* Honório
de Medeiros
Quem critica o
Cangaço hostiliza a História e não entende o que é o Poder.
O Cangaço
lança luz sobre a História e o Poder, em intrincada trama com o Coronelismo e o
Fanatismo (Misticismo);
José
Augusto Bezerra de Medeiros
São os
seguintes os principais cangaceiros que escreveram parte de sua história no
Estado do Rio Grande do Norte: José Brilhante de Alencar Souza (o “Cabé”),
nascido em Pombal, na Paraíba, em 1824, e morto em Pão de Açúcar, Alagoas, em
1873; Jesuíno Alves de Mello Calado (o “Jesuíno Brilhante”), nascido em
Martins, RN, em 1844, e morto em Belém de Brejo do Cruz, novembro/dezembro de
1879; Macilon Leite de Oliveira (o “Massilon”), nascido em Timbaúba dos Mocós, 1897,
e morto em Caxias, Maranhão, em 1928; e Virgolino Ferreira da Silva (o
“Lampião”), nascido em 4 de junho de 1898, em Serra Talhada, Pernambuco, e
morto em 28 de julho de 1938, em Poço Redondo, Sergipe.
O único
norte-rio-grandense era Jesuíno Brilhante, o primeiro dos cinco grandes da
história do cangaço: Jesuíno, Antônio Silvino, Sinhô Pereira, Lampião e
Corisco, eis a ordem cronológica.
Existe a
suspeita de que Virgínio Fortunato da Silva (o “Moderno”), viúvo de uma irmã de
Lampião, Angélica Ferreira da Silva, era dos Fortunado de Alexandria, no Rio
Grande do Norte, mas isso nunca foi comprovado.
E são os
seguintes os fatos na História do Rio Grande do Norte nos quais Coronelismo e
Cangaço estão fortemente entrelaçados: a invasão de Martins por Jesuíno em
1876; a invasão de Apodi por Massilon em 1927; a invasão de Mossoró por Lampião
e Massilon em 1927.
Todos essas
atividades cangaceiras estão conectadas com o coronelismo.
Não houve
Coronelismo no Sertão nordestino sem entrelaçamento com o Cangaço; não houve
Cangaço sem Coronelismo. Acrescente-se a esses ingredientes o Fanatismo
(Messianismo) e teremos um ponto-de-partida para a real história da época dos
coronéis e cangaceiros.
Sempre
tratamos esses fatos pelo COMO aconteceu, de forma folclórica, no sentido
negativo do termo, mas precisamos nos indagar o PORQUÊ factual que os originou.
Tanto o
coronelismo quanto o cangaço são expressões particulares do momento histórico específico
que caracteriza o fim da República Velha no Sertão nordestino, muito embora seu
padrão, enquanto disputa pelo Poder, seja recorrente na história das
civilizações, sob outras formas, haja vista, por exemplo, o feudalismo europeu
e japonês, e sua semelhança com esse objeto de estudo.
As invasões de
Apodi e Mossoró são indissociáveis, e se constituem em epicentro de um processo
político que durou aproximadamente dez anos e dizem respeito a disputas
políticas entre famílias senhoriais do Sertão paraibano e potiguar, tendo como
fio-condutor, protagonista, o cangaceiro Massilon.
Em 1924 José
Augusto Bezerra de Medeiros, legítimo representante da fina flor da
aristocracia rural algodoeira do Rio Grande do Norte, chegou ao poder. Seu
intento, segundo cronistas da época, era construir uma oligarquia semelhante a
dos Maranhão.
Em 1927 o Rio
Grande do Norte, cujas principais regiões eram Natal, o Oeste e o Seridó,
pareciam sob seu controle político, excetuando-se o crescimento político e
econômico dos Fernandes cujas raízes estavam fincadas na Região que começava em
Mossoró, passava por Pau dos Ferros, e terminava em Luis Gomes, fronteira com a
Paraíva.
Em 1928 Zé
Augusto elegeu seu sucessor, o sobrinho-afim Juvenal Lamartine.
Mas em 1930
veio a Revolução que culminou com o golpe político que elevou Getúlio Vargas ao
Poder.
E Getúlio
entregou o poder, após uma série de interventores, a Mário Câmara, aliado de
Café Filho e dos adversários de Zé Augusto no Estado.
Zé Augusto
reagiu. Driblou as pendengas com os Fernandes, afinal faziam parte da mesma
base econômico-política, a aristocracia rural algodoeira que dominava o Seridó
e o Oeste, e juntos criaram o Partido Popular para lutar contra a candidatura
de Mário Câmara em 1934.
E assim, na
mais cruenta eleição que jamais houve no Rio Grande do Norte, o Partido Popular
saiu vitorioso, e Rafael Fernandes, o líder da família Fernandes, foi eleito
Governador do Estado.
Zé Augusto
elegeu-se Deputado Federal.
Durante a
campanha foram assassinados o Coronel Chico Pinto, em Apodi, e Otávio
Lamartine, filho de Juvenal Lamartine. Espancamentos, ameaças, humilhações,
depredações, foram incontáveis.
O Coronel
Chico Pinto era ligado aos Fernandes; Otávio Lamartine a Zé Augusto.
À sombra de
ambos, tramando contra, outros coronéis; à sombra desses coronéis, os
cangaceiros...
Extraído do blog do autor deste:
http://honoriodemedeiros.blogspot.com/2019/02/cangaco-e-coronelismo-no-rio-grande-do.html
http://honoriodemedeiros.blogspot.com/2019/02/cangaco-e-coronelismo-no-rio-grande-do.html
http://blogdomendesemendes.blogspot.com