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segunda-feira, 15 de junho de 2020

VIDA E MORTE DE ISAÍAS ARRUDA SANGUE DOS PAULINOS ABRIGO DE LAMPIÃO



Desde que iniciei minhas andanças pelos carrascais da caatinga deste nosso maravilhoso sertão; notadamente de meu cariri cearense; que um personagem em particular me saltava aos olhos... Num cenário e ambientes explosivos como os do inicio do século XX, por esses lados do Brasil esquecido por Deus; onde a força do bacamarte decidia destinos e estabelecia quem devesse viver, ou morrer; na época dos coronéis de barranco e que o poder era disputado “a bala” nos feudos nordestinos, despontava da pequena Vila d'Aurora; no vale do Salgado; Isaias Arruda de Figueiredo.

Sem dúvidas um homem incomum; inteligente, sagaz, destemido, determinado, de uma coragem incomparável e uma sina: Tornar-se o mais jovem e temido coronel das terras cearenses dos anos vinte. Isaias teve seu destino palmilhado à bala, tanto em suas conquistas como na definição de seu ato final, e fatal em agosto de 1928.


Com uma personalidade arrebatadora, líder inconteste e acima de tudo um predestinado, Isaias Arruda escreveria sua saga no livro de historia do sertão... Às vezes fico pensando o que esse “Coronel Menino” assassinado aos 29 anos poderia ainda ter feito... Mas para responder essa pergunta nada melhor que adentrarmos no universo do “Vida e morte de Isaías Arruda- Sangue dos Paulinos, abrigo de Lampião”, capitaneado pelo brilhante pesquisador e escritor João Tavares Calixto Júnior; uma das mais gratas surpresas no campo da pesquisa do coronelismo sertanejo.

Calixto Júnior ; também Conselheiro do Cariri Cangaço; a partir de um trabalho espetacular; minucioso, dedicado e responsável; de muitos anos, nos apresenta não só os acontecimentos da época, mas e principalmente o perfil, a personalidade, as relações perigosas e principais fatos que tronariam Isaias Arruda quase uma unanimidade: Um homem a frente de seu tempo. O lançamento acontece neste próximo mês de novembro e quando chegar...Boa leitura.

Manoel Severo, curador do Cariri Cangaço.
Texto "Orelha" do Livro Vida e Morte de Isaias Arruda - Sangue dos Paulinos, Abrigo de Lampião, autoria de João Tavares Calixto Junior, Conselheiro Cariri Cangaço.
30 de Outubro de 2019

Se você interessar entre em contato com o professor Pereira através deste e-mail:

422 PÁGINAS

franpelima@bol.com.br

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FLORES DO PAJEÚ HISTÓRIAS E TRADIÇÕES


Veja se o professor Pereira ainda o tem: E-mail:

franpelima@bol.com.br

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TRABALHO DO DAVI LIMA. UM TRABALHO DE ARTISTA.

Lampião em 1922 

O blogdomendesemendes não tem certeza, mas acha que a data desta fotografia teria sido feita mais ou menos no ano de  1918, quando Vitgolino Ferreira da Silva o futuro Lampião tinha 20 anos. 

O Davi Lima é um profissional arretado no que se refere à restauração de fotos. Fui até a sua página no facebook, mas fiquei muito triste, porque ele posta coisas ridículas. 

Um grande profissional não deve se envolver com postagens que deixam os admiradores dos seus trabalhos fugindo para não verem postagens ridículas. 

Grande Davi Lima, desista destas postagens ridículas, porque você que é profissional em restaurações de fotos, e tem que está no meio dos cangaceirólogos. Todos precisam deste tipo de artista, mas sem extravagâncias.


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MAIS DE 4 MILHÕES DE VISUALIZAÇÕES.


Por Manoel Severo Barbosa
José Cícero, Manoel Severo e Múcio Procópio

O Cariri Cangaço se prepara para uma nova etapa de grandes realizações; presente em 6 estados, 25 municípios nordestinos, exatas 247 conferências realizadas, 239 visitas técnicas nos mais distantes rincões do sertão, mais de 500 pesquisadores e 70 mil participantes em todas as edições e lançamentos de 72 livros e alguns legados... 

Hoje para nossa alegria compartilhamos com todos a ESPETACULAR MARCA DE MAIS DE 4 MILHÕES de Visualizações de nosso Blog, marca que nos enche de alegria e ainda mais de responsabilidade. Assim para celebrar essa marca; que não é minha; mas de todos nós, VEM AÍ GRANDES ARTIGOS CARIRI CANGAÇO, em Junho. Avante.



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HOMENAGEM AO PROFESSOR ANTONIO AMAURY


Por Adalto Silva

É com muita satisfação que volto a disponibilizar essa homenagem que fiz ao Professor Antonio Amaury, que por motivo alheio a minha vontade foi retirado do youtube... Mas está aí, o mais abnegado pesquisador da história do cangaço, merece muito mais que esta singela homenagem.


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LAMPIÃO E OS MÉDICOS DE SANTANA

Clerisvaldo B. Chagas, 15 de junho de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica; 2.324
DR. ARSÊNIO MOREIRA (FOTO: MUSEU)
DR. CLODOLFO. (DIVULGAÇÃO).

Antes da década de 20, Mata Grande, cidade serrana do sertão de Alagoas, tinha grande prestígio no interior originária da influência de ter tido um governador alagoano. Havia ali certa estrutura de combate a grupos cangaceiros. Em vista disso foi contratado o médico baiano, ainda jovem, Dr. Arsênio Moreira da Silva para servir às forças naquele núcleo sertanejo. Quando foi criado o 2Batalhão de Polícia com sede em Santana do Ipanema, de combate ao banditismo, o Dr. Arsênio Moreira veio servir em Santana, tanto no Batalhão quanto em consultório particular. Foi o primeiro médico de fora a clinicar na minha Terra.  Influência indireta do bandido Lampião. Não há uma só pessoa que o conheceu em Santana que não faça rasgados elogios ao médico desde a sua educação, coração bondoso e serviços prestados. Quando da fundação do primeiro hospital da cidade, o nome escolhido para a fachada foi o do ilustre médico baiano. Foi ele com as volantes até Angicos, após a morte de Lampião, examinar o frasco de veneno que o bandido conduzia no bornal.
Quando Lampião invadiu a zona rural de Santana do Ipanema, fez uma família mudar-se para a sede.  O senhor Marinho Rodrigues, proprietário rural, tornou-se comerciante de secos e molhados no “prédio do meio da rua”. O seu filho Clodolfo Rodrigues de Melo foi encaminhado aos estudos, conviveu com o contista Breno Accioly, tornou-se médico e veio clinicar na sua terra. Foi o primeiro médico de Santana filho da “Rainha do Sertão”. Faleceu recentemente com mais de 80 anos. O segundo hospital de Santana o homenageia com o seu nome na fachada.
Arsênio atendia no casarão onde hoje é o museu. Clodolfo tinha consultório na própria residência, na, hoje, Praça Senador Enéas Araújo. Foi assim que o cangaceiro Lampião, praticando o mal, fez o bem sem saber a Santana do Ipanema com os médicos ilustres que muito bem serviu a terra de Senhora Santana.
Existe um trecho de avenida com o nome de Arsênio, mas ele perdeu o título do primeiro hospital após o seu fechamento. A sua foto que pertencia aquela unidade hospitalar, encontra-se atualmente no Museu Darras Noya, lugar onde morou e clinicou;
Nota. Em foto antiga de Santana, domínio público, aparece um senhor de branco no serrote do Cruzeiro, ao lado de outras pessoas. Descobrir por acaso, que se trata do Dr. Arsênio, já com seus 40 a 55 anos. Livro “230 Santana Iconográfica”, sessão Nostalgia. Relíquia da nossa história.

MEMÓRIAS DE UM MATUTO SERTANEJO

Por Valdir José Nogueira
Augusto Martins, Manoel Severo e Valdir Nogueira

No despontar do século XX ressurgiu a titânica briga entre as famílias Carvalho e Pereira que ficou marcada na memória da população do sertão do Pajeú. Notadamente os municípios de Belmonte e Serra Talhada foram os cenários principais dessa sangrenta questão. 


Ao se aposentar da vida parlamentar, depois de uma intensa vida dedicada à política nos Estados de Sergipe e de Alagoas, o saudoso belmontense e antigo deputado José Onias de Carvalho, fez da seção “Cartas à Redação” do “Diário de Pernambuco”, sua tribuna, onde criticou, elogiou, e onde expôs também todo o seu saudosismo nas crônicas que escreveu sobre a sua inesquecível e amada terra de São José do Belmonte. Tendo vivenciado o tempo do secular confronto entre as duas famílias Carvalho e Pereira, ele escreveu para a sua costumeira seção do Diário de Pernambuco, uma interessante crônica sobre o referido tema, que foi publicada na edição de 14/01/1984, transcrita a seguir:

"Realmente, aquelas lutas situavam-se entre as duas tradicionais famílias. Vou citar um fato ocorrido comigo quando eu tinha menos de 14 anos de idade. Certo dia de sábado quando se realizavam as feiras semanais de Belmonte, saí da fazenda “Bonito”, onde nasci e onde morávamos, de paletó e gravata, em um bonito cavalo. Quando chegamos à cidade, encontrei-me com um amigo de meu pai e que também era amigo dos Pereira, que me convidou para assistirmos ao casamento de um filho do coronel Antônio Pereira, filho do Barão do Pajeú, da fazenda Pitombeira, com uma jovem também Pereira, residente na fazenda do Sr. Ciba Pereira. Cometi a minha primeira rebeldia e fugi com aquele amigo para tomar parte naquela festança promovida pela família Pereira. Tinha vontade de conhecer aquela gente de quem tanto se falava, como sendo inimigos perigosos. Falei para o meu companheiro para não fazer apresentações. Simpatizei de logo com uma garota que era filha do coronel Antônio Pereira e irmã do noivo, com quem passei a dançar no meio daquela gente desconhecida, embora não soubesse me desenvolver, mas, a mocinha demonstrava estar contente comigo, que lhe dizia palavras amáveis.

Quem não estava gostando era um dos irmãos da mocinha, que passou a me dirigir palavras insultuosas, inclusive que eu não sabia dançar. Eu ignorava que ele era irmão da garota e resolvemos passar as vias de fato, entretanto, a turma do “deixa disso” entrou em cena, nos separando. Quando a notícia chegou ao conhecimento do velho coronel, este procurou saber quem eu era e, quando lhe disse o nome o nome de meu pai, ele declarou que, a partir daquele momento eu passaria a ser sagrado e, consequentemente, ninguém me molestaria. A partir daquela hora, nas refeições, o velho coronel fazia questão que eu sentasse ao seu lado juntamente com a garota, que passou a ser considerada minha noiva. Fui abraçado pelo meu agressor, que passou a ser meu amigo e foi depois de alguns dias, me visitar na nossa fazenda.

Não havia propriamente ódio entre Carvalho e Pereira, mas, o capricho e muita austeridade, de modo que, nenhum membro das duas famílias que fosse assassinado, seria sepultado enquanto não vingava aquela morte. Felismente, com o decorrer dos tempos, eles foram colocando os filhos nas escolas, a civilização foi chegando e tudo acabou.As brigas de famílias são coisas do passado e não mais voltarão a acontecer.

José Onias de Carvalho – Olinda”. 

José Onias de Carvalho nasceu em São José de Belmonte (PE) no dia 16 de março de 1901 na fazenda Bonito, filho de Antônio Onias de Carvalho e de Maria da Luz Onias de Carvalho. Com sua família, transferiu-se para Sergipe, tornando-se piscicultor e proprietário rural, além de notário público e gerente do Banco do Comércio e Indústria desse estado. Iniciou-se na política como prefeito do município de Propriá (SE), antes de tentar, no pleito de outubro de 1950, um mandato de deputado federal por Sergipe na legenda da Coligação Democrática Sergipana, formada pela União Democrática Nacional (UDN) e o Partido Social Trabalhista (PST). Malsucedido em seu intento, permaneceu como segundo suplente até maio de 1951, vindo a ocupar uma cadeira na Câmara até dezembro seguinte.

Radicando-se em Alagoas, disputou o pleito realizado em outubro de 1954 para a Assembléia Legislativa do estado. Representando a UDN, obteve apenas uma suplência. Contudo, assumiu o mandato logo no início da legislatura, em fevereiro de 1955. Em 11 de setembro de 1957, quando os deputados estaduais alagoanos tentavam votar o impedimento do governador Sebastião Marinho Muniz Falcão (PSD), em face do clima de violência que imperava no estado, foi atingido por um tiro no pulmão. Transferido para o Rio de Janeiro, foi submetido a tratamento médico, tendo retornando ao Executivo estadual em janeiro do ano seguinte.

Ainda em Alagoas, José Onias foi assessor do secretário de Justiça e Segurança Pública. De volta a Sergipe, foi eleito deputado estadual na legenda da UDN, assumindo o mandato em fevereiro de 1959, e reelegeu-se em outubro de 1962, já na legenda da Coligação Democrática, que reunia o Partido Republicano (PR) e o Partido Democrata Cristão (PDC). Durante o primeiro ano dessa legislatura, substituiu por um mês o governador eleito João Seixas Dória.

Com a extinção dos partidos políticos pelo Ato Institucional nº 2 em outubro de 1965 e a posterior instauração do bipartidarismo, filiou-se à Aliança Renovadora Nacional (Arena), agremiação que dava sustentação política ao regime militar instaurado no país em abril de 1964. Em novembro de 1966 obteve a primeira suplência de deputado federal por Sergipe na legenda desse partido, assumindo uma cadeira na Câmara em fevereiro de 1967, tão logo expirou seu mandato no Legislativo sergipano. No pleito de novembro de 1970, voltou a candidatar-se a uma cadeira na Assembléia Legislativa de Sergipe, sempre na legenda da Arena, obtendo apenas a sexta suplência. Exerceu seu mandato de deputado federal até janeiro de 1971, ao final da legislatura. Algum tempo depois, acabou assumindo o mandato no Legislativo sergipano, aí permanecendo até 1975.

Afastado do cenário político, em 1976 transferiu-se para Recife. Posteriormente, obteve sua aposentadoria como deputado. 1º Deputado filho do município de São José do Belmonte, foi casado com Elisabete Torres Carvalho. Faleceu em Olinda (PE), cidade onde fixara residência, em 13 de novembro de 1996. Os seus restos mortais repousam na Capela de São Sebastião, localizada à Rua de São José, na sede municipal de São José do Belmonte (PE). Publicou “Memórias de Um Matuto Sertanejo” (1983).

Valdir José Nogueira de Moura,
Pesquisador, Escritor, Conselheiro Cariri Cangaço
São José de Belmonte, Pernambuco
13 de junho de 2020


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IMAGENS RARAS FUNERAIS DO BEATO JOSÉ LOURENÇO



Após os fatos do Caldeirão e da Mata dos Cavalos o Beato José Lourenço montou em Exu, no Pernambuco, o Sítio União, onde viveu até fevereiro de 1946.

Acometido de peste bubônica o beato encantou-se em 12 de fevereiro de 1946. O pranto dos homens e mulheres que viviam no União, foi derramado pelas muitas léguas que separam Exu e Juazeiro. A pé, trouxeram seu corpo para a terra do Padre Cícero, e aqui o beato não teve direito a missa de corpo presente. Tanto na capela de São Miguel, quanto na do Socorro, somente portas fechadas, os padres negaram.


O enterro se deu no Cemitério do Socorro, após as exéquias improvisadas, e até hoje seus restos mortais lá repousam.

FONTE: Cariri das antigas
TEXTO: @robertojunior.cda
FOTOS: Acervo de Renato Casimiro e Daniel Walker.


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ZÉ BAIANO COLORIDO

Por Davi Lima

Hoje eu fiz uma missão quase impossível, reconstruir e colorir as bases reais do rosto do cangaçeiro José Aleixo Ribeiro, mais conhecido como Zé Baiano O pantera negra dos sertões ou O ferrador de gente.


https://www.facebook.com/groups/GrupoCangacologia/

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LAMPIÃO INJUSTIÇADO

Por Helio Abreu
Acho que esta foto é de 1918. Ele estava com 20 anos.

Lampião foi um injustiçado, que resolveu enfrentar seus inimigos de iguais condições. Ousou, e foi usado por amigos e inimigos. Quando perceberam que Lampião estava muito fortalecido com suas ações de, combate, comércio e política, foi deflagrada uma campanha ferrenha para eliminar o rei do cangaço.





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CANGAÇO FOI TÃO RUIM PARA O PAÍS QUANTO TEM SIDO O vírus CONVID 19 -



Nesse video em que ora publico faço uma comparação do período devassador em que havia o CANGAÇO LAMPIÔNICO e a atual situação do sofrimento do sertanejo dos sete Estados do Nordeste brasileiro. Perdas irrecuperáveis, pânico e neuroses deixou o Cangaço, para as famílias - porque, o Cangaço foi tão nefasto no Nordest, só comparado a uma Pandemia - Acabou com a morte do mais sanguinário psicopagata cangaceiro, o Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião.

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93 ANOS DEPOIS, CARTA QUE REPRESENTA RESISTÊNCIA DE MOSSORÓ AO BANDO DO CANGACEIRO LAMPIÃO É ENCONTRADA

Por Igor Jácome, G1 RN
Carta original do prefeito de Mossoró para o cangaceiro Lampião, junto com recorte de jornal da época que fala sobre ela. — Foto: Robério Santos/Cedida.

Documento será entregue ao município do Oeste potiguar neste mês, quando é comemorado o aniversário da batalha entre moradores e o grupo comandado pelo rei do cangaço.

Todos os anos, Mossoró, no Oeste potiguar, se enche de festa no mês de junho. Além de comemorar o período de São João, a cidade relembra através do espetáculo "Chuva de Bala", a resistência do seu povo a Virgulino Ferreira da Silva, o temido Lampião - ato que marcou, para alguns historiadores, o início do declínio daquele que ficou conhecido como rei do cangaço. A batalha aconteceu em 1927 e o bando de cangaceiros saiu fugido da região.

Em 2020, a festa não vai ser realizada por causa da pandemia do novo coronavírus. Mas os pesquisadores do tema estão muito mais entusiasmados pelo encontro de uma carta que foi escrita pelo prefeito coronel Rodolpho Fernandes em resposta ao bando de Lampião. Ela estava endereçada ao coronel Antonio Gurgel, que no momento das negociações, era refém do bando e foi escrita, provavelmente, no próprio dia 13 de junho de 1927, data em o ataque ocorreu.

O documento foi encontrado pelo professor, jornalista e escritor sergipano Robério Santos, que é um entusiasta do assunto e tem seis livros publicados sobre o cangaço. O documento chegou a ele em maio, durante sua pesquisa para a publicação da primeira de uma série de cinco obras que pretende escrever também sobre o tema. A carta será entregue por ele à prefeitura, oficialmente, no próximo dia 13.

Carta escrita a mão pelo prefeito de Mossoró e enviada a refém de Lampião — Foto: Cedida

Não é possível satisfazer-lhe a remessa dos 400000 (quatro centos contos) que pede, pois não tenho e mesmo no commercio é impossivel de arranjar tal quantia. Ignora-se onde está refugiado o gerente do Banco, Snr. Jayme Guedes, Estamos dispostos a recebe-los na altura em que elles desejarem. Nossa situação oferecce absoluta confiança e inteira segurança.

— Rodolpho Fernandes, prefeito de Mossoró em 1927

Ao G1, o pesquisador afirmou que adquiriu alguns recortes de jornais e outros materiais de uma idosa que mora no Rio de Janeiro e que prefere manter sua identidade em sigilo, mas que é ligada à história do cangaço.

"Ela tinha essa carta há muito tempo, mas não conhecia a importância dela, até porque não estava endereçada diretamente a Lampião. Ela tem muito material. Era uma resposta do prefeito a ele, porque o coronel Gurgel era refém e escreveu a outra carta, pedindo o dinheiro, com uma mensagem ditada pelo Lampião", explicou o pesquisador.

Na mensagem, o prefeito recusa o pedido por 400 contos de réis, feitos por Lampião e diz que a cidade está preparada para responder "à altura" ao ataque dos cangaceiros.

Robério Santos exibe carta que representa resistência de Mossoró ao bando do cangaceiro Lampião — Foto: Cedida

Segundo os pesquisadores o gerente do Banco do Brasil, Jayme Guedes, era genro do coronel Gurgel e havia saído da cidade. Apesar de morar em Natal, o comerciante teria sido feito refém durante uma viagem que fez à região justamente para buscar sua esposa e filhos, ao saber do iminente ataque do grupo. Ao errar o caminho, o carro os levou de encontro ao acampamento dos cangaceiros. O motorista do comerciante teria servido de emissário entre as partes.

Assim como a carta enviada pelo coronel Gurgel ao prefeito e outra escrita a próprio punho pelo Lampião, a carta encontrada já havia sido citada por jornais da época e em livros importantes sobre o assunto, mas o paradeiro dela era desconhecido, até porque o documento ficou com o próprio bando e não com o município.

"Eu fiquei assustado quando comecei a ler, me levantei imediatamente. Retirei do plástico para fazer uma análise, se era impressão ou se era escrito, e a assinatura. Realmente é uma carta escrita a punho, e na comparação com a assinatura e a escrita do prefeito, são iguais", considerou o pesquisador. "Acho que um documento desse não deve estar em posse de um particular, por isso busquei entrar em contato para devolver a carta a Mossoró", conta.

Jornal da época publicou conteúdo de cartas trocadas entre prefeito de Mossoró e Lampião — Foto: Cedida

Conforme Asclépius Saraiva Cordeiro, diretor do Museu Lauro da Escóssia - nome do jornalista que presenciou e noticiou o ataque do bando de cangaceiros a Mossoró - ao tomar conhecimento da carta por meio de pesquisadores do tema que tiveram contato com Robério, a prefeitura resolveu pagar uma passagem para a ida do pesquisador ao município, quando será realizada a entrega da carta.

"A carta deverá ficar exposta no salão dos grandes atos, no Palácio da Resistência, que era a casa do prefeito e hoje é a sede da prefeitura municipal. Infelizmente não teremos o espetáculo Chuva de Bala neste ano, mas temos um motivo de soltar fogos", considerou.

De acordo com o pesquisador e escritor Geraldo Maia, que é sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte (IHGRN) e da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço - SBEC, a carta encontrada seria uma das quatro trocadas entre o grupo que estava com Lampião e o prefeito, ditada pelo cangaceiro e escrita pelo refém coronel Gurgel. Outra missiva foi escrita e assinada pelo próprio Lampião, também respondida pelo prefeito. Ninguém sabe o paradeiro da carta original de Lampião - apesar de haver cópias da original - nem o paradeiro da última resposta.

Lampião (terceiro da esq. para a dir.) e seu grupo de cangaceiros — Foto: Divulgação/GESP/BBC
Invasão e resistência

Mossoró era uma cidade com pouco mais de 20 mil pessoas - uma cidade grande para a época, que tinha até uma agência do Banco do Brasil - a número 036. De acordo com os pesquisadores, bandos de cangaceiros geralmente não invadiam cidades deste porte. "Era uma coisa inimaginável", afirma Geraldo.

De acordo com os pesquisadores, um fazendeiro que acoitava cangaceiros em suas terras no Ceará, próximo à divisa com Mossoró, ordenou um ataque de Massilon, um cangaceiro que tinha um grupo pequeno, contra inimigos em Apodi, no interior do Rio Grande do Norte. O sucesso no saque à cidade teria despertado a cobiça por Mossoró. Dessa forma, os cangaceiros partiram para convencer Lampião, que não conhecia muito as terras do Rio Grande do Norte, a fazer um ataque conjunto também com o bando de Jararaca.

Ao todo, o grupo de cangaceiros tinha cerca de 80 pessoas. Ao saber das notícias que corriam pelo sertão, o prefeito começou a se preparar para defender o município. "A cidade tinha pouco policiamento, cerca de 10 soldados, então o prefeito se juntou aos comerciantes para fazer uma cota e mandar comprar armas e munições em Fortaleza. Elas ficaram armazenadas na prefeitura para o possível ataque", conta Geraldo.

Uma semana antes do ataque, o grupo com dezenas de cangaceiros entrou no Rio Grande do Norte pela região de Luis Gomes, no Alto Oeste, e arrasou oito municípios por onde passou, até chegar, no dia 12 de junho, a São Sebastião, onde hoje é a cidade de Governador Dix-Sept Rosado. Ainda de acordo com os historiadores, o telégrafo ainda conseguiu enviar uma mensagem a Mossoró, avisando do ataque.

Ao longo do dia, a cidade foi sendo esvaziada, com famílias pegando trem para deixar Mossoró e um grupo de resistência com mais de uma centena de homens começou a se preparar para o ataque. Segundo os estudiosos, era final da tarde do dia 13 quando o bando começou a percorrer as ruas vazias e começou uma trocou tiros durante cerca de duas horas com os moradores resistentes.

O bando acabou fugindo, deixando para trás homens feridos, como o cangaceiro Jararaca, que foi preso, morreu e foi sepultado em Mossoró. O prefeito, que tinha a saúde fragilizada, morreu meses após o ataque.


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ESCRITOR JOÃO DE SOUSA LIMA EM VISITA À CASA DO SR. JOÃO MAURÍCIO, FILHO DO CANGACEIRO BARRA NOVA..



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Fofoca no Cangaço


Por João Filho de Paula Pessoa

A fofoca, a disputa e a intriga são fatores e situações muito antigas, sempre estiveram presentes em todas as sociedades da humanidade e em todos os lugares do mundo, e no Cangaço não foi diferente. Sabe-se da natural concorrência entre mulheres cangaceiras pela melhor formosura, melhores perfumes, roupas, tecidos, enfeites e adereços, bem como, tem-se notícias de fofocas e intrigas nas intimidades do cangaço, tendo na figura de Inacinha um destes exemplo de comportamento. 

Conta-se que Inacinha era briguenta, encrenqueira, respondona, faladeira e não era bem quista por muitos no cangaço, só era respeitada por ser mulher de Gato, um dos mais cruéis dos cangaceiros. 

Inacinha quando estava grávida de oito meses levou um tiro na bunda e foi capturada pelas Volantes, seu companheiro Gato morreu tentando resgata-la, ficou presa pouco tempo, teve o bebê mas o doou e se juntou com seu ex-carcereiro chamado “Pé na Tábua” que também era caminhoneiro e só andava vexado, com quem se juntou e seguiu nova vida. 

João Filho de Paula Pessoa, Fortaleza/Ce. 08/01/2020.


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