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terça-feira, 20 de setembro de 2016

UM SONHO A SER SONHADO, UM MUSEU NO CENTRO DO SERTÃO

Por Gilmar Teixeira
Gilmar Teixeira, Givaldo Teixeira e João de Sousa Lima, em Paulo Afonso
Estive na casa do amigo, escritor, pesquisador e historiador João de Sousa Lima, fui lá para apresentar ao meu irmão Givaldo Teixeira, o museu particular do amigo João. Logo na entrada de sua casa, já respiramos sertão em toda em sua plenitude, principalmente nós , sertanejos natos que vivenciamos e eternizamos em nossas memórias cada detalhe daquilo que diz, isso é sertão, isso faz parte do nosso sertão, assim é a casa de João de Sousa, assim é a casa que começamos a visitar naquela segunda-feira de ressaca, ainda da copa vela, que acabara de terminar nas primeiras horas da madruga com o show cultural de Anitta e sua trupe. 
Vamos a visita, que é o que nos interessa: Ao adentrarmos o quintal da sua casa, deparamos com uma imensidades de bicicletas antigas, cangaias de jegues, filtros antigos, rodas de carro de boi, máquinas de custuras, fósseis achados em nossa região e outras máquinas afins, ao pisar logo na sala de espera, uma surpresa nos aguardava, várias cristaleiras abarrotadas de cristais e porcelana de épocas diversas, móveis com mais de 100 anos, relógios centenários, gramofones e seus discos de 78 rpms, quadros com seus feitos, além de uma enormidade de objetos centenários. Passamos a olhar a segunda sala, onde se encontram os objetos da época do cangaço; suas armas, suas roupas, seus utensílios de viagens, perfumes e jóias usadas pelas cangaceiras e cangaceiros. 

No quarto ao lado encontram-se objetos usados na guerra de canudos e na insurreição de Juazeiro, como cartas originais de Padre Cicero, livros da época, além de milhares de fotos originais da história geral de Paulo Afonso, do cangaço, messianismo na nossa região, além de uma coleção de milhares de discos de vinil, e sem falar da coleção de cordéis, contados aos milhares. São mais de 3 mil objetos históricos, digno dos mas nobres museus, aí pergunto, por que não disponibilizar esse patrimônio para um museu em Paulo Afonso?
Ao sair daquela visita fiquei matutando o dia todo, como um homem gasta todo seu valoroso suor na compra destes objetos, gastou milhares de horas em busca destas relíquias, ausentou-se inúmeros dias do aconchego do seu lar, dos abraços de suas filhas queridas, dos papos com os amigos, tudo isso apenas para a realização de um sonho, dar de presente um museu a cidade que o acolheu, matutando na solidão do meu quarto, tomei uma decisão, vou atrás com os amigos diletos, para a realização deste sonho de João de Sousa Lima, pois juntos; eu, vocês, João, Josés, Marias, seremos capazes de fazer a roda desse sonho rodar, como dizia Raul Seixas, um sonho sonhado sozinho é um sonho, um sonho sonhado juntos é realidade

Gilmar Teixeira
Cineasta, documentarista, pesquisador e escritor
Paulo Afonso, BA

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MEMÓRIAS DA POLÍCIA MILITAR DA BAHIA - O MASSACRE DE QUEIMADAS


Publicado em 4 de agosto de 2016
Em 1929 o bando de Lampião esteve no município de Queimadas, saqueando a cidade que contava com 8 policiais militares em sua guarnição.
Este documentário conta o desfecho sangrento dessa investida
criminosa do cangaceiro.
  
PRODUÇÃO:
Cap PM Bandarra /  Cap PM Danillo Ferreira/ St PM Luciano Macêdo
ROTEIRO:
Cap PM Raimundo Marins/Cap PM Danillo Ferreira
PESQUISA:
Cel PM Souza Neto/Cap PM Raimundo Marins
DIREÇÃO E EDIÇÃO:
Cap PM Danillo Ferreira
IMAGENS:
ST PM Luciano Macêdo/SD PM Orlando Junior
Daniel Pujol/Jonatan Costa
ASSISTENTES:
SD PM Orlando Junior/SD PM Igor Freitas
AGRADECIMENTOS
Moacir Mancha e ao povo de Queimadas
REALIZAÇÃO:
Polícia Militar da Bahia
Departamento de Comunicação Social

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SANGUE NO SERTÃO E O FANATISMO DA PEDRA DO REINO

Por Narciso Dias

No dia 24 de junho de 1578, um Exército de 24 mil portugueses, comandado pelo seu rei dom Sebastião I, partiu de Lisboa e após quase um mês navegando pelo Atlântico em 847 embarcações chegou a Tânger, no Marrocos. Dali marchou por sete dias até a cidade de Alcácer-Quibir. O objetivo era atacar, com seus cavaleiros, lanças, espadas, arcabuzes e canhões, o rei marroquino Abd al-Malik. A vitória mataria dois coelhos: afastaria as ameaças dos muçulmanos ao litoral português e o país seria o protagonista de um processo de cristianização e colonização do norte da África.

Mas o desastre foi total para os portugueses. Abd al-Malik também tinha cavaleiros, lanças, espadas, arcabuzes e canhões. E a vantagem de um Exército de 60 mil homens. Três marroquinos para cada português. Metade do Exército lusitano foi morto na batalha e a outra metade, presa.

O corpo de dom Sebastião nunca seria encontrado. Aos 24 anos, o rei não deixou herdeiro ao trono e Portugal seria governado pela Espanha por 60 anos. Do fim misterioso de dom Sebastião surgiu o sebastianismo, a crença mística de que ele voltaria para afastar o domínio estrangeiro ou para livrar dos seus opressores os pobres e infelizes. O mais popular divulgador do sebastianismo foi o sapateiro da vila portuguesa de Trancoso Gonçalo Annes Bandarra, que previu, em poemas, a volta de dom Sebastião, “o Desejado”. 


Suas Trovas fizeram enorme sucesso. Foram proibidas pela Inquisição, mas continuaram circulando clandestinamente por décadas, mesmo após sua morte. A lenda se espalhou por Portugal e, 260 anos mais tarde, tornou-se realidade no alto de uma montanha próxima à cidade de São José do Belmonte, sertão de Pernambuco, transformando-se em um dos episódios mais bizarros e sinistros da história brasileira.

Tudo começou em 1838, na Pedra Bonita (hoje, Pedra do Reino) – um platô encimado por dois rochedos paralelos, cada um com 30 m de altura –, quando João Antônio Vieira dos Santos começou a abordar os habitantes mostrando-lhes duas pepitas, as quais ele dizia serem preciosas. João Antônio afirmava que as havia conseguido graças ao rei dom Sebastião, que o conduzia todos os dias em sonho a seu esconderijo. O rei português ainda lhe teria indicado que o desencanto e a revelação de seu reino estariam próximos e, assim que isso acontecesse, ele retornaria ao mundo como o Messias. Para dar fundamento, digamos, acadêmico a seus argumentos, o profeta levava consigo, além das pedrinhas, os textos de As Trovas do Bandarra, que tanto sucesso haviam feito em Portugal.


“Esse fato demonstra a perspicácia do falso profeta, que, conhecendo o nível de esclarecimento de seus ouvintes, apropriou-se de uma narrativa de convencimento”, diz Marcio Honorio de Godoy, da PUC-SP e autor de O Desejado e o Encoberto, sobre o sebastianismo. Moradores de sítios vizinhos começaram a aderir à crença e visitar o complexo rochoso encantado, onde dom Sebastião dormia, segundo suas pregações. Com a popularidade crescendo, o profeta foi coroado rei de Pedra Bonita, cargo provisório enquanto dom Sebastião não despertava. Mas a agitação atraiu os olhares das autoridades.

O movimento provocava o esvaziamento da mão de obra rural e disseminava uma seita pagã. Enfim, um caso de polícia e de Igreja. O padre Francisco José Correia, respeitado na região, foi acionado. “O embusteiro João Antônio então se apresentou ao sacerdote, arrependeu-se de sua conduta e devolveu-lhe as falsas pedras”, conta Belarmino de Souza Neto, historiador e autor de Flores do Pajeú: História e Tradições.

O que deveria ser o fim do sebastianismo sertanejo gerou uma crença ainda mais fanática e perigosa. João Antônio assumiu a farsa e saiu da cidade, mas antes passou a coroa para o cunhado João Ferreira. O segundo rei de Pedra Bonita também dizia ter visões de dom Sebastião e intensificou a divulgação da profecia. Carismático, ganhou muita popularidade e conseguiu aumentar o número de seguidores para 300. Eles o chamavam de “Sua Santidade El-Rei” e beijavam-lhe os pés. Decidiu estabelecer sua corte ali mesmo, junto às duas grandes rochas de Pedra Bonita – local de rituais de desencantamento que permitiram ao outro rei, o desaparecido em Alcácer-Quibir, e que no momento dormia, voltar ao mundo real.

É nesse momento que as coisas começaram a degringolar. Ferreira decidiu estabelecer sua casa em um dos blocos de rocha. Nela, eram promovidos festejos e beberagens entre seus associados, que se drogavam com manacá e jurema, ervas com propriedades alucinógenas, para conseguir “entrar” no reino de dom Sebastião. Na segunda torre de pedra, foi escavado o santuário – que servia de refeitório e para os rituais de desvirginamento, nos quais, após cerimônias de casamento, as noivas eram oferecidas em primeira mão ao monarca.

O que o novo rei pregava foi registrado, em 1875, por Antônio Attico de Souza Leite, do Instituto Arqueológico da Província de Pernambuco. “Um iluminado ali congregou toda a população para o advento do reino encantado do rei dom Sebastião, que irromperia castigando, inexorável, a humanidade ingrata”, escreveu. O dia a dia dos sebastianistas era ocupado por rezas e cantorias. Na rotina não entravam a preocupação com vestimentas ou com a higiene. Também não se tomava o cuidado de cultivar vegetais ou criar animais. Caravanas de jagunços de confiança do rei eram despachadas para recolher doações ou saquear fazendas vizinhas e, se possível, buscar novos adeptos.

Ferreira tinha ideias próprias de quais seriam os rituais exigidos para promover o desencantamento de dom Sebastião. “Era necessário banhar as pedras e regar todo o campo vizinho com sangue dos velhos, dos moços, das crianças e dos irracionais”, registrou Antônio Attico. A loucura começaria para valer na manhã de 14 de maio de 1838. Ferreira anunciou que, numa visão, dom Sebastião lhe garantira que o sangue dos seguidores o traria de volta.


Durante três dias, os fiéis, embalados por gritos, danças hipnóticas, música e bebidas alcoólicas, mataram 30 crianças, 12 homens, 11 mulheres e 14 cães. Pais e mães traziam como oferendas partes do corpo dos filhos. Aos pés do rei, arrancavam orelhas, línguas, dedos dos pés, das mãos ou genitais, relata Antônio Attico, baseado em testemunhas. Os cadáveres amontoavam-se e eram colocados na base das duas pedras de maneira simétrica, separados por sexo, idade e “qualidade”, esta última determinada de acordo com o tipo de promessa e da entrega de entes queridos ao sacrifício que eles houvessem feito. Quem se recusava ao sacrifício era tido como infiel e desprezível. “Os mais fanáticos entendiam tal recusa como uma quebra na continuidade do ritual de desencanto”, afirma Honorio de Godoy.

A loucura assassina de Sua Santidade El-Rei fez surgir um terceiro personagem. Pedro Antônio Viera dos Santos, irmão do primeiro rei, João Antônio, resolveu frear o ritual. Tomou a palavra e fez um discurso carismático anunciando que ele também tinha uma mensagem de dom Sebastião para divulgar. “Ele anunciou que dom Sebastião lhe apareceu em uma visão cobrando o sangue do segundo rei para o desencantamento ser concluído”, afirma o historiador Belarmino de Souza.

Os fiéis apoiaram imediatamente a sugestão e começaram a gritar: “Viva El-Rei dom Sebastião! Viva nosso irmão Pedro Antônio!” Deposto do seu título e na condição de um simples súdito, João Ferreira, o amalucado messias, foi arrastado ao sacrifício. Seu crânio foi esmigalhado e o corpo amarrado, pés e mãos, ao tronco de duas árvores grossas. Ao vencedor, Pedro Antônio, foi passada a coroa. Era ele, agora, o terceiro regente de Pedra Bonita. Sua primeira medida foi decretar a suspensão imediata dos assassinatos.


Mas tamanho horror não poderia escapar às autoridades. Enquanto no alto do morro a transição entre os dois reinados acontecia, as denúncias dos sacrifícios humanos chegavam ao conhecimento do major Manuel Pereira da Silva, autoridade militar de São José do Belmonte. Um vaqueiro, José Gomes, fugido de Pedra Bonita, relatou as barbaridades. Curiosamente, o delator destacava a frustração dos integrantes por terem sacrificado inocentes em vão, já que dom Sebastião não havia desencantado.

O major partiu no dia seguinte rumo à Pedra Bonita. Liderava um grupo formado por dois de seus irmãos, Cypriano e Alexandre, e 26 soldados. Após um dia de caminhada, e ainda distante do local da seita, a caravana fez uma pausa embaixo de alguns umbuzeiros. A poucos metros do abrigo, no entanto, encontrou-se de frente com o novo rei dos sebastianistas, Pedro Antônio, acompanhado de um séquito numeroso de pessoas armadas com porretes e facões.O rei e sua corte haviam deixado Pedra Bonita fugindo do cheiro dos cadáveres insepultos.

O encontro pegou os dois grupos de surpresa. Os militares, em campo aberto, pareciam em desvantagem diante dos sebastianistas. Mas estes estavam exaustos. Na batalha que se seguiu, o major ganhou a guerra, mas pagou caro pela vitória. O rei, Pedro Antônio, e 16 de seus seguidores foram mortos. Do lado dos militares, cinco vítimas fatais, inclusive os dois irmãos do major. Ali, debaixo dos umbuzeiros, terminava, em 17 de maio de 1840, o sangrento reinado dos sebastianistas da Pedra Bonita, sem que dom Sebastião acordasse para socorrê-los. O messianismo não se extinguira no imaginário brasileiro. Grupos semelhantes surgiram. Um dos maiores, no interior da Bahia, em 1896, foi liderado por Antônio Conselheiro e gerou a Guerra de Canudos.

Postagem por Narciso Dias - Conselheiro Cariri Cangaço
Fonte: Facebook

SAIBA MAIS - LIVROS
No Reino do Desejado: A Construção do Sebastianismo em Portugal nos Séculos XVI e XVII -
Jacqueline Hermann
Companhia das Letras, 1998.
Flores do Pajeú: História e Tradições
Belarmino de Souza Neto
Biblioteca Pernambucana de História Municipal, 2004

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DEUS Amaro Poeta


Deus fez o mundo do nada
E em seis dias terminou,
Dois terços de água em cima
O mar na terra plantou,
E o céu bordado de estrelas
Suspenso no ar deixou.
.
O arco íris pintou
No céu como um diadema,
O sol nascer cor de ouro
E morrer da cor de gema,
E no crepúsculo da tarde
Deixou escrito um poema.
.
Com sua força suprema
Deu velocidade ao vento,
Deu as aves asas soltas
Pra bailar no firmamento,
Porque o mestre é o único
De perfeição cem por cento.
.
Sem o seu consentimento
Nada se move na terra,
O seu projeto não falha
Sua previsão não erra,
A máquina não enferruja
E nem o seu eixo emperra.
.
Seja no ar ou na terra
Deus é puro e escorreito,
Deu a lua quatro faces
E nenhuma dá defeito
Toda semana ela muda
Mas não muda o seu efeito.
.
O universo perfeito
Pintou de todas as cores,
Fez do chão um lençol verde
E ornamentou de flores,
Com animais e florestas
E deu para os seus pastores,
.
Trata bem dos pecadores
Que pra Deus isso é comum,
E ainda deu um anjo
Da guarda pra cada um,
Cuida de todos os filhos
Sem se esquecer de nenhum.
.
Deus é três pessoas num
Pai, Filho e Espírito Santo,
Ninguém foge do seu olho
Nem escapa do seu manto,
Se transporta sem andar
E voa sem sair do canto.
.
A chuva que cai do manto
Pingo a pingo é peneirada,
O rio de água doce
E o mar de água salgada,
Que a natureza obedece
A quem fez tudo do nada.
.
Visita toda morada
No dia a dia sagrado,
Ninguém pensa qualquer coisa
Que ele não tenha pensado,
Que Deus ama o pecador
Mas aborrece o pecado.
.
Do poder ilimitado
O mestre é onipotente,
Do saber absoluto
Deus é o onisciente,
E por estar em toda parte
Ele é onipresente.
.
Deus com sua mão potente
É comandante da nave,
A bordo do globo faz
Girar o cosmo suave,
Dos desígnios e mistérios
Só ele possui a chave.
.
Quem do olho tira a trave
Enxerga os defeitos seus,
Que o mestre é dono de tudo
Até da fé dos ateus,
Que até quem não tem fé sabe
Que o dono do mundo é Deus.

Enviado pelo professor, escritor pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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SE É PRA ROER A GENTE RÓI RSRS...

 Por (Andrade Lima x Daiana Oliveira)

A.L
Seu deprezo foi fatal
E a solidão me maltrata.
A saudade cruel mata
E lembrando passo mal.
Se ligo, falta sinal
Na hora da ligação.
Meus prantos molham o chão
E a tristeza sinaliza:
Remédio não cicatriza
As dores do coração!

D.O
Depois de tanto beber
Com o coração ferido 
Ele ficou foi partido 
E inventou de roer 
Apanhou para bater
Quase ficou sem paixão 
E a sua pulsação 
Inda hoje martiriza 
"Remédio não cicatriza
As dores do coração!"

A.L
Estou como uma remessa
Emitida sem destino.
Quem pega, diz: não assino
Se quiser pra outro peça.
Igual você caí nessa
E fiquei sem direção!
Eu falei: tu tens razão,
Porque quem leva uma pisa...
Remédio não cicatriza
As dores do coração!

D.O
Quando a dor duma saudade 
Mexe com nossa lembrança 
Parece uma criança 
Brincando na mocidade 
Mais depois da meia idade
Onde acha uma paixão
Que faz uma traição 
E no peito ainda pisa
"Remédio não cicatriza
As dores do coração!

A.L
É comum quem perde alguém
Da noite virar boêmio.
E a boêmia ser o prêmio
De quem está sem ninguém.
Quando grito ela não vem
Me tirar dessa aflição.
Depois da separação
O meu mar não tem mais brisa...
Remédio não cicatriza
As dores do coração!

D.O
Deu febre, dor e calor
Depois da sua partida,
Foi triste em ver a ida 
Daquele que dei valor
Pra provar o meu amor 
Eu faço como oração 
-Perdir a minha paixão .
Escrito numa camisa
"Remédio não cicatriza
As dores do coração!"

A.L
Não tem chá de esquecimento
Para o coração doente.
A lembrança afeta a mente
E a saudade o sentimento!
Não se exclui do pensamento
Um amor ou uma paixão.
Porque a recordação
Quando vem não nos avisa.
Remédio não cicatriza
As dores do coração!

D.O
Não tem como não chorar 
C'uma dor assim tão grande 
Que parece que se expande 
Quando volto a lembrar.
Às vezes faz sufocar 
Essa triste solidão 
E até a minha pressão 
Às vezes não normaliza 
"Remédio não cicatriza
As dores do coração!"

A.L
A dor que sinto é interna
E disfarço os sentimentos,
Pra esconder os ferimentos
Sem demonstração externa.
Meu corpo virou caverna
De uma civilização
Que não sente compaixão,
Me tortura e me escraviza.
Remédio não cicatriza
As dores do coração!

19/09/2016.

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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