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sexta-feira, 27 de junho de 2014

A CORAGEM DE JOÃO PUÇÁ - Um conto na esteira de caboclo

Por Clerisvaldo B. Chagas, 26 de junho de 2014 - “Crônica Nº 1.216”

João Puçá não mais suportava a pressão do coronel Cantídio Fula. Homem direito, trabalhador e pobre, Puçá vivia quase escondido receoso das ameaças do coronel. Além de não conseguir deixar a penúria, por falta mesmo de sorte, João meditava em como escapar à pobreza desse mundo. Fora acusado de furto nas terras do coronel, pelo próprio ladrão, jurara inocência, porém, Cantídio Fula, entre a verdade e a dúvida, preferia ir jurando o trabalhador braçal.

Foto do acervo de Clerisvaldo B. Chagas

Não podendo mais continuar daquela maneira, João inspirou-se num sonho, resolveu deixar os esconderijos e falar diretamente com o fazendeiro Cantídio. Fora enviado um portador à fazenda do homem que dava às ordens em uma grande extensão de terras. Voltou o estafeta dizendo a João Puçá: “O homem tá disposto a recebê-lo, João”.

João partiu para a fazenda do poderoso senhor encontrando-o numa antiga cadeira de balanço, rodeado por vinte enfarruscados capangas. Com poucas palavras, João chamou o coronel para uma aposta. Cantídio Fula só faltou engolir o charuto com a surpresa apresentada por João. “Mas o que é mesmo que você estar me propondo, homem?!”.

E Puçá, resoluto disse: “Hoje Brasil joga com a Argentina, não é? Eu aposto num palpite, o Brasil ganha. O senhor aposta em dois palpites: vitória da Argentina e o empate”.

O coronel, conhecido matador de gente, arregalou os olhos diante daquela ousadia. Puçá continuou: “Se o Brasil ganhar o senhor me paga, isso aqui”, e lhe mostrou a quantia escrita num papel e que não era tão alta assim. Cantídio puxou uma tragada longa e, rodeado pela curiosidade dos jagunços, indagou como ficaria se o Brasil perdesse ou empatasse.

“Eu deixarei de viver escondido, venho aqui para o senhor me matar. Só peço que não me judie e mate de bala”.

O coronel Fula jamais havia ouvido coisa semelhante e, ainda surpreso indagou: “E se o Brasil ganhar, você acha mesmo que eu lhe darei essa quantia? Veja esses homens aí, tudo sedento de sangue...”.

João respondeu que sim, “pois eu nunca ouvi dizer que o senhor faltasse com a palavra e eu também, não”.

Um silêncio enorme aguardava o sim ou não do coronel Cantídio Fula. Mais de dez minutos se passaram como se não houvesse um só vivente por ali.

Por fim, o coronel levantou-se, entrou em casa deixando a expectativa lá fora. Um cabra alto, moreno e enfarruscado, chamado Marcello Fausto, aproximou-se de Puçá e cochichou: “Não dou destões por sua vida”.

Quando o coronel retornou à varanda trazia uma chave na mão e foi dizendo a Puçá:

“Tome essa chave. É da fazenda Serrote Preto que das dez que eu possuo é a melhor; está sem morador. Ela é sua com tudo que tem dentro e ainda hoje vou providenciar a documentação. Não precisa fazer aposta. Um homem que tem uma coragem desta veio enviando das coisas do outro mundo. Quando você tiver na sua fazenda quem vai lhe chamar de coronel sou eu”.

E assim, até os cordelistas enfeitaram o mundo com A CORAGEM DE JOÃO PUÇÁ.

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CUIDADOS

Por Rangel Alves da Costa*

Nenhuma ação humana se exaure em si mesma. Tudo, mesmo sem causa ou justificação, possui consequências. Por isso é preciso muito cuidado em cada passo, em cada ação, vez que a mais simples das atitudes pode provocar conseq inusitadas.

A flor é bela, atraente, perfumada, mas o jardim tem dono. Ir além de apreciá-la pode não ser a melhor atitude. Não apenas pela planta e o jardim que perdem aquela presença, mas também pelo dono do jardim que vai sentir sua ausência. E assim também acontece quando ultrapassam o seu muro para dar fim às pequenas flores cotidianas que você tanta luta para manter.

A resposta precisa ser dada e não pode ser diferente. O não tem de ser não, o sim tem de ser sim, sem meio-termos. Contudo, diferentemente da resposta positiva, que geralmente causa alegria e satisfação, a resposta negativa pode ir muito além da mera tomada de posicionamento. Ouvir um não pode ser algo tão desagradável quanto a rejeição do próprio ser. Por isso cuidado ao ter de dizer não. Existem muitas outras maneiras de negar sem que a palavra seja tida como um punhal afiado na pele.

Cuidado, não alimente em si nem perante os outros nada além daquilo que sempre pode provar que possui. Não adianta o enfeite momentâneo se o adorno será inexistente em outras situações. Não adianta manter aparências se a realidade se mostra totalmente diferente. Não adianta pretender ser além do que realmente é, e sob pena de sempre ser menos do que gostaria de ser. Não adianta oferecer mares, paraísos e horizontes e se a realidade é terrena e não há asas para fingir que está voando. Cuidado, muito cuidado.


A não ser por esforço próprio, pelo suor derramado e pela luta de todo dia, nada será conquistado de forma fácil nem chegará como que por encanto ou milagre. Tudo é fruto da busca e do sacrifício, do dar tudo de si para garantir ao menos o mínimo de sobrevivência. Por isso muito cuidado com as facilidades inexplicavelmente surgidas e com as graciosidades oferecidas.  Nada simplesmente cai do céu ou surge como dádiva da terra sem que seja com uma contrapartida embutida, ainda que invisível. E tudo faz compreender que somente aquilo conquistado pelo próprio ser vem com a garantia de que lhe foi justo receber.

Confiar em que, em quem, e até onde? O próprio ser humano está propenso a ser traído pelas próprias atitudes. Não raro que as promessas íntimas são quebradas pela própria fragilidade do ser. Por mais que o indivíduo se comprometa a não errar, a não reincidir numa atitude tomada ou jamais fazer aquilo que no outro é tão deplorável, ainda assim estará fadado a ser seu próprio algoz. E assim porque ao homem é difícil demais ponderar cautelosamente entre o erro e o acerto diante de determinadas situações. Daí ser inevitável o erro humano, mas também um meio eficaz para experimentar daquilo que não deveria e assim aprender a não repetir.

A roupa estendida no varal não demora muito para receber a primeira bolada da meninada que brinca no descampado ao redor. Não há como evitar que as mangas mais bonitas do vistoso pomar do quintal tenham sumido ao amanhecer. Não há como impedir que a criançada tenha seus momentos de diversão, de soltar pipas, correr pelos campos, jogar bola, passar correndo em cavalo de pau. Cada idade possui seu sentido e sua razão de ser. Compreender que criança chuta bola no varal, que leva a fruta do quintal e gosta mesmo de brincar, apresenta-se como igual compreensão que o adulto possui práticas próprias e não gosta de estas serem vistas como infundadas ou desregradas.   

Por isso cuidado, tenha muito cuidado. O louco é visto como tal porque é portador de uma enfermidade mental, e não porque age contrariamente ao que é tido por normalidade entre os que se imaginam sãos. A pedra dura, silenciosa e inerte, nem sempre transparece assim para muitos. E, não raro, tardes inteiras são passadas no convívio amigável e no diálogo fortalecedor com a pedra. Eis que as pedras ouvem e também falam. Não duvide dessa certeza. Dizem que os botões também são do mesmo jeito, duros e insensíveis, mas os momentos mais interessantes da vida são vivenciados conversando com eles.

Por isso cuidado. Cuidado com o que pensa, com o que vê, com o que faz. Cuidado com tudo, pois tudo pode ser de forma muito diferente do que se imagina como verdade única.

Poeta e cronista
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LAMPIÃO EM RIBEIRA DO POMBAL ll


Já se tinha notícias da presença do maior cangaceiro do século XX, Virgolino Ferreira da Silva, vulgo Lampião, considerado o rei do cangaço - 1927/1940 - à Bahia no ano de 1928. A possibilidade de ter levado Lampião a cruzar o Rio São Francisco rumo aos Sertões da Bahia, seria, a que tudo indica a falta de opção. Em todo o Nordeste só restavam Bahia, Sergipe e *Piauí, onde poderia hospedar-se com o resto dos seus cabras.

O ataque a grandes centros urbanos, acirrou os ânimos das policias de alguns estados nordestinos, visto que houve repercussão nacional dos episódios. Daí por diante, Lampião não teria trégua; o jeito era dispensar muitos de seus cabras. Para facilitar a fuga da furiosa perseguição policial, quanto menos gente, melhor.

Nessa altura, coligaram-se as polícias de Pernambuco, Ceará, Paraíba, Alagoas e Rio Grande do Norte e durante vários meses investiram numa perseguição implacável a todo o bando. Não existia alternativa senão um dos três estados restantes do nordeste.

Para Piauí, Lampião jamais iria, primeiro porque lhe era terra desconhecida e segundo porque era o estado mais pobre, entre os pobres do nordeste. O bandoleiro sabia por experiência que na Bahia iria encontrar condições favoráveis.

Se o Capitão Virgulino não tivesse tentado ocupar Mossoró pela força, então o maior município do interior do Rio Grande do Norte, ou tivesse conseguido, provavelmente a Bahia jamais o tivesse hospedado em seu território.

Quando desembarcou aqui na Bahia, em 21 de agosto de 1928, Lampião se quisesse, poderia ter tentado reconquistar a sua condição outrora de homem livre, trabalhador, honesto, produtivo. Não o fez. A índole de bandido calava mais forte.

Ao pisar em terras baianas, Virgolino Ferreira da Silva, já tinha 31 anos de idade, ostentava a patente de capitão, título de que muito se orgulhava e fazia alarde. Além de Mossoró (1927), assaltara, em lance de grande atrevimento, Água Branca (1922) em Alagoas, quando saqueou a baronesa Joana Viana de Siqueira Torres, despojando-a de joias e moedas de ouro do Império, com as quais passou a enfeitar-se. Esse episódio, somado ao frustrado assalto a Mossoró, à patente de Oficial do Exército e às inúmeras batalhas em que se envolvera (Baixa Grande, junho de 1924; Serrote Preto, fevereiro de 1925; Serra Grande, novembro de 1926), bem como ao saldo de mortes que lhe vinha no rastro, davam-lhe prestigioso renome em todo o Brasil e até no exterior.

Recorte de Jornal da Época


Um dos primeiros contatos de Lampião em terras baianas foi em Santo Antônio da Glória. Lampião partira da Serra Negra (em Floresta, Pernambuco, seu estado Natal), ladeou Riacho dos Mandantes de onde passou para as margens do Rio São Francisco. Em seguida avançou pelas propriedades Sabiuçá e Roque, cruzou o Velho Chico e ganhou as terras baianas. Aqui seu itinerário foi o seguinte: Serra Tona, Fazenda Salgado e o povoado Várzea da Ema, município de Glória.

Após várias andanças e as notícias ocultas, somente em dezembro é que Lampião ressurge no cenário baiano, exatamente no dia 15 de dezembro de 1928, na vila do Cumbe (atual cidade de Euclides da Cunha). De lá partiram rumo a Tucano, onde concede uma entrevista a um jornalista da terra e recebe a notícia que mandaram buscar reforço policial na cidade de Serrinha, o que apressou a saída do bando do município. Partiram de lá às onze horas da noite, aproximadamente, em destino a Pombal.

Antigo Mercado de Ribeira do Pombal - Década de 50


Desde aqueles sábado, 15 de setembro de 1928, que já se sabia que Lampião encontrava-se no município de Tucano, pois todos os viajantes, que lá procediam, noticiavam aos habitantes de Pombal da visita do então cangaceiro.

Lampião e mais sete cabras do seu bando chegaram à vila de Pombal por volta das seis horas da manhã, um domingo do dia 16 de dezembro de 1928.

O Sr. Paulo Cardoso de Oliveira Brito, mais conhecido como "Seu Cardoso", narrou, detalhadamente, como foi a visita de Lampião na Vila de Pombal:

"Eu era intendente, na época. Desde o sábado à noite se corria o boato na rua que Lampião estava na cidade de Tucano, mas de paz. Eles chegaram de manhã, bem cedinho, eu estava deitado e o empregado estava varrendo o terreiro da casa (o velho sobrado dos Britto), abordaram o empregado e mandaram me chamar. Com certeza eles já haviam se informado quem era o administrador da vila. O empregado subiu e me avisou, mas não soube dizer quem era; fui até a porta às presas e perguntei a ele o que queria. Ele se identificou por Coronel Virgulino. Tomei um susto ao perceber que estava diante do mais temido bandido do sertão. Eram oito homens, sete ficaram encostados no carro e só o capitão tinha se aproximado. Disse que queria tomar café. Mandei logo providenciar. Perguntou quantos soldados havia na vila; respondi que apenas três; mandou avisá-los para não reagir, pois estaria ali apenas de passagem ".

O próprio empregado foi até o quartel levar a tranquilizadora notícia, transmitindo-a ao cabo Esmeraldo, comandante e chefe do destacamento.

Lampião e seus cabras de deliciaram com o café com cuscuz que lhe ofereceu o anfitrião. Mas tarde, o bando chegou até o quartel, desarmaram os militares, intimando-os a acompanhá-los até a cidade mais próxima para onde iam. Lampião disse em tom sarcástico:


“... assim vou mais garantido porque estou com a força".

Antes de saírem, Lampião e seus cangaceiros foram conhecer a Vila Alegre com a boa hospitalidade a eles oferecida. Para deixar uma ótima impressão de sua visita à Vila de Pombal, perguntou se havia um fotógrafo; mandaram chamar Alcides Franco, alfaiate e maestro da Filarmônica XV de outubro, que possuía uma máquina fotográfica. Pediu que batesse uma chapa do bando para ali ficar de recordação (essa foto é uma das mais nobres no acervo sobre o cangaceiro presente em quase todos os livros, sobre o bandoleiro).

Lampião e seu bando na Vila de Pombal em 17/12/1928 - (Hoje, Praça Getúlio Vargas) Ribeira do Pombal - BA.


Por volta de oito horas da manhã o bando saiu da vila, partindo espalhafatosamente com destino a Bom Conselho (atual cidade de Cícero Dantas).

A partir daí Lampião continua suas andanças por terras baianas. Em 22 de dezembro de 1929, vindo de Capela, interior do Estado de Sergipe, passando por Cansanção, interior da Bahia, o Capitão Virgolino chega a Queimadas, cidade próxima a Monte Santo. No cumprimento de mais uma de suas façanhas, Lampião, nessa cidade, realizou um dos maiores saques cometidos na Bahia, acompanhado de gravíssimos crimes e orgias de sangue.

Após sair de Queimadas, têm-se notícias do bando dos cangaceiros no arraial de Triunfo (atual cidade de Quijingue), onde festejaram e saquearam o pequeno comércio local.

Ao amanhecer do dia 25 de dezembro de 1929, portanto três dias após o acontecido na cidade de Queimadas, mais uma vez Lampião e seus cabras chegam às redondezas de Pombal.

Nesta mesma manhã, o Sr. Cardoso recebeu um bilhete, mandado por Lampião, pedindo uma quantia exorbitante de dinheiro. A quantia era tão grande que se reunisse todo dinheiro da Vila, não pagava.

O Sr. Cardoso temendo uma represália por parte do cangaceiro, se não enviasse pelo menos uma boa parte de dinheiro e uma desculpa bem, convincente, conseguiu o equivalente à metade do pedido, mandando pelo mesmo portador que trouxe o bilhete.

Não se registrou nenhuma agressão ou tentativa de saque na Vila de Pombal, certamente o Capitão Virgulino aceitou as desculpas do administrador local ou imaginou outra hipótese, como por exemplo, a essa altura, talvez já se encontrasse ali reforço policial e o bilhete que enviara dava testemunho de sua presença nas imediações. Dava tempo muito bem da força preparar uma emboscada caso ele tentasse invadir a vila. O certo é que Lampião dotado de muita astúcia e arquiteto das mais engenhosas proezas, sem dúvida tivesse pensado inúmeras desvantagens em tomar a Vila de Pombal para assalto.

Na mesma manhã do Natal de 1929, o bandoleiro chega ao distrito de Mirandela. Foi previamente informado que o destacamento era constituído de apenas cinco praças e um comandante; envia então uma intimação ao sargento, com os seguintes termos:

"Sargento arretire daí levando sua pessoa que preciso intra neste arraiá agora se você não sai ajusta conta com eu Capitão Virgolino vurgo Lampião".

Certamente o comandante do destacamento ignorava o recente acontecimento de Queimadas, onde Lampião enfrentou muito mais soldados do que os ali existentes. O sargento Francisco Guedes de Assis demonstrou disposição e evitou acatar ao ultimato, contrariando ao desejo do cangaceiro, mandou-lhe resposta num outro escrito, com os seguintes dizeres:

"Bandido Lampião, estou aqui com a edificante missão de defender a população do Arraial contra a sua incursão e do seu bando. Se você entrar lhe receberemos a bala".


Pouca gente sabe desse episódio que aconteceu em Mirandela, porém, não só foi contado por moradores que vivenciaram o caso, como também foi encontrado um registro escrito por um dos cangaceiros, por nome de Ângelo Roque, confirmando o fato. O registro manualmente escrito dizia:

"Seguimo para Mirandela. Mandemo dizer ao sargento, qui tava distacado lá, que nóis, ia passa ali, sem arteração. Ele arrespondeu pelo portado qui nóis pudia passa pru fora da rua que ele num botam persiga atraiz. Mais si nóis intrasse dento da rua levava tiro. Isso foi num dia vinte i cinco di dezembro. Nóis arrezorveu ataca. Um pade tava na igreja dizeno missa. Era um sargento Guedes. Disparemo as arma pra dento da rua qui istrondô i avanecemo pra frente".

O destacamento de seis militares, recebeu espontaneamente, a adesão de dois civis: Manoel Amaral do Nascimento e Jeremias de Souza Dantas.

Guedes divide sua pequena tropa em três grupos, colocando-os em três pontos diferentes e estratégicos. Eram dezessete bandidos contra seis militares e dois civis. Os bandidos invadem o arraial, atirando em todas as direções; Mirandela é heroicamente defendida.

A luta dura duas horas e meia, aproximadamente, apesar da desvantagem dos defensores. Em determinado momento, o fogo dos sitiados começa a decrescer. Os bandoleiros sentiram que estavam ganhando a batalha e acirraram o ataque.

Manoel Amaral do Nascimento foi ferido e, enquanto era conduzido pelo sargento para o interior de uma casa, é morto à queima-roupa por um bandido que se presume ter sido Alvoredo. Guedes ainda atira no cangaceiro, que pede socorro aos companheiros. Ao notar que os cangaceiros atendem ao apelo de socorro, Assis corre e se refugia no mato. Jeremias de Souza Dantas, popular Neco, o outro civil, também é assassinado.

Depois do acontecido, um cangaceiro por nome de Labareda, documenta o fato em uma folha de papel, reproduzindo o que se passou no local:

"Lampião entro pulo cento da rua, junto com Zé Baiano, Luiz Pedo e outros. Zé Baiano tinha sumido de nóis dois dia só i tomo partido das disgracera de Queimada. Us macaco de mirandela inda brigam muito mais porem terminaro debandano. I si escondero pru perto cum pirigo pra nóis di tiro imboscados. Morreu nessa brigada um camarada pru nomi Manoé de Mara. Matemo uns dento di casa i um macaco materno pruquê pidiu paiz cum lenço branco na boca du fuzi i ninguém intendeu ou num quis intendê. Tamem cangacero num tinha esse negoço di faze as paiz nu meio das brigada. Ele teve di morre pois teve brigano. Tumemo us dinhero pussive nu começo i nas casa”.

O saldo da guerra: morreram os dois civis, um dos militares, sendo que os outros, inclusive o sargento Guedes, fugiram, embrenhando-se no mato; também foi ferido um cangaceiro por nome de Luiz Pedro. O bando sai de Mirandela, carregando o cangaceiro ferido, e vitoriosos, ganham o mato, como sempre, sem destino. Têm-se notícias do bando, mais tarde, de que estariam num esconderijo, perto de Pinhões, povoado de Euclides da Cunha, em um sítio é denominado Olho D'água.

Fonte: facebook

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Lampião em Mirandela Bahia.


Lampião em Mirandela Bahia. Uma rápida passagem pelo pobre povoado e um rastro sinistro de sangue.

25 de Dezembro de 1929 - Lampião ataca a cidade de Mirandela - BA. A força policial comandada pelo Francisco Guedes de Assis repele o ataque travando pequeno combate onde são mortos os civis Manoel Amaral e Jeremias Dantas e mais um soldado. 

Neném do Ouro e o cangaceiro Luiz Pedro

Nesse combate é ferido o cangaceiro Luiz Pedro. Lampião então entra na cidade e saqueia o comércio local.

Fonte: facebook

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"DURMO NOVO E ACORDO VELHO"

Por Honório de Medeiros

Para François Silvestre

Seu Antônio de Luzia, oitenta e seis anos, sentado em sua cadeira de balanço, na calçada de sua casa, no Sítio Canto, em Martins, é o próprio símbolo da passagem inalterável das manhãs, tardes, noites, madrugadas, do ritmo lento dos dias que se sucedem bucólicos, tais e quais as contas debulhadas do rosário de Sinhá, oitenta e poucos não admitidos, que deslizam por entre seus dedos, à hora do ângelus, enquanto seu pensamento vagueia nos limites de sua circunstância, e nada escapa do seu olhar dardejante e de seus ouvidos “de tuberculoso”, como me confidenciou.


Pergunto a Seu Antônio acerca das coisas que estão mudando mundo afora, em uma rapidez vertiginosa, impossível de serem acompanhadas. Lembro a ele a chegada do homem na Lua, o computador, o celular...

Ele fica calado um bocado de tempo. Quando penso que esqueceu o assunto, ergue um pouco o braço e aponta com o dedo um passante, quebra o silêncio do final-de-tarde e me diz: “desde que o mundo é mundo, podem as coisas ter mudado, mas o homem, meu filho, é o mesmo de sempre”.

“Quando eu era de menino para rapaz”, continua, “pensava que as pessoas lá fora eram diferentes. Viajei, corri légua, vi e ouvi muitas coisas que eu prefiro esquecer, e voltei. Fico comparando o homem que vive lá fora com o homem que vive aqui, e não vejo diferença. Lá se mata, como aqui; lá se bebe, como aqui; lá se trai, como aqui; lá se rouba, como aqui. Tudo que existe lá fora, maior, existe aqui, menor”.

Fez-se silêncio, novamente, durante algum tempo.

“Eu às vezes penso” prosseguiu, “que tanto faz como tanto fez, o homem se engana demais com as coisas, é como a roupa que a mulher veste: pode ser de qualquer tipo, mas ela é sempre a mesma”.

E, depois de beber um gole de café, arrematou: “lá fora o tempo passa e eu não vejo: durmo novo e acordo velho; aqui, eu vejo que o tempo não passa: faz uma eternidade que estou vivo!”.

Arte em jornalavem.wordpress.com

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VAMOS TODOS À PIRANHAS - 24 A 28 DE JULHO.


Programação oficial do evento do cangaço em Piranhas.

PROGRAMAÇÃO OFICIAL

Dia 24 de Julho de 2014 – quinta –feira – Piranhas / AL
Local : Centro Cultural Miguel Arcanjo de Medeiros – Centro Histórico de Piranhas.
16:00 h – Abertura da Semana do Cangaço pelo Prefeito Municipal de Piranhas – Dr. Dante Alighieri Salatiel de Alencar Bezerra de Menezes
Apresentação da Filarmônica Mestre Elísio – Piranhas /AL
16:20 h – Palestra : Soldado Adrião : A outra face do Cangaço
Palestrante: Antonio Vilela – Pesquisador e Escritor da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço e Cariri Cangaço
17:00 H – Intervalo
17:10 h – Mesa Redonda : Cultura Regional
Componentes da Mesa : Prof. Dr. Benedito Vasconcelos ( Presidente da SBEC – Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço) ; Profª Railda Nascimento ( MAX – Museu de Arqueologia de Xingó) ; Luiz Carlos Salatiel ( Prefeitura de Piranhas) ; Jaqueline Rodrigues ( ASTURP – Associação de Empresários e Profissionais de Turismo de Piranhas)
Coordenador da mesa : Manoel Severo ( Curador e idealizador do Cariri Cangaço)
17:40 h – Debate
18:40 h – Apresentação de peça teatral com o grupo Estrelas do Sertão
19:20 h – Lançamento do livro “ Lampião em Paulo Afonso” do escritor João de Sousa Lima
Exposição e venda de livros de diversos autores do Cangaço do acervo do Prof. Francisco Pereira.
Dia 25 de Julho de 2014 – sexta-feira
Local :Centro Cultural Miguel Arcanjo
Centro Histórico de Piranhas / AL
10h as 12h - Reuniões Extraordinárias da SBEC e do CARIRI CANGAÇO
PALESTRAS
Local : Centro Cultural Miguel Arcanjo
Piranhas / AL
15:00 h – Lançamento do Projeto Arqueologia do Cangaço
Palestrantes: Prof. Dr. Carlos Guimarães ; Prof. Dr. José Roberto Pellini / Prof. Dr. Leandro Domingues Duran ( UFMG , UFBA, UFS - MAX, UFPA)
15:40 h – Intervalo
15:50 h – Palestra : Lampião no imaginário do homem do sertão
Palestrante : Prof. Wescley Rodrigues (Cariri Cangaço / Universidade Estadual da Paraíba)
16:30 h – Exibição do documentário “ A violência oficial nos tempos do Cangaço “ de Aderbal Nogueira.
16:40 h – Mesa Redonda : O Estado e o Cangaço
Componentes da Mesa : Manoel Severo ( Cariri Cangaço) ; João de Souza Lima ( Bahia) ; Sousa Neto ( Ceará) e Ten. Cel Lucena ( Polícia Militar de Alagoas)
Coordenador da mesa : Jairo Luiz Oliveira
17:20 h – Debates
18:00 h – Apresentação do grupo de xaxado Cangaceiros do Capiá – Piranhas /AL
18:30 h – Encerramento














SOBRE A FAMOSA SANTIDADE DO JARARACA DIZ A MÍDIA, que é fato:


O jornal Gazeta do Oeste (Mossoró) em 12 de junho de 1994 publicou uma entrevista com o bioquímico, e hoje Assessor de Comunicação da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço (SBEC), Paulo Medeiros Gastão, onde o Jornal perguntava sobre o fato da devoção hodierna à Jararaca quando muitas pessoas acham que ele obra milagres e a visão do pesquisador, respondeu: 

Manoel Severo, Aderbal Nogueira, Paulo Gastão e Antonio Vilela

"A história do milagre se confunde muito com o misticismo, com a conduta cultural de um povo. Jararaca, apenas foi consagrado, por conta de sua bravura. O povo sempre busca o menor para enaltecê-lo. Nós sentimos isso no próprio cemitério, quando o túmulo de Rodolfo Fernandes, não recebe o mesmo número de visitas correspondentes ao túmulo onde está Jararaca".

http://valdecyalves.blogspot.com.br/2011/12/mossoro-expulsou-o-bando-de-lampiao.html

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Antonio Luiz Tavares - o cangaceiro Asa Branca

Só que a população de Mossoró ainda não descobriu que Antonio Luiz Tavares, o cangaceiro Asa Branca era curador, e com suas rezas, fez algumas pessoas ficarem boas das doenças que lhe maltratavam.

No dia 20 de Junho de 2011, em sua residência, no bairro Bom jardim, Mossoró - dona Francisca da Silva Tavares, esposa do cangaceiro Asa Branca, contou a Adryanna Paiva, minha filha, e a mim, como conheceu o "Asa Branca".

No ano de 1954 dona Francisca da Silva Tavares já era casada e mãe de um filho. Mas nesse período ela contraiu uma doença, ficando por alguns meses  sem andar. Procurando recursos para se livrar da maldita doença que ora a perseguia, soube que na região havia um curandeiro, já de idade. Não foi tão difícil, pois dias depois um velho fazia as curas ao pé de sua cama. O tempo foi se passando, finalmente dona Francisca se livrou da maldita e desconhecida doença. 

Francisca da Silva Tavares

Com aquele contato de reza vai, reza vem, os dois findaram  consumidos de paixões, e dona Francisca passou a desejá-lo. E no ano de 1955, resolveu abandonar  o seu marido e um filho de sete meses, fugindo com o curandeiro, cujo destino de apoio, Mossoró.

Mas veja bem leitor, quem era o curador. Antonio Luiz Tavares, o ex-cangaceiro "Asa Branca", que deve ter aprendido as milagrosas rezas com o seu ex-comandante, Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião. 

Pelo que se ver é que dona Francisca da Silva fez o mesmo papelão que fez a rainha do cangaço, Maria Bonita, quando abandonou o sapateiro José Miguel da Silva, o Zé de Neném, para acompanhar o afamado Lampião.

A única diferença entre as duas, é que Maria Bonita tornou-se cangaceira; e  Dona Francisca jamais participou de cangaço.

Ao fundo está o túmulo do cangaceiro Asa Branca

Não sei porque a população de Mossoró ainda não percebeu que: se Jararaca ´faz milagre, o Asa Branca poderá fazer bem mais, já que ele era rezador. Seu túmulo está colado ao túmulo do cangaceiro Jararaca.

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Nova Diretoria da SBEC - Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço


Presidente:
Benedito Vasconcelos Mendes
  
Vice-Presidente:
Paulo Medeiros Gastão
  
Secretário:
Geraldo Maia do Nascimento
  
Tesoureiro:
Antônio Clauder Alves Arcanjo
  
Suplente de Secretário:
Rubervânio Cruz Lima
  
Suplente de Tesoureiro:
Maria do Socorro Cavalcanti
  
CONSELHO CONSULTIVO:

Francisco Honório de Medeiros  Filho 
Francisco Pereira Lima
Susana Goretti Lima Leite 
Ana Lúcia Granja de Souza 
Manoel Severo Gurgel Barbosa

CONSELHO FISCAL

José Paulo Ferreira de Moura
Leandro Cardoso Fernandes
Alessandro Santos Monteiro 
Jairo Luiz Oliveira 
Ângelo Osmiro Barreto.
Mossoró-Maio de 2014

 Benedito Vasconcelos Mendes
Presidente - SBEC


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Luiz Gonzaga - o rei do baião


Vai uma Pepsi-cola aí! O rei do baião Luiz Gonzaga em Pernambuco, em festa de amigos se deliciando com uma venenosa Pepsi-cola!

Fonte: facebook
Página: Guilherme Machado

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