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segunda-feira, 11 de maio de 2015

PESQUISADORES ENTREVISTAM SENHOR QUE EM 1927 PRESENCIOU LAMPIÃO NA SERRA DO DIAMANTE, EM AURORA,CE.

Por JC da Redação do Blog de Aurora e do site Cariri de Fato
Pesquisadores, Sousa Neto (Barro). Sr. Elias Saraiva dos Santos
e o anfitrião José Cícero (Aurora) Fotos: Karlos Marx

Testemunha ocular da História

Os pesquisadores do cangaço José Cícero (Aurora) e Sousa Neto (Barro) visitaram no último domingo (15) o senhor Elias Saraiva dos Santos de 97 anos - uma das últimas pessoas ainda vivas que tiveram contato como Lampião, quando da sua passagem pela região, mais precisamente pelo riacho das Antas e no acampamento do bando na serra do Diamante no município de Aurora no ano de 1927.

Seu Elias Saraiva hoje residente na cidade de Milagres (CE) nasceu e cresceu no sítio Diamante de Aurora e, juntamente com seu pai esteve por várias vezes na presença de Lampião e todo o seu bando, quando este por mais de uma semana ficou arranchado no sopé da famosa serra. E de lá derivou para o serrote do Cantins e fazenda Ipueiras quando do primeiro encontro com Izaías Arruda, Zé Cardoso, Massilon Leite com vistas a planejar a invasão e saque da cidade de Mossoró- RN.

Na época com a idade de 10, disse ele que chegou a levar comida da sua casa para o rei do cangaço no esconderijo do Diamante. Algumas vezes na companhia do seu pai, outras, sozinho. Lembra inclusive, do dia que levou algumas pamonhas feitas por sua mãe - uma oferta segundo ele para o bandoleiro. Ao receber a encomenda, recordar ainda hoje que Lampião sorridente pôs a mão sobre sua cabeça e disse algo o elogiando pela sua esperteza de menino. Decerto, num claro gesto de agradecimento pelo seu trabalho e tantas idas e vindas pelas veredas da caatinga, entre a sua casa e o local onde Virgulino ficara acoitado com seus comandados. Lembra igualmente que ele (Lampião) metera a mão no bornal que levava a tira colo e, em seguida colocou na sua mão umas moedas dizendo que era para pagar o presente da sua genitora. De maneira que até hoje ainda tem Lampião como uma pessoa simpática e respeitadora.

Era corrido o ano de 1927, época que historicamente ficou marcada por uma série de acontecimentos relacionados a invasão de Mossoró, seguido do episódio relativo a suposta tentativa de envenenamento do bando Lampiônico, que redundou no cerco, tiroteio e incêndio da fazenda Ipueiras de Aurora. A famosa traição do coronel Izaías ao seu amigo Lampião. Trama ao que tudo indica, arquiteta pelo coronel Arruda e Zé Cardoso, tendo como pano de fundo o major Moisés Leite de Figueiredo – comandante das volantes que desde o malogro de Mossosó e, dentro do Ceará, ficará no encalço do bandoleiro.

A trama para a suposta traição


O plano "A" seria, primeiro a suposta infiltração de alguns elementos (jagunços do coronel) e soldados disfarçados no bando de Lampião. Desconfiado, Lampião junto com os seus não concordaram com a ideia. Veio então, depois o plano "B" o oferecimento da comida envenenada que ficou a cargo de Miguel Saraiva, tido em alguns escritos lampiônicos como vaqueiro de Zé Cardoso. Na verdade ele era um dos proprietários da região do Diamante e, por conseguinte, amigos do coronel Izaías Arruda e de Zé Cardoso da Ipueiras e Cantins. Depois Coxá. Tipi, Monte Alegre, Izaíras e Taveira... Mas não era vaqueiro de profissão.

Há quem diga inclusive, que conhecera Lampião e privou da sua consideração e confiança primeiro que os donos da Ipueiras. Sendo, portanto, apontado como o homem que primeiro em Aurora fez a ponte que levara o rei do cangaço sob os interesses de Massilon Leite ao célebre coronel, nascendo daí por uma série de outros interesses dos potentados da época, a terrível trama com vistas a invadir a cidade norte-rio-grandense.

Conhecera Massilon um pouco antes, em face da amizade daquele com os cangaceiros da terra, moradores do riacho das Antas, Coxá lá pelas imediações do Diamante. Sendo Massilon Leite, como se sabe, um dos principais artífices da empreitada com vistas a invasão de Mossoró.

Antes mesmo de Lampião beirar as terras da Ipueiras, alguns cangaceiros do riacho das Antes dentre os quais Zé de Lúcio, José Cocô, Zé de Roque e Antonio Soares já haviam incursionado nos bandos de Massilon, Décio Holanda do Pereiro e do Próprio Izaías Arruda, na época sob o comando do seu vaqueiro e conhecido homem de confiança de Missão Velho.

Seu Elias Saraiva – era filho de Zeca dos Santos - e este primo carnal de Miguel Saraiva.

A fazenda Ipueiras – foi palco de um dos episódios mais emblemáticos e notórios da história de Lampião, quando da sua incursão pelo Cariri cearense. O que culminou com a polêmica traição do coronel Izaías Arruda a Lampião. Fato ocorrido no começo da tarde do dia 7 de julho de 1927. Estando, portanto, por uma série de fatores, intimamente ligada ao acontecimento de Mossoró.

Certa feita, disse Seu Elias que estando Lampião com parte do seu bando na região de Cuncas no município do Barro onde participariam de um grande almoço oferecido por um rico fazendeiro do lugar, chega a notícias que o cangaceiro “Bom de veras” que vinha ao encontro de Lampião, acabara de assassinar um cidadão de bem nas proximidades da vila de Rosário. Simplesmente porque o tal cidadão, resistira em entregar seu cavalo ao cangaceiro.

A pessoa assassinada era também compadre do dono da fazenda. Ao saber da notícia Lampião ficou indignado. E mesmo com fome ordenou para que todo o bando se preparasse para partir. Ninguém comeria mais nada para que todos pagassem pela desfeita de “Bom de veras”.

- Não quero nem  cabra covarde e nem malvado no meu bando, - Dissera o bandoleiro e logo, em seguida partiu contrariado, deixando as terras do Barro para trás.


Foi uma conversa das mais proveitosas com o decano do Milagres o Sr. Elias Saraiva. Sobretudo para aqueles que sempre estão dispostos a aprender um pouco mais acerca da nossa verdadeira história.

Além de prestar uma palpitante entrevista o Sr. Elias ainda colaborou com informações preciosíssimas que, inclusive, serão utilizadas no livro “Lampião em Aurora – Antes e depois de Mossoró” que está sendo finalizado pelo professor e pesquisador José Cícero.


J. Cícero

http://jcaurora.blogspot.com.br/2015/05/pesquisadores-entrevistam-senhor-que-em.html

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Presenças marcantes Emmanuel Arruda e Juliana Pereira


O grande articular de nosso festejado Cariri Cangaço em Princesa Isabel, nosso embaixador Emmanuel Arruda e uma das mais destacadas pesquisadoras dos temas Cangaço e Luiz Gonzaga; Juliana Pereira, presenças marcantes também em nosso CARIRI CANGAÇO PIRANHAS 2015 !!! Quem viver verá !


Programação Completa em:

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FOTOS HISTÓRICAS


Os homens de Lampião e sua companheira, Maria Bonita, mortos e decapitados pelo Exército em 1938. Suas cabeças foram expostas nas escadas que levavam até a entrada de uma igreja no
Estado de Alagoas.


O escritor japonês Yukio Mishima (1925-1970), suicidou-se cometendo harakiri. Esta foto de Mishima retrata o momento em que ele rasgou a própria barriga.


Soldados americanos obrigando cidadãos alemães a verem os corpos das vítimas dos campos de concentração.


Albert Fournier, assassino e estuprador triplo, executado por Anatole Deibler, em Tours, em fevereiro de 1920.


A execução de Ruth Snydera


Ruth Snyder era uma mulher casada do Queens convenceu seu amante Judd Gray a matar o marido Albert, após ter comprado uma apólice de seguro com cláusula de indenização dobrada. Ruth foi capturada, julgada e executada em 12 de janeiro de 1928 na Prisão Sing Sing de segurança máxima.


Soldado russo congelado  floresta finlandesa durante o inverno 1939-1940 onde as temperaturas chegaram aos  40 graus negativos.


O corpo de Zoya Kosmodemyanskaya depois da forca  em Nov de 1941.( em breve um post sobre ela).


Arranhões na câmara de gás de Auschwitz.


Navio negreiro, em 1868.


USS Columbia é atacado por um Kamikaze em 6 de janeiro de 1945. Foto: Marinha dos Estados Unidos.


Mary , a elefanta que morreu na forca


Thích Quảng Ðức ateia fogo em seu próprio corpo durante uma manifestação na cidade de Saigon, Vietnã do Sul, contra a política religiosa do governo de Ngo Dinh Diem, em 11 de Junho de 1963.

https://oomundoreal.wordpress.com/2013/11/29/imagens-historicas-e-a-historia-por-tras-dela-2/

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CHAPÉU ESTRELADO

 Por Sílvio Coutinho

"CHAPÉU ESTRELADO, meu novo filme. Acabo de retornar de 13 dias de lembranças que jamais serão apagadas da minha vida.

Na dureza e na beleza do sertão, nas emoções genuínas, na gentileza tantas vezes constatada do povo, que não esquece Lampião, nem o medo, nem o fascínio de Lampião e seu bando...


Ainda cansado, mas muito feliz, grato a todo mundo que ajudou ou que mesmo de longe nos desejou o bem. A mim, Rostand, Iaperi e Valério.


De volta à agitação dos compromissos na cidade maravilhosa, com uma bagagem marcada e ao mesmo tempo leve na alma, profusa de estrelas, deste chapéu de cangaceiro na tela do Cinema".


Sílvio Coutinho

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‘DONA CIRA COMBATENDO CANGACEIROS’

Por Carlos Jatobá

“Cyra Britto Bezerra (nascida Correa de Britto), nasceu no interior de Alagoas, no município de Piranhas, às margens do rio São Francisco, em 12 de março de 1915. Filha de Francisco Correa de Britto e de Emiliana Gomes de Britto prósperos fazendeiros e, também neta do chefe político da região dos dois lados do rio São Francisco: Piranhas (Alagoas) e Canindé do São Francisco (Sergipe), o Cel Antonio José Correa de Britto (conhecido como "Antonio Menino", "Sinhozinho do Gerimum" ou "Pai-Nosso") e de Prima Gomes de Britto ("Mãe-Nossa"). De família numerosa, dividia com seus 14 irmãos: Carlos, Célia, Ciro, Claudemiro, Clodovil, Cordélia, Guiomar, João, José, Maria José, Nair, Noélia, Raimundo e Yolanda, as brincadeiras entre a Fazenda Gerimum (no lado sergipano) e a casa grande em Piranhas.

Casou-se com o então Ten Bezerra em 1935 de quem lhe era prometida, por "Pai-Nosso", desde tenra idade. Representa no alto dos seus quase noventa anos de existência, um exemplo de coragem, tenacidade e companheirismo da mulher nordestina e brasileira. Aos 21 anos de idade (por volta de 1936), era considerada a grande incentivadora nas campanhas do marido, além de exercer forte liderança como professora, enfermeira e conselheira entre os seus liderados e respectivas famílias. Fazia de sua casa um verdadeiro quartel da volante. A esse respeito Cyra Bezerra, assim se expressou: "Quando chegava, a volante vinha diretamente para minha casa. Eram 20, 30 homens de uma vez. Alguns com família iam para suas residências. Outros eram medicados, comiam e dormiam na minha casa”.

“(...)Ainda em 1936, no mês de setembro mais precisamente, o tenente Bezerra em perseguição aos diversos subgrupos de cangaceiros (que compunham o grande grupo comandado por Lampião) na Fazenda Picos onde se deu um combate em que, depois de baleada na perna direita, à altura das nádegas, foi capturada a cangaceira Inacinha (mulher do famoso Gato, chefe de um dos subgrupos). Inacinha estava grávida e, em conseqüência, o tenente Bezerra resolveu leva-la para a cidade de Delmiro Gouveia em busca de ajuda médica e posteriormente transportá-la para Piranhas e recolhê-la à cadeia local.

Nesse ínterim, os cangaceiros, através dos subgrupos liderados pelo próprio Gato, por Virgínio e por Corisco, resolveram atacar Piranhas.

A esse respeito Cyra Bezerra, recorda: "Eram duas da tarde quando eles chegaram a Piranhas. Eu pensei que fosse [o tenente] Bezerra de volta com a volante [proveniente de Delmiro Gouveia]. Então eu saí para a calçada, porém uma prima minha gritou: 'Cyra, entre são os cangaceiros'. Piranhas é uma cidade construída num vale cercado de serras. Quando eu olhei, vi que vinham descendo cangaceiros por todos os lados. Recuei e fui fechar a porta da casa, mas não consegui fechar a primeira janela e, um cangaceiro, escondido atrás de uma gameleira (uma árvore secular que havia em frente à casa) disse: 'Não feche que morre'. Eu me encostei na janela e olhei. Vi a um canto da parede um riflezinho. Peguei-o e atirei no cangaceiro. Fiquei trocando tiro. Ela tentava me alvejar pela janela e eu atirava nele. (...) Nós tínhamos armas em todos os cantos da casa, vivíamos prevenidos.

Quando eu estava assim trocando tiros com esse homem, Corisco surgiu na esquina da avenida Tabira de Britto [próxima à Prefeitura Municipal], perseguindo meu tio João Correa de Britto, prefeito nessa época. Corisco estava quase pegando meu tio quando eu atirei nele, mas só consegui atingir os bornais. Ele rodopiou, entrincheirou-se na escada de uma casa e ficou atirando em mim. Eu deixei de atirar naquele que estava junto à gameleira e fiquei atirando para o outro. É quando surge na mesma esquina um grupo de cangaceiros trazendo uma rede com um corpo, uma rede toda ensangüentada. Era Gato, marido de Inacinha, que tinha morrido. Um tiro [dos muitos dados pelos defensores da cidade em duas horas de cerrado tiroteio] atingiu a cartucheira que ele trazia na cintura, atingiu o pente de onde explodiram cinco balas que esfacelaram seu intestino." (1985, p. 13) Os cangaceiros, diante do inesperado, bateram em retirada. 

Araujo, referindo-se ao fato, atesta que: "[Cyra] ... moça pacata teve que se transmudar numa Maria Quitéria, de Alagoas, para ajudar a rechaçar a horda desenfreada e violenta. (1985 p. 279) 

Desde então Cyra Britto Bezerra seria cultuada e sempre lembrada, na região do São Francisco conforme Ranzan & (2001), como a "A dama sertaneja que enfrentou o cangaço". 

(Na ocasião do embate, “D. Cyra, que também estava grávida: no quinto mês de gestação”)

D. Cyra faleceu na cidade do Recife, Estado de Pernambuco em 30 de março de 2003 aos 88 anos de idade.

Transcrito por Sálvio Siqueira
Fonte principal: 
cariricangaco.blogspot.com.br

Fonte: facebook
Página: Sálvio Siqueira

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MENINO DE OURO


Se não me trai a memória em livro escrito pelo Dr. Raul Fernandes filho do então prefeito de Mossoró Rodolfo Fernandes, teria ocorrido uma terceira morte durante a refrega, um cangaceiro-mirim que havia sido usado pelo capitão para sondar as características físicas da cidade que devido aos seus traços fisionômicos (loiro e de olhos azuis) foi apelidado pela alcunha de "menino de ouro, também teria sido baleado e ferido vindo a óbito durante a retirada e seu corpo teria sido enterrado às margens da estrada de leva a cidade de limoeiro/CE. 


Peço ajudo aos brilhantes membros dessa comunidade para aprofundar melhor esse fato. Lembro em tempo ainda que o texto menciona que no Rio Grande do Norte não havia cangaço. 

Devo lembrar aos ilustres colega que aqui foi a terra de um cangaceiro célebre chamado Jesuíno Brilhante antecessor de Lampião e até mesmo de Antônio Silvino. 


Peço cordiais desculpas se minhas considerações não vierem a ser passivas do devido crédito científico característica essa típica de todas as postagens em nossa comunidade virtual.

Fonte: facebook
Página: Josenildo Fidelis 

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A revista A NOITE ILUSTRADA de 02 de agosto de 1938, publicou a notícia da morte de Lampião.


Revista de grande circulação, trazendo matérias sobre o cangaço. Quem já viu vale a pena ver de novo. A revista A NOITE ILUSTRADA de 02 de agosto de 1938, publicou a notícia da morte de Lampião.





Fonte: facebook
Página: Adauto Silva

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RUA ONZE DE AGOSTO OU A HISTÓRIA DE UMA FARSA

Por José Gonçalves do Nascimento*

Rua Onze de Agosto, centro da capital paulista. Esta pequena via, encravada entre antigos e suntuosos edifícios, entre os quais o da sede do Tribunal de Justiça de São Paulo, foi, outrora, protagonista de um dos episódios mais patéticos da história do Brasil.

Era o ano de 1897. A Guerra de Canudos aterrorizava o sertão da Bahia, mobilizando enormes contingentes militares, que, ao fim de onze meses de renhida batalha, acabaram por varrer do mapa a aldeia sagrada de Antônio Conselheiro.

Dentre as sucessivas expedições enviadas ao sertão pelo governo da república, estava aquela comandada pelo temeroso coronel Moreira César, celebrado, até então, como o mais habilitado na "arte da guerra". Contrariando toda expectativa, tal expedição não logrou o êxito que se esperava, deixando-se bater pelos canudenses antes mesmo de penetrar o arraial conselheirista. Ao tentar invadir o reduto dos sertanejos, num arroubo ao mesmo tempo de soberba e imprudência, foi Moreia César ferido por bala mortífera, sendo seu cadáver deixado à beira de pedregosa vereda, nos arredores de Canudos.

É aqui que começa a patetice desse episódio.

Disseminou-se Brasil afora a notícia de que um certo Arnaldo Roque, ou Cabo Roque, havia sido fulminado por bala “jagunça”, enquanto abraçava, num gesto de cega fidelidade, o cadáver do malogrado coronel.

Jornais de todo país reverberaram peças laudatórias em honra do abnegado Roque. Gabos e louvores vinham de toda parte, enaltecendo o herói que se tornara celebridade de um momento para o outro.

O jornal A República, de 15 de março (1897), não economizou palavras: “Moreira César, disciplinador inexorável, era de tal modo querido que ao lado do seu cadáver surge uma figura ideal de abnegação e de heroísmo – a desse Arnaldo Roque, nome que deve ser ensinado a nossos filhos, e aos filhos de nossos filhos, como uma legenda republicana. Quando a gratidão nacional erguer na praça pública o monumento que deve à memória de Moreira César, não há de faltar, no bronze glorioso, a figura épica de Roque”.

Na edição de 26 do mesmo mês, O País, outro jornal de orientação republicana, informava ter recebido, proveniente de coleta realizada entre pios cidadãos, a importância de 220 mil Réis, a ser destinada à “família do denodado e valente Cabo Roque, o heroico soldado que recebera a morte quando guardava o corpo inanimado do bravo coronel Moreira César”.

A morte heroica de Roque entrava na ordem do dia. Nas igrejas, fiéis contritos choravam o desaparecimento do novo mártir da república; nas câmaras municipais moções de pesar se multiplicavam a todo instante, em memória do pranteado brasileiro.

Em cidades importantes do Brasil, praças e ruas tiveram seus nomes trocados pelo o do intrépido e valente Cabo Roque. Logradouros tradicionais eram rebatizados, adquirindo a marca do herói de Canudos.

A lenda, todavia, não demorou a desfazer-se. Para desespero dos republicanos, ainda no dia 26 de março, o Jornal do Comércio assim noticiava: “O Cabo Roque, o glorioso cabo Roque, morto depois de ter acabado a munição, defendendo como um cão fiel o cadáver de Moreira César, o Cabo Roque glorificado pelos jornais de todos os quatro ventos da América do Sul, que já tem uma praça em Campos com o seu nome – praça cabo Roque – em cuja esquina em letras brancas a Câmara mandou fixar uma placa memorável, o Cabo Roque acaba de aparecer são como um pero e salvo como um arrependido em Queimadas!”

No dia 4 do mês seguinte, informava a Gazeta de Noticias, que, em conversa com o engenheiro Teive Argollo, Roque declarara “que fazia parte do grupo que conduzia em uma padiola o cadáver do coronel Moreira César, quando os jagunços atacaram o grupo, sendo obrigado com os seus companheiros, para escapar à morte, a abandonar o corpo no mato; que não se abraçou com o cadáver do coronel; o que fez foi fugir com os seus companheiros”.

Deste modo, reaparecia vivíssimo o famigerado Cabo Roque, “vítima da desgraça de não ter morrido, trocando a imortalidade pela vida”, nas palavras de Euclides da Cunha.

Retornemos, então, à aprazível rua Onze de Agosto. Denominada, na época, de rua do Quartel, foi ela rebatizada de rua Cabo Roque, como ocorrera a tantas outras país afora. Superada a farsa e desmascarada a campanha republicana em torno do pérfido herói, foi a antiga via de novo batizada, ganhando a atual denominação: rua Onze de Agosto.

Que papelão!

Enviado pelo professor, escritor e pesquisador do cangaço José Romero Araújo Cardoso

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