Calixto Junior, Manoel Severo e Cristina Couto
Existem personagens verdadeiramente marcantes, desses que mesmo que não se deseje, acabamos sempre tendo que nos render e reverenciar sua força. O sertão, terra de gente de raiz, força e fé, nos reserva alguns desses extraordinários personagens e do sertão do Ceará, no Vale do Salgado, surge com uma força incomum a figura lendária de uma mulher; um mulher que contrariou as regras e as leis de seu tempo, uma mulher inigualável que numa época em que ser do sexo feminino era quase não existir ousou ser a governadora do sertão ! Fideralina Augusto Lima, ou simplesmente, dona Fideralina de Lavras, Lavras da Mangabeira.
Calixto Junior, Fátima Lemos, Cristina Couto, Manoel Severo, Ângelo Osmiro
Cristina Couto e Fátima Lemos
"Primeira filha de Isabel Rita de São José e do major João Carlos Augusto, antigo deputado à Assembleia Provincial cearense, nasceu Fideralina Augusto Lima em Lavras da Mangabeira (CE), aos 24 de agosto de 1832. Apesar de jamais ter vivido fora do seu município, sua fama de mulher destemida e audaz correu mundos, sendo considerada uma das maiores simbologias do mandonismo e uma das grandes expressões políticas do Ceará e do Nordeste.
Conhecida como figura de destaque do coronelismo, cujo espírito encarnou com a sua armadura de guerreira, Fideralina sempre levou às últimas consequências as vinditas com os seus adversários, ganhando ou perdendo as demandas com as quais se envolveu. Falecida aos 16 de janeiro de 1919, foi casada com o major Ildefonso Correia Lima, e entre os fatos marcantes da sua trajetória podem ser enumerados: a detenção do poder político supremo, em Lavras da Mangabeira, e a derrubada do seu próprio filho, Honório Correia Lima, da chefia da Intendência local.
Senhora de vastos domínios territoriais e de grande vocação para o exercício da política, em Lavras estabeleceu residência em casarão localizado na então Rua Grande, hoje Major Ildefonso, e sua vivenda de campo foi construída no sítio Tatu do mesmo município, ostentando, além da casa-grande, a senzala, a capela e o engenho, símbolos máximos da autonomia do sistema latifundiário. Vastíssima tem sido a crônica histórica a seu respeito, valendo destacar algumas opiniões de abalizados conhecedores da nossa história política, selecionadas entre a complexa bibliografia que regista a sua trajetória. Em torno de sua pessoa disse Antônio Barroso Pontes: “Dona Fideralina, que na sua época dominou toda a região sul do Ceará”. E Joaryvar Macedo: “Mulher forte, Dona Fideralina tornou-se uma das maiores expressões da política cearense do seu tempo”.
DIMAS MACEDO
O último momento do Cariri Cangaço 10 Anos na acolhedora Lavras da Mangabeira iria marcar o reconhecimento por parte do Conselho Alcino Alves Costa à trajetória dessa extraordinária personagem que durante tanto tempo ditou e marcou os destinos de sua região, "à ferro e fogo" e a partir de Lavras legou uma prole que se destaca em vários segmentos da sociedade ate os dias de hoje.
Mesa solene de abertura
Rossi Magne, Ivanildo Silveira, Nivaldo e Fátima Pereira, Sulamita Buriti
Elane e Archimedes Marques
Gilmar Teixeira, Luiz Ruben, Ângela, Elane Marques, Rossi Magne,
Paulo Sérgio e Paulo de Tarso
Banda Municipal Zuza Vasques
Saindo do banquete sertanejo na Fazenda Pau Amarelo a caravana Cariri Cangaço 10 Anos chegaria a Câmara Municipal de Lavras da Mangabeira, quando sob a presidência de Cristina Couto; Conselheira Cariri Cangaço e presidente da Academia Lavrense de Letras, inicio-se sessão solene em homenagem aos 10 anos do Cariri Cangaço e o ciclo de descentralização do evento, inaugurado justamente em Lavras da Mangabeira em 2013.
Recepcionados pela Banda de Música Municipal Zuza Vasques, que brindou todos com "dobrados" sertanejos, trazendo Dominguinhos e Luiz Gonzaga , o plenário do legislativo municipal ainda iria testemunhar uma extraordinária apresentação dos artistas paraibanos, Quirino Silva; Conselheiro Cariri Cangaço e Célia Maria, numa performance inédita da dupla, homenageando o vaqueiro sertanejo.
Em suas palavras o curador do Cariri Cangaço, Manoel Severo, ressaltou a importância de mais uma vez, pela quarta vez; o Cariri Cangaço esta em Lavras da Mangabeira, "foi aqui em Lavras, no ano de 2013, ao lado de Cristina Couto, Dr Tavinho e uma equipe extraordinária, que viria a dá um de seus passos mais ousados, aqui iniciamos a descentralização de nossos eventos, até ali, ocorrendo apenas na região do cariri. A partir daquela nossa experiência de 2013 em Lavras o Cariri Cangaço ganhou o nordeste, configurando-se hoje como uma das mais ousadas iniciativas do gênero e já presente em 24 municípios de 6 estados nordestinos ".
"Assim opinaram Antônio Martins Filho e Raimundo Girão: “Valente espírito feminino a quem muito interessava a política cearense”. Já para Hugo Victor Guimarães foi Dona Fideralina uma “mulher extraordinária como expressão de bravura e coragem” e “uma das mulheres que tiveram maior projeção na vida política do Ceará”.
Para o pesquisador João Alves de Albuquerque, foi Dona Fideralina a “respeitável senhora que durante longos anos dirigiu a política de Lavras, cuja chefia lhe fora arrebatada pela morte, pois, só assim, lhe seria abatido o grande prestígio que sempre desfrutou em sua terra”. O poeta Gentil Augusto Lima, em conferência proferida na Associação de Imprensa da cidade de Campos (RJ), em 1955, assim se manifestou sobre ela: “Mais brava e de muito mais valor do que Bárbara de Alencar, e ainda do que Anita Garibaldi”. Já o historiador Valdery Uchoa afirmou ser Dona Fideralina uma “mulher notável pelo seu destemor e pela sua bravura”. João Clímaco Bezerra, em artigo estampado na revista Manchete (em 1976), buscando um paralelo para Marica Lessa, que inspirou o romance – Dona Guidinha do Poço –, de Oliveira Paiva, assim expressou o seu ponto-de-vista: “uma dessas mulheres que dominaram os sertões no tempo do império e que passaram ao lendário cearense como Dona Fideralina das Lavras da Mangabeira”. O historiador fluminense João Medeiros, em passagem de um dos seus livros, registrou que Dona Fideralina era uma mulher que, pela coragem e atitudes matriarcais, merecia o respeito em toda uma vastidão rural. E argumentou, em seguida: “Daí ser acatada sua palavra nos pronunciamentos políticos da região, pois conseguia ter seus filhos na representação do governo municipal, Assembleia Estadual e Câmara Federal”.E mais, revelou João Medeiros que o Padre Cícero, certa feita, chegou a ponderar que “não se podia escrever a história do Cariri sem se deter na pessoa dessa digna matrona”.
Rachel de Queiroz
O testemunho mais lúcido sobre Dona Fideralina, no entanto, fica por conta de Rachel de Queiroz, que, em artigo estampado na revista O Cruzeiro, de 07 de agosto de 1976, depois de afirmar que essa destemida matriarca lavrense foi “a mais famosa dona do Nordeste, e a senhora de mais cartaz do seu tempo”, acrescenta que Dona Fideralina “foi uma espécie de rainha sem coroa, foi uma legenda”. Ainda segundo as palavras de Rachel, “Das margens do São Francisco aos seringais do Amazonas a palavra de Dona Fideralina era lei. Sendo de corpo uma fraca mulher como nós todas, tinha, entretanto, uma alma de varão, e como varão era não apenas reconhecida, mas temida”.
E prossegue a autora de O Quinze: “Como toda pessoa que cai no folclore, acontece que a figura de Dona Fideralina foi algumas vezes deformada, envenenada, pois a boca do povo sempre altera o que repete, para o bem e para o mal. E assim, porque Dona Fideralina não tinha medo de ninguém, porque sendo apenas uma mulher, sabia fazer-se respeitada como um coronel de bigodes; porque, num tempo em que o cangaço era a lei única e nem o exército podia direito com um bando de jagunços (exemplo: Canudos, Juazeiro, Princesa), Dona Fideralina também se cercava de cabras armados para a defesa dos seus e da sua casa”.Na fase mais criativa da maturidade, ao publicar a sua obra-prima,Memorial de Maria Moura (São Paulo, Editora Siciliano, 1992), Rachel de Queiroz foi incisiva ao dizer que se tratava de um romance à clef, inspirado na vida de Dona Fideralina Augusto. E mais: chegou a publicar um folheto intitulado: Dona Fideralina das Lavras (Rio, UFRJ, 1990).O Cego Aderaldo, num dos seus poemas em que historia a Revolução de 1914, que derrubou o Governo Franco Rabelo, no Ceará, dá-nos igualmente a dimensão dessa ilustre matrona sertaneja, quando diz: “Goesinho rolou no chão / temendo a bala ferina / mas quando ele conheceu / que ali havia ruína / correu com medo dos cabras / de Dona Fideralina”.DIMAS MACEDO
Voldi Ribeiro e o Nascimento de Maria Bonita
Ainda na programação na Câmara Municipal de Lavras da Mangabeira, o pesquisador e escritor Voldi Ribeiro lançaria seu mais novo livro: "Lampião e o Nascimento de Maria Bonita" quando estabelece a real data de nascimento da Rainha do Cangaço; cantada em prosa e verso como sendo 8 de março ; Dia Internacional da Mulher; isso do ano de 1911 . Em 2011 o sociólogo Voldi Ribeiro, depois de incansáveis pesquisas encontrou o registro de nascimento da Maria Déa, era o dia 17 de janeiro de 1910.
Veja a Apresentação de Voldi Ribeiro
Imagens de Raul Meneleu; canal YouTube
A derradeira parada da caravana Cariri Cangaço foi na emblemática Casa de dona Fideralina Augusto Lima, o lendário casarão logo ali no centro de Lavras da Mangabeira, na esquina que leva o nome de seu falecido marido, Major Ildefonso, a 100 metros da praça da matriz.
Para a presidente da Academia Lavrense de Letras e Conselheira do Cariri Cangaço, pesquisadora e escritora Cristina Couto: " Lavras da Mangabeira não poderia ficar fora desse grande evento, e, foi a atitude da Academia Lavrense de Letras, a disponibilidade e atenção de Manoel Severo e da família Cariri Cangaço, além, da grande contribuição da Família Augusto que fez nossa passagem por Lavras da Mangabeira uma linda e grande festa. Dr. Gustavo Augusto Lima Bisneto e Fátima Rodrigues Augusto, Franklin Augusto e Telma Augusto, Cibele Augusto, Rejane Augusto e Luisinho Gonçalves, João Augusto Neto e João Augusto Lima, Sheila Augusto e Milton Queiroz que como todo bom Augusto sabe receber. Elegância, fartura e simpatia fizeram parte do nosso almoço na fazenda Pau Amarelo. A Câmara Municipal nos recebeu ao som da Banda de Música Zuza Vasques, obrigada Lula, o competente maestro e seus músicos, agradecendo também, ao secretário Hélio Sarmento. Depois, esta nossa ida ao Casarão da lendária Fideralina Augusto Lima, lá recepcionados por Magnólia Férrer , o café da tarde oferecido pelos os descendentes da velha matriarca foi mesmo coisa de anfitriões requintados e bem educados como é tradição da família. Obrigada a todos que fizeram o Cariri Cangaço 10 Anos."
Para a presidente da Academia Lavrense de Letras e Conselheira do Cariri Cangaço, pesquisadora e escritora Cristina Couto: " Lavras da Mangabeira não poderia ficar fora desse grande evento, e, foi a atitude da Academia Lavrense de Letras, a disponibilidade e atenção de Manoel Severo e da família Cariri Cangaço, além, da grande contribuição da Família Augusto que fez nossa passagem por Lavras da Mangabeira uma linda e grande festa. Dr. Gustavo Augusto Lima Bisneto e Fátima Rodrigues Augusto, Franklin Augusto e Telma Augusto, Cibele Augusto, Rejane Augusto e Luisinho Gonçalves, João Augusto Neto e João Augusto Lima, Sheila Augusto e Milton Queiroz que como todo bom Augusto sabe receber. Elegância, fartura e simpatia fizeram parte do nosso almoço na fazenda Pau Amarelo. A Câmara Municipal nos recebeu ao som da Banda de Música Zuza Vasques, obrigada Lula, o competente maestro e seus músicos, agradecendo também, ao secretário Hélio Sarmento. Depois, esta nossa ida ao Casarão da lendária Fideralina Augusto Lima, lá recepcionados por Magnólia Férrer , o café da tarde oferecido pelos os descendentes da velha matriarca foi mesmo coisa de anfitriões requintados e bem educados como é tradição da família. Obrigada a todos que fizeram o Cariri Cangaço 10 Anos."
Rossi Magne, Luiz Forró, Manoel Severo, Jorge Remígio, Narciso Dias e Fátima Lemos
João Tavares Calixto Junior, Raul Meneleu, Ingrid Rebouças e Jorge Remígio
Luiz Forró e Rossi Magne
Com a palavra o pesquisador potiguar , Carlos Alberto Silva: "Um dos dinamismos do Cariri Cangaço, permite aos seus partícipes, uma dinâmica de aprendizagem: leitura prévia, palestra, visita técnica ao cenário e a volta da leitura dos livros, com isso, ganhando qualidade de compreensão e conhecimento dos fenômenos e fatos sociais da história do Sertão nordestino.
A afirmativa acima foi contemplada no evento dos 10 Anos do Cariri Cangaço (de 24 a 28/07/2019), no Sul do Ceará, especificamente no dia 26/07/2019, sexta-feira, a visita ao Casarão da Matriarca, em Lavras da Mangabeira-CE.
Foi muito salutar conhecer uma das residências de atuação de Fideralina, a da urbe, e, a explanação da pesquisadora Cristina Couto. Dois fatos, chamaram atenção, que, envolveu dois membros da família da Matriarca: o filho e o neto, de nomes Ildefonso, ambos foram médicos, então, já na utilização da caneta e não do bacamarte, ou seja, o filho atestou na Questão de Juazeiro(1), de 1889, como causa sobrenatural, e, a morte do neto, na Vila de Princesa-PB, em 1902.
Existe uma ampla bibliografia, de pesquisadores locais, inclusive, de descendentes da genealogia fideraliniana, como Joaryvar Macedo, Melquíades Pinto Paiva, Dimas Macedo, Rejane Monteiro, Émerson Monteiro, Cristina Couto, João Tavares Calixto Júnior, Rui Martinho Rodrigues e além de Outros."
(1) A Questão de Juazeiro: segundo os pesquisadores do tema, na sexta-feira santa, de março de 1889, o Padre Cícero administrou a comunhão, ao inserir a hóstia na boca da Beata Maria de Araújo, a mesma, teve a presença de sangue, com repetição em outros momentos. Logo, foi classificado como um acontecimento sobrenatural. A cúpula da Igreja Católica abriu o primeiro processo e o médico Ildefonso Augusto Lima (*1860,+1911) atestou e classificou o episódio como de origem metafisica. Tudo isso foi sintetizado e denominado de Questão de Juazeiro.
Os presentes foram convidados a uma visita guiada que teve como anfitriã a pesquisadora e escritora Cristina Couto, a cada passo, a cada imagem, a cada comodo, Cristina ia apresentando e aprofundando a espetacular história do Clã dos Augustos e a personalidade marcante de Dona Fideralina.
Casarão de Dona Fideralina
Urbano Silva e Comendador Mariano
Cristina Couto em visita guiada pela Casa de Dona Fideralina
Dona Fátima e Dr Herton Cabral
Um dos pontos altos da visita à Casa de Dona Fideralina foi a entrega das comendas feitas pelo Conselho Alcino Alves Costa, do Cariri Cangaço. Foram contemplados a Matriarca dos Augusto; à Dona Fideralina foi concedida a comenda "Personalidade Eterna do Sertão", já o atual proprietário do imóvel, deputado estadual Heitor Ferrer; responsável pela restauração e manutenção desse patrimônio, recebeu a comenda do Mérito Cultural .
Ivanildo Silveira, Manoel Severo, Magnólia Ferrer e Cristina Couto
Palavra do Curador do Cariri Cangaço,
Manoel Severo
Manoel Severo
Fonte:YouTube Canal, Raul Meneleu
"A sua participação na Revolução de 1914, conhecida por Sedição de Juazeiro, foi das mais decisivas para a vitória do Movimento. De uma só empreitada, segundo Floro Bartolomeu, ela teria colocado cinco mil cartuchos à disposição dos que lutavam contra o Governo de Franco Rabelo. Otacílio Anselmo, que se refere a esse episódio, no seu livro Padre Cícero: Mito e Realidade (Rio, Editora Civilização Brasileira, 1968); e bem assim historiadores como João Brígido e Joaryvar Macedo atribuem um papel político de destaque a Dona Fideralina Augusto, diante da Sedição de Juazeiro e ao tempo da Primeira República.Manteve Dona Fideralina relações de amizade com o Padre Cícero, e com os maiores coronéis do Cariri, colocando-se contra ou a favor dos que rezavam ou não rezavam pela sua cartilha, mandando e desmandando nas coisas da política sempre que achava que assim devia proceder. E o vulgo popular compreendeu, e a literatura de cordel assim registrou que ela, Dona Fideralina, diferente dos grandes coronéis do Cariri, queria mandar no mundo inteiro e não apenas na política da sua região.Na sua terra de berço, jamais admitiu que alguém tivesse mais poder do que ela, vivendo sempre às turras com o Monsenhor Meceno, político cearense da maior expressão e que foi vigário de Lavras durante o apogeu do seu mandonismo. Fidera vasculhou de tal forma a vida desse sacerdote, que terminou descobrindo, em Tauá, um deslize por ele cometido, dando ciência do feito a seus paroquianos, através de um panfleto bastante audacioso. Na primeira década do século precedente, tomou partido em várias refregas memoráveis verificadas no Sul do Ceará, e de todas essas refregas saiu-se Dona Fideralina muito bem, fazendo, em Lavras da Mangabeira, o casamento da sua filha Josefa com o Juiz de Direito da Comarca, ameaçando-o com uma severa imposição, e tal forma que o magistrado se mudou depois para o Amazonas, não regressando mais ao Ceará.
Em 1902, como registra Joaryvar Macedo, em Império do Bacamarte(Fortaleza, Casa de José de Alencar, 1990), a velha matriarca de Lavras determinou a invasão de Princesa, no Estado da Paraíba, para vingar a morte do seu neto, Ildefonso Augusto, constituindo, na época, o Batalhão de Dona Fideralina, comandado por Zuza Febrôncio e que ali cumpriu fielmente a sua decisão. Em Lavras, investiu-se com todas as prerrogativas no poder local, fazendo o jogo dos interesses políticos com a posição da Intendência; e, não conseguindo demover o seu filho, Honório Correia Lima, do cargo de Intendente, em 26 de novembro de 1907, retirou o mesmo do poder pela força do velho bacamarte, cobrindo-se depois de luto e se enfurnando em sua fazenda, durante certo tempo.O fato , como bem salientou o historiador Joaryvar Macedo, trouxe consequências funestas, não somente para os membros da família Augusto, da qual Dona Fideralina era o pedestal máximo de referência, mas para todo o município de Lavras da Mangabeira."
A Conselheira Cariri Cangaço e presidente da Academia Lavrense de Letras, Cristina Couto e a escritora Fátima Lemos, Receberam a comenda em nome em nome da matriarca mais famosa dos sertões cearenses; entregaram a honraria os Conselheiros Cariri Cangaço, Emmanuel Arruda, Juliana Pereira e Luiz Ruben, já a senhora Magnólia Ferrer recebeu em nome de seu irmão; deputado Heitor Ferrer a comenda das mãos de Cristina Couto.
"Seu pai, João Carlos Augusto, antigo Deputado Provincial, fez-se, em toda a região do Vale do Salgado, um dos maiores líderes políticos do seu tempo. Afilhado e tido como filho natural de um governador do Ceará (o Barão de Aracati), trazia do berço, o Major João Carlos, os requintes da aristocracia; e como bom guerreiro e líder político do seu povo, chefiou as tropas que libertaram a Vila de Lavras dos asseclas de Pinto Madeira. Em 1832, ano em que Dona Fideralina nasceu, a Capital do Médio Salgado encontrava-se dominada por esse grande caudilho de Jardim, que espalhava terror e sobressalto em todas as ruas do lugar, às vezes, até em parceria com o Padre Verdeixa, o vigário lavrense de então. Esse desmiolado Padre Verdeixa, conhecido pela alcunha de Canoa Doida, foi quem batizou Fideralina Augusto, aos 19 de setembro de 1832, na Igreja Matriz de São Vicente Ferrer, recebendo ela, na pia batismal, o nome que o seu pai achava muito próximo dos ideais federalistas e da forma de Estado nos quais acreditava, e pelos quais os seus familiares lavrenses haviam lutado bravamente.
O entorno familiar de Fideralina Augusto fez-se, todo ele, cercado de tragédias e acontecimentos que chamam de plano a atenção: seu tio-avô, pelo lado materno, José Joaquim Xavier Sobreira, vigário da freguesia de Lavras e político de grande atuação em todo o Ceará, foi envenenado; sua tia, pelo ramo paterno, Cosma Francisca de Oliveira Banhos, assim como seu pai, João Carlos Augusto, e o seu irmão, Ernesto Carlos Augusto, foram assassinados; e seu primeiro neto a formar-se em Medicina, Ildefonso Augusto de Lacerda Leite, foi trucidado de forma violenta na Vila de Princesa, em 1902.
Mas Dona Fideralina, com os fulgores da sua fortaleza, sobreviveu a todas as tragédias, à ferrenha oposição da sua irmã, Dulcéria Augusto de Oliveira, e a todas as circunstâncias difíceis da sua trajetória. Teve que tomar decisões que lhe fizeram sangrar o coração, tal aquela de optar por um filho, o Coronel Gustavo, e ter que derrubar o outro do poder político pelo uso da força. Episódios verificados na cidade de Lavras entre 1907 e 1910 e, especialmente, entre 1911 e 1914, trouxeram-lhe vários dissabores, e dividiram definitivamente os descendentes da família Augusto, ao preço de assassinatos memoráveis, tal aquele perpetrado contra o seu próprio filho, o célebre Coronel Gustavo. Como nenhum mandatário do seu tempo, Dona Fideralina encarnou as instituições vigentes em sua época, juntando, ao seu patrimônio de latifundiária, várias possessões de terras do município, e garantindo a sobrevivência do feudo com o trabalho servil de base escrava, que jamais aboliu nas cercanias das suas fazendas e na casa-grande do sítio Tatu." DIMAS MACEDO
Louro Teles
Jorge Remígio
Erasmo Teixeira, Célia Maria
Gurgel Feitosa, Zé Carlos Nascimento, Quirino Silva e Antônio Vilela
De Assis, Manoel Severo, Cícero Aguiar e Rangel Alves da Costa
Gurgel Feitosa, Manoel Severo e Josué Santana
Dr Herton Cabral e Gilmar Teixeira
Edvaldo Feitosa, Ingrid Rebouças e Rosália Freire
Emmanuel Arruda, Quirino Silva e Jorge Figueiredo
A tarde noite foi encerrada com o autêntico Café Colonial na casa de dona Fideralina, ali, sob a mistica e o magnetismo dos Augusto, a todo momento nos deparávamos com os fragmentos dos muitos episódios que tiveram como cenário o emblemático Casarão de Dona Fideralina.
"O seu esposo, Ildefonso Correia Lima (16.3.1928 a 27.12.1876), natural de Várzea Alegre, exerceu, na Vila de São Vicente das Lavras, preponderante atuação política, tendo ali ocupado os cargos de membro da Guarda Nacional, juiz municipal, delegado de polícia, vereador e presidente do Poder Legislativo, o que correspondia na época ao cargo de Prefeito. Além do seu marido, todos os seus filhos, genros e cunhados protagonizaram de tal modo o poder político em sua terra, que se torna difícil, na história de Lavras, encontrar um cargo de chefia do Executivo, do Legislativo ou do Judiciário (estadual ou municipal) que não tenha sido por um deles monopolizado, isto desde quando ela resolveu encarnar a política como vocação, somente deixando de reinar após a sua morte, em 1919.
Conhecida igualmente por Fidera, ou Didinha, como ainda hoje lhe fazem referências alguns membros da família, o certo é que Dona Fideralina Augusto tem presença assegurada na história das transformações políticas por que passou o Ceará nas primeiras décadas da República Velha." DIMAS MACEDO
Cristina Couto e Ingrid Rebouças
Cariri Cangaço 10 Anos
Câmara Municipal de Visita a Casa de Dona Fideralina
Lavras da Mangabeira, 26 de Julho de 2019
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