Eu me chamo Virgulino, não tenho outro nome de pia, tendo por pai um José e por mãe uma Maria. Poderia ser chamado de Virgulino de Maria, mas outro apelidado me foi dado em distante freguesia. Um filho chorando um pai, pois morto em triste dia, quando a arma do poder tirou o que dele existia, jogando à própria sorte o que da família existia, fazendo surgir o ódio e toda vingança que havia.
Mas o que mais afligia era ser acusado de crime que nem de longe eu cometia. Dizer que minha família roubava a honra toda anuvia, cria no homem um ódio que nunca se atrofia, é querer criar bandido naquele de calmaria. Quando a fama se fez grande, acusado em demasia, então o jeito foi passar a ser aquilo que eu não queria, então agi pelo erro e fiz o que não queria: fazer o que não tinha feito pra provar a valentia.Coisa triste era a fome de vingança que eu sentia, mas não tinha outro jeito a dar naquilo que eu pressentia, ou dava o troco no troco ou escolhia a covardia, como não nasci pra temer então escolhi a ousadia, em dar um troco maior naquilo que me feria.
Quando o sangue jorrou nas terras onde eu vivia, o homem se fez em galope no filho de José e Maria. Uma chama acendeu, mas juro que não queria, e quando labareda comeu eu já estava em rebeldia, lutando contra o algoz desde o amanhecer do dia.
Dói demais relembrar uma família em correria, saindo de canto a outro, sem ter sossego e alegria, e só se mantendo viva pelo revide que existia. Se bala viesse de lá, a bala daqui zunia, se tocaiado algum fosse, outra emboscada fazia.
Quando já sem pai e sem mãe, o mundo foi moradia. Ao lado de irmãos seguia nos rastros da valentia, levava comigo a certeza do que o mundo oferecia: lutar contra a injustiça e sua esfomeada sangria, ser um guerreiro do mato, um Lampião que na guerra alumia.
Na chama o Lampião, só assim me conhecia, deixado de lado o Virgulino e o filho de Maria. Foi nos carrascais desse mundo, na vida em descortesia, que empunhei arma e punhal pra viver em rebeldia, caçando e sendo caçado, no prazer e na agonia.
Eram muitos Lampiões que surgiam a cada dia. Na sina do sertanejo a dor que transparecia, maltratado e oprimido, um escravo de sesmaria, nas mãos do senhor coronel a desdita lhe doía, levando peso da canga e açoitado em grosseria.
Uma gente tão sofrida que a sorte lhe consumia, sem vez nem voz protetora, era água de bacia, derramada pelo chute do poder e sua demagogia. Capanga caçando irmão, no sertão a mesma pia, como se violar a pobreza causasse maior alegria.
O povo desprotegido, a proteção mais queria, mas como encontrar alguém que lhe servisse de guia? Sinhô Pereira, Antônio Silvino ou Lampião, era o sertão que queria, ou alguém lhe defendia ou nada mais restaria.
E de repente Lampião já era o rei do sertão, o que muito enobrecia. Mas um viver de pesar que no prazer se fingia, todo adornado no ouro pra esconder o que a alma carcomia, sem descanso ao relento no peito a nostalgia. A punhalada da sina, na vida toda sangria.
Então no amor fui buscar o alento que queria. Depois de minha mãe Maria, eis que mais uma Maria. Essa toda bonita, flor no cabelo e laço de fita, e dizendo ninguém acredita, mas foi o prazer que tive em meio à vida maldita.
Por vinte anos vivi acendendo um Lampião, tratado com fidalguia, na fama e na honraria. Fui Capitão, do Estado a cortesia, e para fazer aquilo que eu dizia e não fazia. Não deseja fazer o que o poder queria, quando do outro lado o mesmo poder perseguia.
Foi de conchavo e alinhavo, a trama que eu tecia. Do coronel a igreja, tudo à minha serventia. Mandava um bilhete assinado e logo o que eu queria, bastava me aproximar e toda porta se abria. Se um fogo despontasse, com fogo eu respondia.
Mas um dia o pavio do destino de vez me apagaria. Não foi na luta de homem, mas sim na maior covardia. Emboscaram todo o bando e o meu fim se fazia. Se levanto o mosquetão nada daquilo acontecia.
E foi o fim de Virgulino e também de sua Maria. Mas o homem que se foi na terra permanecia, não conseguiu ao sertão trazer a sua alforria, mas ensinou a lutar contra o mal que lhe oprimia, e continua a ensinar a não aceitar desvalia.
Rangel Alves da Costa, pesquisador, escritor, poeta
Foi nesta quarta feira, 20 de dezembro, que eu estive novamente pisando o chão sagrado da Rua Velha, na cidade de Serra Negra, no Município de Pedro Alexandre. Fui ao casamento de Edimar e Ana Kelly. E o casamento foi exatamente ali na Rua Velha, na Praça General Liberato de Carvalho, na Igreja Nossa Senhora da Conceição da Serra Negra.
Cheguei ali na Serra Negra cedo. Desci para a Rua Velha. Vi ali no meio da praça da Rua Velha o velho monumento de ferro do Vaporzinho. Vi que a igreja de Nossa Senhora da Conceição ainda é a mesma. Pouca mudança houve no prédio da igreja. A casa de Tia Zefa de Cândido, mãe de Marli e Badú, ainda é a mesma. A casa de Antônio Leite, ali na esquina da praça da Rua Velha, pertinho do riacho que separa a Rua Velha da Rua Nova ainda é a mesma.
Quantas lembranças tomaram conta de mim na manhã de ontem! Lembranças das serestas do Bar do Cido. O Bar do Cido já não existe mais mais, mas o prédio ainda está ali. Lembranças das festas do dia 8 de Dezembro. Lembranças da Procissão que sai da Rua Velha e sobe a Rua Nova ainda sob o sol da tarde do dia 8 de Dezembro e desce para a Rua Velha depois que o sol se despede. Lembranças das novenas de dezembro. Das zabumbas, das quermesses, do pastoril da professora Miralda e dos guerreiros.
Quantas pessoas eu vi novamente! Os mesmos rostos, a mesma gente. O povo da Serra Negra parece não envelhecer nunca. Ali é o lugar onde o tempo parou. O povo é o mesmo. A cidade é a mesma.
Lembranças das festas do Clube Vaporzinho. Lembranças do Campo O Eraldão onde eu ainda joguei futebol. Lembranças, lembranças, lembranças... Lembranças de uma Rua Velha poesia.
A história do cangaço é muito fascinante, e nem sempre cangaceiros, volantes e civis, que foram às armas. Em janeiro de 1922, quem pegou nelas foi o representante da igreja, o Padre Lacerda. Esse acontecimento se deu, na época que Lampião e seus irmãos, eram simples cabras de Sinhô Pereira, e atuavam na região do Cariri Cearense, a história é mais ou menos assim:
Após a morte do Coronel Domingos Leite Furtado, poderoso chefe político em Milagres (CE), no ano de 1918, o seu braço armado, o Major José Inácio de Sousa, fazendeiro abastado no município do Barro (CE), conhecido como Zé Inácio do Barro, passou a assediar a família do falecido, reclamando que o Coronel Domingos Furtado devia certa quantia a ele, por serviços prestados, o que produziu inimizades entre as família Furtado e Zé Inácio do Barro.
Major Zé Inácio do Barro
Antonio Vilela, Sousa Neto, Dr Leandro Cardoso, Jorge Remígio, Manoel Severo e Ivanildo Silveira na visita do Cariri Cangaço a
Fazenda Nazaré do cel. Domingos Leite Furtado
Cabe, neste momento, uma explicação: Zé Inácio era conhecido protetor de cangaceiros, assim como outros coronéis no Cariri cearense, inclusive, Sinhô Pereira e seu bando, estavam na folha de pagamento daquele Major, tendo, ainda, seu filho, Tiburtino Inácio de Souza, vulgo Gavião, no bando de Pereira, isto denuncia, que nem sempre a constituição de um cangaceiro, era por conta da pobreza.
Hilário Lucetti e Magérbio de Lucena nos conta, em sua obra "Lampião e o Estado Maior do Cangaço", que o Sítio Nazaré, da viúva do Coronel, D. Praxedes de Lacerda foi assaltado, em Janeiro de 1919, por grupo de cangaceiros, comandado por Gavião, filho do Major Zé Inácio do Barro.
Assim, após ser denunciado como mandante do assalto, Zé Inácio, não esconde o feito, mas diz que aquele dinheiro era dele, por anos de serviços prestados ao Coronel Domingos Furtado, e ainda o chamou de ladrão, pronto estava aberta a questão entre as famílias, principalmente na figura do Padre José Furtado de Lacerda, ou simplesmente, o Padre Lacerda, pároco da Vila de Coité, pertencente ao município de Mauriti (CE).
Caravana Cariri Cangaço e a visita ao Coité de Padre Lacerda em Setembro de 2013
Manoel Severo, Sousa Neto, Antônio Amaury e Dr Leandro em conferência sobre o Fogo do Coité na própria igreja local
Luitgarde Barros, Daniel Apolinário e Dr Lamartine Lima na
Conferencia do Cariri Cangaço no Coité
Insultos vão, insultos veem, entre o Padre Lacerda e o Major Inácio do Barro e o certo é que no dia 20 de janeiro de 1922, a pequena Coité é invadida pelo grupo de Sinhô Pereira, à frente com setenta cangaceiros. Entretanto, o Padre Lacerda, não usava somente a Bíblia e terços em seus ofícios, era possuidor de rifle e um bom contingente de homens, bem armados e municiados.
Segundo, o escritor Sousa Neto, que biografou o major Zé Inácio do Barro a resistência vinha da casa do Padre Lacerda, e sustentou o fogo por seis horas, forçando uma retirada dos cangaceiro, ao chegar soldados da policia de Mauriti e Milagres.
Ainda, segundo aquele autor, o bando de Sinhô Pereira fora atacado no dia seguinte, na Fazenda Queimadas, por aquelas volantes, sendo necessário dividir o grupo em três, um grupo com Lampião, outro com Baliza e o resto com o chefe Sinhô Pereira, desta forma conseguiram furar o cerco, e seguir para o coito, no Barro. O saldo do Fogo do Coité, foram três homens do Major, e diversos cangaceiros feridos, inclusive Antônio Ferreira. Padre Lacerda não era fácil.
Por mais de 60 anos, uma verdadeira “Caverna de Aladim” de aviões históricos da época da Segunda Guerra Mundial, incluindo um dos 30 aviões de combate Mosquito restantes no mundo, permaneceu praticamente fora da vista de todos, em uma propriedade rural próxima a cidade neozelandesa de Nelson.
Mas agora esses raros aviões estão sendo restaurados no Omaka Aviation Heritage Centre (OAHC) para serem exibidos, ou voar novamente. Este é um museu localizado próximo ao campo de pouso do Aeroclube de Omaka, a cinco quilômetros do centro da cidade de Blenheim, região de Marlborough, na ilha sul da Nova Zelândia. Um dos principais colaboradores dessa instituição é o diretor de cinema neozelandês Sir Peter Jackson, ganhador do prêmio Oscar em 2004, que ficou mundialmente conhecido por dirigir a trilogia épica O Senhor dos Anéis.
Mas Quem Guardou Esses Aviões?
Esses aviões pertenceram ao fazendeiro John R. Smith, que viveu na pequena localidade de Mapua, a oeste da cidade de Nelson, na costa da Baía de Tasmânia, onde iniciou sua coleção particular de aeronaves ainda jovem, na década de 1950.
John dedicou uma vida inteira a caçar e salvar antigas aeronaves na Nova Zelândia. Além do Mosquito a sua coleção incluiu um P-51D Mustang, um biplano Tiger Moth, dois caças Curtiss P40 Kittyhawk, fuselagens de jatos de combate Vampire, além de uma grande quantidade de peças.
Sua própria família não tem muita certeza sobre o que motivou essa sua paixão. Mas segundo George Smith, com 89 anos e irmão de John, antes de emigrar para a Nova Zelândia a sua família viveu perto de uma base aérea chamada Finningley, que pertencia a RAF – Royal Air Force (Real Força Aérea). Essa base ficava nas imediações da cidade de Doncaster, no sul da região de Yorkshire, Grã-Bretanha, e os Smiths viveram naquele lugar em pleno período da Segunda Guerra Mundial.
É provável que essa situação, associado ao simples desejo de resgatar pedaços da história da aviação do ferro-velho, tenham motivado John a adquirir essas velhas aeronaves junto a RNZAF – Royal New Zealand Air Force (Força Aera Real da Nova Zelândia).
Ao longo das décadas seguintes essas aeronaves ficaram protegidas em um grande galpão de ferro corrugado. Não demorou para que colecionadores, entusiastas e historiadores de aviação da Nova Zelândia e do exterior realizassem várias peregrinações a Mapua para ver os aviões cada vez mais raros. Mas John Smith permaneceu um personagem recluso e arredio, deixando potenciais compradores desapontados.
Quando ele morreu em agosto de 2020, aos 84 anos, ele deixou seu tesouro no grande galpão e um enorme trabalho para sua família resolver. Os Smiths, hoje liderados por George e seu filho Rob, tinham que tomar uma decisão.
Entrar no galpão dessa propriedade rural era o mesmo que entrar em uma espécie de cemitério de aviões totalmente indisciplinado. Em frente a uma modesta casa de madeira encontravam-se as carcaças de metal do motor – chamadas nacelas – do caça-bombardeiro Mosquito. Perto dali asas do jato de combate Vampire repousavam na grama alta, em outro canto peças dos P-40 e do Mustang.
Rob Smith disse que quando eles começaram a lidar com o enorme trabalho de seleção, era difícil até mesmo entrar no galpão por causa do grande número de peças, desde fuselagens e asas, até caixas cheias de componentes de motores.
“Estimamos que levasse cerca de três anos para arrumar e limpar tudo”.
O Mosquito
O item mais importante que havia no galpão era um avião de combate bimotor, multifuncional, modelo Mosquito, que foi utilizado pela RAF e outras forças aliadas na Segunda Guerra Mundial.
Esses versáteis caças-bombardeiros eram incomuns, porque suas estruturas eram feitas principalmente de madeira, o que os tornavam relativamente rápidos para construir e principalmente voar. Em 1942 os Mosquitos foram considerados as aeronaves operacionais mais rápidas no conflito, tornando-se uma verdadeira lenda da Segunda Guerra e 7.781 modelos foram construídos.
Especificamente sobre esse avião sabemos que ele deixou a fábrica em 19 de novembro de 1945, sendo um modelo Mosquito FB MK. VI FB e não lutou na Segunda Guerra. Na RNZAF serviu até 22 de abril 1952, como parte do No. 75 Squadron (Esquadrão Nº 75), na Base Aérea Ohakea, localizada na ilha do norte da Nova Zelândia. Foi então armazenado na Base Aérea de Woodbourne e em 30 de junho de 1955 o fazendeiro John Smith comprou o bombardeiro excedente em um leilão. O interessante é que esse Mosquito voou pela RNZAF apenas 80 horas e 35 minutos.
Depois de desmontar as asas do Mosquito, Smith o rebocou para Mapua na parte de trás de um trailer. A Força Aérea havia removido as armas e itens da cabine, mas ele conseguiu encontrar peças de reposição autênticas, incluindo uma mira de bomba e um rádio.
Durante os anos vindouros, segundo George Smith, de vez em quando seu irmão colocava os enormes motores Rolls Royce Merlin para funcionar, gerando um som ensurdecedor que podia ser ouvido na comunidade de Mapua, a vários quilômetros de distância.
O trabalho de preparação do Mosquito para seu novo destino em Omaka começou com a delicada e especializada tarefa de desmontá-lo. Que no final das contas será uma espécie de volta ao lar, pois o local de armazenamento dessa aeronave fica a poucos quilômetros de Blenheim e não muito distante de Omaka.
No museu o Mosquito será exibido ao lado de outros aviões que pertenceram a John Smith. Um deles é um modelo Tiger Moth e um dos Kittyhawks, este último apelidado de Gloria Lyons.
Homenagens
Graham Orphan, membro do conselho do OAHC, prestou homenagem à visão de John Smith de preservar esses aviões históricos e aos esforços de sua família para honrar seu legado. Ele disse que visitar a coleção de John Smith era um privilégio e um teste.
“John era apenas cauteloso. Mas se você falasse por muito tempo e ele percebesse que você era um entusiasta genuíno, ele o receberia de braços abertos. Todos nós queríamos que ele vivesse para sempre, porque enquanto John estivesse vivo, os tesouros da Caverna de Aladim da Segunda Guerra Mundial permaneceriam assim.”
No entanto, Orphan ficou maravilhado com o fato do público futuramente ter a chance de ver esse bimotor Mosquito restaurado em Omaka, além de outros aviões que pertenceram a Smith.
Mas um avião que pertenceu a John já está em exibição nessa instituição há algum tempo. Quando ainda era vivo, John presenteou um piloto de helicópteros da região com um bimotor de fabricação americana Lockheed Hudson. Por razões que desconheço esse piloto não reformou esse avião e acabou entregando-o para o OAHC. Por sua vez o museu criou com essa aeronave um belo cenário para seu acervo, representando um avião perdido no meio da selva tropical.
Já o destino da aeronave P-51D Mustang, que ficava no galpão sob a asa do Mosquito, ainda não foi decidido. Ao contrário do bimotor que vai para o museu, que precisaria ser totalmente reconstruído para voar novamente, esse Mustang poderia se tornar aeronavegável, embora a um alto custo, pois as asas foram cortadas e teriam que ser reconstruídas.
Mesmo desmontado, esse avião foi avaliado em cerca de um milhão de dólares. Rob Smith disse que houve interesse por esse avião vindo de potenciais compradores da Nova Zelândia e de outros lugares. Mas a família gostaria que ele permanecesse no seu país, preferencialmente na ilha sul.
Brian Weir, um entusiasta da aviação de Nelson que conhecia John Smith, disse que estava tentando levantar dinheiro suficiente para manter esse avião na região. Essa aeronave foi um dos trinta Mustangs recebidos pela RNZAF em 1945, com a maioria sendo retirada de serviço em 1955 e vendida como sucata em 1958. Weir disse que manter o Mustang na Nova Zelândia seria uma homenagem ao legado de John Smith.
Realmente o fato de John Smith ser uma criança que vivia na Grã-Bretanha durante a Segunda Guerra Mundial e sua família morar próximo a uma base aérea, poderia facilmente explicar essa sua louca paixão por essas aeronaves. Mas acredito que muito disso se deve também a memória extremante ativa da intensa participação da Nova Zelândia e seu povo na Segunda Guerra Mundial.
A Nova Zelândia entrou nesse conflito no dia 3 de setembro de 1939, no mesmo dia que a Grã-Bretanha declarou guerra a Alemanha Nazista. Para a maioria do povo dessa nação, a associação com a Grã-Bretanha em uma época de crise era natural e necessária. Como um firme oponente do apaziguamento, a Nova Zelândia há muito defendia uma posição forte contra as ditaduras fascistas.
Apesar de possuir em 1940 uma população com apenas 1.600.000 habitantes, cerca de 194.000 homens – 67% daqueles com idades entre 18 e 45 anos – e 10.000 mulheres serviram nas forças armadas. Esse país dedicou uma proporção muito alta de seus recursos ao esforço de guerra: cerca de 30% da renda nacional geral foi utilizada nesse objetivo, com a cifra aumentando para 50% durante os anos críticos de 1942-44. O saldo negativo foi que 11.928 neozelandeses foram mortos.
As duas grandes ilhas que compõem a Nova Zelândia não foram atingidas diretamente durante a guerra, mas os neozelandeses estiveram envolvidos em combates em terra, mar e ar, sendo estes travados globalmente. Desde o Egito a Itália, passando pela Grécia e chegando ao Japão e ao Oceano Pacífico. Consta que a natureza da Segunda Guerra Mundial não só deu muito ímpeto ao desenvolvimento do senso de identidade dos neozelandeses, mas também aumentou muito a confiança dos membros dessa nação em relação ao seu papel no mundo.