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quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

1926 LAMPIÃO EM OLHO D'ÁGUA DA CRUZ E OLHO D'ÁGUA DÁS FLORES



O grupo que seguiu para olho d'água da cruz saqueou a casa do fazendeiro Manuel Sátiro, roubando cobertores, redes, lençóis, ouro, etc., não encontrando ninguém em casa. Tudos fugiram para dentro do mato. Outro grupo foi à fazenda do sr. Neném Soares (Fazenda São Francisco), da família de Pedro Agra, sendo que todos os seus ocupantes tinham escondido no mato. Ficou em casa Neném Soares e seu filho paralítico. O grupo chegou à porta , e o Chan Preto, (OBS; pode ser Chá Preto ) negro cruel, apontou--lhe a pistola, dizendo-lhe: "Dê-me todo o dinheiro, ladrão ". Neném respondeu-lhe: que ladrão era ele, que andava roubando o povo; nesse instante Chan Preto disparou-lhe um tiro que saiu pela nuca , outro do lado da cabeça que lhe varou o crânio e, em seguida, enfio-lhe o punhal pela garganta, expirado o moribundo só depois que seus familiares lhe colocaram a vela na mão.


O filho paralítico, defronte a ele, viu toda a cena. Após este crime bárbaro, Chan Preto perguntou ao paralítico se ele era filho da vítima, sendo respondido que não. Chan Preto tirou o facão da bainha e, com a face da lâmina, deu-lhe forte pancada entre o nariz e a boca; fugiu, deixando o sangue correndo pelo chão.

A família de Neném achava-se escondida no mato a pequena distância, ouvindo os tiros. Pensando que haviam desaparecido, a esposa do senhor Canuto Vilar apareceu na estrada, e o grupo de Lampião, que estava parado, à espera Chan Preto e seus homens, predeu-a Ela foi transportada como prisioneira em direção à Vila de Olho d'Água das Flores.

Lampião, desta vez, juntou seus grupos espalhados, contando cerca de 45 cangaceiros, e, num dia de feira, atacou a Vila Olho d" Água das Flores. Incendiaram as casas de comerciais de Juca Feitosa e Melo de Abreu. Saquearam as demais firmas, jogando peças de fazenda no meio da rua para o povo roubasse.

Encontraram na Vila o único carro existente nessa zona, Ford 29, do inspetor da companhia Standard, de nome Meira. Despejaram uma lata de gasolina no carro , incendiando-o, e não mataram o inspector porque um conhecido de Lampião disse que ele era da Polícia.

Os grupos de Lampião saíram de Olho d'Água das Flores e foram pernoitar em São José da Tapera.

Trecho do Livro Santana do Ipanema conta sua história, edição 1976. Dos escritores: Floro de Araujo Melo e Darci de Araujo Melo
Digitado por Almir Rodrigues de Araújo.


Foto do grupo de Lampião; IDENTIFICAÇÃO: grande pesquisador HILÁRIO LUCETTI



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