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sábado, 17 de janeiro de 2015

PADRE MOTA, MESTRE DE MOSSORÓ

Tomislav R. Femenick – Historiador, membro da diretoria do IHGRN.
O Padre Mota em reunião com lideranças política de Mossoró. O religioso foi prefeito da cidade por nove anos e nove meses

Luiz Ferreira da Cunha Motta nasceu em Mossoró no final da última década do século XIX. Estudou em sua cidade, em Natal, Recife, João Pessoa e Roma, onde se ordenou Padre em 1922, às vésperas de completar 25 anos de idade. Sua tese em teologia, apresentada à Pontifícia Universidade Gregoriana, obteve a classificação de “bone probatus”; aprovada com excelência.

Regressou à sua cidade no dia 21.10.1922. Segundo reportagem do jornal “O Nordeste”, o novo sacerdote foi recebido na Estação da Estrada de Ferro pelo Padre Manuel Gadelha, Vigário da Paróquia de Santa Luzia, seus familiares e pelo povo, que compunha uma enorme multidão. Formou-se, então, um extenso cortejo em direção à Matriz. Soltaram foguetes e a banda do Grêmio Musical tocava músicas sacras e alegres. No altar-mor da igreja de Santa Luzia, o Padre orou demoradamente ao som de “Sacerdos Magnus” e palmas da multidão.

Quando do regresso à terra natal, o Padre Mota encontrou quase a mesma Mossoró que deixara. O município tinha pouco mais que dezesseis mil habitantes. A cidade possuía trinta ruas, doze praças, cinco travessas e uma avenida, com 1.872 casas, sendo 840 de tijolos e telha, e 1.032 de taipa. Havia menos de trinta escolas primárias, um Grupo Escolar e uma escola de nível ginasial – o “colégio das irmãs”, pois o Santa Luzia estava fechado. As vias públicas eram cobertas com barro e pedregulhos. Não havia calçamento. Quando chovia, as ruas ficavam lamacentas e escorregadias. Durante o dia, o sol imperava abrasador. A escuridão das noites era cortada apenas por poucas lâmpadas de 32 velas, instaladas pela Intendência Municipal. Para reduzir o breu da noite e afugentar os mosquitos, em frente das residências eram acesas fogueiras, misturando-se estrume de gado às brasas.

O PADRE
O novo sacerdote ocupou vários cargos eclesiásticos: capelão do Colégio Sagrado Coração de Maria, vice-diretor do Colégio Diocesano Santa Luzia (quando este reabriu suas portas), capelania do Sagrado Coração de Jesus, responsável pelo ensino da religião para cerca de 1.200 crianças, vigário da Paróquia de Santa Luzia de Mossoró (quando deu início à construção da Capela de São José) e vigário geral da Diocese, de 1936 até o seu falecimento. Na hierarquia da igreja, o seu posto mais alto foi o de Monsenhor.

Meses após tomar posse como vigário da Paróquia de Santa Luzia, o Padre Mota promoveu uma reunião na sacristia da Capela do Sagrado Coração de Jesus, com um número bem reduzido de pessoas. Além dele, apenas seu pai, Vicente Ferreira da Mota, e o comerciante e industrial Miguel Faustino do Monte. O motivo da reunião: a criação da Diocese de Mossoró. Muitas, muitas outras pessoas se agregaram a esse esforço.

Título Eleitoral expedido em nome do Padre Mota em 1956.

Miguel Faustino ficou encarregado de levar o assunto junto à Diocese de Natal, a qual a Paróquia de Mossoró estava subordinada. O coronel Mota junto às autoridades, comerciantes e industriais da cidade, e o Padre Mota, juntamente com o Cônego Amâncio Ramalho, se encarregariam de arregimentar apoio entre os outros clérigos locais. Entretanto, tudo isso deveria ser tratado com absoluto sigilo, para não melindrar as autoridades eclesiásticas da Diocese da capital do Estado. Se houvesse dúvidas quanto ao segredo, dever-se-ia recorrer ao sigilo confessional. O Padre Mota reconheceu: “Foi um recurso maquiavélico, mas a causa era nobre e divina”.

O passo mais importante foi dado por Miguel Faustino junto ao bispo de Natal, Dom Marcolino Dantas. A ele disse que estaria disposto a fazer uma generosa contribuição em bens e dinheiro, quando fosse oportuno transformar a Paróquia de Mossoró em Diocese. Essa contribuição visaria formar a sua estrutura material, para que ela pudesse funcionar sem percalços.

O trabalho durou mais de seis anos. No dia 14.09.1934, o Padre Mota recebeu um telegrama de Dom Marcolino em que este lhe comunicava a criação da Diocese de Mossoró, através de uma bula papal emitida por Pio XI, assinada em Roma e datada de 28 de julho daquele ano. No dia 18 de novembro de 1934, por deferência especial do Bispo de Natal, e em seu nome, o Padre Luiz Ferreira da Cunha Mota presidiu o ato inaugural da nova diocese, pela qual tanto lutara. A celebração teve lugar na Catedral de Santa Luzia e contou com a presença de autoridades e do povo da cidade.

NA LINHA DE FRENTE DURANTE A BATALHA CONTRA LAMPIÃO

Consta que o ataque de Lampião a Mossoró teria sido a ele sugerido pelo político cearense Isaias Arruda e pelo cangaceiro potiguar Massilon Leite Benevides. Como teste, o bando desse último invadiu com sucesso a cidade de Apodi. Então, vários grupos de cangaceiros se reuniram para, juntos, atacar Mossoró. O ambiente era confuso e havia mais de um comando, embora que Virgulino tivesse ascendência sobre todos. Pelo caminho, assaltavam vilas, povoados e fazendas, roubando, batendo, torturando e fazendo reféns, ao mesmo tempo em que destruíam, quebravam e incendiavam o patrimônio daqueles que não eram seus apaniguados ou acólitos. Mas todos esses casos eram preliminares da grande luta: Mossoró.

A cidade se preparou para fazer sua defesa. Foram organizadas trincheiras em diversos pontos da cidade. Segundo o historiador Vingt-un Rosado, no dia 13 de junho de 1927:“Treze horas. O padre Mota […] vai fazer um reconhecimento pela Cidade. Sozinho, de­sarmado, ei-lo percorrendo todas as trincheiras. O padre Mota e o cônego Amâncio seguem até a atual Pra­ça Rodolfo Fernandes. Começara a luta. […] Os dois sacerdotes, com extraordinário sangue frio, es­timulam os combatentes. Eram soldados desarmados, os únicos a percorrerem a Ci­dade, na hora difícil. […] Na Rua Idalino Oliveira, uma bala vinda da Praça da Independência, quase os atingia”.
A luta terminou às cinco horas da tarde. Nenhum defensor da cidade estava, pelo menos, ferido. Os cangaceiros se reuniram ao lado de um muro lateral do cemitério. Um dos atacantes fora morto, seis estavam feridos, quatro em estado grave. Derrotado, Lampião fugiu.

LIÇÕES DE DEMOCRACIA NA CALÇADA DO PADRE

Padre Mota e o sobrinho Francisco, também prefeito de Mossoró.

Muito se fala e pouco se sabe o que realmente é democracia. Na verdade, a maioria a entende apenas como repetição do sistema em que vive ou desejam viver. Todavia, o fundamento maior da democracia é o entendimento republicano de que o indivíduo é “æquabilis in paribus”, igual entre os iguais.

A calçada do vigário era o espaço mais democrático da cidade. Era uma assembleia de amigos, à moda da democracia ateniense, onde todos podiam dizer o que quisessem, desde que ouvissem o que os outros falassem. Tudo de maneira pacífica e civilizadamente, sem discussões acaloradas. Nada foi planejado, apenas aconteceu. Na Mossoró de antigamente, cidade ainda pequena, havia o costume das famílias colocarem as cadeiras na calçada para mitigar o calor com o frescor dos ventos do final do dia. O Padre Mota também fazia isso e aproveitava o tempo para fumar seus charutos. Os vizinhos e as pessoas que passavam, sentavam-se para tirar alguns dedos de prosa. Como eram muitos, criou-se o hábito de todos irem buscar suas cadeiras na sala de visitas do reverendo e depois deixa-las no mesmo lugar. As mais ilustres figuras de todas as correntes políticas, inclusive alguns evangélicos, ateus e comunistas, frequentavam essas reuniões.

Antonio Capistrano, comunista desde 1960 e ex-vice-prefeito de Mossoró, diz que a calçada do Padre Mota era “o ponto de encontro de políticos, intelectuais e comerciantes da cidade, local suprapartidário, democrático, de papos sobre os diversos assuntos de interesses da coletividade, como também não deixava de ter as fofocas provincianas. Os que participavam dessas conversas lembram-se com muita saudade dos finais de tarde da calçada do padre; ele era espirituoso, piadista e conversador. Padre Mota parece que inspirou Che na sua famosa frase ‘ser duro sem jamais perder a ternura’. É essa a imagem que tenho do padre Mota. Severo nas suas convicções, mas extremamente humano nos seus atos. Isso é, para mim, a razão do bem-querer do povo mossoroense ao seu vigário geral. Homem pronto a servir, participando ativamente dos problemas da cidade”.

BRINCALHÃO, O PADRE ENSINAVA QUE DEUS NÃO É TRISTE

Uma das características do cidadão Luiz Ferreira da Cunha Mota, inseparável de sua condição de Padre ou Prefeito, era o seu humor ferino, brincalhão, travesso, com um toque de galhofa e de gracejo fino, sem ser grosseiro, nem nunca descambar para o impudor ou para a agressividade. O Padre Mota sabia rir e não gostava de lamúrias, tristezas ou lástimas. Dizia que “Deus não é Triste. Se o fosse, não teria criado o mundo e a vida tão belos. Não teria feito os passarinhos cantar, o amor dos jovens, o sorriso das crianças, o sol, a lua, o mar”. O jornalista Lauro da Escóssia reuniu vários “causos” do padre e publicou um livro com o título de Anedotas do Padre Mota (1986).

Em 1951 aconteceu um caso emblemático do seu humor sagaz. Manuel Leonardo Nogueira levou uma filha para ser batizada na Igreja do Sagrado Coração de Jesus, cujo vigário era o padre holandês Cornélio Dankers, o qual se recusou a fazer o batizado, alegando que os padrinhos, João Café Filho e sua esposa, eram comunistas. Note-se que Café Filho era o vice-presidente da República. Manuel Leonardo recorreu ao Padre Mota e o batizado foi celebrado na igreja Matriz. Meses depois, o padre Cornélio falando com o Padre Mota trouxe o assunto do batizado à conversa, dizendo que não compreendia a atitude do seu colega. O Padre Mota respondeu: “Cornélio, eu conheço Café. Ele não é comunista coisa nenhuma. No máximo, é um oportunista. Além do mais, ele estava longe. E, mesmo se eles [Café Filho e a esposa] estivessem aqui e fossem comunistas, eu nunca vi comunista comer criancinha”.

PADRE MESTRE

Luis da Câmara Cascudo assim escreveu sobre Padre Mota: “Padre Mestre Luís Mota, Prefeito de Mossoró, gordo, atarracado, baixo, com um passo airoso de moço-fidalgo. Padre que viveu oito anos de Roma e conheceu três Papas, que viu a Itália guerreira, bolchevista e fascista, que aprendeu a olhar o povo como organização e jamais como figura de retórica, aí está tua Mossoró, um orgulho para os olhos e uma saudade para o coração. Ninguém se iluda com tua fisionomia espirituosa e plástica, com o humorismo de tuas graças, com o infalível charuto, com a ponteira incansável de tua bengala negra. Nem pelas anedotas que contas, pelos fatos que evocas deliciosamente. Tua história vibra nesse cenário tu­multuoso e moderno de existência sem desfalecimento”.

Tribuna do Norte. Natal, 18 jan 2015.

Leia também:


Tomislav R. Femenick – Jornalista, Historiador, membro da diretoria do IHGRN.

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“O GLOBO” – 26/06/1957 - PARTE I

Material do acervo de Antonio Corrêa Sobrinho

AMIGOS, há 57 anos, o coronel JOÃO BEZERRA, comandante das tropas volantes que, no dia 28 de julho de 1938, executaram a tiros Lampião, sua mulher Maria Bonita, e nove dos seus companheiros, concedeu a entrevista que trago abaixo, ao “O Globo”, um dos maiores jornais do Brasil, oportunidade em que este famoso comandante fez publicada num dos maiores jornais do Brasil, a sua versão sobre os acontecimentos que culminaram com a morte do mais famoso bandoleiro da história brasileira.

 “O GLOBO” – 26/06/1957

CANGACEIROS TENTARAM FUGIR, QUANDO AS PRIMEIRAS CABEÇAS ROLARAM

Para “restabelecer a verdade histórica”, o coronel João Bezerra descreve, quase vinte anos depois, com detalhes impressionantes, a carnificina que marcou o fim de Lampião e seu bando sinistro – “suspense” em plena caatinga, numa madrugada chuvosa de Julho de 1938 – “o degolamento foi uma medida acertada e não me provocou remorso”, diz a “o Globo” o Oficial da Força Pública de Alagoas, hoje reformado e fazendeiro.

MACEIÓ, junho (De Ivan Alves, enviado especial de O GLOBO) – Assegurando que o degolamento de Lampião foi “uma medida acertada” – pois, se não houvesse ocorrido, muita gente no sertão não acreditaria que ele tivesse sido eliminado – e que o célebre cangaceiro não era o “cabra” mais valente e o melhor estrategista do seu grupo, o coronel João Bezerra, que combateu, também, contra o Sr. Luiz Carlos Prestes e serviu sob as ordens do general Góis Monteiro e do então major Eduardo Gomes, encontrando-se, hoje, na reserva da Força Pública do Estado, acedeu em falar a este repórter, rompendo um silêncio de vários anos, sobre a chacina desenrolada, sob seu comando, há quase duas décadas, em Angicos, às margens do São Francisco.

Coronel João Bezerra da Silva comandou a chacina aos cangaceiros

O coronel João Bezerra, que conta atualmente 52 anos de idade e é um tranquilo fazendeiro no interior das Alagoas, nega, porém, tenha mandado decapitar o mais famoso chefe do cangaço, revelando ainda que pretende figurar, em breve, como ator, num filme do deputado Tenório Cavalcanti, em torno da vida e da morte do homem cuja série de crimes interrompeu numa manhã chuvosa de outubro de 1938, “para desafogo e alegria das caatingas nordestinas, que amanheciam e anoiteciam sob a alça de mira dos trabucos de Virgulino Ferreira”, como hoje relembra, friamente, ante a memória da sangueira celebrada em prosa e em verso, e em tom legendário, por todo o Brasil.

CONTINUA...

“O GLOBO” – 26/06/1957 

Fonte: facebook
Página: Antonio Corrêa Sobrinho

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A Fundação Cultural Cabras de Lampião vem com tudo em 2015


A Fundação Cultural Cabras de Lampião vem com tudo em 2015, pois festeja 20 anos de história, os belos eventos que já realiza terão um gosto todo especial e servirão de mote para lembrar sua caminhada, que já nasceu grande e próspera, vida longa à todos que fazem a FCCL que contempla: Grupo de Xaxado Cabras de Lampião, Museu do Cangaço, Ponto de Cultura, Escola de Danças Populares, Ponto de Memória, Espetáculo Teatral ao ar Livre O Massacre de Angico – A Morte de Lampião, Festival de Músicas do Cangaço, Encontro Nordestino de Xaxado, Espetáculo de Danças Mistura Pernambucana, Grupo de Danças Gilvan Santos, Herdeiros do Xaxado, Quintal do Museu (onde acontece uma infinidades de eventos, mostrando a diversidade artística e cultural do Brasil), entre outros afazeres dessa fecunda entidade cultural.


Fonte: facebook

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O CANGACEIRO ANTONIO SILVINO NO RIO GRANDE DO NORTE

Material do acervo do escritor e pesquisador do Cangaço Rostand Medeiros - http://tokdehistoria.com.br/category/cangaco/page/3/
Antonio Silvino


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“CONDENARIA A MORTE TODOS OS COITEIROS”, AFIRMA AGAMENON


Em 31 de Julho de 1938, após saber da morte do cangaceiro Lampião, o seu conterrâneo e governador de Pernambuco, Agamenon Magalhães, escrevia no seu jornal “Folha da Manhã”, sobre o tema cangaço dizendo que

 “é necessário uma legislação especial para combater o banditismo. Eu condenaria à morte, sumariamente, sem direito a recursos, nem perdão, todos os “coiteiros”, todos os que por covardia ou interesse guardaram, por tanto tempo, o mais terrível e cruel dos bandidos, esse, cuja cabeça a polícia acaba de cortar para oferecer ao estudo dos institutos médico-legais”

e mais a frente conclui dizendo que a morte de Lampião prova que:

 “a civilização operou o milagre. E dentro em pouco, a memória das façanhas e das crueldades do cangaço não existirá mais, nem nas trovas dos cantadores do sertão”. 

Na época quando assumiu o governo de Pernambuco, Agamenon Magalhães mudou o nome da cidade de Vila Bela para Serra Talhada, voltando ao seu nome primitivo, em uma tentativa de repaginar o nome da cidade que estava muito ligada e associada aos cangaceiros e bandoleiros da região.

Fotografia do Governador Agamenon Magalhães

Fonte: facebook
Página:  José João Souza.

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JOSÉ ROMERO LANÇA NOVO LIVRO

Por José Bezerra Lima Irmão

José Romero lança novo livro.

O título já diz tudo: Notas para a história do Nordeste.

José Romero, paraibano de Pombal radicado em Mossoró, é um abnegado estudioso da geografia, da história e da cultura do Nordeste.

Nessa obra, José Romero, professor da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte/UERN, aborda temas de interesse permanente envolvendo tradições, a chamada civilização do couro, coronelismo, cangaço, almocreves, vaqueiros, parteiras, secas, Coluna Prestes, Revolta de Princesa, a morte de João Pessoal, Revolução de 30, Canudos, Delmiro Gouveia, Josué de Castro, cordel, Luiz Gonzaga.

Converse com o autor: romero.cardoso@gmail.com

Conheça sua obra: “Notas para a História do Nordeste”. João Pessoa: Ideia, 2015, 119p. ISBN 978-85-7539-961-3
EDITORA : www.ideiaeditora.com.br
ideiaeditora@uol.com.br

Por José Bezerra Lima Irmão. Escritor e jornalista sergipano radicado em Salvador/BA. Autor do livro Lampião, a raposa das caatingas.


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CANGACEIRO AZULÃO II


Primo do cangaceiro Balão, e era sergipano de Várzea da Ema.

1 - Entrou para o bando em 1929, após abusar sexualmente de uma irmã menor, e ser ameaçado de linchamento por todos que o conheciam.

2 - Participou do Massacre de Queimadas-BA em 22 de dezembro de 1929, quando sete praças da polícia baiana foram assassinados.

3 - Participou do massacre de Mirandela, no distrito de Ribeira do Pombal-BA, no dia 25 de Dezembro de 1929, onde foram mortos dois civis e um soldado.

4 - Participou do ataque a Aquidabã-SE, em Outubro de 1930.

5 - Participou do ataque a Floresta-PE, em 26 de Novembro de 1930, fazendo parte de um grupo de aproximadamente vinte cangaceiros, quando mataram e degolaram vários inimigos de Lampião, extorquindo fazendeiros e praticando depredações.

6 - Com dois cabras e uma mulher, atacou a Fazenda Maravilha, em Agosto de 1933, na região de Campo Formoso-BA, roubando e saqueando.

7 - No dia 13 de Outubro de 1933, comandando um pequeno grupo no qual estava sua companheira Maria, Canjica, Zabelê, Calais, Arvoredo e Joana companheira de Calais, invadiu a Fazenda Morrinho, de Zezé Almeida, matando o proprietário, seu filho e um vaqueiro, sangrando a punhal, além de estuprar duas meninas, da Fazenda Carrancuda, que ficava próxima.

Da esquerda para a direita: Zabelê, Maria, Azulão e Canjica - cangaconabahia.blogspot.com

Foi morto no dia 14 de Outubro de 1933, na Fazenda Lagoa do Lino, no município de Monte Alegre-BA, juntamente com os companheiros Canjica, Zabelê e Maria Dora ou Maria de Azulão. Depois do massacre, as cabeças dos cangaceiros ficaram expostas na calçada da cadeia pública de Monte Alegre, hoje Mairi-BA.

Sua cabeça era uma das que estavam expostas no Museu em Salvador-BA, somente sendo enterrada em 13 de Fevereiro de 1969, por ordem do Governador da Bahia Luis Viana Filho.

Fonte: Livro Cangaceiros de Lampião de A a Z de Bismarck Martins de Oliveira.

Foto: Cortesia de Rubens Antônio (Salvador-BA)
Transcrição: Geraldo Antônio de Souza Júnior (Administrador)

Fonte: facebook

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