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terça-feira, 3 de janeiro de 2023

CAPITÃO LUIZ MARIANO DA CRUZ MEMÓRIA DE UM HERÓI

 Por Valdir José Nogueira*

Há homens predestinados a deixar para a história, um legado de coragem, de sacrifício, de amor e vocação à causa pública, aliado à determinação de seus ideais, com uma fé inabalável em Deus. O Legendário belmontense Capitão Luiz Mariano da Cruz encontrou nas décadas de 20 e 30 do século passado, um cenário desolador em decorrência do banditismo, que culminou com o aumento desordenado da criminalidade na região sertaneja. Intensificava-se naquela época o ciclo do cangaço, tempo difícil e inseguro para muita gente. Os cangaceiros aterrorizavam as cidades, realizando roubos, extorquindo dinheiro da população, sequestrando figuras importantes, além de saquear fazendas.

Esses grupos eram integrados, na maioria das vezes, por jagunços, capangas e empregados de latifundiários (detentores de grandes propriedades rurais). Esse movimento está diretamente relacionado à disputa da terra, coronelismo, vingança, brigas de famílias etc.

São José do Belmonte, hoje a próspera cidade do sertão central de Pernambuco, sendo uma região de fronteira, despontava como um verdadeiro arraial nas hostes do cangaço, por aqui Lampião, o rei do cangaço, deixou também seu rastro de sangue, morte e destruição, quando junto a um numeroso grupo de cangaceiros no dia 20 de outubro de 1922, invadiu a cidade para eliminar o próspero comerciante Luiz Gonzaga Gomes Ferraz. Durante o ataque, os cangaceiros também sofreram a heroica resistência do destacamento de polícia local sob o comando do bravo sargento Sinhozinho Alencar (José Alencar de Carvalho Pires) que contou naquela difícil situação apenas com oito praças. E dentre esses soldados lutou bravamente o jovem Luiz Mariano da Cruz, na ocasião com 22 dois anos de idade.

Pertencente a uma das tradicionais famílias belmontenses, o capitão Luiz Mariano da Cruz nasceu na fazenda Cacimba Nova no dia 08 de dezembro de 1899, filho do Sr. Manoel Mariano de Menezes e de dona Maria Francisca de Jesus. Luiz Mariano, durante sua vida se destacou como um aguerrido policial na perseguição a Lampião e seu bando.

Inicialmente, perseguiu-o no seu torrão natal, após, junto com o nazareno e lendário Tenente Manoel Neto, se embrenhou nas caatingas baianas e Raso da Catarina, onde teve dezenas de combates, tendo saído ferido em alguns, inclusive, tendo que se submeter a tratamento na cidade de Salvador, em face da periculosidade dos ferimentos sofridos. Na sua história militar, Luiz Mariano também foi delegado de polícia da cidade de Itabuna na Bahia e em Petrolina, Pernambuco.

 Cafinfin, Luiz Mariano e Manoel Neto

O bravo e afamado soldado Luiz Mariano, já capitão reformado, volveu os seus olhos inteligentes para a produção nativa do catolé, existente abundantemente na lendária Serra do Catolé, localizada nos limites do município de São José do Belmonte, sua terra natal, com o Estado da Paraíba. Luiz Mariano comprava toda a produção de catolé aos moradores da região, e comercializava com a empresa Alimonda Irmãos S.A. na cidade do Recife (PE). Esta empresa, fundada no ano de 1930, dedicou suas primeiras três décadas, à produção de sabão. O catolé de São José do Belmonte era destinado para esse fim, diante da visão empreendedora do Capitão Luiz Mariano. O pó da palha do catolé era também comercializado com empresários da cidade de Salvador (BA), e destinava-se ao fabrico de vinis, na época os famosos “discos de 78 rotações”.

Quis o destino, que no dia 21 de maio de 1943, numa das suas costumeiras viagens de negócios, transportando uma grande carga de catolés de São José do Belmonte para o Recife, o caminhão tombou em Ipanema, município de Pesqueira (PE), causando a morte aos 42 anos de idade do bravo e inesquecível capitão Luiz Mariano da Cruz.

 Sepultamento de Luiz Mariano

O mesmo foi casado em 1918 na cidade de Custódia – PE com Maria Bezerra (Liquinha). Desse casamento houve um filho o coronel José Mariano Bezerra (Zequinha), nascido no dia 14 de janeiro de 1928. Este senhor foi casado com Zuleima Ferraz Bezerra filha do coronel José Alencar de Carvalho Pires (Sinhozinho Alencar) e de Albertina Ferraz Alencar.

Porém, foi durante o combate contra o banditismo que o nome do Capitão Luiz Mariano ficou gravado na história. Durante esse período de terror, o capitão Luiz arregaçou as mangas, apurou crimes, prendeu bandidos, capturou bandos de cangaceiros e ladrões de cavalos, sem dispor à época, de armas, viaturas e helicópteros, enfrentando dificuldades de toda ordem. Dispunha na verdade, de seu velho “38” e de uma reduzida, mas eficiente equipe de policiais de sua irrestrita confiança.

Mais das vezes sua viatura era o lombo de um bom cavalo, para as estradas batidas de poeiras e veredas do sertão. Foi um policial astuto e muito valente. Enfrentou todas as adversidades da natureza, como o surto de infestação de várias doenças tropicais, como as terríveis febres, sobrevivendo heroicamente. Foi um trabalhador incansável, um líder nato, um policial polivalente.

A cidade de São José do Belmonte no passado denominou uma de suas ruas com o nome deste grande vulto de sua história. Todavia hoje a maioria dos seus habitantes desconhece a trajetória deste bravo belmontense, policial de brio, homem honrado e probo, símbolo da concretização de um ideal, que certamente servirá de luz, como um farol, a guiar as futuras gerações de oficiais e praças da bicentenária e histórica Corporação que é a Polícia Militar de Pernambuco.

*Pesquisador e escritor

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LIVRO DO ESCRITOR JOSÉ BEZERRA LIMA IRMÃO

    Por José Irari

Prezados confrades estudiosos e pesquisadores do tema nordeste e cangaço!! Novo livro do renomado escritor José Bezerra Lima Irmão!! Desta vez sobre Maria Bonita, recomendo sem medo de decepcionar... escritor de pesquisas honestas e fundamentais para estudos do tema. Adquirir meu exemplar via professor Francisco Pereira Lima. Desde já, parabéns nobre amigo José Bezerra Lima Irmão. 

Que venham outros trabalhos!

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LIVRO DO ROSTAND MEDEIROS

  

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LIVRO

   Por Luma Hollanda

Gratidão a Deus e a todos que compareceram ao lançamento do meu 3⁰ livro, na Livraria do Luiz. "Lugares de Memória" do Cangaço, reuniu familiares e amigos que estavam tão distantes! Um beijo no coração de cada um.



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BIOGRAFIAS DOS CABRAS A HISTÓRIA DE "CRAVO ROXO" OU "SOMBRA"

 Ex-cangaceiro de Iguatu, Ceará - Parte I (O que o fez adentrar no cangaço).

Vale a pena conferir a série de reportagens especiais que o jornal "Diário do Paraná" elaborou e publicou acerca do ex cangaceiro Camilo Soares de Oliveira, o "Cravo Roxo" ou "Sombra", do grupo de Lampião, como ele mesmo informou quando da estada em Ponta Grossa, PR, aos 74 anos, em dezembro de 1973.*

 

Camilo informou, dentre várias outras curiosidades, que passou três anos, dez meses e quatro dias sob as ordens de Lampião e que quando esteve com o Pe. Cícero, recebeu daquele, além de conselhos, algumas lembranças que guardava consigo ainda naquela época, como um rosário do qual rezava sempre e não se separava nunca, o que foi mostrado á redação do jornal.

Em reportagem feita por Osvaldo Nallim Duarte com fotos de José Eugênio, Camilo detalhou sua vida, apontando episódios dos quais participou com riqueza de detalhes. Sem constrangimento, diz que seu primeiro crime ocorreu num sábado em 1919, na Sussuarana (lugarejo próximo a Iguatu, Ceará) quando atirou num homem "porque ele estava maltratando uma mulher".

Para fugir deste crime, Camilo afirma ter roubado um cavalo nas proximidades e foi parar em Senador Pompeu. onde largou o animal e conseguiu lugar num caminhão "pau de arara" que lhe deixou em Canindé. Foi preso quando se encontrava num bar, bebendo, pelo capitão José Santos Carneiro, da delegacia local, na tarde de domingo. Diz que mesmo jovem, já era conhecido e foi "dedado" por um habitante de Canindé.

A polícia transportou-o, posteriormente, de volta a Iguatu, onde, em certa ocasião, travou o primeiro contato efetivo com um coronel poderoso, José Mendonça, que lhe visitou na prisão e lhe prometeu "fazer o possível" para tirá-lo de lá.


Uma promessa mais concreta, no entanto, foi-lhe feita pelo coronel Otaviano Benevides (inimigo de Mendonça), que jurou soltá-lo sob uma condição: em liberdade, teria que matar Paulo Brasil, outra pessoa de influência no interior cearense. Naquele momento, Camilo afirmou que iria pensar.

Esse assédio dos coronéis não o livrou da cadeia. Mais ou menos cinco meses depois de cometer o crime, Camilo foi julgado perante enorme multidão que se aglomerava no tribunal e foi condenado a dois anos e nove meses de cadeia.

Depois de preso, cumprindo a pena, passou a trabalhar como guarda noturno, sob liberdade condicional, onde nove meses depois conheceu Maria Cecília Barros, por quem se apaixonou.

O namoro que se iniciou, precipitou os acontecimentos que culminaram com um segundo crime, mesmo antes de ter completado a pena: o amor entre ambos sofria forte oposição de Antônio de Barros, pai da moça.

Poucos dias depois de iniciado o namoro, chegou a Iguatu um rapaz procedente do Amazonas, rico, que após poucos dias depois de chegar pediu a mão de Cecília a seu pai, obtendo imediato consentimento.

Diante disso, a população do lugar, que por costume tinha conhecimento de tudo quanto se passava na cidade, fez fervilhar os comentários: um encontro entre Camilo e o novo pretendente não iria demorar.

No dia 26 de julho de 1921, véspera de uma festa típica - a de "Nossa Senhora de Santana" - Camilo estava costumeiramente bebendo num bar quando recebeu a visita do seu irmão Militão, que lhe disse: -- Camilo, pelo amor de Deus, pare com essas besteiras que mamãe ainda vai morrer de desgosto. Amanhã eles vão se casar.

Nessa tarde, quando retornava para sua casa, Camilo fora avisado que o sargento Antônio Emílio, da polícia local, estava promovendo um forró para atraí-lo e matá-lo.
- Se eu não casar com Maria, ninguém casa, respondeu.
Um preto, Júlio Mundino, foi procurá-lo ainda nesse dia e lhe sugeriu que fosse à dona Matilde, porque "ela acabava com todo casamento que o cliente quisesse". As 18:30 mais ou menos, ele estava na casa da vidente, que colocando a mão na sua cabeça, afirmou, depois de ter acendido duas velas e colocado um copo d'água numa mesa:
- Meu filho, ela não vai casar nem com você, nem com ele, vai casar com um terceiro e seu primeiro filho vai ser paralítico. O marido dela vai fugir com uma moça e ela vai morrer na miséria.


No dia seguinte, Camilo sabendo que Maria teria que passar na frente da sua casa para ir à Igreja, casar, ficou aguardando. Mas quando ela passou, estava acompanhada pelo pai e mais quatro "cabras". Assustado, não fez nada.

Minutos depois, a igreja ficou tumultuada. A moça recusou-se a dizer "sim". Camilo já estava inteirado da situação quando encontrou-se com um mecânico seu amigo, que lhe entregou um revólver e uma caixa de balas, recomendando-lhe cuidado, porque a coisa estava "preta" para o seu lado.

Aproximadamente às 16:30h, Camilo passou pela praça, indo em direção à sua casa, acompanhado pelo irmão mais novo, Militão. na frente da igreja estava um "povo medonho". Entretanto, antes de chegar em casa, avistou Maria Cecília, o noivo e o sargento Antônio Emílio juntos, vindo em sua direção. No momento, preparou-se para o pior. Maria Cecília foi a primeira a falar quando eles se encontraram:
- Camilo, não fujo como você porque sei que meu pai vai atrás de nós e me toma de novo.
Em seguida, os dois rivais passaram a discutir em altos brados, sob a presença ameaçadora do sargento. Militão, de nove anos, também ficou por perto.

Segundo Camilo, o noivo lhe bateu com um guarda-chuvas, o que lhe fez disparar duas vezes contra ele. Com isto, o sargento lhe agrediu por trás, mas o irmão lhe ajudou e ele pôde atirar também nele.

Depois que se embrenhou pelo mato, fugindo, Camilo ainda encontrou-se, algumas horas mais tarde, com Zé Quindim, que lhe informou o resultado da briga: o noivo tinha morrido e o sargento estava no hospital entre a vida e a morte.

Após esses dois acontecimentos, começou a seguir um caminho que o conduziria ao cangaço.

Continua...

*Transcrição do pesquisador e escritor João Tavares Calixto Júnior

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UM NOME PARA A HISTÓRIA??? LAMPIÃO E A MORTE DO PAI

 Por Clerisvaldo B. Chagas


- Quem matou José Ferreira, pai de Virgolino, foi o volante Benedito Caiçara, intempestivamente, sem saber nem quem ele era, na hora da invasão a casa. 

(Essa versão é sustentada por uma das maiores fontes do cangaço que nos pediu para que não colocasse o seu nome, por motivo de amizade com a família de Caiçara).

Ten. José Lucena
Por essa digna e insuspeita fonte, confirmada pelo saudoso batedor da tropa de Lucena, Manoel Aquino, homem de bem, que ouvira de seus colegas de farda. Como era um homem de princípios, Lucena recriminou duramente a Caiçara, mas assumiu a morte do senhor José Ferreira, uma vez que se achava responsável pelos atos dos seus comandados.

Existe uma versão que diz que o volante Caiçara fora duramente recriminado pelo comandante, teve sua farda rasgada, levado uma surra e expulso da polícia. A mesma fonte inicial, que tinha fácil acesso a ambos, diz não conhecer essa versão. E que o soldado Caiçara era perverso, mas Lucena gostava muito dele.

Depois da polícia, Caiçara passou a ser sacristão do padre Bulhões e não antes. Ainda como volante Benedito matou a pedradas um dos irmãos Porcino (José) ferido, em uma das diligências de Lucena, e que nunca pertencera ao bando.

Quanto à morte de Luís Fragoso, é sabido por todos, que Lucena não gostava de colecionar prisioneiros. Ladrões em geral, especialmente ladrões de cavalos, assaltantes, desordeiros, perturbadores da ordem pública, muitos foram executados em cova aberta. A ordem para limpar o Sertão já vinha de cima.

Na morte de José Ferreira não houve combate. Os três filhos mais velhos não estavam presente. O depoimento de João e de Virtuosa são bens claros, explanados por Vera Ferreira e Antonio Amaury.


Marco Histórico no local da morte de José Ferreira
Cortesia de Robério Santos

Na versão de Bezerra e Silva, houve forte tiroteio na fazenda Engenho. Além da morte de José, ficou ferido Antônio Ferreira, na perna. Os Ferreira juntaram-se aos Porcino, conduziram Antônio numa rede e com um grupo de 25 homens, partiram para Pernambuco, pernoitando na vila Mariana. Pela manhã viajaram.

Lucena chegou à vila, tachou seus habitantes de coiteiros; os soldados ocuparam as ruas praticando absurdos e o comandante ainda andou seviciando pessoas (...)       

Do meu livro em parceria com Marcello Fausto “Lampião em Alagoas”, pág. 98-99.

Pescado no Blog do Clerisvaldo

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Tem muito mais no livro visse?
São 467 páginas. Preço: R$ 55,00 (Cinquenta e cinco reais) com frete incluso, para todo o Brasil. Onde comprar? Com o revendedor oficial Professor Pereira através do E-mail franpelima@bol.com.br ou pelos tels. (83) 9911 8286 (TIM) - (83) 8706 2819 (OI).

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SÍTIO HISTÓRICO EM JEREMOABO, BA AS RUÍNAS DA CARITÁ DO BARÃO

 Por: Biu Vicente


Fazenda Caritá - Barão de Jeremoabo
Foto de Biu Vicente

Em minhas andanças pelo Brasil algo que me trouxe uma profunda emoção foi olhar o enorme lago onde está sepultado o que restara da cidadela criada por Antonio Vicente Maciel e os seus seguidores que o chamavam de Conselheiro. Aquela imensidão de água, estancando a passagem do Rio São Francisco*, era a vitória definitiva sobre o sonho louco de quem se pusera em confronto com gente muito poderosa. Mas, ali, perto daquelas águas que esconderam a “Velha Canudos” foi erguido um monumento, uma enorme estátua do Conselheiro que, lá de cima, olha sobranceiro, vitorioso sobre os seus vencedores.

Mas, surpresa maior eu tive na visita que, em Jeremoabo, à Fazenda Caritá, local de nascimento de Cícero Dantas Martins, que é mais conhecido como Barão de Jeremoabo, uma das ilustres personalidades da Bahia imperial e das primeiras décadas da República. O Barão de Jeremoabo foi proprietário de imensos territórios que herdou de seu pai, administrador das terras da Casa da Torre, e fez crescer graças às suas habilidades de comerciante e empresário inovador. Ele inaugura o período das usinas de açúcar, em uma de suas fazendas. Nos dias atuais seus descendentes continuam atuando e influenciando os destinos da Bahia e do Brasil.


Barão de Jeremoabo
Wikpédia

Morto em 1903, o Barão tem notoriedade nos livros de História por sua participação na fase inicial da Guerra do Fim do Mundo, a Guerra de Canudos. Recente publicação das Cartas do Barão – homem de letras, estudos e comércio – se diz que Cícero Dantas Martins tentou convencer a Antonio Conselheiro desistir de seus projetos em organizar um povoado. 

O Barão teria auxiliado a idéia da organização da primeira tropa que acometeu os Conselheiristas. Claro que a atuação de um “desorganizador” da mão de obra na região criou instabilidade na Bahia dos latifúndios e na República dos Coronéis da “Guarda Nacional”, instituição que deveria ser extinta com a República, mas que se manteve no imaginário e cotidiano dos mais pobres. 

A surpresa que tive, entretanto é que nessa terra que nada guarda, nada conserva de sua história, também está deixando ser destruída o conjunto que forma a Fazenda Caritá: 3 casas de moradores, a Casa Grande e sua cozinha externa (com um dos primeiros serviços de água aquecida para o banho), o engenho de tração animal e a casa de banhos da família. Tudo isso está sendo reduzido a cinzas sob a proteção do INCRA e o silêncio do IPHAN. Esse conjunto nem mesmo está tombado pelo Patrimônio Histórico, ele está tombando.

 Engenho de Tração Animal na Fazenda Caritá 
Foto de Biu Vicente

É fácil entender que uma república de latifundiários não queira mostrar as ruínas das vidas arruinadas dos trabalhadores rurais, por isso Canudos está sob as águas de uma barragem, mas será que essa república se envergonha dos latifundiários do passado, e quer esconder no esquecimento os que destruíram Canudos para construir o Brasil de Hoje? 

Nós queremos nossa História. O INCRA não tem o direito de deixar virar cinzas um dos conjuntos arquitetônicos e residencial que explicam a nossa história. O IPHAN tem que ser acionado.

Pesquei no Biu Vicente

*Com o objetivo de ajudar nas informações, o leitor "P. J. L. N". lembra ao autor que o rio que abastece a barragem de Tucano, não é o São Francisco, e sim o Vasa Barriz. 

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LAMPIÃO E O "LAJEDO DO BOI" UM DOS LOCAIS DAS FILMAGENS DE ABRAHÃO

 


Na historiografia do cangaço são muito analisadas as filmagens que Benjamin Abrahão fez com Lampião e seu bando.
 



No ano de 1936, o árabe passou vários meses filmando o bando nas caatingas, e, no governo de Getúlio Vargas, o "DIP" - departamento de imprensa e propaganda confiscou o filme produzido, entendendo que o mesmo, ia contra os princípios da república e afetava a imagem do governo.

Das filmagens originais de Abrahão, sobraram, apenas, em torno de 10 minutos, uma vez que, o restante foi estragado pelo tempo, nos porões da ditadura.

Onde foram feitas as filmagens de Abrahão com o grupo de Lampião?

Segundo estudiosos, apesar de Benjamin ter passado vários meses filmando o grupo um dos locais destas foi No lugar “Lajedo do boi”, próximo ao povoado do "Capiá da igrejinha ", pertencente ao município de Canapi , estado de Alagoas .

Pequeno templo que batiza o povo e o povoado.


O Lajedo fotografado há alguns anos.
Nesse lajedo, os cangaceiros se abasteciam de água, cozinhavam etc. Veja, logo abaixo, a imagem da época feita por Benjamin Abrahão, vendo-se, um cangaceiro carregando água em um pote, em cima do lajedo que acumulava o precioso líquido.naquele “lajedo”, que Lampião se acoitou com seu grupo, em 1936.

  
Cangaceiros carregando potes com água, para abastecimento do grupo.

 Mais um ângulo do grande "Lajedo do boi” hoje.

Fotos recentes Cortesia do escritor do cangaço, Dr. Sérgio Augusto Souza Dantas.

Créditos
Ivanildo Alves Silveira
Colecionador do cangaço
Membro da SBEC
Natal/RN

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DUVINHA ESCAPA DA MORTE.

 Por Aderbal Nogueira

https://www.youtube.com/watch?v=crgXQwgUAHI&ab_channel=AderbalNogueira-Canga%C3%A7o

Durante um tiroteio, Durvinha se separa do grupo e é perseguida pelos policiais. Moreno, quando percebe, sai louco em seu resgate e consegue salvá-la da prisão ou da morte. - Neli, filha de Moreno e Durvinha, conta como desconfiou que seus pais não eram quem diziam ser. - No final do vídeo João Souto, filho de Moreno e Durvinha, fala sobre a morte de Lampião. Seja membro deste canal e ganhe benefícios: https://www.youtube.com/channel/UCG8-... Link desse vídeo: https://youtu.be/crgXQwgUAHI

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UMA HISTÓRIA MARAVILHOSA DA ÉPOCA DOS CORONÉIS

 De Laurence Nóbrega, grande amigo meu e do famoso escritor Florentino Vereda, recebi o bilhete abaixo:

"Mando anexo um arquivo em word, com a transcrição que fiz, de uma história contada por Trajano Pires da Nóbrega, no seu estudo da genealogia da família Nóbrega, da qual eu sou um dos menos ilustres membros.

Trata-se da fuga da filha do Capitão Justino Alves da Nóbrega, mais conhecido como Cap. Justino da Salamandra, o mesmo que atacou a cidade de Santa Luzia e libertou o primo Liberato Cavalcanti de Carvalho Nóbrega, preso injustamente por inimigos políticos. Não sei se este é o cangaceiro a quem você se referiu na nossa conversa recente. Caso queira pesquisar mais a respeito dele, consulte as “fotocópias” que lhe enviei ou, se preferir, diretamente no livro de Trajano.

Um bom fim de semana.

Laurence

"Sunila" 

“Ouvi a seguinte história acerca do casamento de Marcionila Bezerra da Nóbrega (Sunila), com Braz Cavalcante, que me foi narrada por Severino Duarte Pinheiro, neto do seu irmão Martinho Alves da Nóbrega. “Marcionila, filha do Cap. Justino Alves da Nóbrega, ou Cap. Justino da Salamandra, chefe do Partido Conservador em Santa Luzia, tinha o gênio forte e voluntarioso como o do pai. Foi pedida em casamento por Brás Cavalcante, rapaz de Sapé que andou em Santa Luzia, pedido que, apesar de ser do seu agrado, foi definitivamente repelido pelo pai. Não se conformando com esta recusa, a moça deliberou fugir, o que chegou ao conhecimento do pai, que logo decretou a sentença de morte da filha, caso pusesse em prática o seu plano de fuga. Nada intimidou a moça, que, seguindo o hábito paterno, usava constantemente pistola e punhal ocultos na própria roupa. 

Sentindo que a filha seria capaz de realizar o seu plano, o Cap. Justino passou a manter constante e ativa vigilância. Como que de propósito, a casa só tinha duas aberturas acessíveis à moça, uma porta e uma janela, esta no oitão da casa. Intensificando a vigilância, o velho admitiu um auxiliar, que era um rapaz de confiança, que sempre mantinha em uma casa na fazenda, à frente da casa grande. Enquanto, à noite, o velho dormia perto da porta, o rapaz dormia perto da janela. 

Não havia outra saída. 

Em uma noite, porém, de grossa invernada com forte trovoada, coincidiu que o rapaz auxiliar da vigilância faltou; mas o velho dobrou o cuidado. A moça, que mantinha secreta correspondência com o noivo, tinha assentado fugir na primeira noite de tempestade que houvesse. Aquela seria a tal. 

Da sala de jantar, ficou observando, ocultamente, os menores movimentos do pai. Viu-o deitar-se, mas sempre atento à chuva. A certa hora o velho levantou-se o foi abrir a porta para olhar a chuva do alpendre. Compreendendo o gesto paterno, a filha a filha abriu a janela no mesmo instante em que o velho abriu a porta, de modo a confundir os dois em um só ruído. E deu certo. O pai não percebeu que a janela tinha sido aberta e que, por ela, sem perder um instante sequer, a moça se passara para fora, saindo para a chuva e a escuridão, não tardando a encontrar-se com o noivo, que a aguardava a pequena distância, com o cavalo de prontidão. Correram até a vila de Santa Luzia, onde chegaram alta madrugada, procurando abrigo na casa de residência do chefe político do Partido Liberal, adversário e inimigo do Cap. Justino. Aí foram guardados, trancados em um quarto, de modo a não serem pressentidos por ninguém, pois o velho Justino era geralmente temido. 

Ao amanhecer o dia, o Cap. Justino foi surpreendido com a realidade. A filha tinha fugido, realizando o plano que tentava frustrar com tanto empenho. E a revolta, na sua alma voluntariosa, que não admitia tal indisciplina, principalmente por uma filha, não teve limite. Determinou imediata perseguição ao casal de fugitivos, até encontrar para matar ambos, sangrados ou fuzilados. Convocou, no mesmo instante, todos os seus homens, e deu ordens severíssimas para saírem em perseguição ao casal, até encontrar e matar. Mas a chuva grossa da noite havia desfeito todos os rastros. Não era possível descobrir o rumo seguido pelos fugitivos. 

Mandou, então, gente em todas as direções; mas nada de notícias, ninguém vira os fugitivos nem deles tivera notícias. Parecia que a terra os havia engolido. 

Depois do terceiro dia, continuando as indagações e as ameaças, cada vez mais terríveis, o chefe da casa que lhes havia dado guarida, temeu pela segurança dos seus e pediu ao rapaz que se retirasse com a moça. Aguardaram a noite e fugiram a cavalo, por volta da meia noite. Tomaram rumo ignorado, o que foi fácil porque ninguém suspeitava que os fugitivos permaneciam em Santa Luzia. 

Cerca de um mês depois chegou a primeira notícia da filha; sem se denunciar onde permanecia oculta, mandou pedir ao pai autorização para casar-se, o que era indispensável na época. Não só recusou o pedido, como intensificou a perseguição, embora sempre improfícua, pela impossibilidade de ser localizado o casal fugitivo. 

Em face desta intransigência do velho pai, a moça passou a fazer vida marital com o noivo, mesmo sem o casamente, o que tinha evitado até aquele dia, com o seu rigoroso senso de honra. Houve diversos filhos desta situação. A perseguição, ou melhor, a ideia de perseguição continuou sem esmorecimento ao longo de 12 anos de vida que ainda teve o Cap. Justino Alves da Nóbrega. Sentindo a proximidade da morte, deixou ao filho mais velho, Martinho, a incumbência de manter a perseguição, por toda a vida. Mas, de ânimo moderado, Martinho Alves da Nóbrega, logo que o velho pai havia desaparecido, relaxou a recomendação, combinando em que a irmã se casasse como desejava. 

O casal veio a residir nas proximidades dos irmãos, perto da Salamandra, da Malhada do Umbuzeiro, da Noruega, que eram as principais propriedades da família, herdadas do rancoroso pai. Viveram muitos anos. D. Marcionila, já viúva, ainda era viva até há poucos anos, tendo falecido depois de 1950”.

'A FAMÍLIA NÓBREGA' 

Autor: Trajano Pìres da Nóbrega 

1ª edição: 1956 

Pgs. 578 a 580"

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