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terça-feira, 2 de novembro de 2021

PESQUISADOR QUE ESTÁ COM DEUS

 Por José Mendes Pereira

Adeus a Alcino Alves Costa 17/06/1940 à 01/11/2012

Alcino Alves Costa foi prefeito da cidade de Poço Redondo e era escritor e pesquisador do cangaço. Foi um pesquisador que todos os pesquisadores, escritores e cineastas tinham muito respeito pela sua pessoa, além dos seus bons trabalhos sobre a saga cangaceira. Era sobrinho do cangaceiro Manoel Marques da Silva, alcunhado no mundo do crime por Zabelê. Ontem completou 9 anos da sua partida para a casa do Senhor.

Leia o que escreveu João da Mata Costa sobre o decano de Poço.

Na véspera do dia de finados, dia de Todos os Santos, faleceu um grande estudioso do cangaço e da cultura sertaneja. Alcino Alves Costa – sobrinho do cangaceiro- poeta Manoel Marques da Sila, o Zabelê- , nasceu em Poço Redondo – SE, e ai viveu intensamente a sua história como ativo protagonista e guardião de sua história contada numa dezena de livros.

Filho de Ermerindo Alves da Costa e de Emeliana Marques da Costa, Alcino foi um politico que amava sua terra e costumes. Foi prefeito por três vezes do município de Poço Branco, deixou a politica para se dedicar ao estudo do cangaço e das ricas tradições culturais de sua terra natal amada. Grande contador de causos, um caipira como gosta de ser chamado, é referencia obrigatória em se tradando de cangaço. Mesmo sendo um profundo conhecedor da saga lampionica, não tinha a presunção daqueles que se consideram dono da verdade. Gostava de dizer, essa é a minha versão. O seu primeiro livro sobre o cangaço, já em terceira edição, teve o prefácio da professora antropóloga Luitgarde Barros, que escreve: “este livro não é de ficção”, pelo contrário, o livro tem como objetivo a desmistificação de alguns detalhes envolvendo um dos fenômenos social mais estudado do Brasil, o cangaço.

Um homem simples apaixonado pela vida e pelas mulheres. A paixão pelo cangaço e Sergipe, só perdia para elas. Casou muitas vezes e deixou muitas viúvas. Além dos livros que conseguiu publicar, deixou outros inéditos. No inicio de 2012 estivemos visitando o Alcino em sua casa em Poço Redondo. Ele se queixava de gota e andava com dificuldade, mesmo assim nos atendeu e tivemos uma bela proza coletiva onde bebíamos a largos goles tanta sabedoria feita de um longo e laborioso viver cantando e glosando as coisas do cinzento sergipano, palco da morte de Lampião na grota de Angicos. Na ocasião da nossa visita ele me autografou vários livros de sua autoria. “Lampião além da versão – mentiras e mistérios de Angico” ( 3ª edição 2011) , “O Sertão de Lampião” ( 2ª edição 2008); e “Poço Redondo, a saga de um povo” ( 2009).

No prefácio ao livro lampião Além da Versão, ele repte: Estimado João da Mata, nas paginas deste livro a história de Lampião além da versão. Do amigo e autor Alcino Costa 25/01/2012.

Na dedicatória ao livro O sertão de Lampião “, ele escreve: Na história brasileira a saga de Lampião tem lugar de destaque e o nosso sertão “O sertão de Lampião” o seu principal e social cenário.

Alcino Alves Costa viveu toda a sua vida num dos principais cenários, palco da saga de Lampião. Ouvindo pessoas e pesquisando os lugares e refúgios onde foram travadas as batalhas ele pode reunir muitas histórias e versões contadas dos embates entre coroneis, volantes, coiteiros e beatos.

Pode não ser a versão verdadeira, mas é uma versão que precisa ser ouvida e lida. Seus livros ficam e são imprescindíveis para quem estuda o cangaço e os costumes e cultura dos nordestinos.

O autor ainda escreveu um livro que ele considerava o seu melhor trabalho. “Maria do Sertão”, seu primeiro romance ficional. ficcional. História e Lendas do Sertão, entre outros livros escritos por Alcino Costa, enriquece a etnografia nordestina.

Vai em paz meu querido amigo
Saudades
João da Mata Costa

 http://substantivoplural.com.br/adeus-a-alcino-alves-costa-17061940-a-01112012/

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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