Por José
Mendes Pereira
Foi lá pela
década de 60 que isto aconteceu em Mossoró.
João Paulo e Pedro de Osmildo eram dois grandes amigos. Amigos de infância, que
viviam no mesmo bairro, na mesma rua, dividindo o mesmo espaço entre
familiares. Comendo no mesmo prato, e juntos, participavam de todos os
divertimentos que o bairro e a cidade promoviam.
João Paulo era
reparador de sapatos e chinelos, mas não era fabricante destes. Na época, era
dos melhores para este fim, e até reparava pisantes (gíria) de pessoas
mais importantes em Mossoró. Sapatos e chinelos com defeitos, muitos já sabiam
a quem recorrer para o conserto.
Pedro de
Osmildo vivia de alguns aluguéis; dono de uma pequena vila no grande Alto de
São Manoel, mas, além disto, negociava com bugigangas pelos bairros de Mossoró,
transportando-as sobre uma carroça.
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Vez por outra
os dois bebiam juntos pelos bares do bairro, e lá, ingeriam uma porção de
bebidas alcoólicas, mas mesmo embriagados, jamais discutiram em lugar nenhum.
Aconteceu que certo dia, Luiz da Quitanda como era chamado, querendo acabar com aquela grande amizade, criou um não acontecido, e ele mesmo enredou ao Pedro de Osmildo, que o João Paulo andava difamando uma das suas filhas. E que cuidasse logo de frear a sua língua, para que o assunto sobre a virgindade da filha, não chegasse aos fofoqueiros de calçadas. E que Os filhos da Candinha são 21. Enquanto 7 dormem, 7 falam e 7 estão ouvindo".
Aconteceu que certo dia, Luiz da Quitanda como era chamado, querendo acabar com aquela grande amizade, criou um não acontecido, e ele mesmo enredou ao Pedro de Osmildo, que o João Paulo andava difamando uma das suas filhas. E que cuidasse logo de frear a sua língua, para que o assunto sobre a virgindade da filha, não chegasse aos fofoqueiros de calçadas. E que Os filhos da Candinha são 21. Enquanto 7 dormem, 7 falam e 7 estão ouvindo".
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Assim que
tomou conhecimento sobre o desrespeito de João Paulo usando o nome da sua
filha, Pedro de Osmildo perdeu o controle emocional, e foi ao seu encontro
para devidas explicações. O certo é que o João Paulo jamais dissera algo sobre
as filhas do Pedro de Osmildo, pois o considerava como irmão, e se existiam
coisas que desrespeitavam as suas filhas, até o momento não tomara
conhecimento. E se isso existisse, não tinha interesse de sair boatando, já que
as filhas do Pedro de Osmildo, eram como se fossem suas sobrinhas. E ao chegar
à oficina do João Paulo, o encontrou consertando um par de sapatos, e sem mais
nem menos, Pedro de Osmildo foi logo direto ao assunto, dizendo-lhe:
- João Paulo,
estou muito chateado com você, e eu não esperava que um dia as nossas amizades
chegassem ao fim.
- Mas o
que está acontecendo, meu irnão Pedroca? - Perguntou o João Paulo.
- Tomei
conhecimento de que você anda falando mal da minha filha Marília.
- Mas homem de
Deus, quem lhe falou tamanha barbaridade, afirmando que eu falei mal da
Marília?
- Quem me
contou foi o Luiz da Quitanda.
- Mas homem,
será que o Luiz da Quitanda está maluco, ou está querendo fazer intrigas entre
nós?
- Se ele está
louco eu não sei. E se ele me disse isto, é porque você falou. - Dizia o Pedro
de Osmildo.
- Homem de
Nosso Senhor Jesus Cristo, vamos até à casa de Luiz da Quitanda, para que ele
afirme isso na minha presença.
- Não adianta,
João Paulo! De onde a gente não espera, é de onde vem. - Fez o Pedro de
Osmildo.
- Mas meu
amigo e irmão Pedroca, confie em mim! Eu jamais diria isso com uma das
suas filhas..., e já vi que você prefere acreditar no Luiz da Quitanda do que
em mim.
Com o ódio e
decepcionado com um dos melhores amigos, Pedro de Osmildo puxou uma faca
peixeira da cintura e partiu para cima do João Paulo, furando-o por todos os
lugares da barriga.
Já caído ao
chão, fracamente, João Paulo exclamou:
- Matou-me meu
amigo e irmão! Jamais abri minha boca para falar das suas filhas, que até hoje,
eu as tinha como minhas sobrinhas.
Ouvindo esta
frase (matou-me meu amigo e irmão!) e presenciando o sangue saindo com força da
barriga do amigo, o Pedro de Osmildo arrependeu-se, e foi socorrer-lhe,
tentando levantá-lo para um possível socorro. E sem o Pedro de Osmildo
perceber, foi neste momento que o João Paulo arrastou a sua afiadíssima faca,
que com ela cortava os couros para os reparos de sapatos; e com a pouca força que
ainda lhe restava, aplicou-a no pescoço do Pedro de Osmildo, degolando-o. E ali
mesmo, os dois morreram.
Hoje, os
filhos de ambos vivem pacificamente, na mesma Rua e bairro onde nasceram.
Nenhuma intriga, nenhuma rixa. Continuam como antes, amigos, ou quem sabe,
irmãos. E alegam que os pais não deixaram vinganças, porque o Pedro de Osmildo
matou o João Paulo, e o João Paulo matou o Pedro de Osmildo.
Quanto ao Luiz da Quitanda ele vivia com problemas de saúde, e
morreu dois anos depois deste acontecimento.
Minhas Simples Histórias
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Fonte:
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