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terça-feira, 15 de abril de 2014

Memória Fotográfica

Por Renato Casimiro

 

Temos um grande arquivo de imagens do Pe. Cícero, desde a sua primeira e comprovada fotografia ao tempo de sua ordenação sacerdotal, em 1870,  até os últimos dias, em 1934. Evidentemente não temos a pretensão de ter tudo o que foi produzido com sua imagem. Por isso mesmo, vez por outra estamos garimpando novos flagrantes de sua existência, especialmente em arquivos privados.

 É o caso desta imagem que reproduzimos aqui, que foi disponibilizada na página do Facebook do jornalista Marcelo Fraga e a ele pertence, por ter adquirido,. Bem recentemente. Esta imagem, inclusive, está circulando pelo Brasil, como peça do acervo que consta da Caravana do Meu Padim. Nesta imagem, provavelmente de uma pessoa muito amiga do Pe. Cícero, o velório está à porta da Capela do Socorro, antes do sepultamento. As feições do Pe. Cícero já são bem marcadas pelo tempo, o que indica que esta imagem deve ter sido feita já pelos anos 30. 

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A Grota de Angico viu tudo o que aconteceu com os cangaceiros e policiais sobre o seu seio, mas guarda segredo.



Por José Mendes Pereira

Grande pesquisador Antonio de Oliveira:


O capitão Bonessi tem razão em afirmar que os asseclas e os policiais não deram as informações corretas sobre o que aconteceu  na Grota de Angico na madrugada de 28 de Julho de 1938. Ou esconderam fatos verdadeiros, ou criaram coisas que não aconteceram no momento da chacina contra os cangaceiros. 

Em novembro de 1973, o cangaceiro Balão cedeu entrevista à Revista Realidade, e nela eu tenho minhas dúvidas.

 O cangaceiro Balão

Palavras do cangaceiro Balão: “- Estávamos acampados perto do Rio São Francisco. Lampião acordou às 5 horas da manhã e mandou um dos homens reunir o grupo para fazer o ofício de Nossa Senhora. Enquanto lia a missa em voz alta, todos nós ficamos ajoelhados ao lado das barracas, respondendo amém e batendo no peito na hora do Senhor Deus".

 Lampião e sua malta rezando

Continua: "- Terminado o ofício Lampião mandou Amoroso buscar água para o café. Mas quando ele se abaixou no córrego, veio o primeiro tiro. Havia uma metralhadora atrás de duas pedras, a 20 metros da barraca de Lampião. Pedro de Cândido, um dos nossos, havia nos traído, e acho que tinha dado ao sargento Zé Procópio até a posição das camas."

"Numa rajada de metralhadora serrou a ponta da minha barraca..."

E continua o cangaceiro Balão: "- Meu companheiro Mergulhão, levantou-se de um salto, mas caiu partido ao meio por nova rajada. Eu permaneci deitado, e com jeito, coloquei o bornal de balas no ombro direito, o sobressalente no esquerdo, calcei uma alpargata. A do pé esquerdo não quis entrar, e eu a prendi também no ombro. Quando levantei, vi um soldado batendo com o fuzil na cabeça de Mergulhão. De repente ele estava com o cano de sua arma encostado na minha perna, e eu apontava meu mosquetão contra sua barriga. Atiramos. Caímos os dois e fomos formar uma cruz junto ao corpo de Mergulhão. Levantei-me devagar. O soldado estava morto, e minha perna não fora quebrada".

"Então vi Lampião caído de costas com uma bala na testa..."

Continua  Balão: "- Moeda, Tempo Duro (observe caro Antonio de Oliveira, que este não aparece na lista oficial dos abatidos, e nem tão pouco na lista de Alcino Alves da Costa, uma com mais credibilidade), Quinta-feira, todos estavam mortos. Contei os corpos dos amigos. Nove homens e duas mulheres.  

Maria Bonita

Maria Bonita, ferida, escondeu-se debaixo de algumas pedras, mas foi encontrada e degolada viva. Não havia tempo para chorar. As balas batiam nas pedras soltando faíscas e lascas. Ouviam-se os gritos por toda parte. Um inferno! Luiz Pedro ainda gritou: "- Vamos pegar o dinheiro e o ouro na barraca de Lampião”. Não conseguiu. Caiu atingido por uma rajada".

Neném e Luis Pedro

Em minha humilde opinião, esta afirmação do cangaceiro Balão, contraria o que disse Mané Veio, pois nas declarações que deu aos repórteres, ele levou um bom tempo para assassinar Luiz Pedro. 

  O cangaceiro Zé Sereno

Continua Balão "- Corri até ele, peguei seu mosquetão e com Zé Sereno, conseguimos furar o cerco. Tive a impressão de que a metralhadora enguiçou no momento exato. Para mim foi Deus".

Vamos conhecer as minhas dúvidas:

1 - Será que depois da missa ele voltou a se deitar?
 
2 - Como foi que ele viu que a bala que atingiu o rei foi mesmo no meio da testa, quando ele diz que Lampião estava de costas?

3 - Como foi que no meio de um cerrado tiroteio, ele teve coragem de ir pegar o mosquetão de Luiz Pedro que já estava morto?

4 - Como foi que ainda deu tempo para ele contar os mortos, pois no meio de um tiroteio, qualquer ser humano não espera por nada, muito menos para contar quem lá morreu?

5 - Como foi que ainda deu tempo para ele calçar as alpargatas?

6 - Por que Balão caiu quando ele e o policial ambos atiraram, se ele não sofreu nenhum impacto para ser derrubado?

O amigo Balão fantasiou algumas respostas. Muitas verdades, é claro! Mas outras, fantasiadas. Gostaria muito que as suas respostas fossem verdades. Mas pelo que ele disse, não há como eu acreditar em todas. E quem mais sabe o que aconteceu contra os cangaceiros naquela madrugada de 28 de Julho de 1938, ninguém melhor para contar, se falasse, a própria Grota de Angico, que guarda em segredo o que viu e o que ouviu. Sobre as informações que as balas batiam nas pedras..., isto é mais do que verdade, só pode ser mesmo um verdadeiro inferno.

Informação ao leitor: 
Esta minha inquietação não tem valor para a literatura lampiônica. É apenas minha opinião.

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E por falar em Luís Pedro...



Por Sabino Bassetti

Sabino Bassetti, ao lado de Antônio Amaury e Aderbal Nogueira no debate "Angico" no Cariri Cangaço 2011

Luís Pedro Cordeiro, ou simplesmente, o cabra Luís Pedro, nasceu na fazenda Almas, próximo ao lugar Retiro no município de Triunfo PE. Foi sem nenhuma dúvida o cangaceiro que acompanhou Lampião por mais tempo. Entrou para o grupo de Lampião no final de 1923, ou inicio de 1924, ou seja, justamente quando  o futuro rei do cangaço "veraneava" ali pelas regiões de Triunfo PE e Princesa PB, tendo como base uma fazenda do coronel Marçal Diniz na pequenina Patos, hoje Irere. 

Luís Pedro tinha nessa época por volta de 18 anos de idade, era um homem de estatura mediana e pele clara. Luís Pedro foi também um dos poucos cangaceiros que sempre respondeu unicamente pelo nome de batismo, no bando jamais teve apelido. Pelo menos apelido que se tornasse conhecido. Embora sendo homem da maior confiança de Lampião, Luís Pedro jamais teve um grupo que lhe pertencesse, ou seja, um grupo que fosse "o grupo de Luiz Pedro". Claro que muitas vezes chefiou grupos em várias missões, porém, nessas vezes sempre chefiando cabras de outros grupos, principamente cabras pertencentes ao grupo de Lampião. 

Luis Pedro não era homem que gostasse de ostentação, não ligava para a fama... 

...tanto é que, mesmo nas ocasiões que estava chefiando algum grupo, ao se apresentar em algum lugar dizia: "meu nome é Luís Pedro, CABRA de Lampião" Como tantos outros cangaceiros, durante certo tempo Luís Pedro também teve sua companheira no bando. Era Neném, uma baiana que o acompanhou por bastante tempo, ou seja, até o dia que veio a morrer, a morte de Neném aconteceu exatamente um dia após a entrada de Sila no cangaço em novembro de 1936, num ataque da volante do sargento Deluz ocorrido na fazenda Mocambo no estado de Sergipe.

A viúva D. Delfina Fernades, coiteira de cangaceiros e proprietária da fazenda Pedra d’água, chegou a comentar que certa vez quando o bando de Lampião fazia uma travessia no rio São Francisco, Maria Bonita teria arrastado uma asa para o cabra Luís Pedro. 

Até aí nada de mais, pois, é comum isso acontecer onde convivem homens e mulheres. 

Mas será que algum dia D. Delfina chegou a navegar no rio São Francisco em companhia do grupo de Lampião? Luís Pedro, sempre fiel, sempre respeitado pelos outros cabras e também pelo próprio Lampião, veio a tombar brigando em Angico em 1938 ao lado de Lampião e mais 9 companheiros. Luís Pedro era um cangaceiro que amealhou fortuna no cangaço. De acordo com o soldado Antonio Jacó, matador de Luís Pedro, que confessou ter ficado com todos os pertences do cangaceiro, que carregava consigo na ocasião, além de muitas joias e ouro, quantia acima de 200 contos em dinheiro. O cabra Luís Pedro acompanhou Lampião por quase 15 anos.

Sabino Bassetti
Salto-SP

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1926 - Lampião se diverte na sua terra natal Pernambuco




Em 4 de Fevereiro de 1926, na fazenda Caraíbas, em Floresta, no Estado de Pernambuco houve combate entre Lampião com 60 cangaceiros e a força volante do tenente Optato Gueiros com 35 soldados. O tenente Higino Belarmino, o cabo Manoel de Souza Neto e o rastejador Batoque saíram feridos. Foi morto os soldados Aristides Panta, Benedito Bezerra de Vasconcelos e Antônio Benedito Mendes, e também 6 cangaceiros de Lampião.

Em 18 de Fevereiro de 1926, Lampião aproveita e ataca Nazaré do Pico com 50 cabras. No povoado estavam apenas Lúcio Nogueira, Abel Thomaz, Aureliano Nogueira, Manoel Jurubeba, Gomes Jurubeba e João Jurubeba. Depois chegou Odilon Flor com Euclides Flor, Vicente Grande, Manoel Lira, Antônio Capistrano e Quinca Chico. Lampião recuou que com raiva, tocou fogo nas fazendas de Euclides, João Flor, Afonso Nogueira e Praxedes Capistrano.

Em 20 de Fevereiro de 1926, a Coluna Prestes passa próximo ao povoado de Nazaré com 600 homens, sendo perseguida pela força legalista comandada pelo major Otacílio Fernandes que, ao entrar no povoado, houve troca de tiros por engano com os habitantes.

Em 23 de Fevereiro de 1926, Lampião ataca a fazenda Serra Vermelha, em Serra Talhada, também em Pernambuco, e Antônio Ferreira mata Zé Alves Nogueira, tio de seu inimigo Zé Saturnino. Zé Nogueira havia sido sequestrado pela Coluna Prestes na passagem da mesma pela região, e tinha acabado de chegar em casa, cansado da violência sofrida pelos revoltosos e sua morte gerou grande ódio na família Nogueira.

Em 12 de Março de 1926, Lampião recebe a patente de capitão do Exército Patriótico de Padre Cícero em Juazeiro do Norte - CE. Lampião tinha bastante respeito e devoção ao padre, e sua chegada na cidade foi com festa, sendo até entrevistado. Foi a ultima vez que reuniu toda a família para tirar uma foto. Recebeu muita munição e ordens para combater a Coluna Prestes.

Em 20 de Abril de 1926, Lampião ataca o povoado de Algodões que se encontrava com os soldados doentes de malária.

Em 3 de Julho de 1926, Lampião ataca as cidades de Cabrobó - Ouricuri - PE e Parnamirim, todas estas cidades são localizadas no Estado de Pernambuco.

Em 7 de Julho de 1926, Lampião manda o cangaceiro Sabino Gomes atacar a cidade de Triunfo - PE, saqueando o comércio local. Houve troca de tiros com a polícia, saindo mortos 2 soldados e o comandante da polícia local.

Em 1º de Agosto de 1926, Lampião com 80 cangaceiros ataca a fazenda Serra Vermelha, em Serra Talhada - PE. A família Nogueira composta do major João Alves Nogueira, do seu filho Neneco e dos seus netos Luiz, Dãozinho, Raimundo e Gentil Nogueira combatem, saindo morto o cabra Zé Paixão e Antônia, ambos moradores de João Nogueira, este tio-sogro de Zé Saturnino.

Em 26 de Agosto de 1926, o cangaceiro Horácio Novaes pede a Lampião para atacar a família Gilo, na fazenda Tapera, em Floresta - PE, por conta de uma mentira que Horácio soltou para Lampião sobre o patriarca da família. Lampião então mata 12 pessoas da família, e na hora de mostrar uma carta ao patriarca, o mesmo responde que não sabe ler e escrever sendo morto na mesma hora por Horácio Novaes. Lampião percebe a mentira de Horácio e ele sai do grupo, indo embora para o sul do país.

Em 2 de setembro de 1926, Lampião ataca novamente a cidade de Cabrobó - PE.

Em 6 de Setembro de 1926, Lampião ataca a Fazenda Saco do Martinho, de propriedade do Tenente Coronel Martinho da Costa Agra Parnamirim - PE morrendo 2 soldados.

Em 16 de Setembro de 1926, combate na fazenda Tigre, em Itacuruba - PE entre Lampião e o cabo Francisco Liberato. Lampião foi ferido na omoplata e o cangaceiro Moreno no pé. Lampião foi para a Serra da Cunha, em Tacaratu - PE, trata do ferimento. Lá, ficou escondido sobre a proteção do rico-fazendeiro Ângelo Gomes de Lima, o Anjo da Gia.

Em 11 de Novembro de 1926, combate na fazenda Favela, em Floresta - PE, entre Lampião e a força volante comandada pelo cabo Manoel de Souza Neto e o sargento Zé Saturnino. A força recuou, morrendo 5 soldados, sendo um deles João Gregório Ferraz Neto, da família nazarena. Do lado dos cangaceiros morreram cinco bandidos. Após o combate o capitão Muniz de Farias chegou na fazenda e mandou tocar fogo em tudo, por ter raiva do dono da fazenda.

Em 25 de Novembro de 1926, Lampião sequestra o viajante Mineiro Dias e vai até a Serra Grande, em Serra Talhada - PE. Nessa serra acontece o maior combate entre cangaceiros e a polícia. Participam do combate o major Theófanes Ferraz Torres, tenente Higino Belarmino, tenente Sólon Jardim, sargento Arlindo Rocha, cabo Manoel Neto, despedaçam Euclides Flor e mais 400 homens. Lampião do alto da serra ataca e mata onze da polícia e deixa onze feridos entre eles Manoel Neto e Arlindo Rocha. De Lampião apenas Antônio Ferreira foi baleado.

Em 25 de Dezembro de 1926, por conta do ferimento e da falta de munição gasta no combate da Serra Grande, o cangaceiro Antônio Ferreira junto de Luiz Pedro, Jurema e Biu, vão até a fazenda Poço do Ferro, em Tacaratu - PE, pertencente ao coiteiro Ângelo Gomes de Lima. O cangaceiro Luiz Pedro estava limpando uma arma e acabou dormindo. Antônio Ferreira em ato de brincadeira balança a rede para acordá-lo e a arma dispara acidentalmente atingindo Antônio Ferreira. Lampião é chamado até a fazenda. Chegando lá, encontra Antônio ainda vivo e isenta Luiz Pedro de culpa. Logo depois morre o cangaceiro Antônio Ferreira, seu irmão.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Virgulino_Ferreira_da_Silva

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