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domingo, 7 de maio de 2017

O MENINO QUE CONSERTOU O MUNDO

Por Medeiros Braga

Para quem alguma dúvida
Venha a ter sobre o saber,
Esses versos vão mostrar,
Infalível, seu poder...
Gérmen no solo fecundo,
A mudança desse mundo
Vai um dia acontecer.

Provará como uma tocha
Clareando a escuridão
Que o caos do universo
Só tem uma solução:
O saber!... só o saber
Poderá corresponder
Aos anseios de nação.

Vou narrar uma história
Cujas interpretações
Tão sensatas, assentadas
Em verdades e razões
Deixam margem ao leitor
Por clareza, com primor,
A grandes reflexões.

Em um país bem distante
Havia um povo sofrendo,
Os problemas mais horríveis
Vinham já acontecendo,
Desemprego, fome, assalto,
Violência, assassinato,
Tudo que era de horrendo.

Economistas faziam
Seus projetos colossais,
Parlamentares mexiam
Em lei de códigos penais,
Militares se armavam
E governos apressavam
Seus programas sociais.

Mas, nada correspondia
Com respostas positivas,
As ajudas já não eram
Vistas como alternativas,
Nada tinha eficiência,
Bem menos a truculência
Das medidas punitivas.

Um moderno cientista
Despertou para o problema,
Tendo seu laboratório
Estudava o seu sistema.
Integrou-se, na verdade,
Com a sensibilidade
Do poeta em seu poema.

Mesmo audaz e persistente
Em um mundo de ninguém,
Tentando compreender
As razões desse desdém,
Olhava para o passado,
E ao presente voltado
Via o Mal vencendo o Bem.

Enquanto ele estudava
Todo problema ao redor,
A saúde, a segurança,
A miséria, o pranto, a dor,
Muita gente que sofria,
Inocente, se sentia
Em um mundo encantador.

É como se as pessoas
Com sua alienação
Estivessem encerradas
Na Caverna de Platão
Vivendo na ignorância
Sem enxergar a importância
Do direito e da razão.

Ao contrário do que houve
Nas visões de Dom Quixote
Em que monstro aparecia
Provocando-lhe em magote
A mídia hoje nas trilhas
Mostra só as maravilhas
E esconde a cobra e o bote.

A mídia globalizada
Encobrindo seu horror,
A divisão desigual
Sempre aos ricos a favor
Apostava na proeza
Do cenário de beleza
Do seu mundo encantador.

Utopista, o cientista
Não se deixava abater,
Confiante se integrava
À tarefa com prazer,
Tinha por missão, a fundo,
O conserto desse mundo
Condenado a perecer.

Residia o cientista
Em uma casa modesta,
Uma sala de pesquisa,
Vivendo uma vida honesta,
Dava apoio à família,
Porém, sempre em vigília
Ante a questão indigesta.

Da casa o laboratório
Era em uma dependência
Pelo livre e fácil acesso
Direto da residência,
Para colher seus teores
Vinham muitos seguidores
Visitá-lo com frequência.

Certa feita foi a vez
Do neto de poucos anos,
Que quebrou o seu silencio
E pensamentos ufanos.
Ao avô perguntaria
Como ajudar poderia
Na feitura dos seus planos.

O avô com atenção
Lhe respondeu em segundo:
Uma ajuda sua eu quero
Para o conserto do mundo.
O planeta está quebrado,
Precisa ser consertado,
No seu rachão tão profundo.

Em seguida apoderou-se
Da folha de uma revista,
Nela havia uma gravura,
Tendo um mapa como pista,
E cortando em pedacinhos
Mandou, com os seus carinhos,
Consertar o mundo em vista.

Feito foi quebra-cabeça
Esse mapa do universo
Com todos seus continentes
E país o mais disperso;
As potencialidades
E as adversidades
Desse mundo controverso.

E usando o mapa-mundi
E o termo “consertar”
Ao neto se dirigia
Sem querer desenganar:
“Vai meu neto, abre a mente,
Quebra do mundo a corrente,
Faça tudo pra mudar.”

Quando sequer se esperava
Que ele fosse conseguir
Montar o quebra-cabeça
Em pouco tempo, a seguir,
Após como quem não blefa,
Anunciava a tarefa
Que terminou de cumprir.

Tendo o garoto os pedaços
De papel, pôs-se a montar,
E o avô pôde tranquilo
Os estudos retomar.
Por uma sina dos dois
Procuravam já depois
Cada mundo consertar.

Um montava no papel
O seu mapa avariado,
Já o avô prosseguia
No projeto tão sonhado.
E cada um a seu modo
Buscava o fim do incômodo
No mundo desmoronado.

Tirava papel daqui
E botava ali bem perto,
Depois trocava de lado
O mar, a serra, o deserto.
Já estava ali suando
Com tanto papel trocando,
Porém, nunca dava certo.

Já tomado de surpresa
Se dispôs a conferir.
Indagando após o neto
Como veio a conseguir
Já que ele não sabia
De nada de geografia
Que levasse a concluir.

Com tamanha segurança
O neto lhe respondeu:
“Meu avô, está lembrado
Do mapa que então me deu?...
Havia do outro lado
Um grande homem estampado
Foi o que me pareceu.

Eu já ia desistir
Desse mundo consertar,
Mas, me lembrando do homem
No papel a se estampar,
Eu, superando essa estréia,
E já mudando de ideia
Comecei a imaginar.

Por que consertar o mundo
Se nada dele eu entendo?...
Eu vou consertar o homem
Com quem venho convivendo,
Tendo em sociedade
Terei mais facilidade
De montar todo remendo.

Consertando, então, o homem
Como havia imaginado
Virei com cuidado a folha,
Cada pedaço cortado.
E descobri consertando
Esse homem, que é quando
Tem-se o mundo consertado.”

Porém, se eu não tivesse
Consertado o homem então,
Do mundo jamais teria
Encontrado a solução,
Ficaria recortado,
Sem conserto, destroçado,
Em pedaços, sobre o chão.”

Ele tem que se prover
De exemplar sabedoria,
Conhecer melhor os gênios
Ditos da filosofia;
Que pregavam a virtude,
A ética e, amiúde,
A moral com tal valia.

Alguém que não tem caráter
Pode um povo governar?...
Por isso, precisam todos
Ter saber pra bem pensar,
Pois, quem não tem perde, então,
A própria indignação
E a razão de protestar.

E pensava o cientista
Nos fatos e refletia:
Temos nós que consertar
O homem em primeira via,
Dar-lhe toda educação
Para ser um cidadão
Da maior sabedoria.

Sem isso, tudo é ruim,
Só incerteza haveria
Ninguém sabe de direito,
Nem dever, sua valia,
Não conhece, na verdade,
O que é a liberdade,
O que é democracia.

Eis, pois, uma grande história:
Lição e filosofia,
Lição de que o conserto
Do mundo só se daria
Quando fosse com cuidado
Nosso homem consertado
Á melhor sabedoria.

Consertar o mundo implica
Além de dar o saber
Contrariar interesses
Dos que pensam bem mais ter;
Suprimir o prepotente
Pra mexer, radicalmente,
Na riqueza e no poder.

Não existe outra saída
Para consertar o mundo,
Ou se conscientiza o homem
Com um saber mais profundo,
Ou se verá, na verdade,
Marchar a sociedade
Composta por moribundo.

O saber, só o saber
Tem poder, eis a questão,
Ele não leva somente
Dos problemas solução;
O saber leva à verdade,
Ao direito, à liberdade,
À justiça e à razão.

Não existe outra maneira
Mais segura e consistente,
Ou o povo se educa
Por um método consciente
Ou cede com seu impulso
Na entrega do seu pulso
Ao grilhão e à corrente.

O poder que hoje existe
Sobre o mundo dominado
Quem lhe dá sustentação
É o povo alienado;
Um mundo injusto e cruel
Porque o povo, fiel,
Foi para ele educado.

Porém, o livro, a leitura,
O processo cultural
Que vão gerando saber
Para um ciclo especial
Nos leva a crer, mesmo além,
Numa vitória do bem
Que vai se dar sobre o mal.

Basta que todos partilhem
Tendo como munição
O saber que sempre brota
Do pensamento em lição
Para que sólido, altivo,
Tenha, enfim, o coletivo
Seu mundo sonhado, então.



Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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CORRENDO, CORRENDO, CORRENDO..

*Rangel Alves da Costa

        Não tenho tempo. Só tenho pressa. Por isso tenho que correr, correr, correr. Ao longe, já ouço o apito do trem. Ouço alguém me chamar. Um grito desesperado. Um brado voraz. Tudo chama. Não tenho relógio de pulso, mas há um relógio na estação dizendo que está na hora. A fumaça já é avistada entre as serras. Não ouvi, ainda não ouvi, mas há quem afirme já ter escutado o apito do trem. Não recordo bem se fechei a porta do fundo, se forrei a cama do quarto de dormir, se tornei em cinzas as brasas flamejantes ainda há pouco. Não sei se recolhi a fruta caída que avistei de manhã. 


Não recordo bem se reguei as flores do pequeno jardim ao lado ou se joguei pingo d’água no caqueiro de rosa triste. As folhas de erva cidreira talvez  Nada sei. Só sei que tenho pressa. E por isso tenho de correr, correr, correr, e assim vou correndo, correndo, correndo. Havia prometido a mim mesmo escrever uma longa carta para deixar em cima da mesinha da sala da frente. Não sei bem quem poderia entrar pela porta e se deparar com o escrito, mas eu sentia necessidade de deixar algo escrito sobre o que fui e passei ali. Gostaria muito de dizer o quanto fui feliz por muito tempo, mas também o quanto fui infeliz por muito mais tempo. Iria pedir se que jogasse um pouco de água nas plantas que ainda restassem e que nunca apagasse os poemas deixados nas paredes. Há um que gosto demais. Jamais irei esquecê-lo: “E quando a noite caiu e eu também caí, quando eu quis segurar a lua, a lua estava escondida entre os cabelos morenos de um céu que um dia foi meu...”. Também outro que gosto muito: “No teu mar macio, de leveza e vida, de perfume e calor, o meu barco segue em busca de nada encontrar, apenas seguir e seguir, e amar e amar...”. Mas tanto faz. Apague-os, se assim desejar. Não fui poeta de nada, nunca fui poeta de nada. Talvez a minha poesia estivesse somente no meu olhar. Avistar da janela adiante era como ter poesia no olhar. Sentar no meio do tempo ao entardecer, avistando aquele mundo amarelado e tão belo, aquela fogueira se pagando no alto, chegava-me como verdadeiro poema. Mas nunca poema alegre, de contentamento. Em tudo uma nostalgia, uma saudade doída, uma relembrança amarga e dolorosa. Em tudo um sofrimento infinito. Não sei bem se foi por isso que resolvi partir. Na verdade, sempre gostei de minha solidão, de minhas quatro paredes, de minha rede, das caminhadas que fazia ao redor. Sempre gostei muito de conversar com a pedra, de conversar com os bichos, de conversar com a brisa e o vento. De xícara fumegante à mão, então eu saía até perto da pedra grande para avistar o mundo adiante. Então eu avistava as distâncias, os horizontes, imaginando outras vidas e outros caminhos além. Em instantes assim, contudo, não me chegava desejo algum de partir algum dia. Desejava mesmo a eternidade naquele lugar, uma eternidade que se entranhasse ao chão depois do último pó do adeus. Mas de repente resolvi partir. Não tenho quase nada para levar. Lembre-me somente do trem que logo partirei e decidi que minha hora havia chegada. Daí eu ouvir o grito a me chamar, daí imaginar que tudo estava dizendo para me apressar. Tudo dizendo para correr, correr, correr. E por isso, para não perder o trem, é que estou correndo, correndo, correndo. Que eu não espere qualquer adeus, qualquer lenço acenando, qualquer lágrima. Não há absolutamente ninguém que faça assim por mim. Aliás, não há absolutamente ninguém que sinta qualquer coisa por mim, nem ódio nem amor, nem amizade nem desapreço, nem carinho nem inimizade. Não nego que sentiria prazer em ter algum na janela de lágrimas nos olhos e lenço balançando à mão. Mas impossível que assim aconteça. Não haverá tempo para me despedir do varal estendido no quintal. Sempre sentia um prazer diferente – um tanto mórbido – em ficar por horas a fio perante o varal. Aqueles panos querendo voar, querendo se desprender, querendo rumar por aí sem destino. Talvez aquelas imagens penetrassem tanto em mim que de repente me fiz impulsionado a fazer o mesmo. Vou partir sem qualquer despedida do varal. Não sei sequer se deixei alguma roupa estendida por lá. Ou sei. Não sei. Talvez eu tenha ficado estendido lá. E o que parte agora é apenas é apenas a roupa. Que corre e corre, por que tem pressa. Muita pressa.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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REVOADA


Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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O SALÁRIO!

Professora Dai Dantas

Receber o meu salário, aquilo que garante meu alimento, moradia e manutenção da minha vida e que recebo após um custoso mês de esforços físicos e mentais, virou um jogo de batalha naval. Lembram como é? A gente tenta, às cegas, acertar em que latitude e longitude estão posicionados os submarinos, navios e etc. Se erramos, tomamos uma bala de canhão e corremos o risco de afundar, metaforicamente.


A cada mês, tento adivinhar em que data devo posicionar os vencimentos de minhas contas. A cada mês, tenho errado, pois as longitudes do governo do estado se tornam cada vez mais longínquas. A cada mês, afundo em juros. A cada mês, recebo menos dinheiro, porque a conta do atraso sem reposição é uma conta que não fecha nos bolsos de uma trabalhadora. A cada mês, amargo o meu pagamento fracionado e reduzido e ainda sou exposta à ridicularização por um calendário sectário, que além de me excluir ainda coloca a minha faixa salarial com um status subliminar de onerosa. Sou daquela faixa salarial que não tem data prevista para ser paga. 


A cada mês, ansiedade, humilhação e aperto, já que o governo decidiu que o meu emprego é um hobby pelo qual devo prescindir de pagamento, embora eu me dedique arduamente a cumprir as tarefas da minha carga horárias de 40h e seja devidamente qualificada a desempenhar a função para a qual fui contratada. A cada mês é um tiro. Gostaria de saber se apenas eu estou com dificuldades em estancar tanto sangue!


Dai Dantas

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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DOIS PISTOLEIROS PRIMOS, NA INFLUÊNCIA DE LAMPIÃO E SEU INGRESSO NO CANGAÇO NOS ANOS 20, SENHOR PEREIRA E LUIZ PADRE!

Foto fonte do livro quem foi Lampião Frederico Pernambucano de Melo.

Sebastião Pereira e Silva mais conhecido como Sinhô Pereira (Serra Talhada, 20 de janeiro de 1896 - Lagoa Grande, 21 de agosto de 1979) foi um cangaceiro brasileiro.

Descendia do Coronel Andrelino Pereira da Silva, o Barão de Pajeú. Era alfabetizado e trabalhava no campo.

Motivos familiares levaram-no a ingressar-se no cangaço, tendo recebido a insígnia de comandante de tropa. Pressionado politicamente e perseguido por forças policiais, viajou com o primo Luiz Padre para Goiás e Minas Gerais, onde obteve o título de cidadão mineiro.

Ao deixar o cangaço, no ano de 1922, Sinhô Pereira entregou sua tropa para o comando de Virgulino Ferreira da Silva, que mais tarde recebeu a alcunha de Lampião.

Sinhô Pereira faleceu numa manhã no final do ano de 1979, em Lagoa Grande, Estado de Minas Gerais, deixando para trás uma vida e uma história marcadas de angústia, dores e vontade de viver feliz com sua família e amigos.

Foto fonte do livro quem foi Lampião Frederico Pernambucano de Melo.



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O TROPEIRO DO SÉCULO PASSADO...!!!

Foto fonte: Museu Guanabara RJ.

O tropeiro do século passado...!!! O comércio do passado era feito em lombos de burros ou até mesmo em lombo de escravos, isto por volta de 1790 a 1835... Patrões ao levarem suas cargas valiosas, eles faziam questão de viajarem junto à tropa! Daí levavam consigo um cozinheiro escravo. Este quando não cozinhava bem sofria o diabo.

Veja a feição de um "negrinho fiota" como era conhecido por ser pequeno e cozinheiro.


https://www.facebook.com/guilherme.machado.96558061

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Do Jornal O ESTADO DE S. PAULO, de 11/04/1987 (pág. 53 e 54), extraio a palavra de Gilberto de Mello Kujawski sobre o best-seller

"GUERREIROS DO SOL", de Frederico Pernambucano de Mello.


Sempre me impressionaram fundo as fotografias de cangaceiros. Emana daquelas figuras torvas, armadas até os dentes, certa dignidade sombria de demônios das caatingas, capazes de realizar o inconcebível em maldades, e também em bravura. Aquele silêncio que nos colhe ao contemplar fotografias assombra-se em fascinação; a fascinação do mal, ou melhor, dos arquétipos visíveis do mal. De onde provém a autoridade ferina daqueles homens de tantas ruindades, senão de saberem encarar a morte a toda hora, sem estremecerem uma só fibra do rosto crestado pela energia do Sol e pela dureza das armas? Homens dos avessos, egressos das profundas do sertão, que nos amedrontam por não terem medo de nada, e que, ao destemerem até Deus, se sentem integrados nas hostes de Satanás. Aquele clássico punhal nordestino, atravessado na cintura de todos eles, não serve só para “matar”, e sim para sangrar ritualmente o inimigo, até a última gota, como o sacerdote sangrava no altar a vítima sacrificial. Não são homens sem Deus, são homens que cultuam Deus com os ritos do Diabo. Bandoleiros, mas não crápulas. Escravizados a um conceito arcaico de honra, sentem-se no direito de saquear e matar como quem faz justiça pelas próprias mãos. Cavalaria andante às avessas. Fotografados em bando, com seus chapéus de couro e rifles em punho, parecem sobreviventes desgarrados de Canudos, a serviço de um Antonio Conselheiro eternizado na alma popular do sertão.

Cangaço, escarninha palavra, varada de maldição. Tem o peso da canga e o relâmpago do aço.

II

“Eu fui aquele que disse
E, como disse, não nego,
Levo faca, levo chumbo,
Morro solto e não me entrego.”

A quadra popular sertaneja, da metade do século XIX, serve de epígrafe ao primeiro capítulo do livro “Guerreiros do Sol”, da autoria de Frederico Pernambucano de Mello, Editora Massangana, Fundação Joaquim Nabuco (1986). Prefácio interessantíssimo de Gilberto Freire. Frederico Pernambucano de Mello, jovem sociólogo formado na larga visão da escola gilbertiana, retoma o tema do banditismo no nordeste do Brasil. Seu primeiro cuidado foi expurgá-lo de certas interpretações ligeiras não por acaso inspiradas na retórica marxista. Como a de Cristina Mata Machado, ao considerar o cangaço como “resposta à violência do coronel”. Ou da de José Honório Rodrigues, quando o define como “resposta contra o monopólio da terra e exploração do trabalhador rural pelo latifundiário. Marx não merecia que sua dialética da luta de classes fosse assim banalizada e mecanizada por discípulos tão simplistas.

O autor, liberado de fórmulas já prontas e definitivas, retoma o tema do cangaço a partir de seus pressupostos históricos. Vai examinar “como se fez o fato”. Concluindo que o cangaço não foi nenhuma “resposta” a qualquer tipo localizado de dominação, e sim um fenômeno alicerçado numa sociedade toda ela varrida pela violência como forma de vida. A violência do cangaço não apareceu como resultado da violência dos senhores rurais, sim que uma e outra faziam coro a um sistema de vida coletiva indissociável da violência. Como diz muito bem Vamireh Chacon, o autor “viu que o banditismo agrário se insere naturalmente no quadro maior da violência rural, esquecida ou ignorada por antecessores de pesquisa, mais especificamente na violência do ciclo nordestino do gado”. Nesse mundo, a violência não era contra a lei, a violência era a lei universal. O senhor rural podia ser também um cangaceiro, e vice-versa.

Frederico Pernambucano lembra a migração do homem do Nordeste, que saiu das terras agricultáveis do massapé para “o universo cinzento da caatinga”, em fins do século XVIII e começos do século XIX, fazendo surgir um novo tipo de cultura no Interior, marcado pela predominância do individual sobre o coletivo, com o reforço vigoroso do sentimento de independência e autonomia na luta contra o contorno vasto e agressivo do sertão. O sedentarismo do ciclo do açúcar dá lugar ao nomadismo do ciclo do gado. Desenvolve-se um tipo humano agreste, combativo, prepotente, ao mesmo tempo que o cenário cultural se imobiliza no tempo, naquilo que Costa Pinto chamou de um “quadro arqueológico. O sertanejo – escreve o autor, lembrando Euclides da Cunha – não é nenhum degenerado, e sim um retrógrado, arcaizante no convívio social, na economia, na moral e na religião. Não fala português errado (como parece ao homem da cidade), e sim o mais puro vernáculo do século XVI, contemporâneo de Gil Vicente e Camões. O sertanejo nascia, crescia e vivia limitado pelo mais severo isolamento, organizando o poder por sua conta e risco, longe dos centros oficiais de administração, polícia e justiça.

O tipo do cangaceiro, neste ambiente, erige-se como o representante mais completo do conjunto dos atributos de valentia que marca o sertanejo. Explica o autor que entre o sertanejo e o cangaceiro, de início, não houve nenhum antagonismo, e sim um acordo tácito, no qual o homem do cangaço aparecia como verdadeiro arquétipo de bravura, pela liberdade selvagem que encarnava. Assim nos versos populares sobre a saga de Antônio Silvino, o “Rifle de Ouro”, ou “Governador do Sertão”, ao despontar deste século:

“Como ninguém ignora
Na minha pátria natal
Ser cangaceiro é a coisa
Mais comum e natural;
Por isso herdei de meu pai
Este costume brutal...”

Esta primeira fase foi a do cangaço “endêmico” (na terminologia do livro), bem tolerado pela sociedade local. O cangaço só passou a ser repelido por essa mesma sociedade, quando da segunda fase, a do cangaço “epidêmico”. Palavras do autor: “Esses surtos de cangaço epidêmico, em cuja etiologia se acham sempre presentes fatores de desorganização social e de consequente inibição das atividades repressoras, tais como revoluções, disputas locais, agitações de fundo místico ou político ou social, lutas de família e prolongadas estiagens, provocam o rompimento do equilíbrio que permitia à sociedade sertaneja viver, produzir e continuar crescendo lado a lado com cangaceiro, com base num compromisso tácito de coexistência (p. 45).

Com a sucessão de surtos epidêmicos é que o cangaço se criminaliza socialmente, não hesitando o autor em pintar o cangaceiro como verdadeiro bandido ou malfeitor, embora frequentemente sublimado como vingador de alguma afronta ou cruel injustiça. Esta sublimação é analisada em termos sociológicos por Frederico Pernambucano, como a teoria do “escudo ético’, assim desmistificada no livro: “Este instrumento capaz de convencer a quem o utilizava e à sociedade da nobreza da vida putativamente vingadora dos bandidos, mas que não passava de um bovarismo épico facilmente aceito como real por uma cultura carente de símbolos desse gênero” (p. 71).

À figura legendária de Lampião, titular máximo do cangaço, o jovem sociólogo dedica todo um capítulo inspiradamente titulado “As muitas mortes de um rei vesgo”. Mesmo se recusando a vestir de herói Virgulino, trata-o como rei, pela soberania de sua autoridade e até mesmo pelos seus repentes de perdão e liberalidade.

III

“Guerreiros do Sol” é livro que se lê com interesse, não só pelo que, efetivamente apresenta de sedutor, como pelo que poderia apresentar. Por exemplo, o enfoque mais vigoroso do cangaceiro em perspectiva antropológica. Acima das colocações de ordem estritamente social ou sociológica, e de qualquer juízo de valor, mesmo sem querer em nada romantizar o cangaço, a verdade é que o cangaceiro constitui uma certa variedade antropológica particular, com traços culturais e biotipo singulares e bem marcados.

Desafiando o bitolado pedantismo acadêmico que despreza qualquer observação pessoal como simples “impressionismo”, sem valor hermenêutico, e animados pelo conselho de Ortega, segundo o qual é vendo com os olhos da cara que se faz as duas terças partes de uma filosofia que não seja uma escolástica, voltemos a observar as fotografias de cangaceiros, que sempre nos impressionam tanto, como foi dito. Nota-se em todos eles uma tensão peculiar, aliada à concentração de energia que parece inesgotável, e aquele dose superior de “magnetismo animal”, esse conceito arcaico de Mesmer, por isso mesmo coerente com a tipologia arcaica do homem do sertão. Nada daquela displicência desengonçada do sertanejo em repouso, tal como fixada na página sempre lembrada de Euclides da Cunha. Pelo contrário, o homem do cangaço tem tudo do sertanejo subitamente desperto e aceso para a luta, na descrição do mesmo autor: “O homem transfigura-se. Empertiga-se, estadeando novos relevos, novas linhas na estatura e no gesto; e a cabeça firma-se lhe alta, sobre os ombros possantes, aclarada pelo olhar desassombrado e forte; e corrigem-se lhe, prestes, numa descarga nervosa instantânea, todos os efeitos do relaxamento habitual dos órgãos; e da figura vulgar do tabaréu canhestro, reponta, inesperadamente, o aspecto dominador de um titã acobreado e potente, num desdobramento surpreendente de força e agilidade extraordinárias” (Os Sertões).

O cangaceiro desdobra-se deste sertanejo pintado por Euclides, em permanente pé de guerra com o contorno. Aquele sorriso é puro negaceio. Seus sentidos adquirem hiperestreita inusitada, semelhante à dos índios, ou das feras, capaz de pressentir o inimigo à distância de muitas léguas. Sua musculatura, nada ostensiva, ganha a têmpera do aço, e seus nervos, a agilidade inesperada dos felinos.

Compare-se com as fotos dos caçadores de cangaceiros, policiais, ou “volantes”, também homens duros e valentes. Só que todos eles de forma arredondada e de cara lavada, com o ar ingênuo de verdadeiros homens da lei, sem aquela tensão psicofísica anormal, sem nada daquele éclat de pactários, ostensivo na postura dos cangaceiros. Quase a diferença entre o animal bravio e a planta.

É a vida nômade, ao ar livre, e sobretudo ao sol e aos perigos do sertão, que confere ao cangaceiro a peculiaridade do seu biótipo, e sua singularidade antropológica e cultural. O sertão nordestino e o sol são elementos inseparáveis da mesma realidade. Esta é um ambiente adusto, calcinado, suplicante, no qual o homem, para sobreviver, tem de ser em tudo o contrário de um vegetal, a saber, sensorialidade e nervosidade puras. Tais atributos, assumidos desde logo pelo sertanejo, são ainda mais aguçados na vida absolutamente sem segurança do cangaço.

O cangaceiro a cavalo em seu nomadismo selvagem está polarizado com o sol, atrelado ao sol. Por isso o título “Guerreiros do Sol”, escolhido para esse livro dedicado ao banditismo no Nordeste do Brasil, além da beleza literária, irradia certeira intuição antropológica. A deixa não escapou à habitual perspicácia de Gilberto Freire, que assim se pronuncia sobre esse ponto no prefácio que dedicou ao livro:

“Sugestão a que pode ser associada esta outra: a de, ao sertanejo do nordeste brasileiro – região de muito sol, como que masculinizante -, ter faltado maior convívio com a água: uma água como que feminilizante, feminilizante da própria culinária, nos sertões tão masculinamente ascética. E feminilizante também, através de uma frequência de banho de rio, de ação, além de higiênica, recreativa, esportiva, refrescante e capaz, como há quem suponha ser o caso entre gentes árabes, de atuar psicologicamente sobre impulsos bravios, atenuando-os e até adoçando-os.

“... Em certa página, apresenta um desses tipos de bandido, em dias de ortodoxo, indiferente tanto a prazeres de alimentação como à constância de convívio com mulher, enquanto em atividade absorvente e monossexualmente belicosa, repele o contato habitual com o feminino. Naquela página referida por Gilberto Freyre, o autor recolhe o depoimento de Sinhô Pereira, cangaceiro da velha guarda: “No meu tempo não havia mulheres no bando. Ninguém andava com mulher. Eu acho até esquisito que depois Lampião e o pessoal dele começasse a carregar mulher” (p. 82). Frederico Pernambucano ainda reproduz outro testemunho eloquente do ex-cangaceiro Balão: “Homem de batalha não pode andar com mulher. Se ele tem uma relação, perde a oração e seu corpo fica como uma melancia: qualquer bala atravessa” (p. 82).

A hipótese de homossexualismo seria precipitada e impertinente. A restrição aqui inclui qualquer tipo de contato sexual, fale-se, portanto, em “monossexualismo”, conforme a terminologia de Gilberto Freyre. A dedicação integral às armas, quando levada ao fanatismo, exige a misoginia, como garantia da invulnerabilidade do guerreiro. Na medida em que esse se abandona à tentação da mulher, ou do sexo, ele "abre seu corpo” e se expõe à virulência implacável do inimigo. Também Guimarães Rosa sabia muito bem dessas coisas, e o drama de Diadorim, em “Grande Sertão”, tem os mesmos pressupostos.

No entanto, a analogia surpreendente e inesperada do homem do cangaço, modelado pela disciplina do sol, das armas, e do ascetismo sexual, na tensão crispada e solitária do princípio masculino, essa analogia se revela é com a figura do guerreiro, tal como descrita pelo poeta-soldado japonês Yukio Mishima, no livro traduzido sob o título “Sol e Aço”. “Sol e Aço” fazem o contexto do homem do cangaço e do samurai de Mishima. Indagado, de certa feita, como conseguia ativar tanto o brilho do seu fuzil, respondeu Lampião: “Só o aço com o aço dá esse brilho...”

IV

Em “Sol e Aço” a autoafirmação da virilidade na vida militar chega até o delírio, o delírio catastrófico que conduzirá à morte fulgurante do herói, sem que a mais leve sombra do feminino perpasse pelo texto do poema em prosa. A ascese do sol e do aço educa o corpo e o espírito de Mishima na sublimação do épico, que liga a terra e o céu, a vida e a morte, o tempo e a eternidade. “Mais tarde, muito mais tarde, graças ao sol e ao aço, eu viria a aprender a linguagem da carne, mais ou menos como quem aprendesse uma língua estrangeira. ” Só que essa “linguagem da carne”, apreendida pelo guerreiro nipônico, não tem a menor afinidade com o feminino nem com os abandonos do erotismo. A carne de Mishima, revigorada pelo sol e pelo aço, não se consuma nem no amor heterossexual nem no amor homossexual (ao menos neste livro), e sim na tensão sobre humana dos exercícios militares. Mishima assimila plasticamente o vigor do sol na exuberância de sua musculatura, a qual ia adquirindo cada vez mais as qualidades do aço: dureza flexibilidade e brilho. A ação, fielmente, me ensinou a correspondência entre o espírito e o corpo. ” Mishima não resiste ao narcisismo romântico, traído nestas linhas: “Em especial, me era caro um impulso romântico em direção à morte, mas, ao mesmo tempo, eu exigia um corpo estritamente clássico como veículo desse impulso”.

A chave da analogia entre os “guerreiros do sol” e o samurai de Mishima está na radicalização unilateral do princípio masculino hermetizado em si mesmo como fonte invulnerável de energia épica, temperada pelo sol e pelo aço.

A diferença é que os cavaleiros do sol, bons centauros do sertão, jamais perderam a pertinência com a Terra, ao passa que o herói japonês, embriagado de romantismo, escorregou voluntariamente rumo ao infinito, por aquela tênue linha de fuga que liga a Terra ao Céu, ao azul vertiginoso do Céu, que o fulminava com apelos irresistíveis.

Fonte: facebook
Página: Antonio Corrêa Sobrinho
Grupo: Lampião, Cangaço e Nordeste
Link: https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/?multi_permalinks=641463249395956%2C641359582739656&notif_t=group_activity&notif_id=1494034611185014

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O CASAMENTO DE MARIA LICOR (PRIMA DE LAMPIÃO) COM ENOQUE DE SÁ MENEZES

Por José Mendes Pereira

Amigo leitor, adquira o quanto antes o seu livro "Lampião a Raposa das Caatingas", e assista o casamento de Maria Licor (com Enoque de Sá Menezes), (sendo ela prima de Virgolino Ferreira da Silva, o famoso e respeitado Lampião, futuro capitão), como se você também faça parte da família Ferreira. 


Em 1923 Virgolino Ferreira era apenas Lampião, mas ainda não era capitão, porque, esta patente de capitão, ele só a adquiriu em 1926, na cidade de Juazeiro do Norte, quando convidado pelo padre Cícero (na minha opinião, forçado pelo deputado Floro Bartolomeu) para combater a coluna Prestes.

Participe do casamento da Maria Licor para você acompanhar os passos e o comportamento do nosso amigo Virgolino Ferreira da Silva. Não precisa você ficar ali coladinho, fica ao longe só observando. Será que ele irá se comportar bem na festa do casório de sua prima Maria Licor?

Eu já sei o que aconteceu lá, agora só falta você ler tudo sobre este casamento. Uma verdadeira festa de arromba. 

Só como ilustração - https://www.youtube.com/watch?v=ACP8FN_BWAk

Eu já sei o que aconteceu lá, agora só falta você ler tudo sobre este casamento. Uma verdadeira festa de arromba. 

Maria Licor o convida para você participar da sua festa matrimonial em Nazaré. Todas as informações sobre o seu casório está na página 125, do livro "Lampião a Raposa das Caatingas" do escritor José Bezerra Lima Irmão. 

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VEÍCULO LEVADO DE FILHO DE POMBALENSE EM ASSALTO NA CIDADE DE MOSSORÓ É LOCALIZADO

Por Marcelino Neto 

O veículo Fiesta, cinza, ano 2009, placas MYW 0514 - RN, pertencente ao jovem Romero Araújo Cardoso Junior, filho do professor e escritor pombalense José Romero Araújo Cardoso foi localizado pela polícia na cidade de Mossoró.

O carro havia sido levado na última quinta-feira (4), quando elementos invadiram a residência de “Juninho”.

Após o fato a vítima, que reside naquela cidade, fez uma espécie de mutirão pelas redes sociais visando levantar informações sobre o paradeiro do mesmo.

No sábado (6) a informação de que teria sido encontrado em local ermo e afastado da zona urbana de Mossoró.

Do automóvel vários pertences foram retirados, entre eles bateria, rodão, sistema de som tipo “paredão”, além de outros.

A polícia da cidade potiguar acredita que o mesmo tenha sido utilizado em algum delito e depois abandonado pelos meliantes.

José Romero, no momento da ação, ministrava aulas na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), onde é professor


Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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SOBREVIVENTES DO HOLOCAUSTO - FALA PORTUGAL

https://www.youtube.com/watch?v=mAEo6g2c9d4&feature=youtu.be

Publicado em 28 de jan de 2015
Há 70 anos que duzentos mil prisioneiros foram libertados do campo de concentração em Auschwitz. Para assinalar a data histórica, a TV RECORD emite uma série de reportagens sobre este tema. O repórter André Tal visitou aquela que era considerada a máquina de Hitler para matar pessoas
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AULAS EM MAIO DE 2017


Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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HORA DA GRAÇA


Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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