Por
Junior Almeida
Prestes a
completar 105 anos, em janeiro próximo, a trágica chacina que colocou a Suíça
Pernambucana nas páginas dos jornais de todo país, e que ficou conhecida como
a Hecatombe de Garanhuns, ganha agora mais um reforço em sua funesta,
porém, importantíssima e intrigante história.
Acontece que
depois dos livros de Mário Márcio e de Alfredo Cavalcante, de 1962, em que o
episódio é discorrido e, até então se achava que fossem os pioneiros do tema,
eis que “surgiu” agora um livreiro cearense com a primeira obra sobre
a Hecatombe de Garanhuns. Trata-se de O Sertão, a Política e os
Cangaceiros, de um autor que se identifica como G. Pinto, livro esse,
editado no Rio de Janeiro, em 1921, portanto, exatos 100 anos atrás.
A obra rara
foi comprada em um site de leilões, por uma quantia não revelada, mas, segundo
o referido livreiro, a obra lhe custou um valor considerável. Ele nos revelou
também que “o livro vai ser reeditado, que já está sendo digitado, mantendo a
linguagem da época e, que em seguida vai ser diagramado e
impresso”.
A obra, a qual
tivemos acesso, é romanceada e, nomes foram trocados, como por exemplo, o de
Júlio Brasileiro, que no livro é “Julião”, o que é totalmente
compreensível, tendo em vista que o livro foi publicado apenas
quatro anos depois do sangrento episódio e, escrito,
muito provavelmente, antes de 1921, quase em tempo real aos fatos da
cadeia pública de Garanhuns, então, nada mais natural que a prudência.
Professor Cláudio
Gonçalves, autor de dois livros sobre o episódio, dentre eles A Cobertura
Jornalística da Hecatombe de Garanhuns de 1917, de 2017, obra mais completa
sobre o tema, foi procurado pelo dono da preciosidade literária e histórica e,
foi convidado por ele para prefaciar a reedição do livro. Cláudio, que já leu a
raridade, disse que “mesmo o livro tendo os nomes dos seus personagens mudados,
quem conhece a história, sabe perfeitamente quem é quem no triste enredo”.
A obra nos
traz visões diferentes de determinados personagens e fatos que só quem
acompanhou de perto a tragédia poderia saber. Achamos que “G. Pinto” é um
pseudônimo usado por alguém que quis se proteger, mas ainda precisamos ter
certeza disso. Complementou Professor Cláudio.
O livro, que
depois de reeditado vai ser lançado em Garanhuns, em data e local ainda não
definidos, pode contribuir, e muito, com os historiadores que buscam
compreender melhor todo contexto que desencadearam os tristes fatos de janeiro
de 1917. Vamos aguardar.
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