Por José Cícero da Silva
Hoje, não mais
que quatro almas ainda me reconhecem
naquela vila, imagino. E eu, afora a capelinha do santo padroeiro beirando o
abandono, quase nada reconheço mais dos meus idos anos de menino. Nem as
estradas de chão batido, nem os coqueirais, nem os verdejantes baixios de cana,
nem o riachinho, nem os caminhos, nem os aveloz das cercas, nem as sombras
frescas dos arvoredos. Nem o casario, nem os cambiteiros, nem os engenhos
antigos. Tampouco as matas circundantes, nem as cacimbas, nem os tabuleiros.
Nada esperou tranquilo como eu, o seu destino. Nem o bater do sino sobrevivera
à finitude implacável do tempo, como igualmente à completa e injustificável
indiferença dos contemporâneos que agora só enxergam banana e só pensam em
dinheiro. Enfim...Onde foi parar todo mundo. Cadê os meninos e todas as pessoas
do meu tempo? Que fim levou meu vilarejo e toda aquela gente de outrora? Agora,
além das lembranças; tudo lá tem um gosto amargo de saudade e de vazio
absoluto. Cada coisa resolveu de vez ocupar o seu lugar devido no ostracismo do
tempo, como na própria solidão dos sentimentos. Nada mais.
Eis a derrota
total, da memória pelo fantasma cruel do esquecimento.
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