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quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

A MORTE DO PADRE CÍCERO

Por José Bezerra Lima Irmão

Excerto do capítulo 181 de Lampião – a Raposa das Caatingas.

José Bezerra é pesquisador do cangaço e de tudo o que diz respeito à história do Nordeste envolvendo as figuras fantásticas de Padre Cícero, Antônio Conselheiro, José Lourenço, Severino Tavares e Quinzeiro, e os trágicos episódios de Canudos, Caldeirão, Pau-de-Colher, Serra do Rodeador e Pedra Bonita do Reino Encantado ou Pedra do Reino. É autor do livro Lampião – a Raposa das Caatingas, uma biografia completa do Rei do Cangaço.

http://araposadascaatingas.blogspot.com.br

Na manhã de 20 de julho de 1934, aconteceu uma coisa terrível na Cidade Santa do Juazeiro: morreu o Padre Cícero Romão Batista.

Mais de quarenta mil pessoas haviam passado a noite em vigília. Quando se espalhou a dolorosa notícia – “Padim Ciço morreu!!!” –, teve início um espetáculo assombroso. As pessoas choravam, abraçadas umas às outras, rezando ou gritando como loucas, acotovelando-se, atropelando-se, esmagando-se na ânsia de chegar à casa do reverendo – as ruas não tinham como conter tanta gente.


A situação agravou-se quando os telegramas chegaram às cidades próximas. Logo, caminhões e mais caminhões superlotados começaram a despejar romeiros que vinham ao sepultamento do Pai dos Pobres. Uma verdadeira onda humana tomou a Rua São José, onde morava o Padre Cícero, invadindo todos os espaços, rompendo obstáculos, derrubando portas, passando por cima de tudo. O delegado de Juazeiro, vendo que a polícia era impotente diante da multidão sem controle, lavou as mãos com uma desculpa razoável:

"– O Padre Cícero era do povo e continua a ser do povo".

O caixão mortuário foi colocado numa janela, quase em posição vertical, num estrado de madeira, e durante o dia inteiro ficou ali, aberto, para que o corpo fosse visto pela multidão. Enquanto isso, milhares de pessoas continuavam a chegar a Juazeiro, a pé, a cavalo, de caminhão, de automóvel. Às quatro horas da tarde, ouviu-se um ronco nos céus, como um trovão prolongado – eram aviões do Exército que chegavam de Fortaleza com um barulho ensurdecedor, lançando-se de ponta para baixo em voos rasantes, passando a poucos metros do telhado da casa do Padre Cícero.


Àquela altura, a colmeia humana já ultrapassava a casa dos 60 mil. Ninguém se lembrava de comer ou beber. Não havia sequer uma casa de comércio aberta. O prefeito decretou luto oficial por três dias. Nas cidades vizinhas aconteceu o mesmo. A Bandeira do Brasil foi hasteada nas repartições públicas e em várias casas, com uma faixa negra, de luto.


A multidão passou a noite em frente à casa do Padre, rezando, chorando, lastimando-se.


No dia seguinte, às 7 horas, 9 padres, liderados pelo monsenhor Shoter, deram início ao cortejo, descendo com o féretro pela Rua São José em direção à Praça da Matriz, onde foi feita a encomendação do corpo pelo monsenhor Pedro Esmeraldo da Silva Gonçalves, acolitado pelos demais sacerdotes, representantes do clero que tanto criticara e combatera o injustiçado Santo do Juazeiro. Por volta das 10 horas, reiniciou-se o cortejo, levando o corpo para a capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Vencendo os guardas que tentavam proteger o féretro, a multidão apossou-se do caixão, e foi assim que o Padre Cícero chegou à sua última morada – o caixão, suspenso nos braços do povo, parecia flutuar no céu como uma pluma.


O Padre Cícero foi sepultado em frente ao altar da Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro – que ele chamava de Capelinha do Socorro.


Quando Lampião soube que o Padrinho havia morrido, ficou paralisado. Virgínio e Luís Pedro choraram. Lampião mandou comprar faixas de crepe, e durante oito dias todos os cangaceiros usaram uma tarja preta no braço, em sinal de luto. Como todo nordestino, ele não podia compreender como era possível que o Padrinho tivesse morrido, pois o Padre Cícero era considerado imortal, um santo, uma entidade divina.


E de fato o Padre Cícero é imortal. E é um santo. Representa um oásis de esperança na seca espiritual do mundo sertanejo, somente equiparável ao Padre-Mestre Ibiapina. 


Pessoas ignorantes e pesquisadores unilaterais ou apressados em suas conclusões, desconhecedores da História, que interpretam os fatos do passado com a visão do presente, pintam de negro sua alma cândida e simples. 


Tinha defeitos? Tinha, porque era humano, mas seus defeitos eram uma revelação de sua ingenuidade e boa-fé, e não de maldade, coisa que o seu coração desconhecia. 


Como disse muito apropriadamente Frederico Bezerra Maciel, “Padre Cícero é o Santo por excelência dos humildes, que nele depositam sua fé, esperanças, dele recebem o consolo, a segurança e a força da resignação cristã”.

Padre Cícero no caixão

O Padre Cícero é o Santo Padroeiro da Nação dos Nordestinos – canonizado pelo povo.

http://sacolinhapedagogica.blogspot.com.br/2014/12/a-morte-do-padre-cicero-por-jose.html

Ilustrado por José Mendes Pereira
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CAIXA DA FELICIDADE E DA PAZ DEDICADA A TODOS OS NOSSOS LEITORES E COLABORADORES.


Nesta caixa, dentro dela, não existe nada material, mas existe tudo de bom que os nossos leitores e colaboradores precisam para o ano de 2015, e consequentemente os anos seguintes: Paz, amor, fé, saúde, felicidade, harmonia família, e sobre tudo, compreensão entre amigos e parentes.

São os sinceros fotos da família dos blogs:

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‘RECANTO DA HISTÓRIA’ “...QUANDO A COLUNA PRESTES SANGROU UM SACERDOTE”


“Região situada no Oeste do estado brasileiro da Paraíba, o Vale do Piancó foi um dos locais por onde a Coluna Prestes esteve em sua incursão. Para muitos seriam os "Cavaleiros da Esperança", mas para outros, essa corrente de cunho militar, liderada por Prestes e com ideias comunistas, era mais um grupo que abalaria a região com suas ideias más, quando com o poder em suas mãos, não faria nada para ajudar realmente a população pobre da região”.

Formada pela União das Colunas Paulistas e Rio Grandense a Coluna Prestes, conhecida assim popularmente, mas oficialmente com o nome de Coluna Miguel Costa – Prestes marchou por 674 dias percorrendo 24.947 Km, passando pelos seguintes estados: RS, PR, SC, SP, MT, MS, GO, TO, MA, PI, CE, PB, RN, PE, BA, MG e terminou na Bolívia em fevereiro de 1927 com um total de 53 combates vitoriosos (invictos), com um contingente variável de 1500 homens. Sua tática de guerrilha foi conhecida internacionalmente, como uma das mais prodigiosas façanhas militares da história de guerrilhas; não andavam com menos de 800 homens, consumindo em torno de 100 mil cavalos em sua jornada, não ficavam mais de 48 horas em um mesmo lugar o que dificultava a sua localização, devido a sua movimentação rápida. Passando por dois governos, um em sua formação Artur Bernardes (1922 – 1926) e outro na sua extinção Washington Luiz (1926 – 1930), mataram por volta de 600 soldados e sofreram perda de 70 oficiais guerrilheiros. Queriam, e assim foi decidido na reunião de 12 de abril de 1925, conscientizar a população do interior, predominantemente a rural, do domínio exploratório do governo, e difundir suas ideias para ter apoio popular, uma coisa básica em movimento revolucionário. Em seus objetivos, porém, tiveram que ter atitudes bruscas, como toda revolução, atitudes fortes, que podem prejudicar o movimento diante dos olhos do povo. Outro motivo que ajudou a prejudicar sua imagem frente à opinião pública, foi o fato de que ao adentrar em um vilarejo, roubavam cavalos, alimentos, armas, aterrorizavam a população... O principal nome dessa aterrorização foi o tenente João Cabanas, que depois de adoecer em fevereiro de 1925, não se seguiu mais com a Coluna. A Coluna Prestes entrou no Estado da Paraíba, vindo de Luiz Gomes-RN, até chegar no lugarejo de Várzea Cumprida, em Pombal- PB. A cidade de Piancó- PB, não constava no percurso da Coluna, tendo sido incluída de última hora uma vez que a polícia paraibana havia fechado quase todas as fronteiras do estado a passagem da Coluna. Em Piancó havia uma briga paroquial onde a oligarquia da família Leite que tentava expurgar o Deputado Estadual Padre Aristides da sua trajetória política, este último fortalecido pelo então aliado Governador do Estado, o Dr. João Suassuna (1924/1928).

* Por: José Romero Araújo Cardoso

“(...)Nas inúmeras conversas sobre a passagem da Coluna pelo desditado município paraibano, havia incontida emoção quando o velho combatente falava sobre o Padre Aristides Ferreira da Cruz, vigário e chefe político da cidade sertaneja literalmente arrasada em fevereiro do ano de 1926.


O Coronel Manuel Arruda de Assis informava que o Padre Aristides nasceu no então distrito pombalense de Lagoa. Quando de minha fixação no Estado do Rio Grande do Norte, efetivamente a partir do ano de 1998, fiquei sabendo por intermédio de informações fornecidas por dileto amigo de nome Raimundo Soares de Brito, verdadeiro arquivo vivo da cultura potiguar, que o Padre Aristides havia exercido o cargo de vigário em Caraúbas (RN).

Arruda narrava que o Padre Aristides era inimigo de muita gente em Piancó, mas que todos o respeitavam. O vigário andava com inseparável F. N. Brown na cintura, acompanhado de grupos de capangas, era metido em tudo que não prestava no sertão daquela época, viveu maritalmente com jovem da localidade, tiveram filhos, enfim, como dizemos no sertão, era mais desmantelado do que vôo de anum molhado ou galope de vaca amojada.

Quando os informes enviados de Pombal - PB, notificando sobre a passagem da Coluna Prestes por Malta –PB, chegaram em Piancó- PB, o Padre Aristides se animou em enfrentar, telegrafando para Júlio Lyra, o chefe de polícia de (João) Suassuna, comprometendo-se a conseguir dois mil homens em armas em quarenta e oito horas, prontamente aceito pelo governo do Estado. Não obstante os esforços, Padre Aristides não conseguiu reunir o número de homens prometido para a defesa(...)Quando a Coluna entrava em Piancó, descargas certeiras alvejaram cavalos e cavaleiros. Daí por diante fechou-se o tempo, quando intenso tiroteio transformou Piancó em praça de Guerra. Vinha de ambas as partes, mas com maior intensidade, devido ao número de componentes, disparado pelos integrantes do movimento tenentista originado no sul do País(...)O ódio que a Coluna Miguel Costa - Prestes passou a devotar ao piquete do Padre Aristides teve seu recrudescimento quando ato considerado de alta traição inflamou os ânimos acirradíssimos dos combatentes.

(O)Tenente Antônio Benício, delegado de Piancó,(solicita, através de sinais) para que levasse quatro fuzis e um cunhete de balas para o piquete dele, ao que "preá"(espécie de correspondente de guerra) retrucou com toda razão ser impossível furar as mil modalidades de ataque dos revoltosos(...)(O)Sargento Manuel Arruda de Assis(teve a idéia e ordenou que se erguesse uma bandeira branca, com isso tinha-se a chance de abastecer o piquete do Delegado)(...) o piquete do Padre Aristides aproveitou o momento de distração da Coluna Miguel Costa - Prestes para intensificar o tiroteio em direção ao grupo revoltoso. O resultado foi catastrófico, pois a Coluna teve muitos integrantes mortos e feridos(...)Daí em diante era ponto capital para os comandados pelo General Miguel Costa e pelo Capitão Luiz Carlos Prestes chegarem ao piquete do Padre Aristides Ferreira da Cruz(...)o Padre Aristides quando viu a coisa ficar preta mandou seu guarda-costa, de nome Rufino, subir no muro para ver o que acontecia. Rufino informou desesperado que a situação era periclitante, pois se fugissem morriam, se ficassem morriam do mesmo jeito(...)A luta era nos corredores, nas salas, em todo canto, quando uma ordem do comandante da investida, que calassem as baionetas de uma vez só, cessou a luta, enquanto o Padre Aristides pedia incessantemente garantias de vida para todos(...)Covardemente o comando da Coluna Miguel Costa - Prestes assegurou as garantias. Todos que estavam na casa, incluindo o Padre Aristides e o prefeito de Piancó- PB, o Sr. João Lacerda, bem como o filho deste, foram conduzidos a um barreiro e lá sangrados, um a um, e não fuzilados(...)Padre Aristides, sentindo-se mortalmente ferido, implorou para que não fizessem aquilo com ele, pois era um sacerdote católico. As humilhações foram intensificadas, pois o martírio do Padre Aristides Ferreira da Cruz e sua gente foi um episódio macabro patrocinado pela ignominiosa covardia, pela efetiva traição de membros de um movimento que se auto-intitulavam revolucionário, reformista, ou seja lá o que tenha sido ou digam ter sido, mas que não teve hombridade Enem humanismo para respeitar as vidas daqueles que já se achavam dominados e impossibilitados da mínima defesa(...)”.

(*) José Romero Araújo Cardoso. Geógrafo. Professor do Departamento de Geografia do Campus Central da UERN. Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente.

Fonte e foto www.portalpianco.com

Fonte: facebook

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EX-VOLANTE MANOEL CAVALCANTI DE SOUSA (Neco de Pautília)


Ex-volante Manoel Cavalcanti de Sousa (Neco de Pautília). Observação: Esse bravo militar faleceu no dia 29 de Maio de 2014, com 101 anos de idade. Veja O VÍDEO do Senhor NECO de Pautília dançando XAXADO.

https://www.youtube.com/watch?v=JPL-04Tw-Bs


Fonte da matéria : ( ? )

Fonte: facebook
Página: Voltaseca Volta

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NORDESTINO – UMA MISTURA DE GENTE FORTE

Por Alfredo Bonessi

Um povo forte ocupou o interior do nordeste brasileiro, mas não ultrapassou o Piauí, não  adentrou em  Minas Gerais, não chegou a Goiás, bem como  não se fixou nas cidades da orla marítima brasileira. São pessoas valentes,  determinadas, religiosas, de opinião, guerreiras por natureza. São imbatíveis quando lutam e só são vulneráveis na arte da guerra pela traição. Conhecem muito bem o terreno por onde passam e são superiores a ele - um terreno sedimentado por pedras e  coberto por uma vegetação emaranhada de galhos e espinhos, intransponível para seres comuns. Impressiona a resistência  física  dessas pessoas e até  não se  sabe de onde retiram tanta água  para suar, e que organismo  saudável é esse  que  metaboliza   um  bocado de farinha, uma porção de queijo, um pedaço de rapadura, transformando-os em combustível  suficiente para   vencer longas distancias a pé, por debaixo de um sol abrasador

Supersticiosas e muito desconfiadas ficam atentas a tudo o que se passa ao seu redor.  Acreditam  no destino  e o culpam pela maioria das coisas ruins que lhes acontecem. Introspectivas e reservadas, por esse processo, na maioria das vezes,  conseguem descobrir o que as outras pessoas pensam e quais são as suas intenções.

Muito se tem escrito sobre elas   e muito ainda se há de escrever.

Alfredo Bonessi -
Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará-GECC
Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço-SBEC

Enviado pelo pesquisador do cangaço Capitão Alfredo Bonessi

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JOSUÉ DE CASTRO E AS FERIDAS ABERTAS QUE OS PODEROSOS INSISTEM EM NÃO CURAR – Parte 3


Por José Romero Araújo Cardoso – UERN - Mossoró - RN e Benedito Vasconcelos Mendes - UERN - Mossoró - RN

Como Josué de Castro e suas idéias eram temidos pelos militares está traduzido no verdadeiro esquema de segurança montado pelos órgãos de repressão quando do seu enterro no Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro.

Acredito que a família cometeu um grave erro, pois Josué de Castro deveria ter sido sepultado na França, aumentando, dessa forma, o grau de culpa da Ditadura Militar no que diz respeito à maneira medíocre como essa infame estrutura de governo instalado no Brasil, a partir de 1964, estendendo-se até 1985, tratou o mais importante brasileiro do século XX. Os militares o levaram à morte em razão do amor e do compromisso que tinha com os excluídos do Brasil e do mundo, por não permitirem que ele sentisse o cheiro da pobreza do Brasil e, principalmente, dos mangues do Capiberibe, em Recife, Estado de Pernambuco, sua cidade natal, assim como do povo que ele acompanhou em sua infância pobre, que nos mangues busca o sustento, estando aí a razão original do despertar das lutas e das idéias desse espetacular homem de Ciência, cuja projeção e reconhecimento se revelaram espetaculares, a nível global, mas que se tornou vítima da infâmia e da mediocridadede uma parcela intransigente e conservadora da espécie humana, capaz de tudo para garantir privilégios.

Desconhecido da maioria das gerações presentes, Josué Apolônio de Castro, gradativamente, rompe o casulo que o ostracismo perverso dos militares determinou no ensejo do verdadeiro complô estruturado com o objetivo de alijá-lo da memória nacional.

Reconhecer a importância da clarividência disseminada pelas obras e pelas lutas desse grande brasileiro significa referendar a necessidade de intervir no modelo, tornando-o humano e menos fomentador de contrastes aviltantes entre as classes sociais.

Josué de Castro foi um profeta das Ciências Sociais no planeta. Quando da publicação de clássico intitulado “Geografia da Fome” no ano de 1946, lançado imediatamente pós-segunda grande guerra, um dos mais importantes livros de sua extensa produção, foi traduzido em vinte e cinco idiomas, demonstrando a importância da análise efetivada pelo consciente pernambucano.

A regionalização brasileira enfatizada em “Geografia da Fome” destacou a existência de cinco áreas com características singulares no que diz respeito aos aspectos nutricionais: A amazônica, o nordeste açucareiro, o sertão, o centro e o sul.

Josué de Castro inovou ao inserir perspectivas analíticas diferenciadoras da produção científica em voga, contestando as previsões apocalípticas de Malthus e denunciando a concentração da terra no Brasil. Provou que em 1946 havia condições concretas de alimentar a multidão de famintos se houvesse prioridade para a agricultura familiar.

Os livros “Geografia da Fome” e “Geopolítica da Fome”, publicado no ano de 1951, renderam importantes prêmios internacionais a Josué de Castro. A luta em prol da paz fez com que o renomado cientista nacional fosse indicado duas vezes para o prêmio Nobel destinado a esta categoria. Josué de Castro foi indicado ainda para concorrer ao Nobel de medicina em razão dos seus estudos sobre a nutrição no planeta. Infelizmente não foi contemplado em nenhum dos setores.

Pela publicação da “Geografia da Fome”, Josué de Castro recebeu o prêmio Roosevelt da Academia de Ciências dos EUA e em razão de sua luta sem trégua por um mundo sem guerras, pela criteriosa ênfase ao pacifismo, recebeu o prêmio internacional da paz.

Nos dias de hoje, cerca de 16 milhões de pessoas, de brasileiros, vivem abaixo da linha da pobreza, sobrevivendo com menos de setenta reais por mês. Caso as pregações de Josué de Castro tivessem sido colocadas em prática há mais tempo a situação desumana vivida por esses seres humanos, gente como a gente, não estaria tão grave, não obstante no presente estar havendo certo alento no que diz respeito à importância de determinadas políticas públicas que visam erradicar a fome e a pobreza crônica no Brasil, embora ainda primem pelo mero assistencialismo, pois a geração de emprego e renda é absolutamente necessária a fim de combater esses males sociais.

Eficaz distribuição de terras como devido implemento às condições necessárias a fim de fixar o homem no campo ainda não foram concretizadas. O latifúndio e a ganância dos poderosos ainda perduram na atualidade, imperando as exigências do agrobusiness a fim de garantir as impecáveis exigências do mercado externo, reeditando a essência do pacto colonial que viabilizou o sistema de plantação.

Mais de 50% dos milhões de miseráveis brasileiros se concentram no nordeste brasileiro no qual nasceu Josué de Castro. Não mudou nada desde a publicação da “Geografia da Fome”, ou seja, a porção rica e privilegiada do espaço geográfico nacional encontra-se impecavelmente estruturado, não obstante haver pobreza a mais do que quando do lançamento do célebre livro, em razão do avanço da urbanização motivada principalmente pela industrialização tardia e dependente que começou a ser definida quando do governo entreguista de JK.

As denúncias esboçadas por Josué de Castro há sessenta e cinco anos ainda não suscitou correção das distorções aviltantes que fazem da sociedade brasileira uma das que mais se destaca pela concentração abusiva de renda que se responsabiliza pela exponência da fome e da miséria absurdas em território nacional.

O projeto de extensão intitulado “Discutindo a importância da atualidade do pensamento de Josué de Castro em Escolas Públicas Municipais e Estaduais de Mossoró” foi iniciado no primeiro bimestre de 2008. Buscamos marcar o centenário de nascimento de Josué de Castro, ocorrido em cinco de setembro de 2008, disseminando informações sobre suas idéias e perspectivas para os problemas sociais que afligem consideravelmente o planeta nos dias de hoje.

O que motivou a elaborar esse projeto de extensão foi a constatação que Josué de Castro ainda é desconhecido da grande maioria, pois as imposições da ditadura militar no que diz respeito á necessidade, para os militares e para os donos do poder, de apagá-lo da memória nacional ainda tem sua vigência. Outro forte motivo para termos elaborado este projeto de extensão encontra-se na constatação de que a fome se intensificou extraordinariamente, cumprindo as profecias que Josué de Castro fez há mais de 40 anos. Além do mais, nunca foi preciso tanto que a paz, outro importante pilar do pensamento do cientista brasileiro, esteja presente em nosso cotidiano.

À frente desse projeto de extensão estão dois professores, lotados no Departamento de Geografia do Campus Central da UERN: Prof. Ms. José Romero Araújo Cardoso, coordenador, e Prof. Dr. Benedito Vasconcelos Mendes, subcoordenador. A UERN apóia o projeto através da institucionalização do mesmo, via Departamento de Geografia.

Os alunos demonstram bastante interesse, pois se identificam de imediato com as defesas de Josué de Castro, bem como com a vida dele, pois Josué teve uma infância pobre, bem humilde, com muito esforço chegou à posição desfrutada na década de cinqüenta e de sessenta, quando se tornou uma das mais importantes personalidades do planeta. Levamos o exemplo dele para as salas de aula do ensino fundamental das Escolas Públicas Municipais e Estaduais de Mossoró, como forma de motivar os alunos a nunca desistir dos estudos, a seguirem os passos de Josué de Castro, pois ele superou a pobreza através da educação e da cultura.

Pretendemos assistir todas as Escolas Públicas Municipais e Estaduais de Mossoró, primeiro na zona urbana e depois na zona rural. Depois levaremos o projeto de extensão intitulado “Discutindo a importância da atualidade do pensamento de Josué de Castro em Escolas Públicas Municipais e Estaduais de Mossoró” para outros municípios da região.

Josué de Castro parece que ainda é um tema proibido. O trabalho que a ditadura fez no sentido de ocultar o nome desse grande cientista e suas idéias ainda tem sua vigência. Timidamente a mídia abre pequenos espaços para expor a importância desse grande brasileiro, mas as iniciativas ainda soam restritas, por isso Josué de castro e suas defesas se constituem em informações quase inéditas para a maioria dos professores das escolas públicas municipais e estaduais que assistimos até o presente momento.

As principais idéias de Josué de Castro são que a fome é um produto de estruturas defeituosas, fabricada pelo homem contra o próprio homem, e que somente com amor e solidariedade poderemos superar os contrastes. Outra pedra angular do pensamento de Josué de Castro é que a paz é condição sine qua nonpara extinguir o drama da fome. Josué de Castro defendia que a segurança social é mais importante do que a segurança nacional baseada em armas, pregando a contenção imediata do armamentismo que exige bilhões e bilhões e que o montante resultante dessa poupança fosse investido em alimentação, saúde, educação, etc., na segurança social. Devido esta defesa intransigente da segurança social, a ditadura militar elegeu Josué de castro inimigo público número um, tornando-o persona non grata, pois ele morreu de saudades do Brasil quando do exílio na França.

Em primeiro lugar notamos que há nítida motivação, constatada através das fotografias da aplicação do projeto, em seguida a contribuição encontra-se no despertar de novas consciências acerca dos problemas nacionais, pois a essência do pensamento de Josué de Castro é mais atual do que nunca.

Para a formação desses jovens, o exemplo de Josué de Castro é importantíssimo, tendo em vista que ele proveio da mesma classe do público-alvo assistido. Poderíamos, em verdade, passar tempo considerável elencado a série de contribuições propiciada pelo projeto de extensão intitulado “Discutindo a importância da atualidade do pensamento de Josué de Castro em Escolas Públicas Municipais e Estaduais de Mossoró”, mas em linhas gerais podemos afirmar que viabilizar a descoberta das contradições da sociedade e a ênfase à identidade são efetivas contribuições para o jovem brasileiro, sobretudo quando impressionante crise de valores assola a juventude de hoje, principalmente no que diz respeito à apatia para a importância da educação e da cultura como molas propulsoras das transformações.

No ensejo das comemorações referentes ao centenário de nascimento do cientista Josué de Castro, cuja luta concentrou-se no estudo de proposta sobre o problema da fome e na defesa da importância da paz, propusemos extensão de conhecimentos sobre o importante teórico nacional para alunos do ensino fundamental de escolas públicas municipais e estaduais de Mossoró - RN, cumprindo 50% da proposta contida no projeto extensionista.

Marca o objetivo desse projeto de extensão dinamizar conhecimentos sobre Josué de Castro e suas propostas de cidadania para docentes e discentes do ensino fundamental de escolas públicas municipais mossoroenses.

A metodologia constou de exposição sobre a vida, obras, lutas, defesas e agruras de Josué de Castro, exibição de vídeo-documentário por título Josué de Castro: Cidadão do Mundo, dirigido pelo cineasta Sílvio Tendler, debates e solicitação de redações sobre o tema abordado, com ênfase à atualidade do problema da fome.

Sete escolas municipais foram visitadas na primeira etapa do projeto extensionista, cujos discentes do ensino fundamental produziram ao todo 156 textos dissertativos sobre a temática abordada, sendo que no Colégio Evangélico Leôncio José de Santana, cuja visita da equipe ocorreu no dia 27 de maio de 2008, os alunos, em um total de 65 presentes, entregaram 8 redações, sendo 100% do 9º ano. Na Escola Municipal Ronald Pinheiro Neo Júnior, cuja visita da equipe ocorreu no dia 03 de junho de 2008 os alunos, em um total de 80 presentes, entregaram 18 redações, sendo 12 do 5ºano (66,6%), 1 do 6º ano (5,5%), 2 do 7º ano (11,1%) e 3 do 8º ano (16,6%). Na Escola Municipal Dinarte Mariz, cuja visita da equipe ocorreu no dia 17 de junho de 2008, os alunos, em um total de 75 presentes, entregaram 6 redações, todas do 4º ano. Na Escola Municipal Francisco de Assis Batista, cuja visita da equipe ocorreu no dia 24 de junho de 2008, os alunos, em um total de 84 presentes, entregaram 42 redações, sendo 21 do 6º ano (50%), 10 do 7º ano (23,8%), 11 do 9º ano (26,1%) e 3 do 8º ano (16,6%). Na Escola Municipal Castro Alves, cuja visita da equipe ocorreu no dia 10 de junho de 2008, os alunos, em um total de 45 presentes, entregaram 26 redações, sendo 6 do 3º ano (23%), 4 do 4º ano (15,3%) e 16 do 5º ano (61,5%). Na Escola Municipal Joaquim Felício de Moura, cuja visita da equipe ocorreu no dia 08 de julho de 2008, os alunos, em um total de 96 presentes, entregaram 56 redações, sendo 22 do 5º ano (39,2%), 5 do 6º ano (8,9%), 8 do 7º ano (14,2%) e 21 do 9º ano (37,5%). Nenhum discente da Escola Municipal José Benjamin, cuja visita da equipe ocorreu no dia 22 de julho de 2008, entregou redação. Não obstante a ausência de textos produzidos na Escola Municipal José Benjamin foi relevante o resultado obtido na primeira etapa do nosso projeto de extensão, tendo em vista que constatamos empiricamente a acolhida às informações transmitidas ao longo da concretização dos trabalhos, inéditas para a maioria do público-alvo, personificada na demonstração de interesse dos discentes através da elaboração de redações sobre o tema enfocado.

Na segunda etapa do projeto de extensão sobre a importância e a atualidade do pensamento de Josué de Castro, foram visitadas quatro escolas públicas estaduais, pois em razão da greve deflagrada recentemente ficou impossibilitado de contemplar todas as unidades educacionais selecionadas. Na Escola Estadual Moreira Dias, cuja visita da equipe ocorreu no dia 04 de novembro de 2008, os alunos em um total de 62 presentes, todos do 7ºano, produziram 27 redações, ou seja, apenas 43,5% dos presentes. Na Escola Estadual Monsenhor Raimundo Gurgel, cuja visita da equipe ocorreu no dia 11 de novembro de 2008, registrou-se a presença de 69 alunos, os quais produziram 69 redações, ou seja, 81,5%, todos do 6º ano. Na Escola Estadual Santa Terezinha, cuja visita da equipe ocorreu no dia 18 de novembro de 2008, estiveram presentes 58 alunos, os quais produziram 58 redações, perfazendo um percentual de 100% dos presentes que entregaram redações, sendo 30 do 7º ano ( 51,7%) e 28 do 8º ano (48,3%). Na Escola Estadual Padre Sátyro, cuja visita da equipe ocorreu no dia 25 de novembro de 2008, os alunos, em um total de 53 presentes, produziram 19 redações, ou seja, apenas 35,8% dos presentes, sendo 8 do 5º ano ( 42,1%), 5 do 4º ano ( 26,3%) e 6 do 3º ano (31,6%).

As Escolas Estaduais Onzieme Rosado Fernandes Maia, Paulo Freire e Sólon Moura ficaram para ser contempladas na próxima etapa do projeto de extensão em que se discute a importância e a atualidade do pensamento de Josué de Castro em escolas públicas municipais e estaduais do município de Mossoró/RN. Devido a impedimento em razão da greve docente da rede estadual de ensino do Estado do Rio Grande do Norte, deflagrada no início do mês de março de 2008, apenas 78,5% das escolas contempladas puderam ser visitadas, embora na rede municipal 100% das unidades de ensino foram visitadas e na rede estadual 57,1% puderam ser assistidas pela equipe que faz projeto de extensão sobre Josué de Castro, o qual se encontra inserido em pauta de trabalho docente do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:

CARDOSO, José Romero Araújo; MENDES, Benedito Vasconcelos. “Discutindo a Importância da Atualidade do Pensamento de Josué de Castro em Escolas das Redes Estadual e Municipal de Ensino do Município de Mossoró - Estado do Rio Grande do Norte”.Mossoró/RN, PROEX/UERN, 2008 (Projeto de Extensão)
CASTRO, Anna Maria de (org.). Fome:um tema proibido - últimos escritos de Josué de Castro. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003
CASTRO, Josué Apolônio de. Geografia da Fome – O dilema brasileiro – Pão ou Aço. 10 ed. Revista. Rio de Janeiro: Edições Antares, 1984
_____. Geopolítica da Fome – Ensaio sobre os problemas de alimentação e de população no mundo. 4 ed. Revista e aumentada. São Paulo: Editora Brasiliense, 1957, vol. 1 e 2
____. O livro negro da fome. São Paulo: Editora Brasiliense, 1957.
_____. Ensaios de Geografia Humana. São Paulo: Editora Brasiliense, 1957
_____. Ensaios de Biologia Social. São Paulo: Editora Brasiliense, 1957
_____. Homens e Caranguejos. Porto: Editora. Brasília, 1967
MENEZES, Francisco R. de Sá. Josué de Castro: Por um mundo sem fome. São Paulo: Mercado Cultural, 2004. 120p. il. (Projeto Memória, 8)
CASTRO, Josué de. Disponível em .< http://www.josuedecastro.org.br/jc/jc.html.> . Acesso em 22 de janeiro de 2013
"Geografia da Fome", de Josué de Castro, faz 60 anos. Disponível em <http://www.fomezero.gov.br/noticias/geografia-da-fome-de-josue-de-castro-faz-quarenta-anos.> Acesso em 22 de janeiro de 2013
TENDLER, Sílvio. Josué de Castro - Cidadão do Mundo.[Vídeo–documentário]. Rio de Janeiro: Bárbaras Produções, 1996

JOSÉ ROMERO ARAÚJO CARDOSO

Especialista em Geografia e Gestão Territorial (UFPB-1996) e em Organização de Arquivos (UFPB - 1997). Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (2002). Atualmente é professor adjunto IV do Departamento de Geografia/DGE da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais/FAFIC da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte/UERN. Tem experiência na área de Geografia Humana, com ênfase à Geografia Agrária, atuando principalmente nos seguintes temas: ambientalismo, nordeste, temas regionais. Espeleologia é tema presente em pesquisas. Contato: romero.cardoso@gmail.com.

BENEDITO VASCONCELOS MENDES

Graduação em Engenharia Agronômica pela Universidade Federal do Ceará (1969), Mestrado em Microbiologia Agrícola pela Universidade Federal de Viçosa (1975) e Doutorado em Agronomia (Fitopatologia) pela Universidade de São Paulo (1980). Atualmente é professor adjunto IV da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte.Ex-presidente da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (EMPARN), ex-chefe geral da EMBRAPA MEIO NORTE, em Teresina-PI, ex-presidente da Fundação de Pesquisa Guimarães Duque e atual Superintendente Federal de Agricultura no Estado do Rio Grande do Norte. Publicou vários livros sobre o desenvolvimento regional, entre eles: Alternativas tecnológicas para a agropecuária do Semi-Árido (Ed. Nobel, São Paulo), Plantas e animais para o Nordeste (Ed. Globo, Rio de Janeiro) e Biodiversidade e desenvolvimento sustentável do Semiárido (editado pela SEMACE, Fortaleza-CE).

CONTINUA...

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O COVEIRO - A SEPULTURA...........E, o CEL..ZÉ RUFINO ( fato real )


"Moço! Ontem um doutor esteve aqui querendo notícia da sepultura do Coroné Zé Rufino. Eu disse a ele que isso não existe. Não tem sepultura que se ache não. Acontece que nem eu, nem o velho Celso, que deve ter sepultado ele, sabía, na época, que o homem era tão bom e famoso da época dos grandes cangaceiros. Aqui é cidade pequena, mas que cresceu com cemitério pequeno. Se a família não pede conta, a gente usa de novo a cova e enterra por cima daqueles que estão ali mesmo. Tá cheio de gente enterrado em cima um dos outros aqui. Se tivessem me avisado, tinha cuidado de dar a ele uma sepultura boa. Mas ninguém avisou.

(Depoimento do COVEIRO... MANOEL DE APRÍGIO).

MATERIAL DO ACERVO DO PESQUISADOR GEZIEL MOURA. 
Amplie as imagens.






Fonte: facebook
Página: Voltaseca

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terça-feira, 30 de dezembro de 2014

SUCESSO DO LIVRO DA COLEÇÃO PERNAMBUCO NO TEMPO DO CANGAÇO Nº 02


Coleção Pernambuco no Tempo do Cangaço nº 02
Caríssimo(a)s,

Saudações fraternais!

Compartilho com os amigo(a)s a felicidade das vendas, no primeiro mês, do meu mais recente trabalho literário.
Recebam meu abraço e minha admiração.

Atenciosamente,
Geraldo Ferraz

Um Feliz 2015 para todos!

Enviado pelo capitão Alfredo Bonessi.

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AGRADECIMENTO!

Por Jorge Alfredo Bonessi

Caríssimos - Caríssimas:

Encerrando- se o ano de 2014, quero agradecer  pela oportunidade pelo convívio  que tivemos nesse período  e desejar que 2015 seja um ano bom para todos nós e que possamos alcançar com sucesso todas as metas que planejamos.

Felicidades e Tudo de bom.
Alfredo Bonessi e Familiares

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LAMPIÃO A RAPOSA DAS CAATINGAS

Por José Bezerra Lima Irmão

Lampião – a Raposa das Caatingas é um livro concebido e realizado com seriedade, deixando de lado as lendas, mitos e invencionices sobre a figura do legendário guerrilheiro do Pajeú. Além da farta bibliografia sobre o cangaço, baseei-me nos jornais da época, entrevistei dezenas de personagens ligadas aos fatos.

O livro contém fotos e dezenas de mapas, indicando os lugares onde os fatos ocorreram. Indica até as coordenadas geográficas.

Analisa as causas históricas, políticas, sociais e econômicas do cangaceirismo no Nordeste brasileiro, numa época em que cangaceiro era a profissão da moda.

Os fatos são narrados na sequência natural do tempo, muitas vezes dia a dia, semana a semana, mês a mês.

Destaca os principais precursores de Lampião.

Conta a infância e juventude de um típico garoto do sertão chamado Virgulino, filho de almocreve, que as circunstâncias do tempo e do meio empurraram para o cangaço. Lampião iniciou sua vida de cangaceiro por motivos de vingança, mas com o tempo se tornou um cangaceiro profissional – raposa matreira que durante quase vinte anos, por méritos próprios ou por incompetência dos governos, percorreu as veredas poeirentas das caatingas do Nordeste, ludibriando caçadores de sete Estados.

A leitura desse livro, espero eu, fará com que o Natal da pessoa presenteada se prolongue por mais tempo, durante o Ano Novo, já que a obra tem exatamente 736 páginas.

Feliz Natal! Boas Festas! E que em 2015 e nos anos vindouros se mantenha sempre acesa a chama do interesse pela história e pela cultura do nosso querido Nordeste. A melhor forma de demonstrarmos amor à nossa terra é estudando a sua geografia e a sua história.

Um fraternal abraço.
José Bezerra

Para adquirir esta obra entre em contato com o autor através deste e-mail:

josebezerra@terra.com.br
Vendas presenciais: Livraria Saraiva; Livraria Escariz (Aracaju)

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Lampião no Município de Aurora Parte 2

 Por: Amarílio Gonçalves Tavares
Arte de Aldemir Martins

"Fugindo de Mossoró e tendo no encalço as forças volantes do Rio Grande do Norte e Paraíba, totalizando mais de 200 homens, Lampião descamba para a região do Cariri cearense, rumo à Aurora, para o refúgio de Izaías Arruda... Chegando ao lugar Ribeiro..."

A tropa que teve encontro com os bandoleiros foi a do tenente Arruda, em piquetada no sítio Ribeiro, onde aconteceu um fato tão misterioso, quanto engraçado. Não obstante o lugar se achar “bem guarnecido”, ao clarear a barra, “O Grupo de Bandoleiros, sem sofrer o menor revés, passou entre as trincheiras, nas quais os soldados dormiam, para só despertarem depois, com cerrada fuzilaria, quando os bandidos não estavam mais ao alcance da pontaria da polícia” O Grupo ocultou-se no vale do Bordão de velho.

Do local onde estava lampião enviou dois cabras ‘a casa de João Cabral, morador ali perto, convidando-o a vir a sua presença. João Cabral atendeu e Lampião disse-lhe estar com fome e sede, pedindo alimento e água para o grupo, no qual foi atendido. Marchando pelo pé da Serra da Várzea Grande, Lampião chega a fazenda Malhada Funda, onde faz alto, sendo recebido por Gregório Gonçalves, que, após saber com quem estava falando, perguntou a Lampião em eu podia servi-lo.

Amarílio Gonçalves Tavares

Este respondeu “só quero comida para minha rapaziada. Gregório Mandou matar o boi que estava no curral, e duas ou três ovelhas. Os cangaceiros estavam com tanta fome, que não esperaram. Comendo as carnes sapecadas. Os quartos de Ovelha, eles colocaram nos bornais sobressalentes, junto com farinha e rapadura. Ao retirar-se, Lampião levou João Teófilo como guia. Este saiu montado num burro que o bandoleiro havia tomado de um cidadão que estava comprando rapaduras. O Bando saiu na direção sudeste do município. Lá muito adiante, o guia foi substituído por outro de nome David Silva, tendo Lampião recomendado a João Teófilo pra só voltar quando escurecesse, e que não fosse pelo mesmo caminho.

Continuamos a narrativa, baseada no livro do Major: “Em sua marcha, Lampião procurou a Serra do Coxá, na divisa do município de Aurora com o de Milagres, burlando a vigilância dos policiais, de tal modo que estes se afastavam do ponto em que estavam os bandidos, tomando o rumo de Boa Esperança, serrote do Cachimbo, Riacho dos Cavalos, Ingazeiras e Milagres. Como se Vê, Lampião era um perito em estratégia Militar. Uma de suas táticas consistia em ludibriar a polícia que andava no seu encalço, como fez, quando procurou a Serra do Coxá. Deste modo, tornou-se inócua a providência do Major Moisés, designando o tenente Caminha para colocar piquetes nas estradas, uma vez que, por estas, não passarias o grupo de bandidos.

Enquanto Lampião ficava escondido na Serra do Coxá, O tenente Manoel Firmo seguia para o lado oposto, isto é com a sua tropa, passava de trem por Aurora, em demanda ao cariri, sem dar satisfações ao seu chefe, major Moisés, que naqueles dias se encontrava em nossa cidade, em tratamento de saúde. Com o tenente Manoel Firmo, viajavam os tenentes Luis Leite, Laurentino, Moura Germano, em passeio a Juazeiro e Crato, totalmente despreocupados com os bandidos. Para piorar a situação do “comandante das tropas“ em operações”, chegavam em Aurora o contingente comandado pelo tenente Agripino de Lima, que conduzia trinta e quatro animais de montaria, tomados a fazendeiros de Icó, Pereiro e Jaguaribe.

Virgulino Lampião

Quando o Major pensava que o oficial vinha em seu auxilio, o tenente Agripino comunicava-lhe que resolvera abandonar a campanha e voltar pra o Rio Grande do Norte. Diante disso, o Major Moisés apreendeu os referidos animais, entregando ao sr. Vicente Leite de Macedo, com a recomendação de devolvê-los aos respectivos donos. Além dos animais tomados a sertanejos, o Major Moisés constatou irregularidades na tropa do tenente Agripino, como a venda de munição feita por praças e muitas destas se entregando ‘a embriaguez. A Atitude do tenente Manoel Firmo, viajando para juazeiro e Crato, arrastando o grosso da tropa e quatro tenentes, deixou o comandante Moisés “num mato sem cachorro“ . O Major viu-se na contingência de pedir ajuda – imagine o leitor a quem _ Ao coronel Isaias Arruda, o mesmo que, tempos atrás, havia acoitado Lampião, mas que, agora, dava uma de perseguidor do bandoleiro, pondo oitenta e sete cabras á disposição do major Moises.

Se no combate travado com os bandidos, na serra da Macambira, havia cerca de 400 praças, como se explica ter o major Moisés levado para Ipueiras apenas 15 soldados. Descoberto o paradeiro de Lampião no alto da serra do Coxá, destacaram-se elementos de confiança para, aproximando-se do grupo, conhecerem melhor a sua posição, dentre eles Miguel Saraiva, tio de um dos bandoleiros e morador nas proximidades. Foi então que o Major Moisés e Isaías Arruda conceberam um estratagema, que consistia em preparar um almoço para Lampião e seus cabras, na casa de José Cardoso, em Ipueiras, e juntos, abaterem o bandido, e juntos, abaterem o bandido nas hora conveniente.

Miguel Saraiva se faz acompanhar de oito homens que se apresentam a Lampião, fingindo que são perseguidos pela polícia, e para melhor comover o chefe do bandoleiros, lamentam e choram a sua desgraça, tentando com isso, infiltrar-se no bando. “Alguns bandoleiros aceitaram a presença de novos companheiros, mas Lampião logo faz sentir que não acolhia em seu grupo pessoas que lhe fossem estranhas” os oito homens de Miguel Saraiva tinham recebido instruções para atacar os bandido na hora em que o grupo “ descansasse” a armas para almoçar.

Simultaneamente, os soldados e jagunços puseram-se discretamente em volta de casa, prontos para fechar o cerco aos bandidos, no momento oportuno. Mas o ardil fracassou, porque Lampião, sagaz, arisco e desconfiado, chegou e rejeitou o almoço oferecido por Miguel Saraiva. E colocou sua gente em pontos diversos e estratégicos.Eis como o major Moisés descreveu o tiroteio:

Izaias Arruda

“ Conhecido o fracasso do estratagema, fomos impelidos a atacar os bandidos, com ímpeto, de sorte que, em pouco tempo, estavam debaixo de cerrada fuzilaria. A luta teve início pouco mais ou menos ‘as 12 horas do dia 7 de julho, tendo uma duração de mais de três horas, terminou infelizmente, porque os bandido caíram em fuga, e no campo deixaram dois mortos, um queimado, que recebeu vários ferimentos, e outro também morto na ocasião em que fugia”. Essa foi a história narrada pelo major Moisés no citado livro. Entretanto, existe outra versão para o episódio segundo nos contaram Róseo Ferreira e Vicente Ricante que, na época, moravam nas proximidades da fazenda Ipueiras, a coisa aconteceu assim.

O Major Moisés Leite e o Coronel Isaías Arruda combinaram um plano de acabar com Lampião, assim que este chegasse em Ipueiras, pois sabiam que o grupo vinha desmuniciado e bastante desfalcado, em consequência da derrota sofrida em Mossoró e das deserções que se seguiram ao frustrado ataque aquela cidade norte riograndense. Lampião ficara na manga com a cabroeira. Convidado pra almoçar na casa de José Cardoso, na citada fazenda Ipueiras, o Rei do Cangaço compareceu com alguns dos seus rapazes. Quando Miguel Saraiva chegou e pôs sobre a mesa o alguidar contendo o almoço envenenado, Lampião tirou do bornal um colher de latão e meteu-a na comida. Quando puxou a colher, o bandido notou mudança de cor e deu alarme.

“- ninguém come desta comida. Esta comida está envenenada!" 

Nisso, Lampião e seus cabras conseguem romper o cerco de um cordão de jagunços e soldados a paisana que se formara em volta da casa, e correm pra a manga onde ficara a maior parte da cabroeira, sendo atacados pelo cabras de Isaías e soldados do major Moisés.

Arte de Aldemir Martins

Ao mesmo tempo em que estrugiu a fuzilaria, os atacantes lançaram fogo na manga, por todos os lados do local em que estavam os cangaceiros. Lampião investiu várias vezes contra os atacantes, conseguindo, por fim, escapar por um corredor. Lampião perdeu dois cangaceiros, um queimado e ferido por ocasião do ataque. O Outro, com ferimento no ouvido, ficou em Ipueiras, em tratamento, mas os coiteiros acabaram de mata-lo, tocando fogo no cadáver... Ao escapar do cerco de Ipueiras, lampião tomou o rumo da serra do Góes, perto de São Pedro do Cariri, atual Caririaçu. Veja o leitor o Zig-zag feito por Lampião para confundir a polícia. No dia 7 de julho, saiu de Ipueiras, desceu pelo riacho do Pau Branco, atravessou o rio Salgado no lugar Barro Vermelho, passou pelos sítios Jatobá e Brandão, fazendo “alto” em Vazantes.

Na serra dos quintos, fez um refém – o Sitiante Joaquim de Lira – para ensinar o caminho para a serra do Góes, aonde chegou, no início da noite. Na manhã do dia 9, Lampião deixou a serra do Góes e rumou para o município de Milagres, atravessando a via férrea no lugar Morro Dourado. O Major Moisés havia mandado tomar as ladeiras da Serra do Mãozinha e São Felipe, por onde poderia passar o bandoleiro. Mas Lampião, mais uma vez, conseguiu burlar a força policial e penetrou no estado da Paraíba, pela serra de Santa Inês, no rumo de Conceição do Piancó, de onde prosseguiu em fuga para Pernanbuco.

Amarílio Gonçalves Tavares
TEXTO RETIRADO NA INTEGRA DO LIVRO AURORA HISTÓRIA E FOLCLORE, 
AMARÍLIO GONÇALVES TAVARES P. DE 138 A 146 IOCE, 1993 - CAPÍTULO 15
(Cortesia do Envio: Luiz Domingos de Luna)
FONTE:http://www.icoenoticia.com/2009/05/lampiao-no-municipio-de-aurora.html

http://cariricangaco.blogspot.com.br/2014/12/lampiao-no-municipio-de-aurora-parte-2.html

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