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quarta-feira, 16 de agosto de 2017

CANGAÇO NO PIAUÍ


 Mais um livro do escritor e fundador da SBEC -  (Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço) Paulo Gastão.


Entre em contato com o autor através deste e-mail: paulomgastao@hotmail.com

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A NOITE ESCURA DE MEME

*Rangel Alves da Costa

Que noite escura, hein Meme?! Que noite mais escura a sua, moça bonita. Tudo por causa de uma tristeza, de uma solidão, de um aperto no coração. Sei que é muita coisa Meme, mas sua noite não deveria ser assim. A lua entrando pela fresta da telha e você na maior escuridão. A lua entrando pelas vagas da velha janela e você no breu maior. Até a luz acesa - se acesa estivesse - não iluminaria sua noite. Tudo por causa de uma tristeza, de uma solidão, de um aperto no coração.
Os seus olhos estavam abertos. Com luz, portanto. Bastaria abrir mais a janela, mas você não abriu. Por que não acendeu a luz, por que não saiu à calçada, por que não chamou a lua inteira para juntinho do seu travesseiro. Meme, Meme, pelo amor de Deus! Lá fora e lá dentro do quarto as estrelas brilhando, poeiras luminosas do espaço dançando ao redor e você apagando toda a luz da existência. E tudo por causa de uma tristeza, de uma solidão, de um aperto no coração.
Meme, querida Meme, deixe-me contar uma coisa. Quando você era pequenina, sua babá até se admirava ao contar e cantar mil histórias infantilmente assombrosas e nada de lhe causar qualquer medo ou arrepios. Falava sobre o bicho-papão que vinha pegar criancinha que não dormisse. Falava sobre a bruxa má que ia entrar pela janela acaso você não dormisse logo. E você Meme, você nunca teve medo de nada, de absolutamente nada. Então, por que agora?
Então por que agora, querida Meme. Faça de conta que tudo não passa de um bicho-papão, de uma bruxa feia e malvada, de um cavalo de fogo que quer pular a janela para lhe pegar. Sei que você não teme nada disso. Então nada acontece por que você nada teme. Por que ficar assim por algo que pode ser esquecido com a luz que pode chamar para si. Há um mundo de luz ao seu redor, tudo querendo brilhar, mas não, pois preferindo a escuridão. E tudo por causa de uma tristeza, de uma solidão, de um aperto no coração. 
Sei que não é fácil Meme, nada é fácil assim de ser resolvido, querida Meme. Tristezas, solidões e apertos no coração, são dolorosos demais. E principalmente pelos motivos para que tudo esteja assim. Não quero falar sobre os motivos agora. Sei muito bem que minhas palavras podem causar aflições ainda maiores. E não quero que sofra ainda mais e chame para si ainda mais breu do que esse nome que lhe encobre a alma. Mas pense na luz. Pense numa saída, querida Meme.
A noite já se alonga e você continua assim. Torne essa escuridão em luz, querida Meme. Ainda que não houvesse a luz da fresta, ainda que não houvesse a luminosidade da lua que entra por todo lugar, ainda que estas estrelas e estas poeiras de astros não estivessem sobre sua cama, ainda assim seria possível fazer fulgurar na mente a luz possível de se avistar uma saída. Mas você insiste em sofrer, em padecer, em se martirizar. Faça isso não, querida Meme. Espante essa escuridão. Acena a luz, acenda a luz.
Eu não queria falar sobre isso, mas tenho que dizer. Dizer sobre os motivos de sua tristeza, de sua solidão e do seu aperto no coração, tudo o que faz que sua noite seja assim de tanta e tamanha escuridão. Pois bem. Sua tristeza não é por que terminou o namoro. Sua solidão não é por que foi abandonada pelo namorado. Seu aperto no coração não é por que tudo isso aconteceu sem você desejar. Não. Pelo contrário.
Meme, Meme, difícil demais de acreditar no que vou dizer. Você está assim por que está amando, namorando. Mas você queria amar, namorar, ser feliz ao lado de um jovem bom. O problema é que namorando você acha que afastou de si a criança a criança que ainda vive em você. Você acha que namorando já não é mais aquela menina que gosta de brincar de boneca e falar com borboletas e passarinhos. Você imagina que perdeu sua infância, sua meninice, sua inocência mais bela.
Fique assim não, querida Meme. Feche os olhos e adormeça. Mesmo amando, mesmo namorando, sua criança ainda está em você. E tanto assim que no sonho surgirá uma menina brincando de soprar bolinhas de sabão. É você Meme. É você e sua luz no mundo!

Escritor
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ANIVERSÁRIO NATALÍCIO DE ADERALDO LUCIANO E O ROMANCE DO TOURO CONTRACORDEL

Por Aderaldo Luciano

No dia do meu aniversário, hoje, 16 de agosto, a transportadora trouxe-me o Romance Do Touro Contracordel. 


Um poema no qual vim trabalhando desde 2015, durante o giro da oficina Uma Vida Igual Para Todos No Compasso Do Cordel por 10 capitais brasileiras com Beto Brito e Oliveira de Panelas, bardos a quem dedico o impresso e agradeço a amizade, o aprendizado, a energia, a fé na estrada que escolhemos, a despeito dos percalços. 


O agradecimento vai além e abraça lá em Juazeiro da Bahia o talentosíssimo Leonardo De Farias Leal, muito mais que poeta, alma linda e furiosa, ilustrador. 


O querido Josue Gonçalves De Araujo Do Cordel que varou as noites e os dias na diagramação suportando com paciência minhas loucuras e destemperos. O amigo de todas as horas, o irmão valioso e guardião dos versos: Varneci Nascimento


O quadrinista premiado Allan Alex, cujo desenho de capa deu vida ao touro incansável, poema do traço. Analice Pereira, que viu o poema iniciar e, fio fino de água claudicante, tentar caminhar sozinho. Uma tristeza invadiu-me desde sábado, dia 12, pela madrugada. 


Hoje a bruma está se dissipando. E o Touro ruge no terreiro.


Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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PEDRO JEREMIAS

Por Efigênio Moura

Amigos,

o cangaço é fascinante, pelo que o homem fez dele e pelo que ele próprio fez na vida do nordestino, em especial. Escrever sobre cangaço, mesmo sendo ficção é desafiador e provocador, mas não sabia que seria tão fascinante.

Quando criei no meu juízo a peleja de Pedro Jeremias, um cangaceiro que nunca existiu, mas que esteve perto de Angico, ao lado de Corisco e inicia uma saga para entregar as suas armas in riba da cova de Padre Cicero, fiz zilhões de pesquisas, li livros que diziam sim e não mas nunca talvez. Faltava um norte, foi quando encontrei esse grupo e pelas mãos calmas e objetivas de Geziel Moura (que nunca me deixou com sede) e da professora Noádia, consegui me aprofundar no âmago daquele meio de vida. O livro virou uma trilogia, O primeiro volume estará à venda somente em novembro, onde eu pretendo fazer um lançamento em cada cidade citada como capitulo.


O primeiro livro chama-se PEDRO JEREMIAS.

Além do Historiografia do Cangaço, Blog do Mendes, e Cariri Cangaço foram sites especializados que me ajudaram na ficção.

Em forma de agradecimento ao grupo e a todos, apresento em primeira mão, a capa final do livro.

Obrigado a todos, 

Continuarei por aqui, careço de mais saber. Tem mais dois livros se aprontando...

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1785291788166112&set=gm.1815924522053384&type=3&theater

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TEN. POMPEU FALA DA MORTE DE VIRGÍNIO, CUNHADO DE LAMPIÃO

https://www.youtube.com/watch?v=eAICazTQI88

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POETA CAIO CÉSAR MUNIZ É ELEITO PRESIDENTE DA ACADEMIA IRACEMENSE DE LETRAS E ARTES.

 Por: Stenio Urbano
Caio César Muniz

Prestes a completar uma década de existência em novembro próximo, a Academia Iracemense de Letras e Artes (AILA), elegeu e empossou na noite desta terça-feira (15) o poeta e jornalista Caio César Muniz para conduzir a sua diretoria para o quadriênio 2017/1021.

O poeta tem como uma das suas principais missões, realizar os registros cartoriais tanto do estatuto da Academia quanto de suas atas, colocando-a, assim, apta a pleitear recursos públicos e concorrer a editais de culturas estaduais e nacionais.

Caio fez sua carreira literária em Mossoró, onde reside desde 1992. É um dos fundadores da POEMA – Poetas e Prosadores de Mossoró e foi seu presidente em duas oportunidades. Foi editor da Coleção Mossoroense e editor de cultura do jornal O Mossoroense. Na Fundação foi responsável pela elaboração e aprovação de projetos importantes, como o Rota Batida, com quatro edições e o Acervo Virtual Oswaldo Lamartine, atualmente desativado.

“Espero poder levar esta experiência com projetos e editais para a Academia e conseguir fazê-la cumprir a sua missão, que é resgatar a cultura da minha cidade”, comentou o escritor.

Em sua trajetória, Caio publicou três livros de poesia e um de crônica, além de outros trabalhos de cunho histórico em parceria com o escritor e editor Vingt-un Rosado. 

Na assembleia desta terça, deliberou-se ainda que no dia 17 de novembro a AILA realizará uma festa alusiva aos seus dez anos, além de instituir a Comenda do Mérito Cultural Jayme Enézio de Macêdo, que será entregue à família do homenageado e aos primeiros ocupantes de cadeiras da instituição.

ABAIXO A RELAÇÃO DA NOVA DIRETORIA DA AILA


Presidente: Francisco Caio César Urbano Muniz

Vice-Presidente: José Uilson Magalhães
1º Secretário: Cícero Benigno Almeida Neto 
2º Secretário: Manoel Nyraldo Magalhães Neto
1º Tesoureiro: Júlia de Queiroz Costa
2º Tesoureiro: Maria Itaécia Filgueira Meneses

Diretor Cultural: Jânio Charle da Silva
Diretor de Patrimônio: Valdeci

Conselho:

Maria Necy Magalhães Grangeiro
Maria da Luz Pinheiro Goiana 
Maria das Lágrimas Jetten (Luduína)
Lúcia de Fátima Magalhães Gomes Pinheiro
Luis Jairon Moraes Cavalcante

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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HOMENAGEM

Por Benedito Vasconcelos Mendes
Benedito Vasconcelos Mendes e sua esposa Suzana Goretti

Amigo José Mendes, venha ser homenageado por ocasião da XIII Jornada Cultural do Museu do Sertão.

L  E  M  B  R  E  T  E 

Amigo, lembre-se que no dia 26 próximo (26-8-2017) você tem um compromisso em Mossoró. Você vai ser homenageado na XIII Jornada Cultural do Museu do Sertão .

Um abraço, Benedito Vasconcelos Mendes.

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ENTRE LAMPIÃO E PADRE CICERO

CONTROVERSO
Benjamin Abrahão em 1923, já morador da casa do "Padim", elegância bancada com dinheiro dos fiéis;

Biografia conta a incrível trajetória de Benjamin Abrahão o imigrante sírio que se apresentava como jornalista e fotógrafo, foi secretário do religioso e se infiltrou no bando do cangaceiro.

Dono de uma trajetória curta, mas cheia de lances inacreditáveis, o imigrante sírio Benjamin Abrahão, que desembarcou no Recife na primeira década do século passado e morreu em 1938, aos 37 anos, acaba de ganhar uma biografia que faz jus ao seu espírito aventureiro, corajoso e controverso. 

INÉDITO
Livro revela o conteúdo da caderneta de campo de Abrahão e traz entrevista com Luiz Carlos Prestes

O livro chama-se “Benjamin Abrahão – entre Anjos e Cangaceiros” (Escrituras), foi escrito pelo historiador e especialista em cangaço Frederico Pernambucano de Mello, 

Frederico Pernambucano de Melo

e mostra como Abrahão acompanhou as demonstrações de fé e religiosidade que moviam os devotos do padre Cícero, no Ceará, e a violência e o banditismo praticados pelo grupo de Lampião. Dá o devido status a esse personagem que viveu na intimidade dois movimentos populares mais importantes do País.

Padre Cícero Romão Batista era filho da cidade de Crato no Estado do Ceará, mas radicado em Juazeiro do Norte também no mesmo Estado.

Entre os muitos documentos investigados por Mello estão as cadernetas pessoais do retratado, escritas em português e em árabe. Elas foram traduzidas durante três anos com a ajuda de dois professores de árabe e revelam a astúcia de Abrahão. Enquanto amenidades eram anotadas em português, as informações importantes eram escritas em árabe, como registros dos embates com a Coluna Prestes – Lampião havia oferecido seus serviços ao governo para ajudar a combater o avanço comunista no Nordeste. 

NO SERTÃO
O fotógrafo com Maria Bonita e Lampião, em 1936: documentário proibido pelo Estado Novo

Acostumado ao clima de conflitos, Abrahão chegou ao Brasil fugido do alistamento militar obrigatório na Síria durante a Primeira Guerra Mundial. Trazia no bolso uma duvidosa carteira de jornalista. Chegando, trabalhou com os tios como representante comercial e, numa viagem ao sertão, conheceu o padre Cícero. Contou ao religioso que havia nascido em Belém e, portanto, era “conterrâneo de Jesus”. Impressionado, o padre o nomeou secretário particular.


Abrahão aproveitou a fé que movia as pessoas até o santuário e resolveu fazer dinheiro. Quando padre Cícero morreu, passou a vender mechas do cabelo do religioso. A farsa foi logo descoberta, já que o homem santo não tinha tanto cabelo. Sua aproximação de Lampião se deu em 1936, ao encontrá-lo em Juazeiro. De olho no furo, ele tentou registrar as ações do bando. 

Conseguiu uma câmera e fez um documentário nunca exibido porque foi proibido pelo Estado Novo. O cangaceiro tornou público seu apreço por Abrahão ao reconhecer a qualidade do filme, declarando que jamais consentiria que outra pessoa fizesse tal registro de suas atividades. O que permanece sem explicação na vida desse misto de curioso e oportunista é a sua morte. Ele foi vítima de 42 punhaladas, não se sabe se motivadas por vingança amorosa ou política.

http://istoe.com.br/270461_ENTRE+LAMPIAO+E+PADRE+CICERO/

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PATRIARCAS DO OESTE POTIGUAR

Por Marcos Pinto

Os registros dos cartórios e as publicações históricas mostram que o povoamento português no Oeste Potiguar tem sua origem nas históricas cidades de Martins (1742), Portalegre (1740) e Apody (1703), O intercâmbio dos vários núcleos sociais entre estas comunas proporcionaram as penetrações no interior dos nossos sertões.

Os primeiros povoadores disseminavam seus currais onde encontrassem água para dessedentar homens e animais, fosse um rio, em geral não perene, uma lagoa ou simples “olho-d’água”.

Enfrentando a indiada hostil, as caatingas inóspitas e a escassez da água, passaram a ocupar terras devolutas, as sobras de terras entre as “Datas”, quando então requeriam às autoridades competentes a concessão da “Carta de Sesmaria”, sujeita a confirmação do Rei, sob a alegação de já se encontrarem na posse mansa e pacificamente da área pretendida e nela haverem realizado gastos.

Área que a Carta Régia de 07.12.1697, reformada pela Provisão de 19.05.1729, limitou as três léguas de comprido por uma de largura, ou três de largura por uma de comprimento, ou finalmente uma légua em quadro.

Justificando suas pretensões, os vetustos e rijos povoadores alegavam serviços ao Rei de Portugal, com riscos de vida e gastos de sua fazenda. Riscos no combate ao índio bravio e sua “pacificação” (muitas vezes mortandades deliberadas caso de carnificina de Viçosa, onde fuzilaram muitos índios ao pé da serra, quando estes ajoelhavam-se para rezar o ofício de Nossa Senhora), ou sua “domesticação” (na verdade capitulação, posto que a indiada se rendia à força bélica do homem branco).

A reminiscente cidade do Martins recebeu essa denominação por ter sido fundada pelo português Francisco Martins Roriz, que em 1742 fixou na “Serra da Conceição”, depois designada Serra do Martins, tendo este patriarca falecido em 1786. Uma filha desse fundador, D. Maria Gomes D`Oliveira Martins, casou-se com o português Mathias Fernandes Ribeiro. Desses patriarcas descendem as famílias Fernandes Ribeiro, Viriato Fernandes, Cipriano (da cidade de Tenente Ananias). Martins Ribeiro, Almeida (de Luiz Gomes-RN), Xavier (do Ceará), Silvestre, Bessa, Lopes Cardoso, Martins Sampaio, Lopes Fernandes, etc. Desse tronco tivemos em Mossoró o prefeito Rodolfo Fernandes de Oliveira Martins e o industrial Pedro Fernandes Ribeiro (genitor do advogado Paulo Fernandes).

Ainda em Martins, tivemos os patriarcas portugueses José Pinto de Queiroz, casado com D. Anna Martins de Lacerda, tronco dos Lopes e Chaves, Fernandes de Queiroz (com ramificação em Pau dos Ferros), Castro, Queiroz e Sá. Outro português que se erradicou em Martins foi o Capitão Manoel dos Santos Rosa, natural da cidade do Porto, que chegando a Martins casou-se com Dona Maria José de Lacerda (filha de José Pinto de Queiroz), de quem Santos Rosa, Santos Pinto (entrelaçamento com a família Pinto do Apody), Fernandes Chaves, Fernandes Sampaio etc.

A gênese do povoamento português naqueles rincões serranos (Martins) enumera ainda a presença do Capitão-Mor José Martins de oliveira (falecido em 1781) casado que foi com D. Catharina Gomes D`Amorim, irmã do fundador de Portalegre, Sr. Clemente Gomes de D`Amorim, tronco das famílias Silveira, Freire da Silveira, Freire de Oliveira, Gondim, Gomes D`Amorim. Gomes Pinto, Barreto, que tem como tronco referencial Domingos Velho Barreto, casado com D. Joana Gomes, filha do Capitão Manoel Inácio D`Oliveira Gondim e D. Maria de Jesus, que por sua vez era filha de José Martins e Catharina.

Em 1749 os irmãos (Português) Clemente Gomes D`Amorim e Carlos Vidal Borromeu, naturais de Coimbra, receberam concessão de Sesmaria na “Data Dormentes”, foram os primeiros fundadores de Portalegre-RN, Clemente casou-se com Inácia Carneiro de Freitas e D. Joana Filgueira de Jesus, aí o tronco dos Gomes de Amorim, Amorim Martins, Souza Martins, Azevedo Amorim (vide Expedito Azevedo Amorim), Freitas.

Carlos Vidal Borromeu casou-se com a índia alagoana D. Isabel de Araújo. É o tronco da família Mota de toda zona oeste.

Acompanhando marcha do povoamento da região, deparamos com Apody, onde em 1703 verificou-se a primeira questão de terra, promovida por Antônio da Rocha Pita (sesmeiro baiano), contra os Nogueiras, tendo sido decidida em 03.03.1705, em favor dos Nogueiras, e havendo uma apelação para as cortes de Lisboa, que terminou por confirmar a sentença em favor do Nogueiras.

Os patriarcas apodyenses são os portugueses Antônio da Mota Ribeiro, da cidade de Braga, nascido a 13.06.1706, tendo casado com D. Josepha Ferreira de Araújo, filha de Carlos Vidal Borromeu e Isabel Araújo. O capitão João Barbosa Correia, natural da cidade de Ponta de Lima (Portugal) casou-se com D. Rosa Maria de Jesus (Pernambucana). O capitão Barbosa Correia faleceu a 16.11.1787, aos 98 anos de idade. Tronco das famílias Barbosa de Amorim, Nunes, Souza Soares, Soares de Souza, Barbosa de Lucena, Noronha, Pinto etc.

Há que ressaltar que os principais fatores que proporcionaram a ocupação destes territórios oestanos foram: a existência de pastagens naturais, o clima sadio, favorável à criação extensiva dos rebanhos em campos abertos (não havia cercas), terras agricultáveis, sobretudo na chã das serras.

Transmitidas de geração a geração, mantém-se assim, ainda hoje, em posse destas antigas famílias. Inté.

Marcos Pinto é advogado e escritor
* FONTE DE PESQUISA: Marcos A. Filgueira “in” “Velhos Inventários do Oeste Potiguar”, João Bosco Fernandes, “Memorial de Família”.

FONTE: http://blogdocarlossantos.com.br/132726/

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso


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O MÉDICO E O CANGACEIRO?

Por: Archimedes Marques

A minha avó Helena Motta Marques, quando ainda com vida e lúcida, contava uma história ocorrida em Nazaré das Farinhas, cidade do sertão da Bahia, na madrugada do dia 27 de maio de 1929, época em que ela e o meu avô Archimedes Ferrão Marques, então médico, naquele município residiram por alguns anos.


O meu avô que era médico daqueles que de tudo fazia para ajudar as pessoas, além de ter um cargo estadual como sanitarista possuía também uma farmácia tipo drogaria onde atendia aos doentes e ali mesmo quase sempre manipulava e vendia os remédios que ele próprio receitava. A farmácia que servia de aprendizado e de complemento de renda familiar lhe dava outros bens de consumo, além da satisfação de curar doentes e salvar vidas, vez que, quando os seus pacientes não podiam pagar com dinheiro, presenteavam-no com galinhas, patos, cabritos, porcos e outros animais. Assim eles viveram uma vida dura e simples em Nazaré das Farinhas naquele tempo de muito trabalho, mas também de boas realizações e excelentes lições de vida.

O meu avô Archimedes era muito caridoso e atendia qualquer um a qualquer hora, independente da pessoa ter ou não como pagar pela consulta ou pelo medicamento utilizado. Bastava bater na porta da sua casa que ficava anexa a sua farmácia, que ele medicava, fazia curativos, pequenas intervenções cirúrgicas, engessamento em traumatismo de pernas e braços e até partos realizava com o maior prazer possível. Era médico por vocação, amava a sua profissão e tentava seguir fielmente o Juramento de Hipócrates.


Naquele dia, mais de perto na calada da madrugada, em meados das primeiras horas, chegaram a sua casa dois homens montados a cavalo, um deles com um dente bastante inflamado e "urrando" de dor, querendo a qualquer custo que ele o arrancasse e lhe livrasse daquele atroz sofrimento. Não bastaram as desculpas do meu avô em dizer que somente poderia aliviar a sua dor, pois não era dentista e sim um médico e, além disso, nunca tinha arrancado um dente na sua vida, além de não possuir os instrumentos pertinentes necessários para uma perigosa extração como aquela demonstrava ser.

Nazaré das Farinhas, Bahia

O homem desesperado puxou de um punhal dizendo que se ele não arrancasse o seu dente seria sangrado ali mesmo sem dó ou piedade. Diante do novo "argumento" não restou outra alternativa senão cumprir a vontade do bandido.

 

Aflita e trêmula de medo a minha avó logo foi buscar um alicate comum na caixa de ferramentas e o colocou para esterilizar em água fervente, enquanto o meu avô aplicava injeção de morfina na boca inchada do intransigente paciente e depois de muito suor, desespero, gemidos e luta do alicate com a boca, o dente do cidadão finalmente foi extraído.


Em seguida o meu avô fez uma boa limpeza em toda a boca infeccionada do paciente, aplicando-lhe uma injeção antibiótica e, recomendando por fim, além da higiene necessária, repouso absoluto nos dois dias seguintes.

O homem agradecido e aliviado, em demonstração de possuir algum sentimento, tirou um anel de ouro de um dos seus dedos e o deu como paga ou presente para o meu avô que então mais à vontade, criou coragem para perguntar pelos nomes deles, obtendo a resposta do outro cidadão acompanhante, que os seus nomes não lhe interessava e se ele tivesse juízo que ficasse calado sobre o ocorrido para não ter um dia a sua garganta cortada. Em seguida montaram nos seus cavalos e desapareceram no escuro da noite para sempre.

Por via das dúvidas, diante do iminente perigo da ameaça e com receio dos homens voltarem em vingança caso fossem denunciados e presos, os meus avós preferiram guardar segredo dos fatos durante o tempo em que naquela cidade permaneceram, não prestando queixa à Polícia nem tampouco comentando com vizinhos e amigos sobre o desespero e terror pelos quais passaram naquela noite.

Diz o velho ditado que não há um mal que não traga um bem. Assim, a lição e o exemplo vividos pelo casal que inclusive já tinha filhos menores, serviram para que o meu avô adquirisse os instrumentos dentários essenciais e passasse também a extrair dentes, sendo então, mais uma fonte de satisfação e caridade aos mais necessitados que passavam pela angustia dessa insuportável dor, além do somatório próprio da renda familiar, vez que no município não existia um dentista sequer. 

Contava a minha avó que por vezes a fila para extrair dentes era bem maior do que as consultas médicas tradicionais realizadas pelo meu avô Archimedes.
 
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Quanto aos dois desconhecidos que a minha avó dizia ser de compleição física sertaneja e rude, de cor morena queimada pelo sol e que usavam roupas grosseiras com bornais de couro e outros apetrechos, nunca souberam de quem se tratavam. 


Teriam sido cangaceiros desgarrados de algum grupo de Lampião ou teriam sido criminosos outros procurados pela Polícia?... Como não há nenhum registro de ataque ou presença de cangaceiros no município de Nazaré das Farinhas é mais provável a segunda opção.

A titulo de ilustração transcrevo o breve currículo do meu avô, colhido no site http://linux.alfamaweb.com.br/asm/dicionariomedico/dicionario.php?id=31900:

Archimedes Ferrão Marques.

Nasceu em 2 de julho de 1892, em Salvador/BA, filho de Ernesto dos Santos Marques e Ana Ferrão Moniz Marques. Formou-se pela Faculdade de Medicina da Bahia em 1917, defendendo a tese "Raspagem Uterina". Iniciou suas atividades médicas em 1918, combatendo a epidemia de varíola que grassava em todo o interior da Bahia, sendo em razão disso nomeado Inspetor Sanitário do 10º Distrito da Bahia e membro da Comissão Sanitária Federal de Combate à Febre Amarela. Em seguida, ainda em Salvador, foi transferido para o serviço de Saneamento Rural, onde fez carreira como médico, subinspetor, inspetor e chefe de distrito e zona até dezembro de 1930. Nomeado Sanitarista do Ministério da Saúde, atuou na Delegacia Federal de Saúde da 5ª Região da Bahia. Transferiu-se para Recife, onde atuou na Delegacia Federal de Saúde e Inspetoria de Saúde dos Portos, durante a 2ª Guerra Mundial. Em 1945 é designado para a Delegacia de Saúde da 6ª Região, em Aracaju.

Cumulativamente exerceu o cargo de médico da Caixa de Aposentadorias e Pensões da Leste Brasileira. Atuou como clínico e obstetra. Faleceu em 17 de março de 1968, em Salvador/BA, com 76 anos.

Archimedes Marques
Delegado de Policia no Estado de Sergipe. 
Pós-Graduado em Gestão Estratégica de Seg.Publica pela Universidade Federal de Sergipe 
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