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sábado, 22 de janeiro de 2011

Maria Bonita, um olhar para seus familiares - Por José Mendes Pereira

Capitão Alfredo Bonessi

O capitão Alfredo Bonessi diz em seu artigo: “Um olhar sobre Angicos Parte I...” páginas do Cariri Cangaço, que Maria Bonita já vinha se queixando de Lampião, da vida que levava, pois queria ir embora para casa, largar a vida de cangaceiro, mas Lampião não queria. O casal estava brigado e havia discutido muito. Maria Bonita estava de astral novo, pois ela tinha cortado os cabelos.

Em minha humilde opinião Maria Bonita não só estava cansada da vida que levava, como já havia adquirido o medo de viver embrenhada às matas, sabendo que a qualquer hora poderia ser morta pelas volantes policiais.

Ah, se eu me encontrasse com a minha família!

Maria Bonita quando se embrenhou às matas estava dominada pelo o cupido, e depois de tantos sofrimentos, descobriu que havia se enganado, pois a sua loucura pelo o movimento do capitão Lampião era uma simples ilusão.  Por esta razão, exigia do seu companheiro a desistência daquela amaldiçoada vida.

Maria Bonita e Lampião

Foram oito anos vividos e perdidos entre os serrados. A vida do cangaço era um verdadeiro inferno, sofrendo naquelas matas como se fosse um animal, e como saldo, apenas ganhara o sol forte, poeiras, chuvas, dormindo no chão, desprovida de um acomodado teto, distante das festas decentes que aconteciam na sua terra querida, a solidão presente a todo instante, saudade dos pais, irmãos, familiares, amigos, parentes e aderentes.
                  
Viveu o inferno que ela mesma o desejou.  Queria voltar ao seu amado chão, abraçar os velhos e sofridos pais, irmãos e lhes dizer, que a partir daquele dia, passaria a ser a nova Maria Déia e não mais falassem em Maria Bonita.
                  
Mas Maria Bonita apenas imaginava a desistência do cangaço, e não tinha coragem de fugir da presença do seu companheiro. Não queria tomar esta atitude, pois a Rosinha de Mariano fora assassinada a mando de Lampião, e ela mesma sabia que sendo a verdadeira companheira do chefe do cangaço, e se fugisse em busca dos seus familiares, com certeza seria seguida pelos cangaceiros, todos ordenados por Lampião.

As caatingas são bem melhores do que a prisão

Mas Lampião como chefe de bando jamais imaginou sair daquela sofrida vida. Para ele, liberdade, somente entre os serrados, livrando-se de estilhaços de balas, pois se assinasse a desistência do cangaço, com certeza iria passar pelas mãos vingativas de policiais. Não desistiria e nem autorizaria a saída de sua companheira do cangaço.

As conversas mantidas por Pedro e Lampião

Em relação às conversas mantidas por Pedro e Lampião dentro da mata eu suponho que o interesse de Pedro era para saber se o bando iria passar mais alguns dias na Grota, ou se já estava de bagagem pronta para partir para outro lugar, pois é quase certo que Pedro de Cândido já vinha sendo pressionado pela volante de João Bezerra, e, temendo ser executado, que na época um policial ditava as regras, foi obrigado a delatar o lugar onde os asseclas se encontravam. Lampião que não tinha maldade no seu coiteiro caiu na malha fina preparada por ele.    
Entrega de Balas a Lampião

Quanto ao suposto envio de balas pelo tenente João Bezerra a Lampião, não há como eu acreditar, pois é muito difícil um perseguidor fazer venda de munições ao seu perseguido, e em seguida ir atacá-lo.

O tenente João Bezerra - É o que está com mão sobre a coxa

O jornal de Fato - Revista exemplar - Edição 315/2008 “Domingo” publicou um artigo do escritor Paulo Gastão que entrevistou o Durval, Rosa. Diz o escritor: “Durval Rosa, irmão de Pedro de Cândido, em depoimento a mim prestado e registrado em fita de vídeo, declara que na noite anterior ele desceu a serra e foi levar um saco de balas dividido em duas porções em cima de um jumento. “Era muito peso”, dizia o entrevistado. Para que tantas balas? Que desejaria o capitão fazer com o material? Existia a compra de armas e balas, porém, se quem servia de intermediário para que farto material chegasse às mãos dos bandidos? Um militar que atuou na volante que chegou a Angico foi curto e grosso. “-A polícia!”

Escritor Paulo Medeiros Gastão

Quando eu falo que não há como eu acreditar, não me refiro às palavras do escritor Paulo Gastão, e sim, as de Durval Rosa, pois o escritor apenas diz o que o depoente disse. Não é Paulo Gastão que está confirmando a remessa de balas feita por João Bezerra a Lampião. E tudo que ele fala neste artigo, eu estou de acordo com ele.
                     
Eu não duvido que alguns policiais desprovidos de patentes, e que não participavam das perseguições aos bandidos, tenham feito vendas de balas a Lampião, pois na época do cangaço não era necessário se apresentar documentos para tal compra, e também quem guardava as avantajadas caixas de balas eram os próprios policiais, que eles mesmos poderiam negociá-las, sem que as autoridades, como sargentos, tenentes e capitães soubessem o total de balas estocada.
O cão Guarani em Piranhas  

Quanto ao cachorro de Lampião que fora pego em combate pela volante de Zé Rufino, e posteriormente entregue ao Tenente João Bezerra lá em Piranhas, e sessenta dias depois o animal estava na companhia do seu dono, é possível que ao darem liberdade a ele, isto é, o soltado, achando que ele ficaria na residência de João Bezerra, o animal tomou rumo às caatingas à procura de Lampião, que não é coisa difícil para cão sair em busca do seu dono.

Corisco foi um traidor ou não?

Em relação a não presença de Corisco ao coito, na madrugada de 28 de julho de 1938, lá na Grota de Angicos, eu busco resposta para isso.  

Corisco e o cangaceiro Vinte e Cinco
                     
Alcindo diz em (Lampião Além da Versão – Mentiras e Mistérios de Angicos): “-Uma estranha versão conta que nos últimos dias que antecederam o cerco na Grota de Angico, os famosos José Lucena e Aniceto Rodrigues foram até o coito, com a finalidade de acertarem algo que poderia mudar os caminhos do banditismo com o falado Diabo Loiro”. Continua: “-É esta visita misteriosa, um dos grandes segredos que cercam os fatos de Angico”.


Escritor Alcindo Alves da Costa

Tenente José Lucena Albuquerque Maranhão

Teria sido Corisco um dos traidores de Lampião, entregando o rei aos famosos José Lucena e Aniceto Rodrigues, já que eles foram ao seu coito com a finalidade de acertarem algo que poderia mudar os caminhos do banditismo?
Quando aconteceu a chacina que levou o rei, Maria Bonita e mais nove cangaceiros, Corisco e seus asseclas se encontravam acoitados entre as fazendas de nomes: Coidado e Emendadas.  
                     
Será que Corisco não foi para o acampamento quando aconteceu o ataque aos bandidos, porque sabia o dia em que seria feita a chacina, uma vez que a volante não iria ter tempo de escolher quem morreria e quem ficaria vivo? E aí, leitor?

Esta é a minha humilde opinião.

                    Fontes de Pesquisas:
                    Um olhar sobre Angicos Parte I - Capitão Alfredo Bonessi.
                    Revista Jornal de Fato - Mossoró - Edição 315/2008.
                    Lampião Além da Versão - Mentiras e Mistérios de Angicos -
                    Alcindo Alves da Costa.
                    Fotos extraídas do Blog  Cariri Cangaço - Manoel Severo. 

Lampião era um homem bom - Por José Mendes Pereira


O cangaceiro Volta Seca disse ao repórter do Jornal “O Pasquim”, Nº. 221 – Setembro/Outubro de 1973, que Lampião não era só um homem vingativo e perverso. Também fazia caridade para a maioria dos necessitados.
Durante o período em que Volta Seca conviveu no bando, viu muitas vezes Lampião tirar do bornal, dinheiro e doar às pessoas necessitadas. Se alguém lhe fizesse um pedido, ele tentava ajudar, desde que não fosse por exploração, seria imediatamente resolvido.  Apesar de ter sido um homem aparentemente trancado, mas era bastante generoso, atencioso e além de educado.


Lampião - Foto extraída do Cariri Cangaço

Qualquer pessoa que fizesse algo de bom para ele, já estava protegida. O que ele não gostava mesmo, era desses como se diz, caguetas; aqueles que espalhavam coisas sobre as suas vinganças. E para essas pessoas, ele tinha um apelidozinho: Chamava-as de “Linguarudos”.
O que Volta Seca disse aos repórteres foi confirmado pelo o escritor Rostand Medeiros, do jornal "A Notícia", que circulou no dia 8 de março de 1931, que um ex-cangaceiro de Lampião, chamado Otaviano Pereira de Carvalho, afirmou-lhe em entrevista o seguinte:  “-Lampião era um bom homem, que vivia na espingarda, mas era educado. Possuía gestos de generosidade. Distribuía dinheiro com os pobres, os cegos e falava muito pouco, isto é, só falava o necessário”.

Balão na sociedade
A entrevista que Balão cedeu em 1973, à Revista Realidade, afirmou também quase isso.  Na íntegra: “Até Hoje o povo pensa que LAMPIÃO matava por qualquer coisa. Mas nunca o vi mandar matar alguém a sangue frio. E as fazendas por ele destruídas eram dele mesmo. Lampião havia comprado as terras em sociedade com um tal de Petro de Alcântara Reis: Tronqueira, Cachoeirinha, Formosa. Mas Petro as registrou apenas em seu próprio nome. LAMPIÃO zangou-se. Eu mesmo ajudei a matar muito gado a tiro, na Cachoeirinha. Petro fugiu para Alagoas".

O coiteiro Mané Félix

O coiteiro Manoel Félix disse ao ´jornalista Juarez Conrado (faleceu em 2010), que não tinha nada a dizer contra o afamado Lampião, como a grande maioria dos moradores de Poço Redondo, que nunca chegaram a ver o bandido praticar qualquer crueldade na região contra os que ali viviam.               
Mas se Lampião nunca fez crueldades naquele lugar, as volantes de policiais eram temidas e odiadas pela população, devido às barbaridades que elas praticavam, no intuito de serem os maiorais combatentes aos asseclas, onde muitas vezes, impiedosamente maltratavam os que elas achavam que eram coiteiros de Lampião.  
O coiteiro Manoel Félix ainda afirmou , que era amigo particular de Lampião, e disse  que não estava exagerando, mas com toda sinceridade, Lampião era  um homem fino e bastante educado.  
            
Todo brasileiro tem na mente que  Lampião era um sanguinário em todos os momentos. Mas os seus remanescentes afirmaram a vários repórteres, escritores  e pesquisadores, que Lampião só era suçuarana para aquelas pessoas que não o respeitavam,  principalmente  quando solicitava quantia em dinheiro e não era atendido.  

  Mas existe o ditado: O  certeiro que faz um cesto faz um cento.
  Por essa razão, ele foi condenado diante de muitos que não o entenderam.

 Fontes de Pesquisas:

 Jornal "O Pasquim" - Número: 221 - 1973.
 Revista Ralidade - 1973. 
 Jornal "A Notícia" -  8 de março de 1931 - Rostand Medeiros.
 Pérolas: Delírios literários - Juarez Conrado.
 Fotos:  Cariri Cangaço e 
 Dr. Sérgio Augusto de Souza Dantas

A Rainha do Cangaço - Por José Mendes Pereira


Maria Gomes de Oliveira - Maria Bonita

                  Maria Bonita nasceu no dia 8 de março de 1911, no município de Paulo Afonso, no Estado   da Bahia). Viveu sua infância e adolescência no sítio dos pais. Aos quinze anos casou-se com o sapateiro José de Nenem, e não estando satisfeita com o matrimônio, abandonou o seu cônjuge de uma vez por toda, e decidiu  acompanhar o homem mais temido do Brasil, o rei Lampião, para  fazer parte de seu respeitado bando de cangaceiros, onde permaneceu até a sua morte na madrugada de 28 de julho de 1938, lá na Grota de Angicos, no Estado de Sergipe. 
                 E

Antonio dos Santos - O cangaceiro Volta Seca
  
                Em 1973, o Jornal “O Pasquim”, Nº. 221, referente aos meses setembro e outubro publicou uma entrevista que havia feito com Antonio dos Santos, o cangaceiro Volta Seca, afirmando ele que quando Maria Bonita incorporou-se ao bando de cangaceiros, já fazia mais de dois anos que ele estava em companhia dos asseclas.
               O encontro da futura cangaceira com Lampião se deu quando certo dia o bando havia se hospedado na Malhada da Caiçara, e lá, chegou uma senhora conhecida por Maria Déia que afirmando ser a mãe de Maria (a futura Maria Bonita), e foi de encontro a Lampião, dizendo-lhe que sua filha Maria desejava muito conhecê-lo. Lampião se sentindo orgulhoso, disse-lhe que para ela o conhecer não havia dificuldades, pois ele estava sempre por ali. E voltando-se para Dona Maria Déia, perguntou-lhe onde ela morava.  Ela o respondeu que a filha era casada e residia em Santa Brígida.

Lampião e Maria Bonita

                 Lampião interessado para conhecê-la pediu que a chamasse, pois estaria até a manhã do dia seguinte, e não comunicasse mais a ninguém da sua presença naquele lugar. 
               Dona Maria Déia querendo que a filha o conhecesse, já que era um dos desejos dela, mandou um dos filhos chamá-la em sua residência.  E ao chegar, mãe e filha dirigiram-se à presença do desejado homem. E depois de se apresentarem, os dois ficaram palestrando. 
                Maria desejou acompanhá-lo, mas Lampião tentou convencê-la, explicando-lhe que não tinha futuro, pois ele era um homem que vivia da desgraceira e não era engraçado levá-la para uma vida que não tinha tranqüilidade. E lá, o sofrimento era constante; passava fome, sol, poeira..., e ele mesmo vivia naquela vida, mas não gostava.
                Disse-lhe ainda que muitas vezes passavam dias sem se banharem, e  não era justo uma mulher tão linda quanto ela levar a vida sem se banhar. Ainda a aconselhou que ficasse com o seu marido, já que haviam sido abençoados por Deus para viverem a vida até que a morte os separasse. A vida de cangaceiro não era mar de rosas, nem para ele e nem para ninguém. Muitas vezes se sentia desprezado por Deus e por todos; e no cangaço era somente tiroteio e mais nada.  Ele ainda alegou que não era um homem da sociedade. Mas ela insistiu tanto que findou Lampião a carregando na garupa do seu cavalo para as caatingas, sendo ela a primeira cangaceira brasileira.

Dúvidas.

                O que disse Volta Seca ao jornalista sobre a entrada de Maria Bonita para o cangaço, foi bem detalhado. Mas uma resposta me deixou confuso:
                O jornalista do Jornal "Pasquim" fez-lhe uma pergunta:
                - Ela atirava também?”. 
                E ele o respondeu:
                - Atirava! Eu queria está com ela e não queria está com dez homens da marca dos que eu conheço por aqui. Estava mais satisfeito”

                A resposta de Volta Seca contraria o que disse Balão em novembro de 1973 à Revista Realidade.  Veja: “Maria Bonita usava uma pistola Mauser de 11 tiros, mas também não atirava nada”.

Guilerme Alves - O cangaceiro Balão

                 Balão deixou a sua resposta com duplo sentido. Quem era que não atirava nada, Maria Bonita ou a mauser?
               Apesar de não conhecer muito sobre o cangaço, mas eu acho difícil Maria Bonita ter assassinado alguém no período em que ela participou do movimento social dos cangaceiros. É óbvio que o seu olhar era sério, duro, mas apenas o olhar, e dentro dela batia um coração amável e generoso. Afinal, Maria Bonita entrou no cangaço não para se vingar de ninguém, e sim, para ser a mulher do homem que ela achava que era a sua verdadeira alma gêmea. 
                Em tudo que eu tenho lido sobre o cangaço, ainda não encontrei algo escrito por algum autor de livros, textos ou outra coisa parecida, afirmando que Maria Bonita era perversa.
               Mesmo eu discordando algumas respostas de Balão na entrevista que ele cedeu à Revista Realidade, e deixando a resposta com duplo sentido, eu estou mais para acreditar nele, quando disse que Maria Bonita não atirava nada.  

                Fontes de Pesquisas:

               Jornal “O Pasquim”, Nº. 221 - Setembro/Outubro de 1973
               Revista Realidade - 1973.
               

             



mbora não tenha se casado oficialmente com   Lampião, mas é considerada a sua primeira esposa, onde viveram juntos durante oito anos.  

Lampião, o destemido - Por José Mendes Pereira


   No dia 04 de junho do ano de 1898, no antigo sítio “Passagem das Pedras”, em Serra Vermelha, que nos dias de hoje é Serra Talhada, lá no Estado de Pernambuco, nascia o Virgulino Ferreira da Silva que posteriormente recebeu a alcunha de Lampião, e se tornou um dos maiores cangaceiros do nordeste. 
   Era filho de José Ferreira da Silva, um pequeno fazendeiro da região. Um homem honesto, trabalhador e muito respeitado pela sua vizinhança. E de Maria Sulena da Purificação, uma senhora de gênio forte e não aceitava que seus filhos fossem desrespeitados por ninguém.  
   Diz os historiadores que a vizinhança chegou a dizer que: “José Ferreira da Silva desarmava os filhos na porta da frente e dona Maria Sulena da Purificação os armava na porta de trás”. E ainda dizia abertamente: “Eu não criei filhos para ficarem no caritó e nem para serem desmoralizados".

Lampião tinha sete irmãos, três mulheres e quatro homens, sendo eles:

   Antonio Ferreira da Silva - Nasceu em 1895, e foi assassinado em janeiro de 1927, pelo cangaceiro Luis Pedro, que era um grande amigo de Lampião. Mas foi um acidente. Lampião o perdoou, exigindo apenas que ele assumisse a valentia do irmão.
   Livino Ferreira da Silva – Nasceu em 1896 e faleceu em combate no ano de 1925.       Virtuosa Ferreira. Não consegui a data de nascimento.
  João Ferreira da Silva – Nasceu em 1902 – Morava em Osasco, São Paulo, mas já é falecido. Não se dedicou  a bandidagem.
  Angélica Ferreira da Silva. - Não consegui a data de nascimento.               
  Ezequiel Ferreira da Silva – Nasceu em 1908. Foi morto em combate no dia 23 de abril de 1931, num tiroteio na Fazenda Touro, povoado Baixa do Boi, no Estado da Bahia, ponto conhecido como Lagoa do Mel. 
   Maria Ferreira da Silva (Mocinha) - Nasceu em 1910, e segundo escritor João de Sousa Lima, ela Mora no Estado de  São  Paulo.
  Anália Ferreira da Silva – Nasceu no ano de 1912. 
  Logo que completou três meses de nascido, Virgulino Ferreira da Silva recebeu a água benta na capela do povoado de São Francisco, e lá foi apadrinhado pelos avós maternos, isto é, os pais de Dona Maria Sulena da Purificação; Manuel Pedro Lopes e D. Maria Jocosa Vieira, com quem Virgulino passou quase toda vida de adolescente com os avós. 
   A cerimônia foi oficiada pelo Padre Quincas, tendo este profetizado os destinos do menino Virgulino Ferreira da Silva, que na hora em que o banhava com a água benta disse:      “-Virgulino – dizia o padre - vem de vírgula (querendo dizer que o vocábulo Virgulino gramaticalmente era derivado da palavra vírgula), quer dizer, pausa, parada". E arregalando os olhos, disse: - "Quem sabe, o sertão inteiro e talvez o mundo vão parar de admiração por ele". 
  Diz que a infância de Virgulino foi normal como qualquer outra criança. Vivia harmoniosamente com as demais que com ele conviviam. Juntamente com outros meninos, freqüentou escolas, tendo sido alfabetizado pelos professores: Domingos Soriano e Justino de Nenéu.
   Sua vida estudantil foi curta, passando apenas três meses, e lá aprendeu a escrever, ficando apto a responder cartas, pois em épocas passadas o estudo para pobres era apenas para alfabetizá-los.
    José Ferreira da Silva como não era um grande proprietário, e com isso precisava trabalhar; sustentava a filharada através da criação de animais e da roça, ajudado pelos filhos mais velhos: Antonio Ferreira da Silva e Livino Ferreira da Silva.
    Lampião dedicou-se a almocrevaria, trabalho em que ele transportava mercadorias sobre o lombo de uma tropa de burros de propriedade da família. E dizem os pesquisadores que este trabalho lhe foi muito importante em anos mais tarde, pois lhe deu bons conhecimentos nos caminhos das caatingas nordestinos. 
   Em 1915, ocorreu uma das maiores secas da região nordestina, que muito se prolongou, assim lembrada por Raquel de Queiroz no seu livro “O Quinze”. 
   Como todos os pais pobres levam uma vida sofrida para sustentar os seus filhos, José Ferreira da Silva não foi diferente. E como a seca havia visitado o sertão pernambucano, e vendo que se não procurasse outro meio para vencê-la, o pai de Lampião tomou uma atitude talvez até arriscada: Fazer visita a Juazeiro do Norte em busca de soluções religiosas, coisa que era de costume de muitas famílias nordestinas formarem grupos e caminharem até Juazeiro do Norte, na intenção de serem abençoados pelo Padre Cícero Romão Batista, que na época, todos o tinham como um santo milagroso.          
   Sabendo que se toda família viajasse para juazeiro, a propriedade ficaria no abandono. Temendo isso, Virgulino não viajou com a família, ficando no sítio para cuidar dos afazeres rotineiros.  
    Mas durante a estadia da família no Juazeiro, mesmo Virgulino com o olhar sobre as suas criações, houve desaparecimento de suas cabras. E assim que a família Ferreira chegou de volta do Juazeiro, percebeu que o rebanho de caprinos tinha diminuído. E ao descobrirem os desaparecimentos de algumas criações, Virgulino começou a fazer investigações, tentando descobrir o verdadeiro larápio dos seus animais. Esta luta durou até o começo do ano de 1916.

 José Saturnino - o primeiro inimigo de Lampião

    Virgulino e o seu irmão Livino, ainda procurando descobrir quem era o larápio, um dia sem nenhuma maldade entraram na casa de um morador na fazenda Pedreiras do senhor José Saturnino Alves de Barros, conhecido na região por Zé Saturnino. E lá, eles viram couros dos seus animais, com o sinal nas orelhas, sendo esta marca  da família Ferreira. Com essa descoberta, não havia mais dúvidas, que aqueles couros pertenciam aos animais desaparecidos. E a partir daí começou uma rixa entre as duas famílias que durou por muitos anos. 
    Sabendo que essa questão não seria tão fácil ser resolvida, Virgulino e seus irmãos conversaram e depois de muitos estudos encontraram uma solução: Entrarem no bando de cangaceiros do Sinhô Pereira para continuarem lutando em favor do seu rebanho.
    Durante o tempo em que participou do grupo do Sinhô Pereira, Lampião aprendeu como dirigir um bando de fora-da-lei. Mas o Sinhô Pereira tinha outros objetivos. E aos 26 anos de idade, sentindo-se doente, já com problemas reumáticos, e outros mais, desistiu do bando, entregando-o a Lampião.