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quarta-feira, 31 de março de 2021

PEÇA LOGO ESTES TRÊS LIVROS PARA VOCÊ NÃO FICAR SEM ELES. LIVROS SOBRE CANGAÇO SÃO ARREBATADOS PELOS COLECIONADORES.

    Por José Mendes Pereira


A primeira obra é "LAMPIÃO A RAPOSA DAS CAATINGAS" que já está na 5ª. edição, e aborda o fenômeno do cangaço e a vida do maior guerrilheiro das Américas. Um homem que não temeu às autoridades policiais  e muito menos aqueles que lutavam contra a sua pessoa, na intenção de desmoralizá-lo nas suas empreitadas vingativas, e eliminá-lo do solo nordestino. Realmente foi feito o extermínio do homem mais corajoso e mais admirado do Nordeste do Brasil, na madrugada de 28 de julho de 1938, na Grota do Angico, no Estado de Sergipe, mas não em combate, e sim, através de uma emboscada muito bem organizada pelo alagoano tenente João Bezerra da Silva. 


O Segundo livro da trilogia do escritor e pesquisador do cangaço é: "FATOS ASSOMBROSOS DA RECENTE HISTÓRIA DO NORDESTE" com 332 páginas, e um grande acervo de fotos relacionado ao assunto. E para aqueles que gosta de ler e ver fotos em uma leitura irá se sentir realizado com todas as fotos.


O terceiro livro da trilogia também do escritor José Bezerra Lima Irmão é: "CAPÍTULOS DA HISTÓRIA DO NORDESTE" resgata fatos sobre os quais a história oficial silencia ou lhes dá uma versão edulcorada ou distorcida: o "desenvolvimento" do Brasil, o desumano progresso de colonização feito a ferro e fogo, Guerra dos Marcates, Cabanada, Balaiada, Revolução Praieira, Ronco da Abelha, Revolta dos Quebra-Quilos, Sabinada, Revolta de Princesa, as barbáries da Serra do Rodeador e da Pedra do Reino, Guerras de Canudos, Caldeirão e Pau-de-Colher, dando ênfase especial à saga de Zumbi dos Palmares, Invasões Holandesas, Revolução Pernambucana de 1817, Confederação do Equador e Guerras da Independência, incluindo o 2 de Julho, quando o Brasil se tornou de fato independente... São assunto que dá gosto a gente lê-los.  

Adquira-os com o professor Pereira através deste e-mail: 

franpelima@bol.com.br

ou com o autor através deste g-mail: 

josebezerralima369@gmail.com

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LIVROS DO ESCRITOR LUIZ RUBEN

  Por Luiz Ruben F. A. Bonfim

É com alegria que compartilho meus gêmeos. São dois livros resultado de pesquisa de longo tempo e organizado nessa reclusão a que estamos todos obrigados a viver.

De um total de 21 livros lançados, esses são o 13º e 14º publicados sobre a temática Cangaço.

1 – Lampião e a Revolução de 1930

2 – Lampião e seus Cangaceiros – Caderno de Anotações

Estes e outros títulos lançados anteriormente estão a venda com o professor Pereira.

Whats App.: (83) 9 9911-8286

Email: fplima1956@gmail.com 

ou franpelima@bol.com.br

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GUARIBAS DE CHICO CHICOTE CHEGA AOS GRANDES ENCONTROS CARIRI CANGAÇO

 Por Manoel Severo

Um dos episódios mais sangrentos do ciclo do cangaço e coronelismo no nordeste nos idos dos anos 20. Era fevereiro de 1927 quando as volantes do tenente Zé Bezerra e Arlindo Rocha, formada por mais de 100 homens cercam a fazenda Guaribas, de Chico Chicote, no sul do Ceará. Ao final de um fogo de mais de 30 horas, Chico Chicote ao lado de mais tres cabras, é vencido e morto. Consolidava-se ali uma das mais covardes tramas entre as elites mandatárias dos rincões do cariri cearenses. Para nos contar essa história, Manoel Severo, curador do Cariri Cangaço, recebe os pesquisadores e escritores Bruno Yacub e Hérlon Fernandes, numa programa eletrizante.

NESTA QUARTA-FEIRA

dia 31 de Março de 2021, 19h30

Canal do You do Cariri Cangaço

https://cariricangaco.blogspot.com/2021/03/guaribas-de-chico-chicote-chega-aos.html

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MULHER DE 109 ANOS DIZ TER VISTO PADRE CÍCERO E BANDO DE LAMPIÃO, NO CE - Publicado em 20-03-2012

 Por Diana VasconcelosDo G1 CE

(Foto: Família/Arquivo Pessoal)

Aos 109 anos, Dona Amélia tem problemas de vista. Mas se mantém lúcida.

A aposentada Amélia Nunes dos Santos moradora da cidade de Mauriti, a 493 de Fortaleza, completa 109 anos nesta quinta-feira (20). Segundo ela, neste mais de um século de vida presenciou eventos históricos, como as missas celebradas pelo padre Cícero Romão Batista, os confrontos na cidade de Juazeiro, em 1914, e até passagens do cangaceiro Lampião e seu bando pelo sertão cearense.

Nascida em 20 de setembro de 1903, no Sítio Oitis na zona rural da cidade de Milagres, a “Dona Amélia”, como gosta de ser chamada, conta que se mudou para o distrito de Arapuá com pouco mais 10 anos, localidade próxima a Juazeiro do Norte. A partir de então passou a frequentar as missas de padre Cícero e os grupos de orações no turno da tarde.

“Eu o conheci indo para a missa dele, me ajoelhei aos pés dele e ele benzeu minha cabeça. Eu ia toda tarde para a reza dele. Ele era [um homem] miudinho, não era um 'homão', não. Era branquinho”, conta Dona Amélia. No mesmo período, o pai da aposentada foi chamado para combater na Sedição de Juazeiro, confronto de 1914 entre as oligarquias cearenses e o governo federal, no sertão do Cariri.

“Meu pai voltou bem, mas porque foi ajudar padre Cícero”, diz a devota sobre o retorno do pai. Após a revolta, padre Cícero sofreu retaliações políticas. Ele foi excomungado pela Igreja Católica no fim da década de 1920, mas mateve a influência na região. Aos 23 anos, Dona Amélia afirma ter vista aina a passagem do cangaceiro Lampião e seu bando por Irapuã. “O povo ficou com medo, eles [bando] saíram levando os cavalos e os animais do povo”, afirma.

Devota de padre Cícero, Dona Amélia deve renovar votos em cerimônia religiosa neste aniversário (Foto: Família/Arquivo Pessoal)

Lúcida aos 109 anos, a aposentada lembra com tristeza da perda de três irmãos. “Hoje só tenho uma irmã viva. Senti demais a morte dos meus irmãos. Viver de mais tem coisas ruins”, destaca. Dona Amélia perdeu também os dois maridos, primeiro o agricultor Antônio Nunes e depois o irmão dele, Jacó Nunes. “Casei com o mais velho, ele adoeceu e morreu. Depois casei com o mais novo”, conta com risadas.

Dona Amélia teve oito filhos, dois já morreram. “Vivos tenho três mulheres e três homens”, explica e completa dando risadas, “agora, os netos, eu não conto mais não minha filha. Parei de contar”. Apesar das perdas, Dona Amélia diz estar muito feliz com o aniversário e a festa que a família está preparando para ela. “Estou feliz porque eu estou bem, graças a Deus. E estou mais feliz porque minha família está toda aqui, é bom”, afirmou.

Segundo a filha, Nininha Teixeira,  a aposentada tem 33 netos, 68 bisnetos e 10 tataranetos, todos participarão da festa de aniversário no fim da tarde. Além deles, parte dos moradores do Distrito da Palestina, em Mauriti, também devem participar. De acordo com a filha, o aniversário causa uma certa comoção na cidade pela aposentada ser muito conhecida.

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 http://g1.globo.com/ceara/noticia/2012/09/mulher-de-109-anos-diz-ter-visto-padre-cicero-e-bando-de-lampiao-no-ce.html

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CORONEL - DELMIRO AUGUSTO DA CRUZ GOUVÊIA - E O CANGACEIRO ( JACARÉ ).

"DELMIRO GOUVÊA, Industrial Empreendedor. Nasceu em 5 de junho de 1863 na fazenda Boa Vista no município de Ipu Ceará, assassinado em 10 de outubro de 1917, aos 54 anos, em Pedras hoje Cidade de DELMIRO ".

JOSÉ INÁCIO DA SILVA, Cangaceiro ( Jacaré ), irmão de Antônio Inácio da Silva o Cangaceiro ( Moreno ). Acusado de aterrorizar no Sul do Cariri Cearense, juntamente com seu comparsa Róseo Moraes, acuado de perto por forte cerco policial, abandomam a região Caririense indo refugia-se na fazenda do Coronel José Rodrigues em Piranhas - Ao, desafeto de DELMIRO GOUVÊA.

Com a repercussão da morte do ilustre sertanejo Delmiro. Jacaré e Róseo Moraes, acusados como matadores, fugiram de terras alagoanas, desta feita de volta a terra cearense procurando estabelecer nova morada na fazenda do Major José Inácio do Barro - Ce.

Preso (jacaré), na fazenda do Major Zé Inácio, sobre forte acusações do assassinato de Delmiro, foi recambeado para Alagoas. Na divisa do Ceará com Pernambuco, entre Macapá, atual JATI-Ce e São José do Belmonte- Pe. Jacaré foi friamente executado, tal vez, uma queima de arquivo, para que não denunciasse os mandantes do crime, daquele que futuramente seria um dos maiores progressista do Sertão Nordestino." DELMIRO ".

Fotos:

Coronel - Delmiro

Cangaceiro - Jacaré

Fonte: Sebastião Fialho de Brito (Bastim).

In mimory.

LUÍS BENTO

JATI 31/03/21/.

https://www.facebook.com/groups/508711929732768

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A LOCALIZAÇÃO PÓS-CANGAÇO E AS HISTÓRIAS DO EX-CANGACEIRO BALÃO II.

https://www.youtube.com/watch?v=qbLkRdJnIOc&ab_channel=Canga%C3%A7ologia

Como foi localizado em SP, o ex-cangaceiro BALÃO, em 1968, através do jornalista, Humberto Mesquita..

Fonte: Cangaçologia./Youtube./Geraldo Antônio de Sousa junior.

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A MAIOR BATALHA DE LAMPIÃO

 Por Kinko Pelegrine

https://www.youtube.com/watch?v=QZUUd4HwqUc&t=139s&ab_channel=KinkoPelegrine

A MAIOR BATALHA DE LAMPIÃO FOI A BATALHA DA SERRA GRANDE EM 26 DE FEVEREIRO DE 1926 NA CIDADE DE CALIMBI NO ESTADO DO PERNAMBUCO. 

VEJA OUTROS TEMAS 

https://www.youtube.com/channel/UCPtq...#Cangaço

Licença

Licença de atribuição Creative Commons (reutilização permitida)

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PASSAGEM DE LAMPIÃO EM JARDIM - CEARÁ ANO 1926

 https://www.youtube.com/watch?v=sKUmHtmej2k&ab_channel=AlexandreLinharesCoutoRangelJardim-Cear%C3%A1

Alexandre Linhares Couto Rangel Jardim-Ceará

Cortesia dos 100 anos Ourivesaria Ferreira Narração de Luiz Ferreira Gorgônio

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O FILHO CEARENSE DE LAMPIÃO - CONTOS DO CANGAÇO - CANGACEIRO

 Por Contos do Cangaço

https://www.youtube.com/watch?v=_I3pjuGfExM&ab_channel=ContosdoCanga%C3%A7o

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NAS TRILHAS DO SERTÃO

 Clerisvaldo B. Chagas, 31 de março de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.501



Saí a pé disposto a enfrentar o desconhecido. Segui pela estrada que leva até a Fazenda Baixio, na época pertencente ao senhor Firmino Falcão (Seu Nozinho). Segui em frente e passei direto pelo acesso que leva até o sítio Camoxinga dos Teodósio. É bom dizer que a estrada era boa, mas não encontrava um só indivíduo humano, somente cantos de pássaros.  Avistei um pequeno poço no pé de uma pedra tipo matacão, muito branca e uma craibeira de porte médio fazendo sombra na pedra. Um local bucólico que pedia banho e rede. Provavelmente aquele seria o riacho Camoxinga seco, mas a quem perguntar?  Aos pássaros? Às cercas de arame? À paisagem perfumada? Fui avistar uma casa adiante, fumaça saindo na chaminé, mas nada de cara de gente na janela. Desviei-me para a nossa Fazenda Timbaúba, deixando a estrada que leva até o sítio Barra do Tigre.

Ao sair da parte baixa da Timbaúba, voltei pela Timbaúba alta, onde havia muitas pinheiras, entrei por uma trilha ladeada de caatinga e saí acompanhando paralelamente o lombo da serra da Camonga em direção à cabeça. Quilômetros e quilômetros pela trilha, tão silenciosa que nem canto de ave surgia nos vegetais. Estava sozinho num deserto que nem calango cruzava a vereda. Depois de muito caminhar fui sair na estrada larga que leva ao povoado São Félix, um pouco antes da ladeira que passa pelas imediações da cabeça da Camonga. Bastava atravessar a estrada de terra e estaria diante do sítio Imburana do Bicho. Por que Imburana do Bicho? Pensei: a imburana pode ser de cambão ou de cheiro.  Bicho deveria se referir a algum tipo de praga que havia deformado a arvoreta ponto de referência do lugar.

Retornei à cidade, passando pela fazenda conhecida como “Fazenda Baixio de Abílio Pereira”. Um pouco antes, dei uma espiada em um caminho antigo que saía no Açude do Bode. Eu já o   percorrera com certa dificuldade, pois estava abandonado, solo irregular devidos às enxurradas e mato obstruindo a passagem. Difícil até para burros e cavalos. Nem sei como a ambição humana não avançara as cercas sobre ele e o englobara. Na estrada ainda estava de pé a grande craibeira, marco da estrada para São Félix, quase na frente da casa-grande da fazenda Baixio de Abílio Pereira. Cheguei em casa cansado, mas satisfeito em ter navegado pelas trilhas do Se

Nunca mais revisei meus cafundós

Com essa tal pandemia, só posso respirar nos vegetais do Sertão agora, pelas fotos que o tempo não deixa de mostrar.

 

1.   SERRA DA CAMONGA, AO FUNDO, VISTA DA RUA PEDRO BRANDÃO. (FOTO B. CHAGAS).

2.   SERRA DA CAMONGA VISTA DA RUA PEDRO BRANDÃO. (FOTO: GUILHERME CHAGAS).

http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2021/03/nas-trilhas-do-sertao-clerisvaldo-b.html

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PADRE CÍCERO: 176 ANOS DE CONSERVADORISMO

Por Sued Carvalho – Cariri | Ceará 

CÍCERO ROMÃO BATISTA ( 24 DE MARÇO DE 1844 — 20 DE JULHO DE 1934 )

Em uma manhã de 11 de abril de 1872, chegava à pequena Tabuleiro Grande um padre recém-ordenado de nome Cícero Romão Batista, inicialmente apenas para rezar uma missa pedida por dois ilustres locais. O jovem de 28 anos ansiava ir para Fortaleza trabalhar na Diocese ou continuar seus estudos, afinal, há pouco tempo, em 1854, havia sido criada a Diocese do Ceará e ainda estava no cargo de bispo aquele que foi o primeiro a ocupá-la, Dom Luís. Seria, então, a oportunidade para padres jovens da antes esquecida província do Ceará ascenderem na hierarquia da Igreja. O destino de Cícero, porém, não viria a ser tão harmonioso.

Pela noite, Padre Cícero acorda de um sonho, onde afirma ter visto Jesus Cristo a pedir que cuidasse dos pobres da região. Crente (ou não) de seu devaneio noturno, Cícero decide ficar em Tabuleiro Grande, onde exerceu com bastante dedicação a batina, praticando a caridade, visitando os idosos e orando missas com regularidade. Tal veemência em suas atividades, associadas à força da Igreja Católica enquanto parte do antigo Estado Imperial e escravista brasileiro lhe renderam influência local, que usou para cercear e atacar as manifestações culturais do povo negro do distrito, proibindo o samba, considerado como dança sensual de “escravos”, como ressalta Ralph Della Cava (1976, p. 42).

As coisas seguiam tranquilas até que, em 1º de março de 1889, a beata Maria de Araújo, uma das várias mulheres solteiras que se dedicaram a uma vida de “esposas de Cristo”, verteu, segundo dizem, uma hóstia em sangue. Tal evento já ocorria e viria a se repetir pelos dias seguintes. Não cabe à História afirmar se milagres existem ou não, mas sim analisar o contexto no qual nasce o fenômeno social que resulta do evento. Um movimento se inicia e, três meses depois, ocorre a primeira romaria, vinda do Crato, trazida por Monsenhor Monteiro. Cerca de três mil pessoas ocuparam o pequeno vilarejo, crentes de que o sangue vertido era o sangue do Messias.

A informação chega atrasada ao segundo bispo do Ceará, Dom Joaquim, que fica sabendo apenas oito meses depois do suposto milagre e de um movimento de catolicismo popular que sai de seu controle. Em um momento de perda do papel da Igreja Católica enquanto religião oficial, havia um esforço para romanizar as manifestações católicas da população, que misturavam, em uma dinâmica de circularidade cultural, misticismo e religiões de matriz afro com o catolicismo apostólico, construindo superstições e tradições particulares (como é o caso das renovações e das novenas, por exemplo). Frustrado nesse inglório trabalho por seus próprios subordinados, entre eles o Padre Cícero, o bispo reage com todo rigor, ordenando imediatamente que os párocos não se manifestem a respeito do suposto milagre e submetendo a beata, maior vítima da polêmica, a diversos testes.

Tudo terminou com Maria de Araújo enclausurada e desacreditada. Padre Cícero perdeu seus privilégios de rezar missas e ouvir confissões após diversas tentativas de se explicar para a Diocese e para o Vaticano, porém foi exaltado pelos milhares de romeiros que agora ascendiam e tinha o favor dos comerciantes que prosperavam com esses “turistas”. O suposto milagre foi também atribuído ao padre (por seu crescente poder e por ser branco e homem), e não à beata, que morreu esquecida em 1914, tendo seu corpo desaparecido nos anos 1950 e nunca mais encontrado.  

Nos anos que se seguiram, Cícero Romão Batista percebeu que sua influência foi diminuindo entre os seus irmãos padres e todos seus privilégios eclesiásticos se foram. Porém, como dito acima, os comerciantes e a nova elite da vila, agora chamada de Juazeiro do Norte, eram-lhe muito gratos e, por razões de sobrevivência, o padre se alia a eles. Mais do que isso: torna-se um deles, defendendo seus interesses. Contribui com os latifundiários, naturalizando sua dominação econômica ao mandar romeiros pobres e desempregados para suas fazendas como mão de obra barata, assim como enche as oficinas que prosperavam na região com trabalhadores desesperados por um meio de vida. Sem o Padre Cícero, famílias influentes em Juazeiro do Norte até hoje, como a Bezerra, não seriam o que são, alimentadas por camponeses colocados em regime de semiescravidão que barateavam e muito seus custos de produção.

Não demorou menos de 20 anos para que Juazeiro do Norte tivesse uma pujante economia baseada no comércio religioso, que possibilitava também trabalhadores em “busca da terra Santa” para tornarem-se camponeses nas terras dos coronéis. As romarias, fruto da crença popular em um milagre supostamente manifestado através da boca de uma mulher negra que se encontrava presa, fizeram com que a maré subisse os barcos de todos os ricos, gerando uma desigualdade social tremenda, permitindo, segundo dados do Atlas Brasil, que Juazeiro do Norte tivesse, até 1991 uma taxa de mortalidade infantil de 80,6 por mil crianças de até cinco anos de idade e um IDH pífio de 0, 419, realidade que só viria a mudar em meados dos anos 2000.

Juazeiro do Norte tornou-se maior do que a cidade da qual era distrito, Crato, e tornou-se independente em 1911, sendo o Padre Cícero, vejam só, seu primeiro prefeito. Três anos após a Independência, os pobres tornaram-se, mais uma vez, buchas de canhão para os interesses das elites. O pároco emérito, associado às elites agrárias do Cariri e do Ceará e tendo, para elas, grande valor, filiou-se ao PRC (Partido Republicano Conservador), partido do governador do Ceará, Nogueira Accioly, membro e representante das elites coronelistas e tradicionais do Estado.  Havia uma contradição entre a nova burguesia liberal da belle époque, cuja riqueza advinha do comércio, e a burguesia agrária e rural coronelista do estado. Este segundo grupo havia conseguido manter no poder, por mais de uma década, Nogueira Accioly e transformava o PRC no partido dominante da política estadual. A oposição, cada vez mais fortalecida, porém, consegue, em 1912, dar um golpe e colocar no poder o liberal Franco Rabelo.

Franco Rabelo, então, cuida de consolidar seu poder e consegue um grande inimigo, o Padre Cícero e seu aliado, o político conservador Floro Bartolomeu. O novo governador chega até mesmo a enviar tropas para as proximidades de Juazeiro, estacionando-as em Barbalha, para garantir que a nova ordem, das elites comerciais, fosse estabelecida e mantida em todo o Ceará. A isso Padre Cícero reage, junto aos coronéis e ao “Dr. Floro”, aproveita-se da movimentação das tropas para convencer romeiros de todo o Nordeste que a “Jerusalém do Sertão”, Juazeiro do Norte, estava ameaçada pelas tropas mundanas. Romeiros, policiais da cidade e jagunços dos coronéis formam um exército para defender a autoridade de seus exploradores tradicionais, os latifundiários, contra outro modelo de exploração (mesmo que mais progressista), convencidos de que lutavam por uma causa sagrada. É o mais cru exemplo do uso da religião usada como ideologia e forma de reprodução, como havia pensado Marx e como pensaria Lukács anos depois.

O evento ficou conhecido como Sedição do Juazeiro. Em 1914, milhares de fiéis do Padre Cícero cavaram uma trincheira em volta da cidade usando panelas e algumas pás, e venceram as tropas estaduais usando armas de fogo, facões, foices e enxadas. Atitude heroica, a incrível força popular usada para a permanência da exploração do trabalho. Os romeiros perseguiram as tropas até Fortaleza e, lá, foi destituído Franco Rabelo, sendo o poder devolvido ao PRC. As forças conservadoras que haviam feito sua fortuna sobre o trabalho escravo no Império estavam mais uma vez no poder, graças ao “Santo” popular. O “maior cearense do Século” tornou-se o que é, até nossos dias, mais por sua atuação política do que por sua atuação paroquial. Padre Cícero também se tornou grande proprietário de terras, fazendo jus ao título de “coronel de batina”.

Sued Carvalho – Cariri | Ceará

BIBLIOGRAFIA.

ATLAS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO NO BRASIL. Juazeiro do Norte, disponível em: http://www.atlasbrasil.org.br/2013/pt/perfil_m/juazeiro-do-norte_ce, acesso em 24/03/2020.

DELLA CAVA, Ralph. Milagre em Juazeiro. 2ª ed. Paz & Terra, Rio de Janeiro, 1976.

ENGELS, Friedrich. Anti-Duhring. 1º ed. Boitempo Editorial, São Paulo, 2015.

PEREIRA, Cláudio Smaley Soares. DA “CIDADE DO PADRE CÍCERO” A “CIDADE DO CAPITAL”: A MORFOLOGIA E A CENTRALIDADE URBANAEMJUAZEIRO DO NORTE/CE, disponível em: http://www.cbg2014.agb.org.br/resources/anais/1/1403638206_ARQUIVO_DACIDADEDOPADRECICEROACIDADEDOCAPITAL-MORFOLOGIAECENTRALIDADE.pdf, acesso em 24/03/2020.

 https://averdade.org.br/2020/03/padre-cicero-176-anos-de-reacionarismo/

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