tinha uma boa quantia de dinheiro pra lhes dar.
- Tenho pra vocês um conto e quietos réis...
Trato aparentemente aceito, mas o levaram e mantiveram-no prisioneiro no coito e no final da tarde o mataram a punhaladas e deixaram o cadáver exposto em outro ponto da mata. Paisanos que passavam pelo local ao se depararam como aquela cena medonha e fugiram esquecendo-se das montarias.
 Atanásio tira sem dificuldade mais coisas da sua centenária e incrível memória
Conta que conheceu "Mariquinha" prima de Maria Bonita e companheira de Ângelo Roque.

[Mariquinha também era natural de Jeremoabo e foi assassinada por Odilon Flor no lugar Riacho do Negro, (diz que na época o lugar também foi conhecido por Curral do Saco) juntamente com os cabras Pé-de-peba e Chofreu. Quem participou desta diligencia e está vivo para contar esta história é o ex volante Gerson Pionório entrevistado por João de Sousa Lima Leia Aqui ]
 

Cabeças dos cangaceiros Mariquinha, Chofreu e Pé-de-peba
Acervo Lampião Aceso
 
Cruzes dos cangaceiros mortos no Riacho do Negro
Foto: João de Sousa Lima
E que em 1938 após o massacre, descobriu que dois sobrinhos dele estavam junto com Lampião em Angico. Um deles recebeu o vulgo de "Zeppellim" e o outro não lembra, mas enfim, era o Pedrinho. Os dois conseguiram escapar. permaneceram escondidos durante seis meses na fazenda Caraíbas (Divisa entre Adustina e sitio do Quinto).
- "O Pedrinho tinha um ferimento de bala na coxa que ele tratou com farinha molhada".
 L.A. - E o senhor? não chegou a ser convidado para pegar em armas e acompanhar os cangaceiros? 
- "Com os meninos? Não, mas cheguei a marchar com Zé Rufino algumas vezes na persiga de cangaceiros". Recebi um fuzil e uma recomedação dele -"Se ver alguém não seja doido de atirar, espere minha ordem".
Seu Atanásio disse que também serviu como coiteiro do célebre Corisco.
 L.A. - E Dadá, o senhor lembra dela?
"A Dadá? Ah ali era uma “cabocla positiva”. Uma vez eu pesquei não sei quantos quilos de Jundiá pra ela e pra Corisco... Conheci o "Balão" e o Mariano quando ele era comandado pelo diabo Loiro... e outros e outros".

"Esse depoimento foi gravado no dia 2 de julho de 2013 e escrito dois meses depois. Antes de publica-lo eu precisava me certificar da condição atual do nosso entrevistado. Hoje, 07 de junho de 2014, mantive contato com o nosso amigo e anfitrião professor Salomão que foi buscar noticias junto a filha de Seu Atanásio e ela nos assegurou que: Aos "112 anos" o pai dela está vivendo seus últimos dias, meses, ou quem sabe até anos no rancho dele, lá no Sitio do Quinto".

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Este blog destina–se à discussão, preservação e divulgação da memória dos eventos do Cangaço, em todas as suas dimensões e amplitudes.
 

Estão inteiramente liberadas para uso em publicações as postagens de minha autoria neste blog, devendo–se primeiramente realizar a formal gentileza de citá–lo como referência primária.
 

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COM FREDERICO PERNAMBUCANO DE MELLO EM RECIFE, ENTREGANDO MEU LIVRO “1927 – O CAMINHO DE LAMPIÃO NO RIO GRANDE DO NORTE”

 Rostand Medeiros E Frederico Pernambucano de Mello– IHGRN

Depois de quase sete meses recluso na minha residência em Natal devido ao atual problema da pandemia, por esses dias eu tive a grata oportunidade de pegar a estrada BR-101 e seguir para Recife, onde visitei o amigo Frederico Pernambucano de Mello.

Como já aconteceu em outras oportunidades e apesar do distanciamento em relação a questão do COVID-19, eu fui muito bem recebido pelo amigo e a conversa foi bastante ampla e excepcional. E só tiramos as máscaras para bater uma chapa e registrar o momento!

Sempre é bom encontrar alguém com amplo conhecimento em determinados temas e mais ainda quando essa pessoa, como é o caso de Frederico, possuí algumas qualidades simples e que parecem faltar nos dias de hoje – Transmitir conhecimentos de forma clara e objetiva, além de escutar com atenção ideias e opiniões. Isso tudo em meio a muita simplicidade, algo que lhe é próprio e normal. Pude aprender mais sobre a História do nosso querido Nordeste.

Na ocasião lhe ofertei um exemplar do meu novo livro “1927 – O Caminho de Lampião no Rio Grande do Norte”. Fiquei muito agradecido pela atenção, respeito e fidalguia dispensada a esse potiguar.

Realmente valeu a viagem!

Segundo o Wikipédia, Frederico Pernambucano de Mello nasceu na cidade do Recife, capital do estado brasileiro de Pernambuco, é Procurador federal aposentado, é formado em Ciências Jurídicas e Sociais pela tradicional Faculdade de Direito do Recife e em 1988 foi eleito para a Academia Pernambucana de Letras e foi superintendente da Fundação Joaquim Nabuco. Tem entre suas obras Rota Batida: escritos de lazer e de ofício, Guerreiros do sol: o banditismo no Nordeste do Brasil, Quem foi Lampião, A Guerra Total de Canudos, Delmiro Gouveia: desenvolvimento com impulso de preservação ambiental, Guararapes: uma visita às origens da pátria, A tragédia dos blindados: um episódio da Revolução de 30 no Recife, Estrelas de couro: a estética do cangaço, Benjamin Abrahão: Entre Anjos e Cangaceiros, Na trilha do cangaço: o sertão que Lampião pisou, Guerra em Guararapes & outros estudos, Apagando o Lampião: Vida e Morte do Rei do Cangaço.

https://tokdehistoria.com.br/2020/09/21/com-frederico-pernambucano-de-mello-em-recife-entregando-meu-livro-1927-o-caminho-de-lampiao-no-rio-grande-do-norte/

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A DIGNIDADE DE VIRGOLINO FERREIRA: ANTES DE SER LAMPIÃO EBOOK KINDLE

 Por Raul Meneleu

Nesta pesquisa separei apenas um dos diversos episódios sobre Virgolino Ferreira da Silva, enquanto era apenas Virgolino e não tinha ainda chegado a ser o famoso Lampião.

Precisamos ver como essa infame história teve início. Não quero fazer julgamento de nada e sim apenas relatar aqui o que encontrei nestes 3 livros. Trata-se do grande pacto entre duas famílias que se degladiavam no sertão pernambucano: Os Ferreira e os Nogueira.

https://www.amazon.com.br/dignidade-Virgolino-Ferreira-Antes-Lampi%C3%A3o-ebook/dp/B08Q78Z8GV

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DESCOBERTA

Por Manoel Severo

O Professor, Historiador, Pesquisador da Cultura Nordestina e Cangaço, Alfredo Bonessi, recentemente fez uma descoberta importante e relevante para os estudos do Cangaço. Descobriu o paradeiro do ferrete “JB” do cangaceiro Zé Baiano, do Grupo de Lampião. O ferrete se encontra afixado na parede do Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro, junto uma porção de ferros utilizados no tempo da escravidão no fim século XIX, aqui no Brasil.  

O FERRO DE ZÉ BAIANO - Por Alfredo Bonessi

O ferrete era considerado pelo Museu como um utensílio de tortura dessa época. Com esse instrumento de tortura Zé Baiano ferrava as vítimas, a maioria mulheres, no rosto, nas nádegas e nas partes íntimas, às vezes porque tinham cortado os cabelos, e outras vezes, porque eram mulheres de militares, soldados da polícia, que perseguiam o bando de cangaceiros. 

Zé Baiano era tido com um cangaceiro rico e sua vida no cangaço ficou caracterizado como um cangaceiro malvado, que não tinha dó de suas vítimas. Possuía uma mulher muito bonita de nome Lídia, cangaceira também, que era alvo de todas as atenções desse cangaceiro a ponto de receber comida na boca, e de ganhar joias e muito presentes de parte dele. 

Zé Baiano

Pega no flagra, no meio do mato, em amores com o cangaceiro Bem-te-vi, do bando de Corisco, Lídia foi amarrada a uma árvore, onde passou a noite gritando e chorando muito, implorando pela vida e pelo perdão do seu amado. Zé Baiano refugiou-se em sua tenda onde passou a noite em claro.  O dia vinha nascendo quando Zé Baiano cavou a cova ao lado da árvore onde estava presa a Lídia, e a matou a pauladas. A seguir enterrou o corpo e sentou-se em cima da cova, onde desandou a chorar.

Zé Baiano foi morto por Antonio da Chiquinha e mais três sertanejos, armados de facão, durante a comilança de uma fatada de bode, regada a cachaça, a mando dos devedores de Zé Baiano, que eram muito e as somas eram vultuosas, segundo dizem, ou segundo outros, para se apossarem das riquezas do cangaceiro.

http://cariricangaco.blogspot.com/2015/05/o-ferro-de-ze-baiano-poralfredo-bonessi.html

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AS VOLANTES SOB O OLHAR DE ALFREDO BONESSI

 Olho no Olho...

Por Alfredo Bonessi.

Pesquisador Alfredo Bonessi

Pesquisador Alfredo Bonessi nos responda: Qual dentre todos os comandantes de Volante o amigo mais admira e porque? Na sua opinião, como homens traquejados no uso das armas e nos combates nas caatingas, como GINO, ARLINDO ROCHA, MANEL NETO e NAZARENOS "se deixaram abater e surpreender" da forma como aconteceu em Serra Grande, Serrote Preto ou Maranduba?

Caríssimo Dr Severo,

Muito se tem escrito sobre a têmpera de quem combateu Lampião, mas no que diz respeito à coragem pessoal, à capacidade combativa, o denodo demonstrado nas persigas, à tenacidade durante os combates e o comportamento altivo na hora da morte. De lado a lado tivemos provas de coragem e determinação na chegada da derradeira hora.

O simples fato de sair na persiga de cangaceiros já é uma prova de coragem de parte de quem os combateu. Lembrando aqui que deslocamentos de cangaceiros e volantes era por motivos opostos: os cangaceiros se deslocavam sempre preocupados com o fator segurança, diante do possível, sem deixarem pistas e as volantes se deslocavam em buscas de pistas. Ambos se baseavam em informações para efetuarem os deslocamentos. Algumas vezes os rastros encontrados, originados por descuidos ou deixados de propósitos, serviam de pistas de possíveis paragens para ambas as partes. Enquanto vivos, Antonio Ferreira e Sabino, não havia caçados e caçadores, mas após a morte deles, o Cangaceiro passou a ser o caçado e a Volante o caçador. O Cangaceiro era o fora-da-lei. A Volante estava ao lado da lei, por força de Lei, a Volante era a Lei, representava a Lei. Aí reside a grande diferença de comportamento entre os oponentes.

A Volante com sede em Santana do Ipanema e sob o comando do Major Lucena se desdobrava em dezenas de grupamentos de forças, todas comandadas por oficiais, na maioria das vezes, e em outras vezes por graduados que tinham se destacado em combates contra cangaceiros. Cada pelotão de combate de 45 homens era fracionados em três ou quatro subgrupos de homens comandados por oficiais ou graduados. As ordens eram dadas pelo Major Lucena pessoalmente na sede da volante, ou por telegrama, ou por emissários aos comandantes dos pelotões que aprontavam os soldados e se deslocavam para o ponto combinado. Quando chegavam no ponto determinado, muitas vezes lá estava o comandante Lucena a espera da força. Dialogava com o oficial em comando e dali novas ordens eram dadas e Lucena sumia sertão a dentro conferindo se suas ordens eram cumpridas.

Tenente José Lucena Albuquerque Maranhão

Nesse ínterim, informações e contra-informações era o jogo predileto da polícia e dos cangaceiros.

Lampião venceu a polícia por mais de vinte anos, fazendo-os de bobos, driblando-os, mas a medida que as estradas estavam sendo abertas e a nova forma de comunicação, o radio, foi se estabelecendo em bases previamente estabelecidas de forma sistêmica no sertão, as possibilidades de sobrevivência do cangaço foi diminuindo cada vez mais. O fim do cangaço era uma questão de tempo, tão somente isso. O cangaceiro precisava sobreviver no sertão e dependia de tudo e de todos. A polícia dependia de seus chefes, dos políticos, dos governos. Além do mais caçar um cangaceiro e abatê-lo era sonho de todo policial, pois além da fama pelo feito havia a possibilidade de ficar rico - quem abatia um cangaceiro era dono do tesouro que o mesmo portava.

Cangaceiro não andava em estradas quem andava em estradas era a policia, a pé na maioria das vezes, montada, às vezes, de caminhão esporadicamente, e até de ônibus; segundo Labareda, fazendo o cerco aos cangaceiros seguindo à risca as ordens emanadas de Lucena. Resumindo: tudo que era de informação eram enviadas ao major Lucena que recebia e transmitia aos comandantes das frações em operações no interior do sertão, informações essas oriundas das policias de outros estados, de informantes credenciados, dos oficiais em campanha, dos caçadores, dos delatores, dos coiteros e de cangaceiros que mudavam de lado. O cerco a Lampião se fechava cada vez mais.


Uma vez estabelecido de que forma os oponentes se deslocavam e com que objetivo, será fácil entendermos o porque muitas vezes tanto os cangaceiros e policiais foram pegos desprevenidos. A fuga milagrosa dos cangaceiros ao cerco da polícia é o que se tem de mais notável na guerra do cangaço. Desde a fazenda Piçarras até o Raso da Catarina o que se viu foram ambos os lados se degladiando até as últimas forças, num jogo mortal com sangramentos de ambos os lados. O fiel da balança começou a pender para o lado da lei quando sertanejos ocuparam a posição de comandante das forças volantes, aí Lampião teve que se desdobrar em cuidados operacionais. Era o rastejador - homem que outrora fora caçador – o grande responsável para conduzir a volante até os cangaceiros estivessem onde estivessem. Não era mais o soldado inexperiente, o militar de escola, que levava os homens para o combate, eram os sertanejos calejados na vida da caatinga, acostumados a sede, a fome, a suportar todos os tormentos que o calor possa oferecer, a não desistir jamais de uma meta estabelecida, de um objetivo proposto, de uma vingança, de fazer justiça. Isso chama-se determinação.

Todas as vezes que os cangaceiros esperaram as volantes a vitória foi cangaceira, mas na maioria das vezes os cangaceiros foram pegos de surpresa e pagaram muito caro por isso quando isso acontecia o cerco policial era bem feito, dera certo e os cangaceiros não esperavam pelo ataque.

O que se viu em Serra Grande, Serrote Preto e Maranduba foram erros policiais. Falta de planejamento, falta de coordenação e controle, rancor exacerbado, despreparo, arrogância, destemor beirando a loucura...

... desejo de vingança, desconhecimento do terreno, avaliação mal feita da posição inimiga, cansaço, dispositivo de combate mal posicionado no terreno a ponto dos policiais se matarem entre si, individualismo, corporativismo, falta de capacidade profissional, inexperiência, descontrole, desejo de mérito, dos louros pela vitória aparetemente fácil devido ao grande efetivo que se compunham a força policial.

Encerrando a exposição do tema a que me propus discorrer posso afirmar às gerações de hoje que a coragem nunca fez falta a esses homens que lutaram por causas tão diversas, não acredito que o sertanejo do interior, daqueles tempos fosse acometido por um instante de medo diante do perigo eminente, seja ele a ponta de um punhal, ou o sangue escorrido de um orifício provocado por uma bala, seja ela policial ou cangaceira.

Analisando o tema como um todo não encontrei um momento de fraqueza por parte do policial e nem pelo cangaceiro, mas encontrei um momento de traição e covardia por coiteros, como foram os casos de Pedro de Cândida, Durval Rosa e Joca Bernades. O fato não se torna hediondo pela delação e da forma como ela ocorreu, pois qualquer cidadão teria o dever moral de contribuir com a ação policial para o bem da sociedade de então. Mas esses personagens não eram simples cidadãos, eram sócios, colaboradores no crime e beneficiados pela ação dos criminosos uma vez que eram pagos para fazerem compras e darem informações aos bandidos, isso por livre e espontânea vontade. Sendo assim, e pagos e muitos bem pagos pelos cangaceiros não deveriam ter feito o que fizeram, entregando-os covardemente a morte, sem darem chance de defesa aos amigos. Antes morressem eles, heroicamente, no ferro do punhal, do que passarem a traidores para a história porque ninguém gosta de traidores estejam de que lado estejam - os traidores nunca ficam com a honra - a honra não pertence a eles.

Por fim, se tenho que escolher um comandante; um comandante para mim; um comandante que eu gostaria de ficar sob suas ordens, pois com certeza seria um militar bem sucedido, eu escolheria Zé de Rufina

... não desmerecendo os demais. Poderia aqui escrever páginas e mais páginas sobre esses oficiais e suas equipes, mas eu gostaria de trabalhar na Volante do Tenente Zé de Rufina. Creio que é a turma mais experiente diante das demais turmas. Outro personagem que eu gostaria de ter como amigo era Odilon Flor - tenho boas informações sobre ele. É o tipo de homem que eu dormiria sossegado deixando ele na vigia.

Comandante de volante, Zé de Rufina

As vezes as pessoas me perguntam o porque que Lampião não deixou o cangaço e foi morar em outro lugar, como fez o chefe do cangaço Sinhô Pereira ? - respondo logo sem pestanejar: porque os nazarenos iriam atrás dele onde ele estivesse. A guerra entre Nazarenos e Lampião é uma guerra a parte, diferente da ocorrida entre cangaço e polícia. É um outro estudo que não cabe aqui nesse momento referendar, porque fugiríamos do tema.

O que sabemos é que cangaço e volante se encontraram na doença - véspera da morte - nos hospitais onde estavam baixados - diferente do encontro em combate que travaram na mocidade onde ambos os lados procuravam causar a morte do seu oponente. Assim o valente e temerário Odilon Flor foi visitado por Labareda nos hospitais da Bahia, Dadá visitou Zé de Rufina quando esse estava doente, se abraçaram e choraram. Dadá ainda tentou visitar o Coronel Bezerra quando esse estava acamado, mas foi expulsa do Hospital pela esposa dele.

Encerrando, ficaremos com a imagem do Tenente Higino José Belarmino, o Nego Gino, como era chamado pelos cangaceiros, quando ao pé da serra, retira o seu relógio de bolso, olha as horas e fala entre os dentes:

- Bem, são nove horas e vinte e dois minutos - daí olha para o cimo da serra, fecha o relógio e o coloca no bolso – daqui pra frente, diabo é quem sobe essa serra !

Capitão Alfredo Bonessi
Oficial da Reserva do Exercito Brasileiro
Pesquisador e Membro do GECC e da SBEC

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GOSTEI DO VÍDEO E SENTI UMA EMOÇÃO DE ARREPIAR!

Por Capitão Alfredo Bonessi.

Lembrei dos bailes de antigamente onde as armas eram deixadas na portaria e se podia dançar de chapéu! - e havia uma única placa na parede, em letras vermelhas desbotadas: Proibido dançar de esporas. A única restrição! A faca ficava na cintura atrás das costas e a prenda não podia recusar o convite para dançar! Se ela recusasse saía a briga. As famílias inimigas de vez em quando se cruzavam em um namoro proibido que não acabava bem: sobrava para a pobre da moça que ia acabar no convento. Hoje em dia mudou muito, só não pode dançar de chapéu !


A terra de homem valente ainda é Cruz Alta, São Luiz Gonzaga, Tupan, Barril e São Gabriel- se você entrar em um lugar desses cuide da metade da vida porque a outra metade está perdida.

Bonessi

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