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domingo, 6 de março de 2016

O RAPOSA DAS CAATINGAS E O PESQUISADOR MIRIM PEDRO POPOFF CONTINUAM FAZENDO SUCESSO

Pedro Popoff - Foto do acervo de Carla Motta

O livro "Lampião a Raposa das Caatingas" escrito pelo pesquisador José Bezerra Lima Irmão está sendo lido pelo mais novo pesquisador do cangaço e de Luiz Gonzaga Pedro Motta Popoff. 
  

Tanto o livro "Lampião a Raposa das Caatingas" como o pesquisador mirim "Pedro Popoff", continuam fazendo sucesso, e é que o Pedro Popoff ainda está com 9 anos, mas sabe tudo sobre cangaço e o rei do baião. 


O Raposa das Caatingas já está na 3ª. Para você adquiri-lo, basta entrar em contato com o autor, ou com o professor Pereira lá de Cajazeiras no estado da Paraíba.


Se você ainda não comprou este fantástico trabalho do escritor José Bezerra Lima Irmão adquira-o agora. Saiu a 3ª Edição. Lembre-se que quando lançam livros sobre cangaço os colecionadores arrebatam logo para suas estantes. Seja mais um conhecedor das histórias sobre cangaço, para ter firmeza em determinadas reuniões quando o assunto é "cangaço".

São 736 páginas.
29 centímetros de tamanho.
19,5 de largura.
4 centímetros de altura.
Foram 11 anos de pesquisas feitas pelo autor

É o maior livro escrito até hoje sobre "Cangaço". Fala desde a juventude  e namoro dos pais de Lampião. Quem comprou, sabe muito bem a razão do "Sucesso a nível nacional do Raposa das Caatingas"
que já está na 3ª. edição.

O autor aceita e agradece suas críticas, correções, comentários e sugestões:

(71)9240-6736 - 9938-7760 - 8603-6799

Pedidos via internet:
Mastrângelo (Mazinho), baseado em Aracaju:

Tel.:  (79)9878-5445 - (79)8814-8345

Clique no link abaixo para você acompanhar tantas outras informações sobre o livro.
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QUATRO LIVROS DO ESCRITOR SÉRGIO AUGUSTO DE SOUZA DANTAS





Adquira estes livros através do professor Pereira, lá da cidade de Cajazeiras, no Estado da Paraíba.

E-mail: franpelima@bol.com.br

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“O FIM DE VIRGULINO LAMPIÃO” O que disseram os JORNAIS SERGIPANOS


O livro “O FIM DE VIRGULINO LAMPIÃO” O que disseram os JORNAIS SERGIPANOS custa:
30,00 reais, com frete incluso.

Como adquiri-lo:
Antonio Corrêa Sobrinho
Agência: 4775-9
Conta corrente do Banco do Brasil:
N°. 13.780-4

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“COITEIRO”- A 'ARMA' MAIS IMPORTANTE DO CANGAÇO


“Coiteiro (ou couteiro) quer dizer: “guarda de coutada”. Coutada, por sua vez, é a terra onde a caça é proibida. Deriva-se, pois, de coito (ou couto).

Couto (ou coito) compreende-se por terra coutada ou aquela onde se podiam asilar os criminosos, onde não entrava a justiça, a “Lei” do Estado. Contudo, o sentido lato do vocábulo “coito” (do latim coitus, junção) significa cópula ou relação sexual”.( FERREIRA, Aurélio B. de H)
Lampião, o “Rei do Cangaço”, nos deixa boquiabertos com a elasticidade, tamanho, da sua ‘malha’ de colaboradores.

Sem ela, sem os colaboradores, não tinha como ele ter se mantido tanto tempo dominando as caatingas sertanejas, imperando em seu ‘reinado’.
A coisa era mantida com muitos ‘n’ em suas qualificações, tais como imposição, medo, ameaças, dinheiro, etc... Desde o menor ao maior era por demais importante mantê-los na ‘palma das mãos’. A maior ‘mola’, aquilo que segurava tantos e em quase todos os recantos dos Estados por ele dominado, lógico, fora o dinheiro.

Quem foi chefe de bandos de cangaceiros sabia que tinha que manter esses colaboradores, colaborando, para que se mantesse vivo e dominante.

O ex-cangaceiro Antonio Silvino

Estando preso desde 1914, na Casa de Detenção do Recife, Capital do Estado pernambucano, o chefe cangaceiro Antônio Silvino, é convocado, e aceita, por Gilberto Freire, na época, Chefe de Gabinete do então governador de Pernambuco, Estácio Coimbra, para criar um ‘meio’ de acabar com o cangaço, visando prioritariamente Lampião, no Nordeste.

O chefe cangaceiro, preso, dá a ideia, o sociólogo acata e o chefe de Polícia do Estado de Pernambuco, Eurico de Souza Leão, aprova, aceita e a coloca em prática. 

A maneira mais cabível de acabar com Lampião, era retirar dele sua maior força, seus Coiteiros. Sem a colaboração destes, o “Rei do Cangaço”, ficaria no mato sem cachorro, pois, faltariam informações, alimentação, armas e munição para seus ‘cabras’. E foi justamente aí, que a Força Pública começou a atingir o cangaço.

Só que, na busca por coiteiros, muitos que nada tinham com a coisa, também entraram no cacete e sofreram muito.

“Para ser acusado do crime de dar coito a Lampião não é preciso mais que o abrigue durante uma noite, alimente-o, ou lhe forneça armas ou dinheiro. Ser coiteiro para a polícia é servir-lhe um copo d’água numa rápida parada de sua marcha incessante; é vê-lo passar ao longe, e não ir, pressuroso, delatá-lo; é topá-lo na estrada e responder às perguntas que lhe forem feitas; é, enfim, todo aquele que voluntária ou involuntariamente tenha com ele o mais leve contato. A estes chamaremos ‘pseudo-coiteiros’.”(PRATA, 1985 p. 102)

Segundo o autor citado, são classificados em três, as categorias ‘coiteira’, ou dos ‘coiteiros.

A primeira delas diz-se do “coiteiro-involuntário” que protege o bandido premido pelo medo, sabendo que pagará com a vida qualquer inconfidência ou delação feitas; a segunda diz-se do “coiteiro-vingativo” que age para tirar desforra por alguma ofensa a si ou familiar, por diferentes causas; e, por fim, a terceira, diz-se do “coiteiro-comerciante” que age para auferir proveito pecuniário sobre o fornecimento de víveres, armas e munições, por preços usurários e além do mercado.

Sem a ‘colaboração’ dos coiteiros, nenhum chefe de cangaceiros teria tido êxito.

Mas, como acima cito, muitos que nada tinham haver com a coisa, foram agredidos, torturados e até mortos pela volante.

A imprensa também deu seu ‘toque’ especial no que diz respeito aos coiteiros, chegando a qualificá-los de ‘facínoras’.


Veremos acima, uma das cenas que, a meu ver, tendo Lampião permitido a mesma, condena-se perante o Governo Federal da Nação.

Recordes de jornais pescados no http:// cangaconabahia.blogspot.com

Também veremos recortes de jornais, da época, noticiando prisões e ‘resultados’ dos ‘depoimentos’ dos coiteiros presos no interior, na caatinga, e enviados a Capital.

Recordes de jornais pescados no http://cangaconabahia.blogspot.com

Com a ajuda de um chefe de cangaceiros, dá-se o começo do fim do cangaceirismo no nordeste brasileiro.

Foto fotofilme de Benjamin Abrahão 

Fonte: facebook
Página: Sálvio Siqueira
Grupo: OFÍCIO DAS ESPINGARDAS

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O INSTITUTO CARIRI DO BRASIL APRESENTA AO MUNICÍPIO DE FLORESTA O SEMINÁRIO CARIRI CANGAÇO.


É com muita satisfação que o Instituto Cariri do Brasil apresenta ao município de Floresta o Seminário Cariri Cangaço. O Cariri Cangaço é um evento de cunho turístico-cultural e histórico-científico que reúne os maiores pesquisadores e historiadores das temáticas; cangaço, coronelismo, misticismo e correlatos ao sertão e ao nordeste, do Brasil, configurando-se em seu sexto ano de realização, como o maior e mais respeitado evento do gênero no país. Atualmente está presente em 24 municípios de 4 estados do nordeste; Ceará, Paraíba, Alagoas e Sergipe; tendo realizado 93 Conferências, 112 Visitas Técnicas e reunindo um público de mais de 30 mil pessoas em todas as suas edições, configura-se como o maior evento do gênero no Brasil.

Nos próximos dias 26 a 28 de maio, próximos; o Cariri Cangaço chega de maneira inédita ao estado de Pernambuco, e em especial ao município de Floresta, quando realizaremos um dos mais respeitados fóruns sobre a história do cangaço do Brasil. Serão anfitriões deste momento, a sede do município de Floresta e o distrito de Nazaré do Pico, cenários importantes e vitais dentro da historiografia de nosso nordeste, tendo como objetivo primordial o debate aprofundado e sério sobre um dos episódios mais marcantes de nosso sertão: O cangaço na vida do Nordeste e o resgate importante do papel do município de Floresta nesta saga nordestina para todo o Brasil.

www.cariricangaco.com
Manoel Severo Barbosa

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NOITE DE CANDEEIRO

Por Rangel Alves da Costa*

Enquanto debulhava o milho Sinhá Vitoriana cantarolava: Hoje noite de saudade, tão longe está o meu amor. Viver assim é maldade num peito que tanto sente fervor. Vou avoar nessa noite, vou bater asa sem fim. A saudade me vem no açoite e já não estou mais em mim... Cantando, catando espiga, debulhando a fileirada, sem um caroço sequer cair do vasilhame de barro.

Quando a filha dizia que ela deixasse a debulha para a claridade do dia, logo ouvia que desde a finada bisavó que toda debulha de milho, feijão, fava ou qualquer coisa de grão, só dava bom resultado se fosse feita depois do anoitecer, debaixo da luz fraca do candeeiro. É que na escuridão os olhos dos grãos não enxergavam além da bacia e assim todos caíam na fundura do tacho, sem que nenhum se perdesse pelo chão.

Era na noite de candeeiro que Zarolha, moça velha no caritó, fazia uma molhação danada em cada peça de roupa que insistia pregar botão. Era um ofício instigante - e pesaroso - presenciar a solteirona colocar linha na agulha, juntar botão no lugar certo, depois ir enfiando a ponta fina naquilo que somente ela enxergava, e sem dedal sem nada. O problema é que nunca saía do mesmo botão, mas por outro motivo.

Poucos sabiam, mas a verdade é que a solteirona apenas fingia pregar botão. De cabeça sempre baixa, outra coisa não fazia senão se derramar em lágrimas. E chorava tanto que pingo a pingo a roupa ficava toda encharcada. Nas noites escuras, sob a chama amarelada do candeeiro, seu mundo solitário se fazia impossível de suportar. Mantinha-se com a agulha e a linha à mão, mas seu pensamento sempre voltado a algum amor do passado. Então chorava silenciosamente, cabisbaixa, como se tivesse segurando uma camisa de um amor sumido na guerra.

A verdade é que muitas mocinhas aproveitavam as noites de candeeiros para se debruçar nas janelas e sonhar com seus príncipes encantados. Outras simplesmente acendiam velas aos pés dos oratórios na esperança que um moço bonito ali chegasse como visitante de seus corações. Ainda outras simplesmente esqueciam a chama fraca e trêmula do candeeiro e se voltavam à pujança enluarada lá em cima, com os mesmos sonhos de acalantar corpos tão solitários. Mas todas tristes, entristecidas demais pelas noites vazias em corações tão carentes de amor.


Tonho Titió, que prometeu jamais colocar bico de luz elétrica no seu casebre, parece debaixo do sol maior assim que risca o fósforo no pavio do candeeiro. Seus olhos chegam a brilhar de alegria e de contentamento. Deixa o pavio dançando seu amarelado pelos três vãos da casa e segue porta afora, para além da soleira. Ali, na noite fechada, no silêncio dos sertões distantes, apenas o murmurejar da natureza e o sopro refrescante da brisa. Lá em cima a lua mais linda do mundo e ainda de seus olhos as visões de um breu iluminado que tanto conhece.

Em instantes assim nunca foge a uma talagada de casca de pau e um aboio dolente, sempre relembrando dos tempos que montava em cavalo corredor e desandava pelo mundo catingueiro atrás de boi valente. Tira o chapéu antigo de couro, aperta-o à altura do peito e então solta sua voz entremeada de tristeza e saudade: Vaqueiro que fui e que sou, num tempo que é e que já passou, sem ter mais a montaria também me falta alegria, e sofro de tanta agonia, pelo que já fui e já não sou. Ê boi, ê...

Enquanto isso o candeeiro chameja lento, valseando pelo vento que vai entrando pelas portas e janelas abertas, pelas frestas no barro da parede, pelo sopro de tudo o que se move ao redor. Inseparável candeeiro da história matuta, dos rincões brejeiros e das lonjuras do mundo. É um mundo de lua grande, de vaga-lume e candeeiro. É um mundo onde a boca da noite já é de noite fechada, onde o último café do dia é tomado ainda próximo ao entardecer, onde as famílias se recolhem pelos cantos para os últimos afazeres do dia. Não demora muito e a porta já está sendo fechada, pois o acordar é na madrugada ainda escurecida.

Sob a chama do candeeiro, uma luz miúda que apenas espanta o negrume da escuridão, as faces marcadas de tempo parecem mais bonitas, mais verdadeiras, mais realistas, ainda que não passem de retratos entristecidos de um povo filho do tempo, das durezas e do desalento. A chama ilumina a boca que se abre para dizer do grunhido estranho ao longe, para lembrar que no dia seguinte não haverá mistura de toucinho de porco, para confirmar que o querosene não passa do dia seguinte e que a farinha e o açúcar estão no restinho.

Quando pelos sertões, ou pelas noites sertanejas, ao longe se avistar um arremedo de luz, um amarelado diferente em meio à escuridão, nem sempre será vaga-lume, visagem ou poeira de fogo-corredor, mas uma casinha com seu candeeiro aceso. Quem quiser pode ir atrás dessa luz, pois ela ainda existe. O progresso não chegou a tudo nem em todo lugar. Por isso que o candeeiro ainda alumia vidas dentro de barracos de barro e ripa. Nas noites sem lua, quando o pavio é apagado, então é como se apenas a noite adormecesse seu sono cansado.

Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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DÉ ARAÚJO AFAMADO E CÉREBRE

 Por Geraldo Ferraz

 "DÉ ARAÚJO - UM CANGACEIRO AFAMADO; UM SOLDADO CÉLEBRE".

Excelente pesquisa!
"Posso afirmar, com plena certeza, que ninguém poderá estudar a presença de Lampião na Paraíba sem consultar esta obra. Para estudiosos sérios - que já ultrapassaram a barreira limitada da tradição oral ou das conversas já de pé-de-cerca-de-curral, é um sólido referencial de pesquisa"
Sérgio Dantas
Tais palavras, assim como outras que tenho recebido pelo caminho, forçam-me a continuar nas pesquisas sobre o Ciclo Histórico do Cangaço. 
Geraldo Ferraz
Contato do Autor: geraldoferraz@uol.com.br

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A LUTA ENTRE OS MAIA E OS SUASSUNA NO SERTÃO PARAIBANO

Por Rostand Medeiros

Na história do Nordeste do Brasil as lutas envolvendo as tradicionais famílias do sertão, que culminaram em sangrentas confrontações, sempre foram situações que marcaram a memória de muitas localidades.

Imagem meramente ilustrativa – Foto – Rostand Medeiros

Este fenômeno jamais foi exclusivo desta parte do Brasil, mas nesta região ocorreu com uma frequência preocupante e com exemplos de extrema brutalidade que, em alguns casos, perduram até hoje.

As razões para os conflitos foram inúmeras, mas duas situações se mostram presente na maioria destes casos: questões de terras e hegemonia do poder político.

Utilizando muitas vezes os terríveis combustíveis da vingança e do sacrossanto dever do homem sertanejo de “lavar a honra”, estas contendas deixaram marcas intensas, ceifando vidas até de quem não tinha nada a ver com estes problemas.

Imagem meramente ilustrativa – Foto – Rostand Medeiros

Estes conflitos eclodiram, cresceram, extinguiram várias vidas e, na maioria das vezes, se retraíram diante das repercussões das mortes ocorridas, ou das ações dos agentes do Estado na tentativa de manter a ordem, por não ter mais quem desejasse combater, ou cansaço mesmo.

Com a ampliação dos meios de comunicação no Nordeste algumas destas lutas ganharam pelo país afora ares de verdadeiras batalhas épicas, marcando de forma indelével muitas comunidades.

Não faltaram aqueles que rezaram fervorosamente e ascenderam maços de velas pelo fim do problema e o retorno da paz.

Normalmente estes confrontos familiares acabavam sem ser apontado algum vencedor hegemônico, ou algum clã derrotado na sua totalidade. No final todos os que participavam eram perdedores.

A cidade paraibana de Catolé do Rocha presenciou um destes casos a partir da segunda década do Século XX.

Aqui está um pouco desta história.

Todos Enredados na Mesma História de Terror

Composta de homens valentes e denodados, o caso de Catolé do Rocha envolveu as famílias Maia e Suassuna, onde a querela entre estes grupos perdurou por décadas e chegou a ter sido destacadamente noticiado em periódicos de todo Brasil.

Edição de domingo do Jornal do Brasil, dia 24 de novembro de 1985, com a reportagem do jornalista paraibano José Nêumanne Pinto sobre a luta dos Maia e Suassuna.

Em 1985, mais precisamente na edição de domingo, dia 24 de novembro, o jornalista paraibano José Nêumanne Pinto apresentou nas páginas do Jornal do Brasil uma magistral reportagem sobre este conflito, onde apontava que a luta entre as duas famílias já durava mais de 50 anos.

Nêumanne mostrou na época, com extrema propriedade, que aquela era “Uma história antiga, especial para corações fortes. Seus personagens são homens rudes do sertão. Não importa se um – João Agripino de Vasconcelos Maia Filho – já foi até ministro (De Minas e Energia, na época do governo Jânio Quadros), ou o outro é um bem-sucedido empresário do Rio (Ney Suassuna, na época da reportagem proprietário do Colégio Anglo-americano e diretor da Associação Comercial da Barra da Tijuca), ou se um terceiro, José Agripino Maia, é governador de estado (Rio Grande do Norte) e se um quarto é conhecido internacionalmente como escritor (Ariano Suassuna). Na verdade, mesmo que alguns tentem fugir, todos estão enredados nesta mesma história de terror, cujo mais recente capítulo ainda não está para acontecer”.

Foto de Catolé do Rocha, realizada pelo escritor paulista Mário de Andrade, quando esteve neste município paraibano em janeiro de 1929 – Fonte – revistacarbono.com

Segundo o jornalista Nêumanne, o clã dos Suassuna no sertão paraibano originou-se a partir de um padre que se chamava Felipe, deixou a batina e se estabeleceu em Catolé do Rocha. Era descende das famílias Cavalcanti de Albuquerque de Pernambuco. Pertenceram a família o Visconde de Albuquerque e o Marquês de Muribeca, que foi lente da Faculdade de Direito de São Paulo.

Já os Maia vêm de Francisco de Souza Maia, descendente de portugueses desembarcados em praias cearenses e primeiro membro destacado da família na política. Conhecido como coronel Maia foi o responsável por enviar seus descendentes para estudarem em faculdades, como as de Direito de Recife e São Paulo e a de Medicina em Salvador. Este pensamento avançado para a época criou entre os seus descendentes a importância dos estudos para ascensão social, política e profissional.

O Início

Para o jornalista José Nêumanne Pinto, igualmente sertanejo da cidade paraibana de Uiraúna, a raiz do conflito entre os Maia e Suassuna era eminentemente uma rixa política. Para ele muito raramente as duas famílias cerraram fileiras em uma mesma causa, em um mesmo partido e o tempo só fez com que se distanciassem cada vez mais. A última ocasião que Maia e Suassuna foram do mesmo partido aconteceu na época que no Brasil o Presidente da República era o paraibano Epitácio Lindolfo da Silva Pessoa.


Mas o fato que acende a chama, o que detonou tudo, começou mesmo em 1922, quando Francisco Sérgio Maia, o Chico Sérgio, filho do coronel José Sérgio Maia de Vasconcelos, queria namorar Noemi Suassuna, a mais bela cunhada de Christiano Suassuna.

Este tentou impedir o namoro por considerar Chico Sérgio uma pessoa de pouca saúde. Não podemos esquecer que naquelas primeiras décadas do século passado, com medicina bem limitada, mesmo que o pretendente fosse de boa família, o seu estado de saúde era algo a ser considerado pelas famílias de uma jovem na aprovação de uma futura relação. Mas o caso em questão envolvia outras pequenas desavenças e provocações na área política entre as duas principais famílias de Catolé do Rocha e aquela recusa adicionou mais lenha na fogueira.

Catolé do Rocha na atualidade.

Com a intenção de dar um susto em Chico Sérgio, João Mantense, um capanga de Cristiano Suassuna, foi à fazenda do coronel José Sérgio Maia e lá encontrou o jovem Chico conversando em numa roda de amigos. Passou a jogar pedras e pedaços de tijolos no rapaz. Uma banda de tijolo atingiu uma de suas pernas, causando sérias lesões.

Independente do alcance do ferimento ocorrido em Chico Sérgio, evidentemente que o pior foi o atrevimento de João Mantense e do seu Senhor. E a resposta logo veio na forma de uma grande surra no capanga de Christiano Suassuna, em plena feira de Catolé do Rocha. O cabra tomou um verdadeiro “chá de pau”, mandado aplicar pelo coronel José Sérgio Maia.

João Suassuna discursando em um evento no Rio de Janeiro – Fonte – Revista “O Malho”, do Rio de Janeiro, edição de 18 de outubro de 1924.

Apesar da surra mais que merecida, os membros do clã Suassuna sentiram-se ofendidos pela execração pública de João Mantense. Américo, filho de Pio, irmão de Christiano e de João Suassuna, futuro governador paraibano (Pai do escritor Ariano Suassuna), tomou as dores do episódio e o caldo engrossou.

O magistrado, ex-ministro e ex-governador paraibano João Agripino Filho registrou em suas memórias como se desenrolou o primeiro movimento verdadeiramente grave deste conflito. Tempos depois estas memórias se tornariam o livro “Agripino – O Mago de Catolé”, de autoria do jornalista Severino Ramos.

João Agripino Filho – Fonte –http://www.catolenews.com.br

O que João Agripino Filho testemunhou não deixa dúvidas da valentia dos envolvidos e sempre me impressionei com este episódio.

Para melhor informar o leitor do blog TOK DE HISTÓRIA, junto ao relato de João Agripino Filho, trago a entrevista que este concedeu a José Nêumanne Pinto em 1985.

 “- Nessa Casa não tem Homem para Responder a esse Fogo?”

João Agripino Filho era criança, tinha quase oito anos de idade (nasceu em 1 de março de 1914) e estava na calçada com seu pai (João Agripino de Vasconcelos Maia) e sua mãe (Dona Angelina Mariz Maia), que tinha seu irmão mais novo no  colo (Antônio Mariz Maia, que no futuro seria desembargador). Em meio a este momento de tranquilidade na pacata cidade paraibana, o esquentado Américo Suassuna chegou com um rifle na mão e ficou passando na frente da casa dos Maia.

Logo perguntou ao bacharel João Agripino “- Você tem coragem?”.

João Agripino Filho narrou que seu pai estava desarmado naquele momento. Mesmo assim, de forma muito calma, sorriu e respondeu com outra pergunta “-Porque você quer saber?”

Américo então falou de maneira fria e ameaçadora:

“-Quero saber se você quer trocar tiros?”

Sem perder a calma, João Agripino disse simplesmente:

“-Atire”.

Na hora que o membro do clã Suassuna levantou a arma, João Agripino saiu levando Dona Angelina, o bebê e o jovem João Agripino para dentro de casa. Américo não se fez de rogado e abriu fogo.

Na foto vemos João Agripino de Vasconcelos Maia Filho e sua mãe, Dona Angelina Mariz Maia – Fonte – http://www.catolenews.com.br

Enquanto as balas batiam em vários locais da casa, em meio ao som dos disparos, poeira do reboco caindo, desespero do momento, Dona Angelina Mariz Maia gritou a plenos pulmões:

“-Nessa casa não tem homem para responder a esse fogo?”. 

Raimundo Suassuna, irmão de Américo, entrevistado por José Nêumanne Pinto em 1985, apontou que foram os capangas de João Agripino, conhecidos como João Boquinha e Cícero Honorato, que responderam aos tiros de Américo e um deles estava armado com um fuzil. João Agripino Filho informou em suas memórias que seu pai conseguiu se armar e igualmente respondeu ao fogo de Américo.

Diante da resposta aos seus disparos, Américo se abaixou atrás de grossos pilares de madeira, que continham argolas para amarrar os animais que vinha para a feira da cidade e continuou descarregando sua arma. Testemunhas comentaram que o atirador dos Suassuna teve muita sorte, pois o pilar de madeira em que ele buscou proteção ficou bastante atingido pelos disparos efetuados. Provavelmente uma coisa que ajudou Américo era o fato dele ser um homem de baixa estatura e um tanto atarracado.

Aparentemente o tiroteio durou cerca de quinze a vinte minutos. Segundo Raimundo Suassuna a troca de balas encerrou quando seu pai Pio Suassuna interveio ao gritar para os Maia que “-Eles não teriam coragem de matar um filho dele!”. Raimundo narrou ao jornalista de Uiraúna que os buracos de bala feitos pelo seu irmão na casa dos Maia ficaram expostos por vários anos e estes diziam que eles só tapariam quando Américo fosse morto.

José Nêumanne Pinto – Fonte – http://www.paraiba.com.br

João Agripino Filho afirmou a José Nêumanne Pinto que “-Jamais esqueceu aquela cena”.

Pessoalmente não conheci o local do tiroteio, nem onde se posicionaram os atiradores, nem a distância entre os inimigos e se eles eram, ou não, bons de tiro. Mas fato é que aquele episódio, onde não faltou o conceito de coragem, valentia, bravura e o temperamento de muitos sertanejos para lutar de peito aberto no campo da honra, deu início a uma das mais sérias e difíceis rivalidades entre famílias que o Nordeste testemunhou.

Outros Atores

O conflito entre os Maia e Suassuna prosseguiu de maneira variada e alternância de intensidade. Às vezes envolvendo na questão outros atores, de outras regiões da Paraíba.

Ariano Suassuna era um dos membros mais conhecidos da família Suassuna. Ele nunca participou da luta contra a família Maia, mas uma parte de sua obra recebeu influência destes episódios.

Um fato que teve enorme repercussão em todo país foi o ataque de cangaceiros a cidade paraibana de Sousa. Ocorrido em 27 de julho de 1924, foi protagonizado pelo cangaceiro Francisco Pereira Dantas, conhecido como Chico Pereira. Este era paraibano da vila de Nazareth (hoje Nazarezinho), que em parceria com os irmãos de Lampião (que nessa época se recuperava de um ferimento) e numeroso bando de cangaceiros assaltaram Sousa. Este caso teve como um dos principais motivos à concretização de uma vingança pessoal deste cangaceiro contra seus inimigos que residiam naquela próspera cidade paraibana. Entre estes estava Octávio Mariz, ligado em parentesco aos Maia de Catolé do Rocha.

Como se diz que “inimigo do meu inimigo, consequentemente é meu amigo”, independente da negativa repercussão do episódio de Sousa, João Suassuna, já então governador da Paraíba, e seus irmãos, mantiveram ligações próximas com Chico Pereira.

Sede da fazenda Conceição, na zona rural de Catolé do Rocha, antiga propriedade de José Maia de Vasconcelos, que foi visitada por Chico Pereira e parentes de João Suassuna em 1926.

Existe uma notícia publicada em um jornal carioca (A Manhã, edição de 2 de junho de 1926), dando conta que no mês de março daquele ano o cangaceiro Chico Pereira esteve nas propriedades Marcelina e Maniçoba, pertencentes aos irmãos Suassuna. Além disso ele foi visto circulando tranquilamente em automóvel particular em Catolé do Rocha, junto com pessoas da família Suassuna. Vale ressaltar que nesta época Anacleto Suassuna, um dos irmãos do governador João Suassuna, conhecido na região como “major Quietinho”, era o delegado da cidade de Catolé.

A mesma nota aponta que Chico Pereira e os parentes do então governador paraibano estiveram em uma ocasião na fazenda Conceição, de propriedade de José Maia de Vasconcelos, na época juiz em Mossoró, Rio Grande do Norte.

Jornal carioca A Manhã, edição de 2 de junho de 1926.

Nesta ocasião Chico Pereira não atacou esta fazenda, apenas parou com seus amigos para pedir “água”. Mas a “visita” deixou totalmente abalada a esposa do juiz e suas duas filhas, além de certamente deixar os homens da família Maia em total estado de alerta.

João Agripino Filho comentou no livro “Agripino – O Mago de Catolé”, que os acirramentos levaram as duas famílias a criarem situações únicas e peculiares. Nos dias de eleição foi criada uma linha imaginária em Catolé do Rocha, que tinha como base a igreja matriz de Nossa Senhora dos Remédios e dividia os setores políticos dos dois clãs na urbe. E ai de quem ousasse transpô-la para fazer intriga política e cabular votos!

E a divisão das duas famílias continuou em assuntos políticos até mesmo externos a Catolé do Rocha.

Imagem meramente ilustrativa – Fonte – chickenorpasta.com.br

Em meio às repercussões do conflito na cidade de Princesa, na Paraíba, e da deflagração da Revolução de outubro de 1930, os Maia apoiaram politicamente o governador João Pessoa no plano estadual e Getúlio Vargas na esfera federal. Já os Suassuna cerraram fileira junto ao coronel José Pereira, de Princesa, e no quadro político nacional deram apoio ao paulista Júlio Prestes.

Quem conhece história do Nordeste e do Brasil sabe qual dos dois lados levou a melhor nestas alianças!

A Luta Chega a Natal

E o tempo passou e a questão continuou!

Lauro Maia era o prefeito eleito da cidade potiguar de Patu, fronteiriça a Catolé do Rocha. Era uma liderança política ligada a João Café Filho, que naquele mesmo ano ser tornaria o único potiguar a alcançar o mais alto cargo do poder executivo brasileiro.

Então, no dia 3 de junho de 1954, por volta das onze e meia da noite, defronte ao Hotel América, na Avenida Rio Branco, no centro da capital potiguar, Lauro Maia foi brutalmente assassinado.

Nota sobre a morte de Lauro Maia no jornal “O Globo”, do Rio, na edição de 5 de junho de 1954.

O pistoleiro desferiu quatro tiros com um revólver calibre 38 contra o prefeito de Patu, que efetivamente foi atingido por dois balaços e faleceu três dias depois no antigo Hospital Miguel Couto, atual Onofre Lopes. O caso inclusive foi publicado no jornal “O Globo”, do Rio, na edição de 5 de junho daquele ano.

A suspeita maior recaiu sobre José de Deus Dutra, ligado politicamente aos Suassuna em Patu. Por falta de provas José Dutra foi absolvido. Já o filho de Lauro Maia, o médico Lavoisier Maia Sobrinho, não quis vingança e foi clinicar em Catolé do Rocha. Mas ele também seria alcançado pela violência daquele conflito.

Na foto vemos a esquerda Lavoisier Maia Sobrinho, quando no cargo de governador do Rio Grande do Norte, dando um abraço no ex-governador potiguar Aluízio Alves.

Segundo José Nêumanne Pinto, na edição do Jornal do Brasil de 1985, comentou que Lavoisier Maia, que durante os anos de 1979 e 1983 foi governador do Rio Grande do Norte, estava na noite de 9 de setembro de 1956 na festa de comemoração de bodas de casamento do juiz de direito Sérgio Maia, no Prédio da Intendência, localizado à Rua Epitácio Pessoa, no centro de Catolé do Rocha. Depois houve uma animada comemoração em clube local.

Em meio à festa, Chiquinho Suassuna queria que um parente seu entrasse no recinto e participasse do evento, mas Lavoisier Maia barrou a entrada deste membro do clã opositor. Isso gerou uma altercação, que descambou para um tiroteio onde ficaram feridos Lavoisier e Chiquinho. Nesse mesmo episódio foi morto com um tiro acidental o agente de estatística Cantidiano de Andrade.

Imagem meramente ilustrativa – Foto – Rostand Medeiros

Lavoisier salvou-se por um verdadeiro milagre, mas continuou ao longo de sua vida política e pessoal com sequelas daquele tiroteio e só recentemente deixou a vida pública. Já Chiquinho Suassuna continua vivo e morando em Catolé do Rocha.

Após estes acontecimentos houve um período de trégua na luta das famílias. Mas os ressentimentos, contudo, permaneceram como chagas abertas. Bastava que acontecesse algum problema mais sério para que as acusações voltassem à tona e a violência retomasse o seu sinistro crescimento.

Sangue continuou sendo derramado e ainda por alguns anos corpos tombaram em meio a esta luta!

Trabalhando Pela Paz!

Ao escrever este texto não pude deixar de recordar de Eleanor Roosevelt, que disse certa vez que “Para conseguir a paz não bastava apenas falar sobre ela, mas acreditar e trabalhar por ela”.

Imagem meramente ilustrativa – Foto de Cid Barbosa – Fonte – chickenorpasta.com.br

Um dia os membros das famílias Maia e Suassuna trabalham juntos e, através do entendimento e não pela força das armas, encerraram aquela luta.

O famoso ator britânico Charles Chaplin disse certa vez que “O tempo é o melhor autor; sempre encontra um final perfeito”. Não sei se neste caso houve um final perfeito para todos os envolvidos nestes episódios. Certamente que não. Além disso, não existem meios de voltar no tempo, de voltar atrás para serem corrigidos diretamente os erros do passado.


Mas ao menos agora estes clãs podem moldar o futuro de suas novas gerações com maior tranquilidade.

Extraído do blog Tok de História do historiógrafo e pesquisador do cangaço Rostand Medeiros

- http://tokdehistoria.com.br/2016/03/06/a-luta-entre-os-maia-e-os-suassuna-no-sertao-paraibano/

http://blogdomendesemendes.blogspot.com