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sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

ANTONIIO COPNSELHEIRO

Por Antonio Corrêa Sobrinho

SEGUNDO A "REVISTA DA SEMANA", DO RIO DE JANEIRO, PUBLICADA NO DIA 16.04.1905, ESTA IMAGEM É A DE ANTONIO CONSELHEIRO, DEZ ANOS ANTES DA GUERRA DE CANUDOS


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CLEMENTINO QUELÉ, DE SUBDELEGADO A CANGACEIRO


Por Sálvio Siqueira

Por volta de 1886, na povoação de Santa Cruz, na serra da Baixa Verde, hoje Santa Cruz da Baixa Verde, nos limites dos Estados de Pernambuco e Paraíba, nasce mais um menino da família Furtado. Como toda criança da época, Clementino José Furtado, tem sua infância e adolescência. Desde cedo começou a ser respeitado por seu porte físico e sua valentia. Passou a apaziguar determinadas desavenças entre as pessoas da região e logo depois dos trinta de idade é convidado para ser subdelegado na povoação. Sérgio Dantas refere que: “A indicação para o cargo fora baseada, principalmente, na sua valentia e na sua reconhecida habilidade no manuseio de armas de fogo.” O jovem não pensa muito e aceito o cargo.

Certo dia, em busca de dois animais que o dono havia denunciado seu roubo, Clementino se depara com dois homens os quais estão de posse desses animais. Os caras, ao notarem de quem se tratava, saltam dos animais, retiram os cabrestos, estavam em pelo, e os espantam. Pedro Nunes Filho assim discerniu o fato: “Quando perceberam a presença da autoridade, rápido desceram dos animais, retiram-lhe os cabrestos e os espantaram. Tudo isso com o intuito de despistarem o furto que estavam fazendo”.


Dando voz de prisão aos dois que, em vez de atenderem, sacam suas armas e atiram contra a autoridade, a qual, imediatamente, responde a agressão com sua arma. Tiros certeiros, ladrões caídos e seus corpos sem vidas é o resultado.

A lógica do fato nos mostra que Quelé, além de estar no cumprimento do dever, atirou em defesa própria. Porém, para quem mandava na justiça, na época, naquela região, a coisa tomou um rumo diferente.
Aprígio Higino D’Assunção, liderança política na cidade de Triunfo, PE, viu aí a oportunidade de trazer para seu ‘lado político’ os votos da família Furtado, pois era sabedor que seguiam, desde muito atrás, seus adversários. Aprígio deixa Triunfo e vai até a povoação de Santa Cruz ter uma conversa particular com Clementino Quelé. Nessa conversa impõe a adesão de todos os familiares do subdelegado. Clementino ainda garante trinta votos, porém, o ‘coronel’ estava irredutível e só aceitaria todos. D’Assunção havia prometido a Quelé sete votos a favor dele no júri popular. No entanto, Clementino não aceita a imposição do chefe político e este, por sua vez, ao retornar para Triunfo, PE, ordena que se prossiga com o inquérito policial contra Quelé que o mesmo havia dado ordens para ser suspenso. A autoridade encarregada do inquérito adulterou a verdade dos fatos e concluiu em indiciá-lo por duplo homicídio. “Em 1 de setembro de 1922 a polícia de Triunfo recebe uma ordem judicial para prendê-lo”.


Clementino estava na povoação de Santa Cruz na bodega de Sebastião Pedreiro tomando umas cachaças com seu amigo Cícero Fonseca. A Força enviada chega, cerca a bodega e dar voz de prisão a ele. Ele, sabedor de como as coisas eram feitas naquele tempo, não acata a ordem e manobra seu rifle. Seu companheiro também estava portando uma arma igual e faz o que ele fez. Os ânimos se acirram e o mundo se fecha. Um tiroteio intenso tem início e Clementino perde seu aliado de fogo. Cícero Fonseca é atingindo mortalmente. Quelé se ver cercado por vários soldados a fim de mata-lo. Não vendo saída, começa a gritar pedindo socorro ao pessoal da povoação que logo vem em seu socorro chefiados pelo irmão de Cícero, José Fonseca.

Virgolino Ferreira, o cangaceiro Lampião, já sendo chefe do bando de cangaceiros herdado de Sinhô Pereira, sabe do que aconteceu com o ex subdelegado Clementino José Furtado e manda-lhe um convite para que faça parte do bando. Quelé ainda reluta por alguns dias, porém, a manobra feita a mando do chefe político de Triunfo, PE, é bem feita e a coisa só tende a piorar para seu lado levando-o a aceitar o ‘convite’. “Quelé percebe que não sairá daquela enrascada. Após muito pensar, decide aceitar um convite feito por Lampião alguns dias antes. Ingressaria em sua quadrilha. Levaria consigo os irmãos Pedro, Quintino e Antônio Furtado”. (SD. 2018)


“Em poucas semanas, Quelé se transformaria em aplicado cangaceiro. Durante os vários meses em que esteve com o grupo – entre os anos de 1922 e 1923 -, soube granjear a confiança do líder. Lutou com desassombro nas refregas. Conta-se que logo chegaria a comandar um subgrupo praticamente independente do principal.” (SD. Pg 39. 2018).


E assim, com a verdade destorcida e a razão desviada um homem de bem, valente e destemido foi obrigado a entrar nas fileiras da sangrenta saga cangaceira. No entanto, sua permanência não é longa. Atritos foram gerados dentro do próprio grupo com outro cangaceiro de renome, o alagoano Meia Noite, e Quelé é obrigado a retirar-se se tornando um dos mais ferrenhos perseguidores do bando chefiado pelo “Rei dos Cangaceiros” já fazendo parte da Briosa paraibana. Porém, isso é outra história que contaremos em outra oportunidade.

Fonte/foto “Lampião na Paraíba – Notas para a História” – DANTAS, Sérgio Augusto de Souza. 1ª edição. 2018.


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LABAREDA "CANGACEIRO" - ENTREVISTA.



Trecho do documentário "Memória do Cangaço" (1964) de Paulo Gil Soares, onde o ex-cangaceiro Ângelo Roque "Labareda" conta parte de sua história antes e durante sua estada no cangaço, quando chefiou um dos subgrupos do bando de Lampião. Trata-se de um importante documentário por ser a única entrevista filmada que foi concedida por Labareda. Confiram. Geraldo Antônio de Souza Júnior.

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SANTANA: HISTÓRIA E O DOIDO DA GRAVATA

Clerisvaldo B. Chagas, 30 de janeiro de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.056

Aqui em Maceió precisando de um capoteiro lembrei-me da minha rua, lá em Santana do Ipanema. Enquanto a Rua Nova (Benedito Melo) era a rua dos músicos, a Antônio Tavares era a rua dos artífices. Sou capaz de descrever todos eles, personagens da minha juventude. Iniciando no sentido Comércio – Bairro São Pedro, conheci Seu Quinca, alfaiate; Zé Lopes fazia cachaça; Vavá de Nésio e Pedrinho de Tô eram capoteiros; Basto Dionísio fabricava selas; Antônio Alfaiate, o nome diz; Jonas, também alfaiate; Gerson Sapateiro fazia “couraças”; Antônio Quiliu confeccionava bicas de zinco: Antônio Januário era marceneiro, sua esposa Maria Néris, costureira; Josefina trabalhava com flandres fazendo candeeiro; João Barbosa consertava móvel; Zé Limeira fazia malas... Nos fundos, Elias com fábrica de calçados.

RUA ANTÕNIO TAVARES. (FOTO: B. CHAGAS/LIVRO 130).
O único músico que eu conheci na Rua Antônio Tavares, foi o Zé Bicudo, também chamado Zé de Lola, esposa filha do cientista Agenor que trabalhava na Empresa de Força e Luz. Se não me engano, tocava clarinete ou sax, também era motorista.
A Rua Nova tinha quatro ou cinco músicos e ainda teve escolinha musical do senhor Miguel Bulhões e Ivaldo Bulhões. Na parte inclinada e última da Rua Nova, defronte a Igreja Batista, foi fundado o Bar Seresta, por um músico vindo do Bairro São Pedro, talvez de nome Aloísio. A novidade não durou muito tempo. O lado direito desse trecho, dava para os quintais das casas da Rua Antônio Tavares, separado por alto, contínuo e áspero muro avermelhado e bruto de barro e areia. Portões aqui, acolá.  Em tempo de eleição, o muro aparecia com propagandas de candidatos, coisas que se perpetuavam naquela parede de lixa.
Nunca esqueci uma pintura que só desapareceu décadas e décadas depois quando muro e quintais foram se transformando em residências da Rua Nova:
“Para deputado estadual, Oceano Carleial”


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ARRUMANDO MUDANÇA A GENTE DESCOBRE TANTA COISA...

Por Susi Ribeiro

O passado de quem, desde muito cedo, escolheu ser mãe de animais. Anos 90, com minha madrinha de primeiro casamento e meu primeiro e falecido esposo Wilson em Rio Claro.

Recordar bons momentos é viver.




Para quem ainda não sabe esta senhora é a Susi Campos e era nora dos cangaceiros Sila e Zé Sereno. Seu esposo já falecido se chamava Wilson Ribeiro.

Clique no link abais e leia o que ela escreveu para o meu blog:

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CONFIDÊNCIAS DE LAMARTINE...


"Meu velho Pai, falecido aos quase 93 anos de idade, faz quase 20 anos, aqui em Gravatá-PE, pertenceu, nos anos 1930, à Polícia Militar de Pernambuco, e, nos anos 1950, eu adolescente, através dele, conheci alguns oficiais do seu tempo, como Higino José Belarmino (Nêgo Gino), Arlindo Rocha e João Miguel da Silva (Sêca de Jão Migué). Optato Gueiros, que era seu amigo e muito evangélico, lhe contou que, em Pau de Colher, na Bahia, a tropa pernambucana chegou atrasada, depois de terem sido derrotadas pelos caceteiros as tropas da Bahia e do Piauí, e aqueles fanáticos colocaram as crianças e mulheres na frente, fazendo barreira, e por trás os homens atiravam em sua tropa, logo no início, sendo atingido na cabeça o corneteiro ao seu lado, fazendo com que aquele comandante desse a ordem de fogo, inclusive usando metralhadora, e mesmo sob os tiros aquela gente avançava e vinha morrer em cima dos soldados. O documentário aqui apresentado é elucidador daquela tragédia acontecida há mais de oito décadas, quando fazia quatro décadas da hecatombe de Canudos."

Lamartine Lima, médico e pesquisador
Membro da ABLAC


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VEM AÍ O CARIRI CANGAÇO PAULO AFONSO.....HISTÓRIAS, ROTEIROS E CULTURAS DO CANGAÇO EM PAULO AFONSO E REGIÃO DO RASO DA CATARINA....AGUARDEM....

Por João de Sousa Lima


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quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

LAMPIÃO EM SERRINHA DO CATIMBAU PARTE I


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OS PROFESSORES ROCHA E LIRETE FAZEM BODAS DE AVENTURINA!


Hoje Rocha e Lirete comemoram suas bodas de Aventurina. É uma pedra preciosa e simples como as suas vidas. Mas com muito amor assim são os 37 anos de união e cumplicidade do casal. 

Que Deus e nossa senhora continue vos abençoando.

Parabéns ao casal que tanto é admirado pelas pessoas que com ele trabalhou! Ninguém tem uma história desagradável do casal. 

Parabéns, Rocha e Lirete! Que Deus esteja sempre presente no caminhar de vocês dois!

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RUA DOS ARTÍFICES

Clerisvaldo B. Chagas, 30 de janeiro de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.056


Aqui em Maceió precisando de um capoteiro lembrei-me da minha rua, lá em Santana do Ipanema. Enquanto a Rua Nova (Benedito Melo) era a rua dos músicos, a Antônio Tavares era a rua dos artífices. Sou capaz de descrever todos eles, personagens da minha juventude. Iniciando no sentido Comércio – Bairro São Pedro, conheci Seu Quinca, alfaiate; Zé Lopes fazia cachaça; Vavá de Nésio e Pedrinho de Tô eram capoteiros; Basto Dionísio fabricava selas; Antônio Alfaiate, o nome diz; Jonas, também alfaiate; Gerson Sapateiro fazia “couraças”; Antônio Quiliu confeccionava bicas de zinco: Antônio Januário era marceneiro, sua esposa Maria Néris, costureira; Josefina trabalhava com flandres fazendo candeeiro; João Barbosa consertava móvel; Zé Limeira fazia malas... Nos fundos, Elias com fábrica de calçados.
RUA ANTÕNIO TAVARES. (FOTO: B. CHAGAS/LIVRO 130).
O único músico que eu conheci na Rua Antônio Tavares, foi o Zé Bicudo, também chamado Zé de Lola, esposa filha do cientista Agenor que trabalhava na Empresa de Força e Luz. Se não me engano, tocava clarinete ou sax, também era motorista.
A Rua Nova tinha quatro ou cinco músicos e ainda teve escolinha musical do senhor Miguel Bulhões e Ivaldo Bulhões. Na parte inclinada e última da Rua Nova, defronte a Igreja Batista, foi fundado o Bar Seresta, por um músico vindo do Bairro São Pedro, talvez de nome Aloísio. A novidade não durou muito tempo. O lado direito desse trecho, dava para os quintais das casas da Rua Antônio Tavares, separado por alto, contínuo e áspero muro avermelhado e bruto de barro e areia. Portões aqui, acolá.  Em tempo de eleição, o muro aparecia com propagandas de candidatos, coisas que se perpetuavam naquela parede de lixa.
Nunca esqueci uma pintura que só desapareceu décadas e décadas depois quando muro e quintais foram se transformando em residências da Rua Nova:
“Para deputado estadual, Oceano Carleial”


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O ATAQUE DE SABINO GOMES

Por Francisco Frassales Cartaxo
Vista aérea atual da Cajazeiras, PB



O ataque a Cajazeiras, comandado por Sabino Gomes, no dia 28 de setembro de 1926, teve enorme repercussão na imprensa, pela ousadia da investida contra uma cidade importante para os padrões da época: servida por estrada de ferro, polo agroindustrial algodoeiro, comercio expressivo, sede de bispado, centro cultural e de ensino reconhecido no Nordeste e outros fatores. A vida e a trajetória de Sabino Gomes permanecem nebulosas, muito embora tenha sido ele um destacado subchefe de grupo ligado a Lampião presente no noticiário da imprensa na década de 1920, auge o banditismo nordestino. 

Sabino Gomes

Talvez tenha partido da imprensa do Ceará, a primeira informação acerca daquela agressão a Cajazeiras. Digo talvez porque ainda não tive condições de realizar pesquisa mais ampla nos jornais da época. Mas é certo que o diário “O Nordeste”, órgão da diocese de Fortaleza, por exemplo, noticiou o fato logo no dia seguinte, ainda que com dados precários, sujeitos à correção, como se pode ler na matéria sob o título de “A próspera cidade de Cajazeiras, na Paraíba, é atacada pelo grupo de Sabino Gomes”, veiculada no dia 29 de setembro, a partir de informe telegráfico recebido de Lavras da Mangabeira:

“A cidade de Cajazeiras foi surpreendida, ontem, por um ataque de 38 cangaceiros, chefiados por Sabino Gomes, resistindo até às 22 horas, quando os bandidos, dando-se por vencidos, retiraram-se, tomando a direção do Cariri. Houve três mortes e duas casas incendiadas. Na Estrada de Ferro conseguimos colher os pormenores que se seguem enviados pelo telegrafista da estação da via-férrea Ceará/Paraíba, ali existente”. 

“Cajazeiras – 29. Ontem às 14 horas o bando do terrível Sabino Gomes, comparsa de Lampião, passou em Baixa Grande, a duas léguas daqui, em viagem para esta cidade, tendo ali assassinado pai e filho, Raimundo Casimiro e Francisco Casimiro, por não terem os mesmos a importância que os facínoras exigiram. Às 17 horas alcançaram a residência dos doutores Coelho Sobrinho e José Almeida, estando presente o doutor Abdiel, os quais, para garantia e honra das suas famílias deram joias e dinheiro que somaram a mais de três contos de réis, incluindo o anel do engenheiro de um deles. Na mesma rua mataram o soldado Domingos Monteiro, o alfaiate Eliezer Alexandre e Cícero Corneteiro. Os prejuízos dos roubos e incêndios são superiores a 50 contos de réis. Na entrada do comercio mataram os bandidos uma criança de dez anos. Assaltaram depois a residência do coronel Sobreira, o qual, não se sujeitando à quantia exigida foi atacado à bala, reagindo, havendo forte tiroteio. Os bandidos não conseguiram entrar no comercio, devido à forte resistência da população”.

Escritor Francisco Frassales Cartaxo

No dia seguinte, 30 de setembro, “O Nordeste” comenta que “A população defendeu galhardamente o comercio, resistindo e repelindo a ação dos bandoleiros que recuaram, conduzindo três companheiros feridos. Os doutores Coelho Sobrinho, Abdiel Ferreira e José Almeida foram as primeiras pessoas atacadas, sendo o segundo roubado em um anel de engenheiro no valor de oitocentos mil réis”.

No correr do mês de outubro de 1926, vários números daquele jornal continuaram a repercutir a ação dos bandoleiros, sempre ressaltando a audácia do ataque a Cajazeiras e a eficácia da resistência civil à investida dos homens de Sabino Gomes.

Francisco Frassales Cartaxo 

*Escritor, filiado à União Brasileira de Escritores/PE, 
Articulista semanal do jornal Gazeta do Alto Piranhas, de Cajazeiras/PB. 
Gentileza do envio: Nadja Claudino


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ARTE DA ARTISDTA PLÁSTICA NARAYANA


Maravilhosa arte da artista plástica Narayana, a "Raposa do Mangue" e vem ai o Cariri Cangaço Paulo Afonso 2020, sob o comando do Conselheiro Cariri Cangaço e presidente do IGH, João De Sousa Lima, AVANTE !!! Em breve a data e a programação completa...


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UM LIVRO SEM LETRAS

*Rangel Alves da Costa

Nossos olhos abrem livros sem parar. Páginas e mais páginas diante do nosso olhar. Por que não ler? Tal leitura não requer o entendimento das letras, a compreensão das palavras ou a junção das ideias para um possível entendimento. Não. As páginas abertas não mostram letras escritas, e sim a escrita do mundo, da vida, do modo de ser e viver sertanejo.
Não será preciso, pois, folhear, por exemplo, as páginas da história de Poço Redondo para conhecer Poço Redondo. Tomo tal localidade como exemplo por ser meu berço de nascimento. Nas imagens, nas paisagens, nos pequenos retratos cotidianos, toda uma rica e vasta escrita. E que grandioso livro! A cidade evoluída, com novas construções e feições que pouco lembram os tempos antigos, ainda assim guarda em si valiosas páginas de sua história.


Nada é tão novo que esconda o ontem, o passado. Tudo feito ou refeito, já existia de outra forma no passado. Ora, as ruas possuem história, as casas possuem história, as pessoas e as famílias são primordiais para o entendimento da história. Neste sentido, uma casa antiga, já velha demais e parecendo querer desabar a qualquer instante, sempre possui uma essência que precisa ser conhecida. Quem construiu, quem morou ali, quem trancou sua porta pela última vez?
O conhecimento vai sendo formado assim. A pessoa pode simplesmente passar e sequer olha adiante, sempre achando que se trata de uma velharia que não mereça qualquer atenção. Mas ali uma história. Quem sabe se os seus antepassados por ali já estiveram com vida e presença? As calçadas também possuem importância fundamental ao conhecimento. As calçadas, as cadeiras de balanço, as esteiras lançadas ao chão ou cimento.
Aqueles idosos que sentam ao entardecer ou que são avistados num cantinho de janela, todos possuem histórias e relatos surpreendentes que precisam ser conhecidos. E muitos deles ávidos e esperançosos de uma visitinha apenas. Nada demais, ainda que na correria de todo instante, que se tire um tempinho para uma visita, para um proseado, para compartilhar a alegria da valorização do outro. É que nas feições marcadas de tempo, nos olhos cansados das noites e dias, nos pés calejados da estrada, relíquias inteiras permanecem guardadas. E só descobre tesouros do passado quem busca tempo para ouvir aqueles que vivenciaram suas páginas e fizeram parte da grande saga sertaneja.
Muitos relatos surgirão de como era Poço Redondo antigo, muitos ainda recordarão histórias dos tempos cangaceiros e suas medonhices na povoação e arredores, muitos ainda dirão sobre nomes, locais e fatos, que a poeira do tempo vai querendo encobrir. Tudo isso está num livro que somente é de possível leitura pela presença, pelo desejo de conhecer. Quanta leitura, por exemplo, numa curta caminhada da cidade até o Poço de Cima, seguindo uma estrada de tanta história a cada passo. Nada mais que dois ou três quilômetros.
Quem se interessa em conhecer a capelinha do Poço Redondo, as sepulturas espalhadas ao redor, as poucas casas que ainda restam dos primórdios da povoação? A maioria das pessoas sabe que Poço Redondo nasceu em Poço de Cima, bem ao lado da atual cidade, mas quantas pessoas seguem até lá para conhecer o que ainda resta? Não só Poço de Cima como outros locais que ficam no entorno da cidade. Talvez a preguiça de caminhar e até de olhar, impeça que a história seja conhecida presencialmente.
O Alto de João Paulo é um bom exemplo disso tudo. O nome é conhecido demais e todos sabem que ali, logo após a passagem do Riacho Jacaré (cuja história também precisa ser conhecida ao menos através do olhar) mora uma comunidade de feição familiar. Mas quem foi João Paulo, qual o significado do Alto para a história de Poço Redondo? Poucos sabem responder. Não sabem que o Alto foi berço de grandes vaqueiros da região sertaneja, que dali saiu quase uma dezena de cangaceiros para o bando de Lampião, que a casa de Adília ainda está ali, que nos Braz, nos Mulatinho e nos Maximino, repousam uma saga de suma importância na formação de Poço Redondo.


E por aí vai. Ou não se vai. Se as pessoas saíssem mais da cidade e enveredassem pelas estradas, pelos descampados e veredas, certamente iriam encontrar locais, fazendas, moradias e pessoas, que são verdadeiras páginas visuais de um grande livro de história. Mas infelizmente não é assim que acontece. Tem gente que chega a Curralinho e não procura sequer conhecer a comunidade, suas casas antigas e seu povo pacato. Nada sabe nem procura saber sobre suas igrejas, sobre a importância histórica da comunidade, até sobre o próprio rio.
Sabe apenas que é Rio São Francisco. Mas apenas um rio. E no imaginário, apenas um rio que por ali passa e sem história alguma. Infelizmente é assim. Infelizmente a preguiça de, através do olhar, conhecer a história e, a partir da admiração, a busca de outras páginas, de outros relatos, de outras escritas.

Escritor
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1926 LAMPIÃO EM OLHO D'ÁGUA DA CRUZ E OLHO D'ÁGUA DÁS FLORES



O grupo que seguiu para olho d'água da cruz saqueou a casa do fazendeiro Manuel Sátiro, roubando cobertores, redes, lençóis, ouro, etc., não encontrando ninguém em casa. Tudos fugiram para dentro do mato. Outro grupo foi à fazenda do sr. Neném Soares (Fazenda São Francisco), da família de Pedro Agra, sendo que todos os seus ocupantes tinham escondido no mato. Ficou em casa Neném Soares e seu filho paralítico. O grupo chegou à porta , e o Chan Preto, (OBS; pode ser Chá Preto ) negro cruel, apontou--lhe a pistola, dizendo-lhe: "Dê-me todo o dinheiro, ladrão ". Neném respondeu-lhe: que ladrão era ele, que andava roubando o povo; nesse instante Chan Preto disparou-lhe um tiro que saiu pela nuca , outro do lado da cabeça que lhe varou o crânio e, em seguida, enfio-lhe o punhal pela garganta, expirado o moribundo só depois que seus familiares lhe colocaram a vela na mão.


O filho paralítico, defronte a ele, viu toda a cena. Após este crime bárbaro, Chan Preto perguntou ao paralítico se ele era filho da vítima, sendo respondido que não. Chan Preto tirou o facão da bainha e, com a face da lâmina, deu-lhe forte pancada entre o nariz e a boca; fugiu, deixando o sangue correndo pelo chão.

A família de Neném achava-se escondida no mato a pequena distância, ouvindo os tiros. Pensando que haviam desaparecido, a esposa do senhor Canuto Vilar apareceu na estrada, e o grupo de Lampião, que estava parado, à espera Chan Preto e seus homens, predeu-a Ela foi transportada como prisioneira em direção à Vila de Olho d'Água das Flores.

Lampião, desta vez, juntou seus grupos espalhados, contando cerca de 45 cangaceiros, e, num dia de feira, atacou a Vila Olho d" Água das Flores. Incendiaram as casas de comerciais de Juca Feitosa e Melo de Abreu. Saquearam as demais firmas, jogando peças de fazenda no meio da rua para o povo roubasse.

Encontraram na Vila o único carro existente nessa zona, Ford 29, do inspetor da companhia Standard, de nome Meira. Despejaram uma lata de gasolina no carro , incendiando-o, e não mataram o inspector porque um conhecido de Lampião disse que ele era da Polícia.

Os grupos de Lampião saíram de Olho d'Água das Flores e foram pernoitar em São José da Tapera.

Trecho do Livro Santana do Ipanema conta sua história, edição 1976. Dos escritores: Floro de Araujo Melo e Darci de Araujo Melo
Digitado por Almir Rodrigues de Araújo.


Foto do grupo de Lampião; IDENTIFICAÇÃO: grande pesquisador HILÁRIO LUCETTI



CORONEL CORNÉLIO SOARES



O Coronel Cornélio Soares como chefe político de Vila Bela, foi o responsável por um tratado de paz, no início dos conflitos entre Lampião e Zé Saturnino. O fato ocorreu quando a família Ferreira deixou o Sítio de Passagem das Pedras e foi morar na localidade de Poço do Negro, nas proximidades de Nazaré.

Certa vez, o Coronel Cornélio Soares dirigiu-se até a cadeia para pagar uma fiança e libertar humilde homem do campo que furtara caprinos de um criador. A mulher do preso alegou que ele praticara esse ato, com a finalidade de matar a fome dos numerosos filhos castigados pela seca.

Lá chegando, o coronel cumprimentou o delegado, dirigiu-se ao detido e disse: "quando sua família estiver com fome novamente, não furte os bodes dele, leve os meus que eu não mando lhe prender, mas só faça isso em caso de extrema necessidade." O delegado assistiu a tudo impressionado. Sorriu e liberou o afiançado.

Fonte: facebook
Página: José João Souza



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OS BAILES DO REI DO CANGAÇO

Por Denize Marques

Noite de sábado para domingo, fim de setembro de 1936. Faltava só passar o pó no rosto, espalhar o perfume atrás da orelha e calçar as alpercatas. Cabelos negros e encaracolados na altura da cintura, dentro do seu melhor vestido, a menina de 12 anos, que, se os pais se descuidassem, trocava o estudo pela dança, estava pronta para o seu primeiro baile no alto sertão sergipano com o bando do cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião. Não havia escolha, só mesmo confiar na bênção da tia de criação antes de sair de casa engolindo o medo.

“Eles mandavam apanhar a gente. Vinha aquela ordem e tinha de cumprir. Se não, causava prejuízo depois”, conta Alzira Marques, que completa 86 anos em agosto. Ela  lembra detalhes das incontáveis festas cangaceiras a que foi em fazendas que já não existem mais e que deram lugar à planejada Canindé de São Francisco, com o início da construção da hidrelétrica do Xingó, em 1987. Canindé Velho, como a sertaneja chama o local onde nasceu, à beira do Velho Chico, foi demolida por conta da usina, hoje fonte de renda para a cidade – atrai quase 200 mil turistas por ano com o Cânion do Xingó.

O auge de Lampião em Sergipe vai de 1934 a 1938, quando o cangaceiro foi morto ao lado de Maria Bonita e outros nove do bando, em 28 de julho, na Grota do Angico, município de Poço Redondo. “Este é o estado onde ele encontrava mais proteção, aliando-se aos poderosos locais, como o coronel Hercílio Porfírio de Britto, que dominava Canindé como se fosse um feudo”, explica Jairo Luiz Oliveira, da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço. “São os chamados coiteiros (quem dava proteção ao cangaço), políticos de Lampião. Melhor ser seu amigo que inimigo.”

Foi nas terras de Porfírio de Britto que Alzira mais arrastou as sandálias. “Na primeira vez, encontrei Dulce, que foi criada comigo em Canindé Velho e tinha virado mulher do cangaceiro Criança. Eles também eram de muito respeito e nunca buliram com gente minha. Pronto, não tive mais medo”, relembra. Temporada de baile era fim de mês, quando as volantes da Bahia e Pernambuco – as polícias mais algozes no rastro de Lampião – voltavam a seus estados para receber o soldo. “Aí os cangaceiros viam o Sertão mais livre para fazer festa”, diz.

Dia de dança, Alzira tinha de sair e voltar à noite para não levantar a suspeita dos vizinhos. Às 22 horas, punha-se a andar 2 quilômetros até o local onde um coiteiro escondia os cavalos. Outras meninas iam junto. Montavam e seguiam morro acima por uns 15 minutos. “Quando a gente chegava, ia direto dançar o xaxado, forró, o que fosse, até 4 horas da manhã.” Mesmo caminho de volta, chegava com um agrado do rei do cangaço: uma nota de 20 mil réis. “Era tanto do dinheiro, mais de 300 reais na época de hoje. Dava tudo para minha tia.”

Grupo de Xaxado Cabras de Lampião

Apesar de festeiro, não era sempre que o líder do bando dava o ar da graça. Quando ia, porém, não se fazia de rogado: no mato à luz de candeeiro, onde o arrasta-pé comia solto, brilhantina no cabelo, dançava com as moças do baile sem sair da linha. Média de 20 homens para 15 mulheres. “Ninguém era besta de mexer com a gente. Eles nos respeitavam demais. Lampião era o que mais recomendava: ‘Olha o respeito!’” Maria Bonita – que para Alzira “não era lá essa boniteza, Maria de Pancada era mais bonita” – não tinha ciúme.O cangaceiro mais conhecido do Brasil gostava de cantar e levava jeito para compor. Quem não se embalou ao som de Olé, mulher rendeira / Olé, mulhé rendá? Ou de Acorda, Maria Bonita / Levanta, vai fazer o café? Alzira conta que era comum ele pedir ao sanfoneiro Né Pereira – outro intimado do povoado – para tocar essas canções, enquanto ele mesmo cantava. “Letra e música dele, além de ser um exímio tocador de sanfona”, confirma Oliveira.

Os bailes eram como banquetes. “Tinha comida e bebida de toda qualidade. Peixe, galinha, porco, carneiro, coalhada, bolo, cachaça limpa”, diz Alzira. Outro ponto que se notava era o aroma: os cangaceiros, que podiam passar até 20 dias sem tomar banho, gostavam de se perfumar. O coronel Audálio Tenório, de Águas Belas (PE), chegou a dar caixas de Fleurs d’Amour, da marca francesa Roger & Gallet, para Lampião. “Era perfume do bom, mas misturado com suor. Subia um cheiro afetado. A gente dançava porque era bom”, afirma a senhora, que se entrosava mais com Santa Cruz e Cruzeiro.

Mais de 70 anos depois, Alzira ainda sonha com aquelas noites e sente falta da convivência com os amigos: muitas festas aconteciam em Feliz Deserto, fazenda que Manuel Marques, seu então futuro sogro, tomava conta. Não raro, o brilho da prata e do ouro das correntes, pulseiras e anéis dos cangaceiros visitam sua memória, assim como a imagem de Lampião lendo a Bíblia num canto da festa. “Ele era muito religioso.” No seu pé de ouvido fica o xa-xa-xá das sandálias contra o chão, som que deu nome ao xaxado, segundo Câmara Cascudo, ritmo tipicamente cangaceiro que não se dança em par.

Testemunha de um período importante da história do País, conta que nunca teve vontade de entrar para o cangaço nem considerava Lampião bandido: “Não era ladrão, ele pedia e pagava, fosse por uma criação, por um almoço. Agora, se bulissem com ele, matava mesmo”. Na cidade é conhecida como a Rainha do Xaxado. No último São João, que antecipou as comemorações do centenário de nascimento de Maria Bonita (8/3/1911), foi uma das homenageadas.

Balançando-se na rede na entrada de sua casa, satisfeita com os dez filhos, 40 netos e 37 bisnetos, Alzira aponta para um dos locais onde dançou com Lampião: uns 100 metros adiante, a Rádio Xingó FM. “Continua lugar de música.” Mas e Lampião, dançava bem? “Ah, ele dançava bom.”
Por:Adelvan Kenobi
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