Poucas pessoas
acreditavam que Lampião tivesse a ousadia de atacar Mossoró. Um absurdo, diziam
praticamente todos, ou seja, a maioria da população da "Capital
Oeste".
Governador do RN José Augusto
O governador
do Estado, José Augusto, encontrava dificuldades em organizar a defesa contra
uma possível investida do "Rei do Cangaço".
Prefeito Rodolfo Fernandes
O prefeito de
Mossoró, coronel Rodolfo Fernandes, contudo, acreditava nessa possibilidade.
Ele tinha consciência de que a situação da cidade era, na realidade, crítica.
Tenente Laurentino de Morais
O
tenente Laurentino de Morais, enviado pelo governo estadual, constatou que a
força policial estava composta somente por vinte e dois soldados... Era preciso
tomar medidas urgentes.
Rodolfo
Fernandes enviou um emissário até Fortaleza (Alfredo Fernandes) para conseguir
ajuda do governador Moreira da Rocha.
Governador Moreira da Rocha - Ceará
A missão fracassou. Apesar de não ter
atingido seu objetivo, Alfredo Fernandes adquiriu armas e munições na capital
cearense, que foram de grande utilidade quando surgiu a hora de defender
Mossoró.
Família de Rodolfo Fernandes - http://honoriodemedeiros.blogspot.com.br
O prefeito
armou civis e lançou um manifesto, publicado por Raul Fernandes, e que termina
com as seguintes palavras: "A Prefeitura está devidamente autorizada a
criar uma Guarda Municipal para garantir na cidade, que hoje mesmo entrará em
ação. Acresce que recebemos armas suficientes do Estado e compradas pelo
comércio desta praça, que ficam à disposição do Governo Municipal".
Com o tempo
passava e o ataque não ocorria, tudo fazia crer que o tão falado ataque jamais
aconteceria. Era o que pensavam também os governadores de três Estados: Rio
Grande do Norte, Ceará e Paraíba.
Dia 12 de
junho. O prefeito, incansável, promoveu uma reunião. Era mais uma tentativa de
Rodolfo Fernandes para alertar o povo da cidade. Esforço inútil. O grosso da
população continuava não acreditando num possível ataque de Lampião. Houve,
inclusive, neste dia, uma partida de futebol entre dois grandes clubes rivais:
Humaitá x Ipiranga.
Notícias
alarmantes, infelizmente, chegavam a Mossoró: o bando de Lampião se encontrava
em São Sebastião. O delegado tenente Laurentino de Morais, integrado ao grupo
do prefeito, tinha, entretanto, tomado algumas medidas: havia criado várias
trincheiras.
De repente, os
sinos das igrejas começaram a tocar. Era o alarme. Não havia mais dúvida, o
ataque de Lampião iria se realizar!
O pânico tomou
conta da cidade. Alguns procuraram fugir de carro, outros de trem, e
determinadas pessoas, desorientadas, não sabiam como agir. A ordem expedida era
muito clara: toda pessoa que não tivesse uma arma deveria abandonar a cidade. A
razão para tal medida era que a cidade vazia facilitaria a defesa, na opinião
do prefeito. Ele estava certo, como provaria o desenrolar dos acontecimentos.
No tumulto, dois homens se destacaram: o prefeito Rodolfo Fernandes e Vicente
Sabóia.
O governador
José Augusto foi, no mínimo, indeciso. Falhou como governante. Possivelmente
porque não acreditasse no ataque de Lampião ao município de Mossoró. O
Governador, por falta de medidas urgentes e rápidas, possibilitou que um grupo
de cangaceiros passeasse pelo Estado, matando, roubando, levando o terror a
todas as comunidades interioranas...
Certamente não
adianta discutir, nos dias atuais, se o governador poderia ter evitado a ação
de Lampião no Rio Grande do Norte, inclusive o ataque a Mossoró. O fato é que
medidas importantes deixaram de ser tomadas e Lampião agiu como previra o
prefeito Rodolfo Fernandes. Outro aspecto a considerar é que houve tempo para
preparar uma defesa, com distribuição de tropas em pontos estratégicos, com
concentração de forças em Mossoró e em Caicó.
Fonte: http://tribunadonorte.com.br/especial/histrn/hist_rn_9c.htm
Enviado pelo pesquisador do cangaço José Edilson de Albuquerque Guimarães Segundo
http://blogdomendesemendes.blogspot.com