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segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

O ATAQUE DE LAMPIÃO A UIRAÚNA - PB.

 Por Sérgio Augusto de Souza Dantas

Escritor, advogado e pesquisador do cangaço Dr. Sérgio Dantas

Uma vitória da inteligência sobre a força.

Há meses Lampião sumira dos noticiários dos jornais. O ano de 1926 encerra-se sem grandes novidades sobre a horda do famoso cangaceiro de Vila Bela. Bem instalado e seguro no ‘coito’ da Serra do Diamante, do poderoso Coronel Isaías Arruda, Lampião sai da aparente inatividade apenas em fins de abril de 1927. Naquele fim de mês, o bandoleiro deixa o refúgio e pratica assaltos em pequenos vilarejos situados na região noroeste da Paraíba, entre os municípios de Cajazeiras e São José de Piranhas. São ataques rápidos, com vistas apenas ao saque. A proximidade desta parte da Paraíba com o valhacouto do ‘dono’ de Missão Velha facilita sobremaneira a ação do bando.

Alguns dos defensores de Uiraúna. Ao centro, de paletó escuro, Luiz Rodrigues. Na extrema direita, sentado, o Subdelegado Nelson Leite.

De fato, no dia 15 de maio daquele ano, liderando uma falange de cerca de trinta e cinco homens, Lampião se prepara para tomar de assalto a Vila de Belém do Arrojado - atual cidade paraibana de Uiraúna. Há dias que ‘olheiros’ residentes em sítios da fronteira já haviam sondado o vilarejo e o cangaceiro – decerto bem ciente das condições do lugar – crê que tem plena chance de sucesso na empreitada que pretende levar avante.

o Arruado de Belém situa-se junto à fronteira do Rio Grande do Norte e é então inexpressivo. Ali não há mais que cento e trinta casas e uma igreja singela. Comércio pobre ou quase inexistente. Também ali não está destacado sequer um contingente policial para manutenção da ordem ou para oferecimento de uma defesa – mesmo que acanhada – no caso de um eventual ataque de cangaceiros. A ‘ordem’ no povoado é garantida somente por um Subdelegado civil, o potiguar Nelson Leite. Apesar de reiteradas notícias sobre incursões de cangaceiros naquela parte da Paraíba nos últimos dias, o Governo do Estado parece ignorar os eventos propalados pelos jornais e pela boca do povo. Apesar de vários reclamos por parte de proeminentes de Belém, o Estado não enviara tropa regular para a localidade.

o início da tarde daquele dia 15 de maio, no entanto, o sertanejo Leonardo Pinheiro percebe a marcha de cangaceiros em direção a Belém. Sem demora, espora o cavalo e entra no povoado em sonoro alarde:

-“Vem cangaceiro por aí! Vem cangaceiro por aí! Parece que é Lampião e não está a mais que umas duas léguas!”

Enquanto a horda marcha em busca do vilarejo, Nelson Leite se apressa em organizar uma defesa. Sangue quente, cioso de suas obrigações, Leite parece disposto a sacrificar a própria vida na defesa da comunidade que lhe fora confiada.

Abandonados à própria sorte, os habitantes de Belém – incentivados por Nelson Leite - tratam de se armar e garantir a resistência do lugar. Civis são convocados e há mesmo os que comparecem voluntariamente para pegar em armas. Ao final do rápido recrutamento, chega-se à desanimadora soma de onze homens apenas. Um contingente ínfimo que tentará rechaçar um bando com cerca de trinta e cinco cangaceiros. Uma luta desigual – se considerarmos a proporção de três bandoleiros para cada defensor e a falta de experiência de guerrilha dos citadinos. Por volta das dezessete horas, finalmente, Lampião avizinha-se da Vila. O frágil agrupamento de casas lhe parece excessivamente frágil e torna-se ainda mais amiudado pela sombra da serra de Luís Gomes, não muito distante dali. “Um alvo fácil”, provavelmente terá pensado o poderoso cangaceiro. O desenrolar dos fatos, porém, lhe revelará um grave erro de prognóstico.

Em que pese a correria desenfreada que se seguiu ao alarma dado por Leonardo Pinheiro, os homens de Nelson Leite aprestam munição e armas. Tudo é feito com rapidez e disciplina.Ao mesmo tempo, mulheres, velhos e crianças – a seguir igualmente os apelos do Subdelegado – buscam refúgio na caatinga ou em sítios de familiares fincados nos arredores de Belém. Pequenos “tesouros” são previamente enterrados em lugares seguros. Potes de barro, caixas de papelão, latas de querosene: qualquer coisa serve como invólucro para as ‘economias’ adquiridas ao longo de anos de trabalho.

Em pouco tempo, os defensores se organizam e estão posicionados em lugares previamente definidos pelo Subdelegado. Dedos nervosos aguardam o desfecho do ataque. Uma testemunha registra os momentos iniciais do entrave:

“O ‘delegado’ Nelson Leite distribuiu uns homens nos pontos mais altos da rua principal, dois outros guarnecendo as laterais e três instalados no teto da Igreja. Quando Lampião entrou com o bando, pela ‘rua velha’, começou a fuzilaria”. (Sinforosa Claudina de Galiza, entrevista).

Nelson Leite, de fato, engendrara bom plano. Distribuíra os poucos rifles e fuzis disponíveis com os onze defensores. Repartiu com irrepreensível parcimônia a rala munição que tinha ao seu dispor. Os melhores atiradores foram destacados para pontos estratégicos. Na teto da igreja - prédio mais alto e com abrangente visão dos arredores - posicionaram-se Luís Rodrigues, Moisés Lauriano, José Teotônio e Joaquim Estevão. O tempo corre lento. Não há novidades. Até perto das oito horas nem sinal da sinistra patuléia de chapéu de couro. A espera alongada transforma as trincheiras em ninhos de ansiedade.

Matriz Jesus, Maria e José, Uiraúna atualmente.

De súbito, Luís Rodrigues dá o alarma. Alguém se aproxima. O luar denuncia vultos sorrateiros. Homens armados aproximam-se do povoado pela ‘rua da Proa’. É o início da invasão. De pronto, grande incêndio ilumina a noite na pequena Belém. Grossas labaredas passam a consumir a casa de um agricultor e espalham-se rapidamente para um antigo curral e plantação de milho já há dias quebrado. O incêndio. Método infalível para incutir terror aos sitiados. 

Josefa Augusta Fernandes, bem jovem à época do evento, anota a origem do fogaréu:

"Lampião começou destruindo a propriedade do finado João Gabriel, tendo em seguida tocado fogo nos currais e nas plantações de feijão e milho. O fogo serviu para alertar os homens da cidade, sendo que eles já estavam em posição nos principais pontos daqui”. (Maria do Socorro Fernandes, entrevista).

Não havia mais o que esperar. Ao primeiro grito de comando de Nelson Leite, trava-se pesado tiroteio. Lampião, decerto, não esperava semelhante reação. A fantástica fuzilaria oriunda da Vila lhe faz recuar. De efeito, os tiros vindos da rua da Proa tornam inviável uma entrada por aqueles lados.

Sem sucesso na primeira investida, o chefe de cangaço tenta confundir os defensores entrincheirados. Sob sua batuta, os bandoleiros passam a gritar, urrar como animais e a praguejar insultos e xingamentos aos defensores e suas famílias. A permear a gritaria, grossas baterias de tiros.

O rei-do-cangaço deseja tomar Belém. Tentará de todas as maneiras penetrar no vilarejo para vilipendiar suas casas e lhes extrair até o último ‘cobre’. Sem demora, ordena aos comandados a ‘abertura’ de uma linha de fogo pela lateral, com o fito de invadir a Vila pelo flanco oposto.

Nada, entretanto, parece gerar resultado prático. A posição privilegiada dos atiradores locados no telhado da igreja permite que tiros sejam disparados em todas as direções. A resistência agiganta-se com estrondos de repercussão fantástica e de curiosa origem. Nelson Leite improvisara – no pouco tempo que dispôs antes da consecução do ataque - algumas “ronqueiras” e logo começou a fazer uso dos artefatos. Os estrondos causados pelas bombas caseiras são assustadores e surpreendentemente surtem efeito. Um simples improviso que, ao que tudo faz crer, parece realmente ser a chave para uma vitória. (1)

Em pouco, qualquer objeto metálico em formato cilíndrico - e vazado pelo menos em um dos lados - torna-se invólucro para manufatura dos pesados rojões. Joel Vieira, com dezoito anos à época do fato, registrou em depoimento:

“Os que estavam no alto da Igreja, começaram a atirar de ponto e também para dentro da igreja, causando um eco que parecia canhão. O Subdelegado também tinha improvisado umas ‘ronqueiras’, feitas com pólvora socada dentro de latas, e de quando em quando estourava uma. Já estava escuro, e aqueles tiros davam a impressão que havia um canhão com a gente”.

No alto da igreja, Luis Rodrigues - artilheiro mais aguerrido – resolve acrescentar estrondos adicionais aos estampidos das ‘ronqueiras’ improvisadas pelo Subdelegado. Dessa forma, com o intuito de causar impacto ainda maior, começa a atirar quase em paralelo à lateral da nave do prédio sagrado. Estrondos fantásticos, causados pelo eco do salão quase vazio, dão ainda mais ânimo aos outros defensores entrincheirados no teto da igreja. Decide-se que alguns deles, alternadamente, passarão a atirar também para dentro da nave.

A estratégia funciona. Os estrondos se multiplicam. De fato, para quem está do lado de fora, resta a impressão de que algum tipo de canhão está sendo utilizado. Os cangaceiros, atarantados, mantém posição de cautela e não avançam. O escuro da noite enevoada pela fumaça dos disparos os impedem de enxergar, na verdade, o tipo de “arma” adicional que ora se usa na defesa do arruado. O engodo paulatinamente funciona.

No calor da peleja, porém, passos apressados denunciam silhueta humana esgueirando-se próximo à igreja. A escuridão da noite não permite distingui-la com precisão. Da torre principal um defensor atira. O civil Antônio Correia é atingido. Confundiram-no com um cangaceiro. Correia morre pouco tempo depois em razão do profundo ferimento à altura do pulmão. É a única baixa durante o combate.

Os cangaceiros não desistem e tornam a investir contra o território inimigo por uma ruela lateral à igreja. Lampião brada ordens aos seus homens. Todos, contudo, parecem hesitar em razão dos estrondos que continuam a reverberar entre as casas da pequena Belém.

Do lado dos defensores, um voluntário prontifica-se para preparar novas ronqueiras, de forma ininterrupta, servindo-se como espécie de municiador.

Dominado pela ira, Lampião manda reacender o fogo que arde tênue na propriedade de João Gabriel. O vento rapidamente espalha as labaredas em espantosa velocidade. As chamas consomem vacas e bezerros cativos no cercado contíguo a casa. Urros de dor de animais engolidos pelas chamas desenham dantesco suplício. Poucos escapam ao bizarro holocausto.

A derradeira tentativa de conquista do povoado fracassa. Com pesar, os cangaceiros reconhecem que não conseguirão penetrar em Belém.

O desconhecimento dos pontos de defesa, o espocar das “ronqueiras”, o ribombar de tiros reverberados pelo salão da igreja, a configuração física da vila, o cansaço da longa marcha até ali. Tudo parece sugerir uma retirada. Lampião não demora em perceber o malogro da empreitada:

- Vamos sair para economizar munição! – grita furioso.

Ainda se ouvem tiros por mais um quarto de hora. Aos poucos os cangaceiros se retiram do campo de luta. Disparos tornam-se esparsos. Ao compasso da retirada, a fuzilaria regride até reinar o mais absoluto silêncio. Lampião e seus homens deixam Belém em definitivo. É ainda Joel Vieira quem destaca:

“Eles tentaram muito, mas não conseguiram entrar. Antes das sete horas da noite, já tinham ido embora. No dia seguinte, o festejo foi grande, pois todos pensavam que ia morrer muita gente, mas não. Apenas um rapaz morreu vítima de uma ‘bala doida’ e caiu ali perto da Igreja. Tirando o incêndio na propriedade de João Gabriel, o prejuízo aqui foi pouco. Com pouco recurso, a gente botou Lampião prá correr!”.

E Lampião, de fato, jamais voltou a Uiraúna. Nos dias seguintes, um telegrama é enviado para as principais cidades do sertão do Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. Anunciava-se a vitória de um povo contra o poderoso rei do cangaço. O Intendente local assinou o comunicado:

“Fomos atacados dia 15 famigerado Lampião. Resistimos cerrado fogo, bandoleiros recuaram. Vítima tiroteio Antônio”. (a) José Caboclo.

É a vitória inconteste de um sumário grupo de cidadãos contra quase quarenta cangaceiros. Uma vitória nascida da confiança de homens do povo; sertanejos comuns. Não houve – como aconteceu em Mossoró – um grande lapso de tempo para a preparação de uma defesa. Não houve reuniões; não se teve tempo para comprar armas modernas. Não havia sequer uma torre na igrejinha da cidade. Existia, apenas, a vontade de preservar os próprios lares.

Uiraúna se defendeu heroicamente, a exemplo da resistência mostrada pela pequena Nazaré, em Pernambuco, quatro anos antes. Uiraúna impediu a entrada dos cangaceiros de Lampião como faria a população sergipana de Capela, liderada pelo destemido Mano Rocha, três anos mais tarde.

A vitória do povo de Uiraúna foi obtida sem recursos, sem alarde e sem exploração midiática posterior. Vitória conseguida sem um ‘notável planejamento prévio’ e sem colóquios barulhentos. Vitória de um pequeno grupo de homens pegos de surpresa pelo maioral do cangaço. Vitória, porém, recheada de atos do mais real e verdadeiro heroísmo. Vitória, enfim, da inteligência sobre a força.

Sérgio Dantas

Sérgio Augusto S. Dantas é autor dos livros “Lampião no Rio Grande do Norte – A História da Grande Jornada” (2005), “Antônio Silvino – O Cangaceiro, o Homem, o Mito” (2006) e “Lampião: Entre a Espada e a Lei” (2008).

NOTA:

(1) s.f. – Ronqueira: “Cano de ferro, preso a uma tora de madeira e cheio de pólvora, o qual produz grande detonação quando se lhe inflama a escorva”. (Aurélio). As ronqueiras já haviam sido largamente usadas em revoltas populares, como na guerra de Canudos. N do A.

FONTES UTILIZADAS:

A União, edições de 17 e 18 de maio de 1927.

DANTAS, Sérgio Augusto de Souza. LAMPIÃO NO RIO GRANDE DO NORTE – A HISTÓRIA DA GRANDE JORNADA. Editora Cartgraf, Natal/RN. 2005. 452 pgs.

SOUZA, Tânia Maria de. UIRAÚNA NO ROTEIRO DE LAMPIÃO, in Revista Polígono, 1997, 158 pgs.

Entrevistas concedidas ao autor por Maria do Socorro Fernandes (2003), Joel Vieira da Silva (2001), Josefa Augusta Fernandes (2000) e Sinforoza Claudina de Galiza (2000). 

https://cariricangaco.blogspot.com/2009/12/o-ataque-de-lampiao-uirauna-porsergio.html

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LAMPIÃO E O RIO GRANDE DO NORTE

 Por Honório de Medeiros

Dr. Sérgio Dantas, à nossa direita; a seu lado Vera Ferreira

“Lampião e o Rio Grande do Norte”, cujo subtítulo é “A história da grande jornada”, de Sérgio Augusto de Souza Dantas, Gráfica Editora, exposto à venda nas livrarias de Natal, é uma obra seminal. Não é possível mais, a partir do lançamento, tratar do Cangaço, seja no Rio Grande do Norte, seja de uma forma geral, sem uma consulta à obra.

Mossoró é assunto importante, no livro. Não pode ser diferente. Mesmo tratando da incursão do bando de Lampião ao Rio Grande do Norte, desde sua entrada pela Tromba do Elefante, margeando Luís Gomes, até sua saída, no rumo de Limoeiro do Norte, Ceará, a ida a Mossoró é onipresente, por que o quixó preparado por Massilon e o Cel. Isaías Arruda, de Aurora, Ceará, no qual Virgolino – assim mesmo, com “o”, como nos previne o Autor – é parte fundamental do trabalho.

As informações colhidas durante quatro anos de pesquisa, perambulações, visitas, entrevistas, cruzamento de informações, consulta à literatura hoje vastíssima sobre o cangaço estabelece um contraponto interessante com o estilo do Autor. Para coroar, um valioso acervo fotográfico é colocado à disposição de quem adquiriu o livro. 

O cangaceiro Massilon

Em relação a Massilon, acerca do qual mantenho permanente interesse, Sérgio Dantas, jovem juiz norteriograndense agrega informações valiosíssimas, dentre elas o “raid” que esse personagem singular empreendeu nos costados do Jaguaribe e Cariri logo após o episódio de Mossoró. Isso significa dizer que a lenda segundo a qual Massilon, mesmo antes da célebre foto de Limoeiro, Ceará, já se separara de Lampião e teria ido embora para o Norte, não é verdadeira. Alguns, inclusive, diziam que o cangaceiro que aparece na foto tirada em Limoeiro não seria, na realidade, Massilon.

Detalhada, a história da marcha espanta pela riqueza de detalhes. Assim, ficamos sabendo da passagem de Lampião por todo o território do Rio Grande do Norte cidade por cidade, povoado por povoado, sítio por sítio, fazenda por fazenda. Os acontecidos nas cercanias de Martins e Umarizal, antiga “Gavião”, são relatados com precisão. E tudo quanto aconteceu em Apodi, antes da chegada de Lampião, protagonizado por Massilon, recebe tratamento de pesquisador sério e interessado.

A descrição geográfica e sociológica dos lugares pelos quais passou o bando de cangaceiros merece respeito. Através dela é possível perceber o dia-a-dia daquelas comunidades existentes no início do século XX. E a descrição dos mal-tratos, arruaças, bebedeiras, torturas físicas e psicológicas comove e revela a sensibilidade do Autor.

Ângelo Osmiro, Aderbal Nogueira e Honório de Medeiros, no Cariri Cangaço

Agora resta esperar que a obra semeie críticas e informações outras, alguma correção de rumo – se for o caso – para retornar ainda mais rica para o acervo dos historiadores e sociólogos do Brasil. É assim que ocorre quando uma obra deixa de pertencer ao Autor, por sua importância, e passa a fazer parte do referencial bibliográfico ao qual pertence.

Honório de Medeiros

honoriodemedeiros.blogspot.com

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27 ANOS DA MORTE DE VOLTA SECA

Por Guilherme Machado 

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LIVRO DO ESCRITOR JOÃO DE SOUSA LIMA.

Contato: 

75-988074138

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MARIA BONITA A PRIMEIRA-DAMA DO CANGAÇO

 Por José Bezerra Lima Irmão (*)


Lampião, em sua existência atribulada, não tivera ainda tempo ou disposição para dedicar suas energias a uma mulher de forma exclusiva. Tudo mudou quando o veterano cangaceiro do Pajeú, ao passar pela Malhada da Caiçara em dezembro de 1930, na volta dessa razia por Pernambuco, bateu os olhos numa caboclinha de maneiras firmes, meã de altura, toda roliça, de cabelos pretos, lisos e finos, à altura dos ombros, rosto arredondado, boca carnuda e olhos brilhantes. Apesar de morena, tinha os olhos azuis. Sua avó era holandesa de nascimento e casara com um português, tendo o casal emigrado para o Brasil em 1850, indo morar na região de Santa Brígida.

A caboclinha tinha uns 20 anos. Nascera e se criara ali mesmo, na fazenda Malhada da Caiçara, município de Santo Antônio da Glória, em terras hoje pertencentes ao município de Paulo Afonso, a duas léguas da atual cidade baiana de Santa Brígida, quase na divisa da Bahia com Sergipe.

O nome dela era Maria Gomes de Oliveira. Nasceu a 8 de março de 1911. Era filha de José Gomes de Oliveira, vulgo Zé Felipe, e Maria Joaquina da Conceição Oliveira, conhecida como dona Déia. Zé Felipe e dona Déia tiveram treze filhos – cinco homens e oito mulheres: José, Isaías, Oséias, Arlindo, Ananias (Pretão), Maria, Benedita, Olindina (Dorzina), Joana (Nanã, Nanzinha), Francisca (Chiquinha), Antônia, Amália (Dondom) e Deusinha. Sua família era modesta. Vivia da lavoura e da criação de bodes, cabras e umas vacas.

Por ser sua mãe conhecida como dona Déia, Maria quando solteira era tratada de Maria de Déia. Outros a chamavam Maria de Zé Felipe. Quando casou, em 1926, aos 15 anos de idade, foi morar em Santa Brígida. O marido era um sapateiro chamado José Miguel da Silva, seu primo em segundo grau, conhecido como Zé de Neném, passando ela por isso a ser chamada Maria de Zé de Neném, ou Maria Neném.

Zé de Neném e Maria casaram apenas “no padre”. Um irmão de Zé de Neném chamado Cícero, também sapateiro, casou-se com Dondom, irmã de Maria.

Maria e Zé de Neném não viviam bem. Não se amavam. Ela culpava o pai por ter “arrumado” o casamento. Não tinham filhos. Maria reconhecia que o marido era um homem honrado e trabalhador, tinha casa própria, um pequeno roçado e uma profissão definida, coisa rara naquela região, o que representava segurança quanto ao futuro. Porém ela não estava preocupada com essas coisas.

José Miguel da Silva
'Zé de Neném'

A sensação que tinha era de que estava desperdiçando a vida. Zé de Neném, apesar de ser apenas uns 6 ou 7 anos mais velho do que ela, era um homem conservador, calado, meio paradão e desconsolado, se bem que quando bebia uma cachacinha ficava mudado, caía na farra, chegava em casa no outro dia. Maria sentia-se sozinha no mundo. Antes de casar, ia a todas as festas, novenas e leilões daquelas redondezas, esmerando-se para ser sempre a mais bonita em todos os eventos. Agora, só vivia em casa, bordando, lavando, cozinhando. Para completar, contaram a Maria que Zé de Neném estava namorando com uma jovem senhora “largada” do marido. O diabo se soltou no dia em que Maria encontrou no bolso do marido um pente com o nome de uma moça de Santa Brígida.


Mulher geniosa, respondona, atrevida, Maria vivia às turras com o sapateiro. Estava sempre amuada, irrequieta, insatisfeita. Aquela vidinha monótona e insossa de todos os dias não se conciliava com o seu espírito aventureiro.

Porém, apesar das constantes rusgas do casal, Maria e Zé de Neném nunca tinham se separado pra valer. Estabanada como era, às vezes ela ia para a casa dos pais, na Malhada da Caiçara, mas uma semana ou duas depois Zé de Neném ia buscá-la, e tudo voltava à “normalidade”. Conhecendo os rompantes da filha, Zé Felipe e Dona Déia sempre ficavam a favor do genro.

 Zé Felipe e Dona Déia

A melhor amiga de Maria Déia era sua prima Maria Rodrigues, filha de Ursulina, do Sítio do Tará – Ursulina era tia e madrinha de Zé Felipe. Por ser quatro anos mais velha, desde criança Maria Rodrigues de Sá era quem organizava as brincadeiras e orientava a confecção das roupas das bonecas de pano e espigas de milho. Na adolescência e no começo da vida adulta de Maria Déia, a prima Maria Rodrigues era a sua confidente e conselheira. Se Maria não tinha ainda rompido de vez com o marido era em virtude dos conselhos da prima.

Em dezembro de 1930, depois de mais uma discussão com Zé de Neném, Maria decidiu passar uns dias na casa dos pais. Para não viajar sozinha, convidou uma amiga chamada Soledade e foram a pé para a fazenda.

* * *

Lampião já conhecia os pais de Maria desde o início de 1929, pois a fazenda deles ficava na rota de seus deslocamentos entre a Bahia e Sergipe. Às vezes, Lampião parava na Malhada da Caiçara apenas para pedir água. No oitão da casa havia ramalhudos umbuzeiros, onde a cabroeira descansava enquanto o chefe conversava com Zé Felipe. Certa vez, Lampião pernoitou na casa de Zé Felipe.

Dormiu em cima de uma mesa, enquanto Ezequiel dormiu num banco de madeira, pois não havia camas. Um sobrinho de Zé Felipe, que estava gripado, dormiu debaixo da mesa. À noite, o rapazinho teve um acesso de tosse, mas prendia a boca para não tossir, com medo de incomodar os hóspedes. Lampião percebeu o problema e tranquilizou o garoto:

– Tussa, cabrinha, pode tussi qui nun me incomoda não...

Embora os pais de Maria tivessem medo do cangaceiro, como a maioria dos sertanejos, sentiam por ele um misto de admiração e respeito. Nas conversas que mantinham, dona Déia já havia falado a Lampião a respeito de sua filha, dizendo que a moça sentia uma grande admiração por ele.

Coincidentemente, no dia em que Maria chegou à casa dos pais Lampião estava lá, em companhia do coiteiro Odilon Café (Odilon Martins de Sá), do Sítio do Tará, um dos maiores fazendeiros da região.

Maria e a amiga, vendo aqueles homens estranhos no alpendre da casa, passaram pelo oitão e entraram pela porta dos fundos. Lampião perguntou a Zé Felipe quem eram as duas moças. Zé Felipe respondeu:

– A de vistido azu é mĩa fia. É casada. Mora im Santa Brijda. A outa eu nun cunheço. Deve sê amiga dela.


Dona Déia e as filhas estavam atarefadas preparando o almoço para os cangaceiros. Maria e a amiga juntaram-se a elas. Os cangaceiros também ajudavam, uns apanhando lenha no mato, outros pegando, matando e depenando as galinhas. Durante o almoço, Lampião perguntou se Maria sabia bordar. Ela disse que sim. Lampião deixou quinze lenços de seda para que ela bordasse, dizendo que depois passaria ali para pegá-los.

* * *

Muita bobagem já foi escrita sobre Maria Bonita e sua família. Parte dessas bobagens é perpetrada por aqueles que escrevem “por ouvir dizer”, ou simplesmente dão asas à imaginação.
Sobre a forma como Lampião e Maria se conheceram, a versão de Frederico Bezerra Maciel é pródiga de romantismo e poesia, em que a crueza da vida cede espaço a uma visão idílica, irreal:
Lampião, montado num cavalo bem lavado e arreado, e Maria, vindo do banho, cheirosa, o cabelo comprido, solto, vestido mudado e estampado com flores miúdas e alegres, com babados... O cangaceiro, pasmo e extasiado, mal conseguiu pronunciar o nome da bonita sertaneja, e num instante já estavam sentados juntinhos, no banco de madeira sob o alpendre, onde ficaram a conversar longamente... 
Os olhos de Maria de Déia
colorizados por Rubens Antonio

Aduz o autor que, após esse encontro, para os dois, já de amor aceso, a noite que se seguiu foi de doces sonhos... E no dia seguinte, à mesma hora, retornou Lampião, vestido de branco, pontas de fino lenço perfumado no bolso superior do paletó, chapéu de feltro cinza-claro, de abas largas, jabiraca colorida no pescoço, presa por anel precioso, meias de seda e alpargatas enfeitadas com séries de ilhós brancos, sem descuidar dos apetrechos de guerreiro, portando mosquetão e, sob o paletó, cartucheira, pistola e punhal...


Maria recebeu-o com seu vestido novo, de festa, de chita estampada com saia larga pregueada e blusa fofa, o cabelo repartido à direita, formando uma linda trança enfeitiçante, com um cravo branco preso na ponta... Saíram a passear de mãos dadas, como dois namorados... Entreolhavam-se demoradamente... Abraçaram-se, a respiração em ofegos intermitentes de emoção, e Maria, encabulada, fechou os olhos meigos, para receber um beijo na face...

Ao contrário dessa descrição idílica, houve quem escrevesse sobre Maria Bonita procurado retratá-la como uma mulher vulgar, dando a impressão de que bastou Lampião estalar o dedo para ir atrás dele.

A versão mais chula da forma como Lampião conheceu Maria Bonita é contada por Optato Gueiros, com base num suposto relato de um ex-cangaceiro chamado Cambaio. Conta Optato que Lampião soube que a filha de Zé Felipe era a mulher mais bonita que havia naquele sertão, e teria dito: “Pois bem, a semana que entra irei olhá prá cara dessa pavoa”.

Deixou o grupo em certo ponto e foi à casa do sapateiro, acompanhado de cinco cangaceiros. Maria convidou-os a entrar, e foi logo dizendo “Este é o homem que eu amo”, acrescentando em seguida, “Como é, quer me levar ou quer que eu o acompanhe?”, ao que Lampião teria respondido “Como você quiser, Maria, eu também quero. Se estiver disposta definitivamente a acompanhar-me, vambora”; e então Maria pegou algumas coisas dentro de casa e, voltando-se para o marido, petrificado, no canto da sala, disse: “Adeus, Zé!”, e desapareceu com o seu sonhado novo amor.

Há outra versão segundo a qual Lampião teria humilhado Zé de Neném e por pouco não o matou. Não é verdade. Zé de Neném nunca viu Lampião e jamais foi molestado por ele ou por qualquer dos cangaceiros. E nunca precisou esconder-se, exercendo tranquilamente o seu ofício de sapateiro em Santa Brígida até o fim do cangaço, quando se mudou para Alagoas.

 Aspecto da Malhada antes da revitalização
* * *

Segundo Oséias, irmão de Maria Bonita, os fatos aconteceram assim:

Oséias, em foto de Manoel Severo
Tendo brigado com o marido, Maria, acompanhada de uma amiga chamada Soledade, foi passar uns dias na Malhada da Caiçara. Ao chegar, encontrou uns homens conversando com seu pai no alpendre da casa. Ela e a amiga rodearam a casa e entraram pela porta dos fundos. A mãe lhe disse que era gente de Lampião. Durante o almoço, Lampião pediu que ela bordasse uns lenços, mas só isso, praticamente não conversaram. À tardinha os cangaceiros foram embora.

Dias depois, dona Déia soube que sua mãe, dona Ana Maria, residente em Lagoa Grande, ao lado de Rio do Sal, estava doente. Dona Déia e Maria foram então visitar a anciã.

Dona Ana Maria realmente estava doente, mas não tanto a ponto de alterar a rotina da vida das netas. As primas de Maria lhe falaram de uma festa que ia haver numa fazenda vizinha. Maria acompanhou-as. Ao chegar lá, surpresa: quem patrocinava a festa era Lampião! Assim que as moças chegaram, Lampião bateu os olhos em Maria. Quando ele veio cumprimentá-la, Maria, nervosa, supondo que o cangaceiro iria cobrar os lenços que lhe dera para bordar, foi logo explicando:

– Ói, os seus lenço eu ainda...

Lampião interrompeu-a:

– Qui lenços, minina?! Aquilo foi só pra cunvessá cum você... Vamo dançá?

Dançaram várias vezes naquela noite. E também nas noites seguintes – ora numa fazenda, ora noutra. Uma semana depois, dona Déia disse:

– Maria, mãe já tá boa e nóis vamo vortá pra casa amanhã.

Maria sentiu um aperto no coração. Veio-lhe súbito à mente uma ideia providencial:

– Mãe, eu quiria ficá mais uns dia cum vó... Ela parece bem mió, mais tá tão fraquĩa... Dexe eu ficá tumano conta dela...

Dona Déia concordou. Voltou sozinha para a Malhada da Caiçara. Na mesma semana, seu irmão Ju chegou à Malhada da Caiçara com uma notícia alarmante:

– Déia, Maria fugiu cum um cangacero!
 

– Qui histora é essa, Ju? Maria fugiu cum um cangacero? Qui cangacero?
 

– Nun sei. Só se sabe qui é um cangacero.                                                                                                                                                         
* * *

Oséias não sabe a data em que isso aconteceu, mas afirma que foi alguns dias antes do Natal de 1930.

Zé Felipe soube do fato pela boca da polícia: uma volante riscou em sua porta para ele dar conta do paradeiro da filha e de Lampião. Ao explicar que não sabia do que estavam falando, baixaram o pau nele.

Passado um mês, dona Ana Maria, já recuperada, estava lavando roupa num tanque, atrás da casa, quando alguém jogou uma pedrinha na água. Olhou para os matos e viu, escondida entre as ramagens, aquele rosto querido. Largou os panos e foi até lá. Maria estava sozinha. Um pouco afastado estava um homem de óculos, sério, de jabiraca, com um chapelão de couro na cabeça. Dona Ana Maria abraçou a neta:

– Mĩa fia, o que tá haveno cum você?

Abraçada à avó, Maria explicou:

– Vó, eu tou viveno cum Lampião. Nun vou largá mais ele.

– Mĩa fia, nun faça isso, pelo amô de Deus!...

– Tou dicidida, vó. Seja cumo Deus quisé. Console mĩa mãe e meu pai. Diga a eles qui me perdoi.

As duas continuaram abraçadas, chorando. Afinal, Maria desprendeu-se dos braços da avó e correu em direção ao cangaceiro.

Foi a última vez que dona Ana Maria viu sua neta.

* * *

Zé Felipe, a fim de demover a filha daquela ideia tresloucada, mandou dizer que queria vê-la. O encontro seria no outro lado do São Francisco, na fazenda Malhada, de Inácio Moreira, padrinho de Maria.

Lampião foi contra:

– Santĩa, quano você quisé vê seus pai é só dizê – Santinha era como ele a chamava –. Desde quano macaco me impata deu ir adonde eu quero? Você tá pricisano é dũa cumpanhera. Arranje ũa.

Maria pensou primeiro na prima Maria Rodrigues. Depois se lembrou de Mariquinha, sua prima e cunhada, que não vivia bem com o marido. Mariquinha (Maria Miguel da Silva), irmã de Zé de Neném, largou o marido, Eliseu, dono da fazenda Ingazeira, e juntou-se ao cangaceiro Ângelo Roque.

* * *

Foi assim que Virgulino, aos 32 anos de idade, conheceu o amor de sua vida.

A polícia passou a mover intensa perseguição à família de Maria, cometendo todo tipo de violência e ofensas morais. O tenente Liberato de Carvalho recebeu ordem de matar Zé Felipe. O pobre homem, avisado a tempo pelo soldado Antônio Calunga (Antônio Barbosa da Silva), fugiu para Alagoas – passou uns tempos na fazenda Salgado, em Água Branca (atualmente, município de Delmiro Gouveia, na beira do rio) e depois no povoado Salomé (hoje cidade de São Sebastião).

José de Déia, irmão de Maria, depois de ver várias vezes sua casa ser vasculhada por soldados, passando por vexames e humilhações, procurou a irmã e transmitiu sua decisão: queria ser cangaceiro. Maria não concordou. Mesmo assim, José acompanhou o bando durante uma semana, embora desarmado. Enfim, Maria chamou o irmão e disse:

 
Liberato de Carvalho

– Zé, vorte pra casa e vá tumá conta das coisa de pai. Disgraçada pur disgraçada, basta eu.

Até mesmo Zé de Neném foi preso e levado para Jeremoabo, acusado de ser coiteiro de Lampião!
As perseguições à família de Maria só cessaram depois do combate de Maranduba, quando Lampião mandou um bilhete para o capitão João Miguel, de Jeremoabo. O portador foi Tonico, primo e cunhado de Maria. Não se sabe o teor do bilhete. Sabe-se apenas que, depois de ler o bilhete, o capitão João Miguel disse a Tonico:

– Se você está numa missão dessa é porque Lampião confia em você. Diga a ele que pode mandar o sogro voltar para casa porque a partir de hoje não passa mais soldado em sua porta.

* * *

É duvidosa a origem do apelido “Maria Bonita”. Atribui-se a primazia a Ezequias da Rocha, um médico, professor (catedrático de História Natural da Faculdade de Medicina de Maceió), político (chegou a ser senador por Alagoas), jornalista e poeta (membro da Academia Alagoana de Letras e do Instituto Histórico de Alagoas), que fazia versos à moda dos trovadores de cordel com o pseudônimo de Alexandre Zabelê, ou simplesmente Zabelê. O certo é que de uma hora para outra o apelido passou a ser adotado pelos jornalistas, poetas populares, violeiros e repentistas.

 Ezechias da Rocha, à esquerda, 
e o poeta sergipano Hermes Fontes
In História de Alagoas.combr

No bando, ninguém a chamava assim. As outras cangaceiras chamavam-na simplesmente Maria, Maria do Capitão ou Maria de Lampião, já que havia mais de uma Maria no bando. Os cangaceiros, quando se dirigiam diretamente a ela, tratavam-na de Dona Maria, e quando se referiam a ela tratavam-na como a mulher do Capitão. Dentre os cangaceiros, poucos a chamavam de Maria, só os de “alta patente”, como Luís Pedro, Ezequiel e Virgínio. Na intimidade, Lampião chamava-a de Santinha, e ela chamava-o de Meu Véio ou, mais carinhosamente, “Nego Véio do meu coração”.

A notícia da cangaceira de Santa Brígida alastrou-se pelas caatingas. No sertão não se falava em outra coisa. O imaginário popular ganhava novos motes com esse sucesso nunca visto. Nas feiras, os violeiros e repentistas deslumbravam a gente sertaneja louvando o encantamento daquela mulher impossível. Os jornais estampavam a delirante façanha de Virgulino Ferreira, cujo reino agora estava completo – ascendera ao trono a ardente cangaceira, a bonita e aventurosa Rainha do Cangaço.

Lampião e Maria

(*) Texto extraído do capítulo 129 do livro “Lampião – a Raposa das Caatingas”, de José Bezerra Lima Irmão.

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SINHÔ PEREIRA E O ESCRITOR ANTÔNIO AMAURY CORRÊA DE ARAÚJO

 Helton Araújo

Sebastião Pereira da Silva, o afamado Sinhô Pereira ao lado do pesquisador e escritor Antônio Amaury Corrêa de Araújo, o saudoso Dr. Amaury.

Acervo: Antônio Amaury Corrêa de Araújo.

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Aproveite e assista nosso último vídeo postado com a parte 2 das fotos famosas do cangaço. Segue o link abaixo 👇

https://youtu.be/Ov9tSDVV5u8?si=18hWTb2w7qjCc440

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𝒁𝑬́ 𝑫𝑶 𝑪𝑹𝑨𝑻𝑶 𝑬 𝑺𝑼𝑨 𝑭𝑨𝑴𝑰́𝑳𝑰𝑨

Acervo do Jaozin Jaaozinn

Fotografia extremamente rara do 1° Tenente José Sampaio de Macedo (ou Manoel de Sampaio Macedo), conhecido como Brigadeiro do Ar ou Zé do Crato, juntamente com sua família no Rio de Janeiro, em 1932.

No episódio, o Tenente-Aviador teria sido baleado no pé no Raso da Catarina, enquanto participava da campanha contra o banditismo na região da Bahia em 1931/1932. O ferimento, mesmo não sendo de risco, o fez se afastar dos combates nos sertões. Por esse acontecimento, aproveitou e viajou para o Rio de Janeiro com o objetivo de visitar a sua família que morava na cidade.

𝐅𝐎𝐍𝐓𝐄: 𝑶 𝑱𝒐𝒓𝒏𝒂𝒍 - 1932.

.𝑪𝑨𝑵𝑮𝑨𝑪̧𝑶 𝑩𝑹𝑨𝑺𝑰𝑳𝑬𝑰𝑹𝑶.

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LIVRO...

 Por Volta Seca

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VAI FAZER FESTA E PRETENDE CONTRATAR POETAS E VIOLEIROS PARA ANIMAREM A SUA SOLENIDADE?

   Por José Mendes Pereira


Vai fazer festa em sua residência, na escola, na fazenda, no sítio..., e precisa de bons poetas e violeiros para animar o seu evento, procura com urgência o poeta José Ribamar o José Di Rosa Maria, que além dele, ele tem muitos amigos que são grandes poetas e violeiros. 

Aqui o seu endereço eletrônico:

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VAI FAZER FESTAS PARA "DEBUTANTE, ANIVERSÁRIO, CASAMENTO, BATIZADO, CHÁ DE PANELA, CHÁ DE PAPEIRO...", PROCURA COM URGÊNCIA CONTRATAR O CANTOR ALAN JONES E SUA GALERA.

   Por José Mendes Pereira


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Grupo que faz a sua festa do seu gosto. Um cantor … Alan Jones - Radiola Clube ... Um tecladista - Um saxofonista ... Num cenário ! O mar!! Música , mar , artistas…a vida , a inspiração que vem de Deus !!

 Como entrar em contato com o grupo para contratá-lo:

Basta chegar até ao Restaurante "O ATALAIA" em Mossoró, (que é propriedade do cantor Alan Jones e sua esposa Príscila),  localizado à Rua Raimundo Firmino de Oliveira, mesmo em frente à empresa TRANSBET, visinho à Boutique da Diva, rua do IFRN, antigo CEFET. - Bairro Costa e Silva - comunidade Teimosos, ou ainda através do seu facebook com o título "Alan Jones Príscila".

Príscila e Alan Jones.

Um grupo artístico que já é consagrado por sua vasta experiência com festas para debutante, casamento, batizado, além de outros eventos comemorativos.

Vamos prestigiar os nossos artistas mossoroenses! São os nossos conterrâneos que devemos contratá-los para estes fins. 

Cuida  logo para localizá-lo, porque, às vezes, a agenda do grupo poderá já está cheia.

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