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quarta-feira, 31 de outubro de 2018

ASCRIM - EDITAL DE CONVOCAÇÃO DA ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA-AGO Nº 01/2018 – ELEIÇÕES PARA DIRETORIA EXECUTIVA E CONSELHO FISCAL DA ASCRIM DO BIÊNIO 2019-2020

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ASCRIM - EDITAL DE CONVOCAÇÃO DA ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA-AGO Nº 01/2018 – ELEIÇÕES PARA DIRETORIA EXECUTIVA E CONSELHO FISCAL DA ASCRIM DO BIÊNIO 2019-2020

I. O Presidente da Diretoria Executiva da ASSOCIAÇÃO DOS ESCRITORES MOSSOROENSES-ASCRIM, FRANCISCO JOSÉ DA SILVA NETO, no cumprimento das atribuições que lhe conferem o INCISO I DO ART. 36 do Estatuto Social da ASCRIM, convoca os associados regulares inscritos para se reunirem em Assembleia Geral Ordinária (AGO) Nº 01/2018, a se instalar, sob sua presidência, NO DIA 29 DE NOVEMBRO DE 2018, (QUINTA-FEIRA), ÀS 16:00H, em primeira chamada com a presença de metade de seus membros mais um e, em segunda chamada, após 20(vinte) minutos, com qualquer número de “ASSOCIADOS REGULARES INSCRITOS”, no Auditório da Biblioteca Municipal “Ney Pontes Duarte”, sito à Praça da Redenção Jornalista Dorian Jorge Freire, em Mossoró, conforme o Estatuto da ASCRIM, OBEDECIDO A SEGUINTE ORDEM DO DIA:
1-Apreciação e aprovação do relatório de atividades da gestão 2017/2018.
2- Apreciação e aprovação das contas dos exercícios 2017/2018, mediante parecer do Conselho Fiscal, COM MANIFESTA PUBLICAÇÃO ANTECIPADA PELA DISPENSA NA FORMA DA LEI.
3- Abertura do processo eleitoral para Eleição da Diretoria Executiva e do Conselho Fiscal da ASCRIM, BIÊNIO 2019/2020, NO DIA 29.11.2018, conduzido pela COMISSÃO ELEITORAL DA ASCRIM-CEA.
3.1. RELAÇÃO completa dos CARGOS que deverão constar nas CHAPAS CANDIDATAS BIÊNIO 2019/2020, COM RESPECTIVO NOME DO CANDIDATO, PARA INSCRIÇÃO:
3.1.1. DIRETORIA EXECUTIVA DA ASCRIM/CARGOS DEPRESIDENTE EXECUTIVO, VICE-PRESIDENTE EXECUTIVO, 1º E 2º SECRETÁRIOS, 1º E 2º TESOUREIROS, DIRETOR DE COMUNICAÇÃO E RELAÇÕES DIPLOMÁTICAS, DIRETOR DE ACERVOS, DIRETOR DE ASSUNTOS ARTÍSTICOS, DIRETOR DE CERIMONIAL E DE EVENTOS, DIRETOR DE CAPTAÇÃO DE RECURSOS, DIRETOR DE ASSUNTOS JURÍDICOS.
3.1.2. CONSELHO FISCAL DA ASCRIM/CARGOS DE: PRESIDENTE, VICE-PRESIDENTE, SECRETÁRIO E SUPLENTE.
4. Inscrição das chapas candidatas, que deverá ocorrer na SALA DAS ENTIDADES CULTURAIS DA BIBLIOTECA MUNICIPAL NEY PONTES DUARTE. ENTREGA CONTRA RECIBO À CEA, NAS QUINTAS-FEIRAS, AS 10HS, OU, ALTERNATIVAMENTE  VIA EMAIL DIRETO PARA O ENDEREÇO ELETRÔNICO DA ASCRIMasescritm@hotmail.com DESTINATÁRIO ESPECÍFICO: A/C DA CEA, oriundo do email de um dos ASSOCIADOS QUE COMPÕEM A CHAPA CANDIDATA, com a discriminação completa dos nomes e respectivos cargos a serem disputados, até 15 (QUINZE) dias antes das eleições, OU SEJA, ATÉ O DIA 14.11.2018.
4.1 Somente poderão integrar as chapas candidatas, os associados REGULARES INSCRITOS (FUNDADORES, ATIVOS E TITULARES) que tenham comprovada entronização/diplomação ritualística, frequência regular nas atividades culturais da ASCRIM, estejam quites com suas obrigações sociais e financeiras, e NÃO RESPONDAM a PROCESSO ADMINISTRATIVO ou JUDICIAL que desabone sua conduta.
4.2. CUMPRIMENTO DO PRAZO DE HOMOLOGAÇAO DO REGISTRO DE INSCRIÇÃO DAS CHAPAS E PUBLICAÇÃO DAS CHAPAS CANDIDATAS HOMOLOGADAS, ATÉ 10 DIAS ANTES DAS ELEIÇÕES, OU SEJA, ATÉ O DIA 19.11.2018, de responsabilidade da CEA.
4.3. OS CANDIDATATOS AOS CARGOS DE PRESIDENTE E VICE-PRESIDENTE DA DIRETORIA EXECUTIVA E DO CONSELHO FISCAL DA ASCRIM, DEVERÃO ter no mínimo 2 ANOS corridos de filiação regular na ASCRIM, a contar da data de “entronização e diplomação” até o dia das eleições, OBEDECIDA A NORMA DO ITEM 4.1. ACIMA.
4.4. OS CANDIDATATOS AOS CARGOS DE DIRETORES E CONSELHEIROS DA ASCRIM, DEVERÃO ter no mínimo noventa (90) dias corridos de filiação regular na ASCRIM, a contar da data de “entronização e diplomação” até o dia das eleições, .
5- SE HOUVER APENAS UMA CHAPA INSCRITA, A ELEIÇÃO SE DARÁ POR ACLAMAÇÃO NA FORMA ESTATUTÁRIA.
II. As deliberações serão tomadas por maioria simples de votos dos associados presentes com direito de votar e só poderão tratar sobre os assuntos constantes neste edital de convocação.
III. A Assembleia Geral Ordinária-AGO Nº 01/2018, podem comparecer convidados e familiares dos associados, privados contudo, de voz e voto, que confirmarem presença até cinco(5)dias antes da supramencionada AGO Nº 01/2018.
IV. A interposição de recurso cabível, encaminhado para a CEA, será aceito até um dia útil antes de expirar o prazo de homologação das chapas candidatas, ou seja, até o dia 16.11.2018.
V. A POSSE DOS ELEITOS para o BIÊNIO 2019/2020, ocorrerá no dia 30 de março de 2019.

TERMOS EM QUE SE EXPEDE, REGISTRE-SE E CUMPRA-SE O PRESENTE EDITAL AGO Nº 01/2018, PODENDO O MESMO SER TRANSMITIDO POR TODOS OS MEIOS DISPONÍVEIS.

Mossoró(RN), 31 de outubro de 2018

FRANCISCO JOSÉ DA SILVA NETO
PRESIDENTE EXECUTIVO DA ASCRIM

Enviado por: ASCRIM

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O ESCRITOR ADRIANO MARCENA LANÇA MAIS UM LIVRO


Autor Adriano Marcena

Personagem criado por Adriano Marcena tem muitas características do herói moderno, que enfrenta dificuldades semelhantes a qualquer um de nós para poder ajudar a população. Nascido na feira de Cabrobó, sertão franciscano de Pernambuco, Jandir Soares dos Santos, depois de vencer uma infância pobre, perder irmão e mãe, além de conviver com anemia aguda e passar por grande decepção amorosa, é convocado para seguir uma grande jornada: caçar os seres que deixavam o mundo mais desgraçado ainda. Torando um aço da gota e pensando em desistir várias vezes daquela impossível jornada, Jandir ganha o mundo, assume a personalidade do Vampiro do Cordel, termina indo morar no Recife e passa a defender as pessoas e as cidades contra aqueles que ele chama „Sangue-ruim‟. 


Suas primeiras histórias se passam em dez cidades pernambucanas, depois que assombrações do passado voltam a tocar terror entre as populações e ele aparece para pôr fim ao caos. No Recife, a Perna Cabeluda ataca a cidade novamente para se vingar de todas as injúrias ditas pela geração passada. Em Jaboatão dos Guararapes, o Lobisomem de Cajueiro Seco regressa à cidade e causa grande pânico. Em Catende, a Mulher da Sombrinha retorna ao município e passa a levar novos homens ao cemitério para noites de orgia. Já em Petrolina, o Negro d’ Água passa a engolir inteiros pescadores e funcionários públicos, causando desespero na população. Em Timbaúba, a Comadre Fulozinha destrói muitos prédios importantes para denunciar a destruição do meio ambiente. Em Pesqueira, é a vez da Galega do Banheiro aparecer novamente no banheiro feminino das escolas e causar grande rebuliço na cidade. Na cidade do Paulista o Palhaço do Coqueiro volta a atacar na Praia do Janga e deixa a população em polvorosa. No Arquipélago de Fernando de Noronha a Alamoa reaparece e por pouco não afunda o turismo na badalada e paradisíaca ilha.


Em Caruaru, a famosa Galega da Cadisa reaparece e faz surgir movimentos de afirmação identitária, além de se tornar musa da semifinal do campeonato pernambucano de futebol. O Papa-figo volta a levar terror à cidade de Garanhuns depois de realizar impiedosos ataques no dia da criança e espalhar o pânico ente os moradores. Estas histórias foram reunidas no livro “As Aventuras do Vampiro do Cordel – contos hilários e razoavelmente assombrativos‟, cuja publicação recebeu incentivo do Funcultura e será lançada no dia 09 de novembro, às 19h, na Academia Pesqueirense de Letras e Artes, na cidade de Pesqueira. 


O autor expõe que, em suas narrativas, “o Vampiro do Cordel defende causas muito nobres que fazem parte dos princípios universais de justiça na civilização ocidental”. Destaca, ainda, que por ser um personagem tão frágil quanto os humanos, mais dotado de alguns poderes, pode se fortalecer no imaginário social de forma muito forte. As ilustrações são de Vicente Simas e a produção de Rogério Generoso e Penha Pimentel. Ao abordar temas contemporâneos como segurança pública, violência urbana, controle social e imaginário simbólico, a obra possibilita ser trabalhada em sala de aula, por expor as faces dos nossos medos mais inconscientes e revelar as frágeis linhas que tecem nossas barreiras sociais. Produção: Penha Pimentel Contatos: 87 92005882

Enviado pelo autor

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PRIMAVERA/VERÃO

Clerisvaldo B. Chagas, 29 de outubro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 1995
SANTANA DO IPANEMA. (FOTO: B. CHAGAS)
Muito alta a temperatura no sertão alagoano. No último sábado e no domingo, meu senhor, foi mesmo de torrar. Com tanto calor assim, desenha-se uma trovoada, mas o céu limpo e azul nada promete. E se dentro de casa procura-se o melhor lugar, quase não tem. O jeito é tomar banho que ainda é uma saída. Ao amanhecer nada mostra esperança de uma boa chuvarada. Assim vamos fazendo uma transição difícil até a próxima estação que não alisa como a primavera. O inverno chegou antecipado e curto. Volta-se mais uma vez a enfrentar os rigores do clima nesse sertão velho de meu Deus. Ainda bem que as adutoras em todas as regiões aliviam o cotidiano da dona de casa.
Na paisagem agrestina de Palmeira dos Índios, cavalos e vacas nos cercados de capim seco. Mais adiante animais lambendo a poeira cinza sob um céu causticante. Em Cacimbinhas, a meninada banha-se no açude público que vai resistindo. Carros de boi e carroças cercam um chafariz procurando levar água para a redondeza. Em Dois Riachos, carroças e mais carroças de burro transitam pela BR-316 em busca do precioso líquido. São os conhecidos tonéis azuis de plástico forte, conduzidos até em carroças de jumento. E o sol tinindo de quente, queima o mato próximo, resseca a vegetação dos montes.
Em Santana do Ipanema nada muda, porque o inverno foi o mesmo para todos. Imaginemos, então, como se encontra o Sertão do São Francisco com Pão de Açúcar liderando na temperatura! Delmiro Gouveia, Canapi... Vão provando o gosto amargo da estiagem. O Canal do Sertão ajuda, mas não muda o tempo rigoroso por todos os lugares. Assim vamos aplaudindo a Natureza e seus caprichos; hoje queimando tudo, amanhã refrescando e trazendo o verde de volta aos campos.
Orgulho de ser sertanejo.

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GEO-HISTÓRIA NA RUA DA POEIRA

Clerisvaldo B. Chagas, 30 de outubro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 1.996

Em 1926, Lampião invadia a zona rural de Santana do Ipanema. O futuro escritor Breno Accioly, ainda criança, foi mandado em automóvel para Palmeira dos Índios. O povo santanense começou a organizar a resistência com o Tiro de Guerra 33, policiais da Cadeia Velha e civis. Rifles foram distribuídos, sendo feita a barricada na chamada Rua da Poeira, atual Manoel Medeiros. Estavam na organização homens como Joel Marques, Pedro Agra e o próprio sacerdote Bulhões. Tempo de inverno e noite completa na trincheira, mas Lampião não tentou invadir a cidade. A Rua da Poeira foi trecho da estrada construída por Delmiro Gouveia, da Pedra a Palmeira dos Índios.

PARCIAL DO Cj. SÃO JOÃO. (Foto: B. Chagas).

Mudando da História para a Geografia, a Rua pavimentada com paralelepípedos, não deixou de ser Rua da Poeira. O Conjunto São João e imediações da Escola Helena Braga, ainda recebe poeira da Rua Manoel Medeiros. Mas existe uma poeira fininha e preta levada pelo vento, proveniente dos quintais das casas que têm fundos até o rio Ipanema. Essa poeira é proveniente dos remansos das grandes cheias de outrora. Assim como o vento transporta areias das dunas, faz o mesmo com a poeira preta dos quintais. A areia fina é semeada nos telhados, e nas partes descobertas do Conjunto. As varridas são frequentes. Durantes as chuvas desce o pretume das telhas, que depois seca e precisa ser varrido.
Fazer o quê? O fenômeno descoberto por nós daria um  estudo vivo para o alunado da matéria geográfica. Assim, bom é começar os trabalhos com os problemas locais e ampliá-los para estados e regiões. O laboratório é a própria Natureza que precisa ser compreendida e respeitada.
A nós do Conjunto São João e imediações, restam à vassoura e a faina diária para remover a poeirinha preta; herança cabulosa das grandes cheias do rio.


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NAQUELES TEMPOS (A VIDA E OS OFÍCIOS DE MINHA GENTE)

*Rangel Alves da Costa

Dona Alice Feitosa fazia sabão em pedra num fogão de lenha do quintal. Misturava sebo, cinzas e outras essências da terra, mexia e remexia o tacho grande com um pano amarrado na cabeça e o suor também virando sabão. E nas beiradas das fontes as seriemas, as nambus e as codornas, saciavam suas sedes ao entardecer. Um tempo de sertão ainda sertão...
Zé de Bela era alfaiate sem igual, com cortes, costuras e recortes, aprimorados no sul e trazidos para o seu ateliê num canto de casa humilde. Como um Clodovil sertanejo, a sua moda era refinada e exigente, bem costurada e alinhavada, pronta para ir aos salões, missas e procissões, da Festa de Agosto. E mais ao longe, pelas paisagens mistas de verdor e acinzentado, a bela flor do mandacaru deitava ao chão sertanejo o último respirar de sua beleza durada apenas uma noite, pois dura apenas uma noite a linda e sublime flor do mandacaru. Um tempo de sertão ainda sertão...
Maninho, ora pois pois, era o chef mais famoso e requisitado do lugar. Vindo das beiradas dor rio e depois alcançando larga experiência na gastronomia carioca, trouxe na bagagem os melhores cozidos, as melhores massas, as comidas de nome esquisito, mas de uma gostosura que só. Depois de preparados os pratos, e cheio de trejeitos e euforias, assenhorava-se de um pé de balcão e mandava botar mais uma. E de repente já estava dançando, dobrando os quartos, cantarolando um velho e apaixonado bolero: “Quem eu quero não me quer, quem me quer mandei embora...”. E pelos arredores, quando o tempo dava para ser assim, as mulheres na debulha do feijão de corda, os homens botando feijão pra secar, o milho seco sendo ensacado. Um tempo de sertão ainda sertão...
Chegava o tempo de festa e com a festa também o sapato novo pelas mãos do engraxate Manezinho Tem-tem, o tripé de retrato de Seu João Retratista, o parque ecoando no alto-falante O Milionário, de Os Incríveis. Tempo de festa também tempo de pintar a casa, de comprar corte de pano e flores de plástico novas. Panelas e louças lavadas nas águas do Tanque Velho, e depois os panos estendidos em cadeiras para tomar sol por cima das calçadas. Mas as más línguas diziam que era apenas para se amostrar. Eita povinho! Um tempo de sertão ainda sertão...


Delino tinha banana, Zé de Iaiá tinha farinha, Mané Azedinho e Joãozinho de Neusa o feijão. A cozinha sertaneja quase num lugar só, pois os vendeirim entrelaçados na vizinhança. Um jogo de sinuca na mercearia de Ermerindo, e de vez em quando também um encontro de repentistas. Um jogo de bilhar no salão de Angelino. Uma cachaça da terra no Bar de Zé de Lola. E de repente o sertão inteiro se enchia de graça com a forrozança que não faltava: Zé Aleixo, Dudu Ribeiro, Zé Goití, Dida, Agenor da Barra. E o forró comia no centro e só parava quando João Valentim virado em rato entrava pelos salões em fuzuê. E bem acima de todos aquele sol maior do mundo sol e a lua mais bela da vida, os horizontes de seca e de chuva, retratos tão sertanejos. Um tempo de sertão ainda sertão...
Maria do Piau Duro aparecia na esquina com rodilha na cabeça e um cesto de peixe miúdo salgado. Não dava pra quem queria. A bala de mel de Tonho Bioto era boa, mas era perigoso de um vendedor estar sem juízo na hora da venda e jogar na cabeça do comprador toda pirulitada. Mariá descambava pra beira do riacho com uma trouxa de roupas na cabeça. Quem vai querer arroz-doce de Baíta? Eu quero. Eu quero. Eu quero e não consigo afastar a saudade! Tudo num tempo diferenciado de sertão. Um tempo de sertão ainda sertão...
Hoje as memórias estão encharcadas nos lenços das saudades. Alguns ainda lacrimejam as ausências e as distâncias, mas outros desejam apenas estender os lenços nos varais e a tudo fazer esquecimento. E restará apenas um retrato na parede de uma vida e de um tempo, de um povo e de seu fazer, nalgum sertão do passado.

Escritor
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AS CANTIGAS DE JESUÍNO BRILHANTE, O ROBIN HOOD DO SERTÃO.

Por Carlos Newton Junior

Se Lampião tem a fama de Robin Hood isso se teve Graças é um verdadeiro herói o saudoso "Jesuíno brilhante", que roubava dos governantes para dar aos pobres . aqui embaixo alguns poemas do tempo dele, cordéis do tempo em que ele desbravava os Sertões em busca de Justiça.

Senhores que aqui estão vou cantar meu Desatino: o coração do cangaceiro que se chamou Jesuíno, seu Bacamarte de prata Estrela do seu destino.


Queria que a luz de ouro de uma Justiça constante brilhante para todo mundo no sol de Seu Diamante e por isso que o seu nome foi Jesuíno brilhante.

Fazendeiro truculento desfeiteou seu irmão: ele vingou esta ofensa, fez o sangue seu Brasão e dizem que desde então galopava nas estradas a cantar esta canção.


Eu tenho um espelho de cristal: foi Jesus Cristo que limpou ele do pô .mas lá um dia a terra se alumia : ao meio-dia se espalha luz do sol.

De guarda peito perneira chapéu de couro e Gibão, montado no seu cavalo por nome de Zelação , logo virou Jesuíno rei do povo do Sertão.



Tomava dos Poderosos o ouro, a prata, e o cobre, dividia o que tomava, distribuindo com os pobres, era bom, Valente E justo, sangue Limpo de alma Nobre.

Então juntaram-se os ricos e o governo da nação: Botaram uma emboscada e ele morre a traição. mas o povo não esquece Sonha com ele o sertão.

Jesuíno já morreu, morreu o rei do Sertão! morreu no campo da honra não entregou-se a prisão, por causa de uma desfeita que fizeram com seu irmão.

Carlos newton junior
( o cangaço na poesia brasileira)

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MARIA BONITA E O FIM DO MITO BRASILEIRO

Por José de Paiva Rebouças
Site da imagem: https://josedepaivareboucas.blogspot.com/2014/10/jose-de-paiva-reboucas-entre-os.html

Esnobe. De comportamento comum às mulheres da vida. Preguiçosa e de nariz empinado. Sem trato para as armas, sem ter qualquer ato heroico na trajetória e, ainda por cima, afoita feito pessoa que quer sempre estar acima da razão. São estes alguns dos traços que põem por terra a perspectiva de “heroína” de Maria de Déa, ou Maria do Capitão, conhecida nos tempos atuais como Maria Bonita, a cangaceira parceira de Lampião. Maria Bonita nunca existiu e passou a ser chamada assim apenas após a sua morte, em 1938.

Assim encontramos o esboço dessa figura “mítica” no livro Maria Bonita, sexo, violência e mulheres no Cangaço, da jornalista Adriana Negreiros. Nos encontramos em 2017, quando da passagem dos 90 anos da invasão do bando de Lampião em Mossoró. Eu lançava a 8ª edição da revista Contexto com reportagem especial sobre o acontecimento. Ela, construía uma reportagem sobre o mesmo tema. Um ano depois, recebo de presente este livro que é, também, seu trabalho de estreia na literatura biográfica.

O livro foi recebido com enorme entusiasmo e se tornou um dos mais vendidos no Brasil. Não por acaso. Adriana realiza um trabalho extraordinário de releituras para compor, de maneira objetiva, e ordenada a trajetória do cangaço, tendo como protagonista Lampião e como pano de fundo Maria Bonita. É a partir deste livro que trazemos uma noção deste mundo instigante, mas o que mostramos aqui é uma fração do que a autora nos conta em suas quase 300 páginas de revelações e percepções do cangaço. Um tra

Não é exatamente uma biografia exclusiva da chamada “rainha do cangaço”. O livro traz muitas revelações sobre ela, mas o cangaço e Lampião aparece muito mais em suas páginas do que a figura que estampa a capa. Não se trata de um engodo, acontece que não há mais a dizer além do que foi dito. Até me arrisco a afirmar que Adriana espremeu até a última gota e contou bem mais do que se podia esperar.
Pelo livro, abstraímos que Maria de Déa era uma simples filha de camponeses pobres do Nordeste do século passado, casada com um homem que não gostava e que, possivelmente o traia com outros homens de melhor posição. Gostava de festa e era faladeira. Sua história teria sido igual a da maioria das mulheres daquele tempo se não tivesse sido escolhida por Virgulino Ferreira, o Lampião, para acompanhá-lo no cangaço. As mulheres daquele tempo não tinham escolhas, pois os cangaceiros eram reis erráticos do sertão.

No cangaço, destacou-se apenas por ser esnobe e confrontar o companheiro que, sempre muito paciente, aguentava como marido passivo seus impropérios, ainda que correndo o risco de perder a moral ante seus cabras. Maria nunca foi exatamente respeitada pelas outras mulheres do bando que a consideravam devido sua posição, embora se incomodassem de não ter dela qualquer ajuda nas lidas dos ranchos e coitos. “Era uma bacana, não fazia nada”, reclamou Dadá, companheira de Corisco.

Há no livro muitos relatos de atitudes de Maria de Déa em favor de algumas pessoas, mas há outros tantos demonstrando sua frieza, sobretudo quando se tratava de mulheres. Não perdoava falhas das colegas e sempre ficava ao lado dos homens que se sentiam donos de suas companheiras. Concordou com espancamentos e mortes violentas de mulheres que não eram diferentes dela.

Existe um aspecto de libertária na trajetória de Maria de Déa. Mulher afoita, nunca baixou a cabeça para o primeiro marido que era um farrista, nem para o outro, mesmo tendo este o poder de matá-la sem ressentimento. Peitou as leis do sertão e conquistou o seu lugar na história por seu ímpeto e ausência de medo das consequências. Mas isso não a torna, a meu ver, uma “feminista”, muito menos exemplo de a ser referenciado. Maria era corajosa, mas não era justa.

Assim também como não era justo e revolucionário o cangaceiro Lampião. Tratava-se de um bandido perigoso e meio louco que foi enganado pelo governo e se apropriou disso para viver fora da lei. Quando digo isso não faço apologia ao coronelismo, mas às leis naturais cristãs que eram basicamente o que restava para o pobre homem da caatinga. A fé de Virgulino nunca salvou Lampião.

Virgulino queria poder e fama e, para isso, se aliou a coronéis, a oficiais corruptos e o pior, atacou, matou, assaltou e humilhou centenas de pobres trabalhadores famintos. Quando não o fez com as próprias mãos, autorizou seus cabras direta e indiretamente.

Não tinha santo no Nordeste do século 20, como mostrou Adriana. O nordestino faminto além de não ter nada, a não ser a própria vida que não passava de 42 anos, em média, ainda enfrentava a fúria de cangaceiros e milicianos. O estado, assim como Lampião, era cruel e desumano. É também mentirosa a afirmação de que os cangaceiros eram revolucionários que tiravam dos ricos para dar aos pobres. Mesmo quando Luiz Carlos Prestes tentou vincular Lampião ao comunismo, isso foi apenas propaganda e jogo de cena.

Como está no livro que resume decididamente esta história brasileira, com poucos excessos, o cangaço foi um movimento nascido da ausência do estado, mas que formou grupos sanguinolentos, estupradores, desalmados e virulentos sedentos por dinheiro e sangue. O resto é fantasia.

Dadá, o outro lado desta história.

Ao contrário de Maria de Déa, a cangaceira Dadá me atraiu bastante interesse e “certa admiração”. Esta, ao contrário da outra, transformou sua sina em superação e pode ser utilizada como exemplo de resiliência, apesar das exceções.

Sérgia Ribeiro da Silva tinha apenas 12 anos quando foi sequestrada pelo cangaceiro Corisco, então com 20 anos. A menina sempre foi forte, talvez por isso tivesse o apelido de Sussuarana (onça parda), mas no cangaço ficou conhecida como Dadá.

Com furor desumano, incomum até aos animais, Corisco a estuprou com enorme violência. “Quando Corisco se saciou, a menina estava inerte, quase desfalecida, com a região genital em carne viva, esvaindo-se em sangue” conta Adriana no livro. Depois a deixou na casa de uma tia para que se recuperasse.

Quando foi introduzida no bando, tempos depois, a menina precisou superar o medo, colocando em primeiro plano sua postura de coragem. Como o companheiro era afeito ao álcool, acabou assumindo o comando do grupo sempre que ele estava fora de si. Conquistou sua confiança e, ao contrário do resto dos cangaceiros, era compreensiva. O grupo de Corisco era, talvez, o único que permitia que mulheres voltassem para casa caso seus companheiros morressem e elas não fossem escolhidas por outro.

A história de Dadá e Corisco termina com os dois executados pelas volantes após tentarem deixar o cangaço. Mas isso não diminui o brilho daquela que, possivelmente, tenha sido a verdadeira rainha do cangaço. 

Adriana deixa escapar isso nas entrelinhas e concordo com ela.



https://www.facebook.com/josedepaivareboucas/posts/1887122384699248?comment_id=1887335191344634&reply_comment_id=1887468901331263&notif_id=1540995211586183&notif_t=mentions_comment

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O CANGAÇO EM IMAGENS FOTOGRAFIAS POST MORTEM

O cangaceiro Cirylo de Engrácia, morto.

Um dos hábitos mais macabros atualmente que acompanha o ser humano é o de guardar em seu celular fotos de pessoas mortas. Mas, este hábito não é tão jovem assim. Acompanhem este segundo episódio que tirará sua dúvida sobre o ato de fotografar pessoas mortas.

No programa Verdade ou mentira? #2 o professor e pesquisador Robério Santos, entre outros períodos trata dos registros fotográficos na história do Cangaço Lampiônico. 

Assista este e outros programas do confrade Robério a partir do vídeo abaixo 


http://lampiaoaceso.blogspot.com/2016/10/o-cangaco-em-imagens.html

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CANGACEIROS ATRÁS DAS GRADES FIM DA ILUSÃO


Cangaceiros na penitenciãria
Cangaceiros na penitenciária

Em 12 de dezembro de 1926, o advogado Estácio Coimbra assume o mais alto cargo no Poder Executivo de Pernambuco. Neste novo governo foi designado como Chefe de Polícia (cargo equivalente atualmente ao de Secretário de Segurança) o também advogado Eurico Souza Leão. Este nasceu em 1889, no Engenho Laranjeiras, interior pernambucano. Era filho de Manoel Arthur Souza Leão e Ernestina Freire Souza Leão, de tradicional família ligada à aristocracia da Zona da Mata Pernambucana.

Eurico estudou na Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, colando grau no dia 23 de dezembro de 1921. Quando assumiu seu cargo em 1926, o jovem de 37 anos tinha pela frente uma tarefa muito difícil; nada menos do que comandar a estrutura estadual e os homens que iriam perseguir o mais importante chefe de cangaceiros do Brasil, Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião.
1931-Eurico Souza Leao (1)

Eurico, com o apoio do governador Coimbra, logo marcou uma reunião para promover convênios com os estados vizinhos, visando uma ação contra o cangaço. Ele reformulou o serviço policial volante, compondo os grupos de combate com soldados oriundos do sertão, com hábitos e resistência física semelhante às dos próprios cangaceiros. Outra ação importante foi a abertura de processos judiciais e até mesmo prisões de pessoas que apoiavam e davam guarida aos bandidos, os chamados coiteiros. Muitos destes eram ligados ao próprio partido do governoestadual.

Logo a ação trouxe resultados de maneira extremamente positiva, ajudando a destruir o elo que unia os cangaceiros aos poderosos chefes do interior e enfraquecendo a ação dos bandidos.
Uma caricatura apresenta o medo do sertanejo em relação ao cangaço
A caricatura apresenta o medo do sertanejo

As medidas aplicadas foram avassaladoras e provocaram muitas baixas entre os cangaceiros, principalmente entre os membros do grupo de Lampião, conquistando também a opinião pública. Nesta empreitada o Chefe de Polícia Eurico Sousa Leão teve como um dos principais elementos ao seu lado o major Teófanes Ferraz Torres, que comandou as unidades policiais nas cidades e vilas do interior[1]

Resultados Imediatos 

Dos cangaceiros capturados pela ação do governo pernambucano, antes do episódio de Mossoró, sem dúvida que a maior “estrela” foi Arthur José Gomes da Silva, o conhecido Beija Flor. Ele havia sido capturado na região de Jatobá de Tacaratu pela volante do tenente Amadeu[2].
O cangaceiro Beija Flor
O cangaceiro Beija Flor

Chegou ao Recife em 13 de março fortemente escoltado por dez policiais, desembarcando em um trem da Great Western. Os jornais propalavam que ele falava desembaraçadamente e com tranquilidade, apesar de analfabeto. Jovem, tinha cabelos claros e foi pessoalmente interrogado por Eurico. Afirmou que era chefe de um bando de cangaceiros independentes, que ocasionalmente se reunia com Lampião para realizar assaltos, sendo considerado responsável por “mais de 30 mortes” e assaltos ao longo de sua vida como bandoleiro. Finalizou informando que desde janeiro não se encontrava com Lampião e sabia que este tinha ido “para o norte”[3].

Segundo os pesquisadores Frederico Bezerra Maciel e Bismarck Martins de Oliveira, o cangaceiro Arthur José Gomes da Silva, o Beija Flor, era pernambucano, filho do ex-praça da polícia pernambucana Arsênio José Gomes e de Maria Tereza da Conceição, além de ser irmão de Euclides José Gomes, o cangaceiro Cacheado. Ele teria acompanhado seu irmão e o bando de Lampião durante a ida deste a cidade cearense de Juazeiro, quando em 6 de março de 1926 houve o encontro de Lampião e Padre Cícero. Os autores apontam que os irmãos Gomes participaram da maior batalha da história do cangaço, a da Serra Grande, próximo a Vila Bela, em 26 de novembro de 1926.
Bando de Lampião em Juazeiro, 1926
Bando de Lampião em Juazeiro, 1926.

Beija Flor sempre andava com uma ostensiva medalha de Nossa Senhora das Graças no peito, tendo sido preso no dia 3 de fevereiro de 1927, aos 21 anos de idade. Devido à ação mais enérgica da polícia pernambucana, tencionava seguir para a região de Uauá, na Bahia.

Dias depois da sua chegada a capital de Pernambuco, os jornais locais divulgavam, até com certa surpresa, que Beija Flor havia constituído um advogado para ser libertado. Seu causídico logo requereu um habeas corpus junto ao Superior Tribunal de Justiça. Através do Desembargador Arthur da Silva Rêgo, solicitou ao Chefe de Polícia Eurico Sousa Leão maiores informações sobre aquele prisioneiro que tinha a alcunha de um pequeno pássaro e estava doido para “bater asas” de novo. A resposta de Eurico não utilizou palavras positivas. Informou que o cangaceiro era “perigoso”, sendo considerado “um problema seu livramento”.

Beija Flor havia cometido crimes em Água Branca, Alagoas, onde estava pronunciado nos artigos 294 e 356 (assassinato e roubo), do Código Penal de 1890, então vigente na época. Já no município pernambucano de Vila Bela, atual Serra Talhada, ele também estava pronunciado no mesmo artigo 294 e nos artigos 136 (incêndio a edificação) e 304 (lesão corporal). Para complicar a situação de Beija Flor, o Chefe de Polícia ainda aguardava novas comunicações do major Ferraz sobre outros crimes que ele havia cometido. Dias depois o pedido de habeas corpus foi negado[4].
Antiga Cadeia Pública de Recife - Fonte - ideiasembalsamadas.blogspot.com
Casa de detenção Fonte – ideiasembalsamadas.blogspot.com

Logo outros cangaceiros foram chegando para a grande Casa de Detenção do Recife[5]

Mais de 100 Cangaceiros Capturados ou Mortos 

Sempre com certo estardalhaço, quando novas prisões e mortes de cangaceiros ocorridas no sertão eram divulgadas em profusão na imprensa recifense.

Na noite de 11 de abril de 1927, uma segunda feira, um homem negro, alto, procurou o major Ferraz no quartel da polícia em Vila Bela. Disse que seu nome era Francisco Miguel, que era acusado de assassinato no município pernambucano de Floresta, havia andado como membro do grupo de Lampião, era conhecido como Pássaro Preto e deixou o bando a cerca de dois meses. Logo este cangaceiro, que também participou do grande combate de Serra Grande, veio para Recife[6].
Lampião e seu irmão Antônio em Juazeiro
Lampião e seu irmão Antônio em 
 Juazeiro

Em 19 de abril, no lugarejo São João do Barro Vermelho, perto de Vila Bela, foi morto o cangaceiro Cícero Nogueira em um tiroteio com as volantes dos tenentes Antônio Francisco e Alfredo Alexandre. Mesmo sem maiores detalhes, consta que os policiais passaram pelo lugar Poço Ferro e tiveram a notícia que este bandoleiro, também participante do combate de Serra Grande, estava próximo a São João do Barro Vermelho. 
Major Teófanes Ferraz Torres
Theóphanes Torres

Ali foi capturado pelo soldado Augusto Gouveia. Mesmo detido e cercado, em um dado momento este cangaceiro pediu para palestrar com seu captor, no que foi atendido. No meio da conversa Cícero Nogueira aproveitou um momento de distração do militar e bateu com seu chapéu de couro na cabeça de Gouveia. Na correria que se seguiu o cangaceiro foi alvejado e morto[7].

Quando completava seis meses a frente do cargo, no dia 11 de junho de 1927, através da imprensa pernambucana, Eurico Sousa Leão, junto com o major Ferraz, divulgaram uma lista com o nome, alcunha e fatos ligados a captura ou morte de 100 cangaceiros de diversos bandos que infestavam o sertão[8].
Esta lista impressionante foi publicada no mesmo dia que Lampião e seus homens se encontravam no Rio Grande do Norte, com o objetivo de realizar o ataque a Mossoró, o que ocorreria dois dias depois. O fato do “Rei do Cangaço” está em terras potiguares, buscando novas paragens para praticar suas rapinagens e crimes, é um quadro claro da feroz perseguição que sofria em solo pernambucano. 

Dias Maravilhosos Para os Policiais 

Ao longo do segundo semestre de 1927 outros cangaceiros foram sendo continuamente mortos e capturados pelas forças policiais de Pernambuco e de outros estados nordestinos. Dentre estes estavam alguns que estiveram no ataque dos cangaceiros ao Rio Grande do Norte.
Lampião e seu bando após a derrota em Mossoró
Lampião e seu bando após a derrota em Mossoró

Na sexta-feira, 22 de julho de 1927, o telégrafo estalou em Recife com a notícia da captura naquele mesmo dia do cangaceiro Serra do Umã, também alcunhado Mão Foveira. Ele se chamava Domingos dos Anjos de Oliveira, era negro, jovem, tido como valente e natural da grande Serra do Umã, uma elevação natural do sertão pernambucano cheia de histórias[9]
Região da Serra do Umã na atualidade - Foto - G. dos Anjos
Região da Serra do Umã na atualidade – Foto – G. dos Anjos

Já o bandoleiro Serra do Umã era irmão do cangaceiro alcunhado Azulão, morto no dia 10 de junho de 1927 pelo soldado da polícia potiguar José Monteiro de Matos, no lugar Caiçara, próximo a povoação de Vitória, durante a primeira resistência ocorrida contra Lampião e seus homens no Rio Grande do Norte[10].
Cangaceiro Serra do Umã preso em Recife
Serra do Umã preso em Recife

Além de Azulão, o pai e outro irmão do cangaceiro Serra do Umã  também já haviam andado com Lampião de arma na mão e chapéu de couro na cabeça. Estes dois, Raimundos dos Anjos (o pai) e Rufino (o irmão), foram presos nos primeiros dias de agosto pela volante do tenente Arlindo Rocha, na localidade Serrote, município de Floresta[11].
Cangaceiro Andorinha
Cangaceiro Andorinha

Ao observar os jornais antigos e livros sobre o tema cangaço, é inegável que aqueles dias de agosto de 1927 foram maravilhosos para a luta das forças de segurança do governo pernambucano contra os cangaceiros e outros bandidos que infestavam o sertão. Até o fim do mês foram presos 16 destes foras da lei, alguns capturados nos contrafortes da própria Serra do Umã. Entre estes figuravam cangaceiros como José Alves de Lima, o José Guida, e João Alves Mariano, o Andorinha, respectivamente com 52 e 30 anos de idade e que haviam acompanhado o mítico chefe cangaceiro Sinhô Pereira[12]. 
Também estavam detidos os antigos companheiros de Lampião como Antônio Quelé Alves Bezerra, ou Antônio Guilé, alcunhado Candeeiro, Camilo Domingos de Farias, o Pirulito, e seus parentes Fortunato Domingos de Farias, o Guará, e Benedito Domingos de Farias. Consta que Candeeiro e Benedito Domingos estiveram em Mossoró no dia 13 de junho de 1927[13].
Benedito Domingos de Farias preso. Ele também participou do ataque a Mossoró
Benedito Domingos de Farias

Nestas capturas o tenente Arlindo Rocha certamente usou de violência para alcançar os seus intentos, inclusive contra os coiteiros da Serra do Umã. Após capturar Pirulito (e depois de certamente apertá-lo) o tenente Arlindo esteve junto aos coiteiros conhecidos como David Dudu, Manoel Domingos e Manoel Lucindo, membros ou ligados a família Domingos. Com estes conseguiu encontrar três fuzis Mauser e um rifle Winchester. Mesmo discretamente, um jornal recifense afirma que o tenente Arlindo conseguiu este material bélico depois de colocar os coiteiros “debaixo de rigor”[14].

Em setembro, no dia 11, um domingo, quem se entregou na cadeia de Vila Bela foi outro cangaceiro que causou sensação na imprensa quando chegou à casa de Detenção do Recife. Era o famoso Zabelê. 
Considerado de alta periculosidade pela polícia, seu nome verdadeiro era Isaias Vieira dos Santos e quem o recebeu foi o delegado A. Xavier. O cangaceiro declarou que havia tomado parte em vários tiroteios, estando envolvido em um crime na Serra Grande e que nos últimos 14 dias ele estava sem alimentação regular devido à perseguição policial, vivendo de plantas do mato. Aí não teve jeito e decidiu se entregar[15].
Zabelê
Zabelê

Na década de 1960, já velho, morando em um casebre em Serra Talhada, desassistido e muito pobre, Isaias Vieira dos Santos declarou a pesquisadora Aglae Lima de Oliveira que no passado havia sido um pequeno vendedor nas caatingas e seus melhores clientes eram os bandidos. A polícia soube quem era a sua clientela preferencial, o classificou como coiteiro, prometeu surrá-lo e prendê-lo. Isaias decidiu então seguir junto com Lampião. Nesta mesma entrevista, destinada a fornecer dados para o desenvolvimento do livro “Lampião, Cangaço e Nordeste”, o ex-cangaceiro Zabelê afirmou a Aglae de Lima que se entregou aos policiais porque soube que “-Tava garantido pelo coroné Corneio Luare”.

Ou houve um erro gráfico na impressão do livro. Ou a transcrição da fala tradicional do velho cangaceiro ficou muito a desejar. Ou a pesquisadora não quis colocar textualmente que a pessoa que supostamente garantia a entrega de Zabelê à polícia era o comerciante e político serra-talhadense Cornélio Soares[16]

Quem Podia Pagava. Quem não Podia Ficava… 

O ano de 1928 se iniciou e mais cangaceiros chegavam ao Recife.
Em 28 de março, vindo de Rio Branco (atual Arcoverde), chegava a Recife um trem com 15 cangaceiros e uma escolta de 30 policiais.
Camilo Domingos de Farias, o Pirulito
Camilo Domingos de Farias, o Pirulito

Na gare da estação desembarcaram Camilo Domingos de Farias, o Pirulito, Antônio Bernardo Silva, Adriel Ananias Pereira, Manoel Othon Alencar, o Seu Né, Benedito Domingos Farias, Manuel Torquato Amorim, Antônio Quelé Bezerra, o Candeeiro, Domingos dos Anjos de Oliveira, o Serra do Umã, Fortunato Domingos de Farias, o Guará, Rufino dos Anjos Oliveira, Manoel Cornélio de Alencar, o Sinhô Piano, José Bernardo da Silva, Antônio Serafim da Silva, o Antônio de Ernestina e Cícero Flor da Silva[17].

Para quem estava preso os dias passavam lentos, como se passa em todo local de detenção. Para evitar este problema, quem podia tratava de sair da cadeia pelos meios legais.
Este foi o caso do comerciante Emiliano Novaes. Membro de uma proeminente família da cidade de Floresta, tido como amigo e coiteiro de Lampião, consta que chegou a cavalgar de arma na mão ao lado de cangaceiros. No livro de Luiz Bernardo Pericás, “Os cangaceiros: ensaio de interpretação histórica” existe a reprodução de um telegrama policial enviado pelo tenente Sólon Jardim, de Vila Bela para Recife.
O Casca Grossa
O Casca Grossa

Informava o oficial que Emiliano Novaes estava chamando cangaceiros de várias partes para atacar a vila de Nazaré, onde viviam e se concentravam alguns dos maiores inimigos e mais tenazes perseguidores de Lampião.

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O grupo de Emiliano Ferraz era superior a 100 cangaceiros e entre suas ações consta que no dia 29 de julho de 1926, no lugar Ingazeira, eles mataram o Soldado Cândido de Souza Ferraz, de número 386, lotado na 1ª companhia, do 3º Batalhão de Vila Bela. Consta que o Soldado Ferraz estava com a saúde debilitada e seguia para o quartel quando foi covardemente assassinado.

Pelo crime Emiliano Novaes foi preso. Mas em agosto de 1928, através do renomado Dr. Caetano Galhardo, seu advogado, conseguiu o desaforamento de seu processo para o município do Cabo, próximo a capital pernambucana. Depois o Dr. Galhardo impetrou uma ordem de habeas corpus. Esta foi julgada em 21 de agosto, sendo o processo anulado “Ab initio” e concedendo a liberdade ao acusado, que foi imediatamente solto[18].

Já os cangaceiros sem recursos, nem advogados, pagavam seus crimes na cadeia. 

Um Intelectual Visita os Cangaceiros 

Na Casa de Detenção de Recife, os agora ex-cangaceiros trabalhavam principalmente na sapataria, alguns eram alfaiates e um era serralheiro. Eles eram muito respeitados pelos outros presos, mas raramente recebiam alguma visita de parentes. 
Cangaceiro Capão
Cangaceiro Capão

Entretanto entre as décadas de 1920 e 1930 era normal a visita de estudiosos e jornalistas ávidos para descobrir os aspectos ligados aos cangaceiros e ao cangaço. Mas a maioria só procurava conversar com o velho e respeitado Manoel Baptista de Morais, o famoso cangaceiro Antônio Silvino.
Fotos de cangaceiros presos na Casa de Detenção de Recife, estampada na primeira página de um jornal da capital pernambucana
 
Mas os antigos guerreiros de chapéu de couro não ficavam fora dos holofotes. O Chefe de Polícia Eurico Sousa Leão, não criava nenhum tipo de problema quando algum jornalista de Recife e de outras cidades queriam entrevistar e fotografar os cangaceiros. Era uma ótima propaganda da ação “saneadora” do governo pernambucano contra a violência no sertão.
Outra foto dos cangaceiro na reportagem de "O Malho" de dezembro de 1928
“O Malho” de dezembro de 1928

Uma grande reportagem, que trazia como principal fotografia que abre este artigo, foi realizada pela revista carioca “O Malho”, edição de 29 de dezembro de 1928, cujo autor foi o respeitado Ribeiro Couto. E este fez diferente, nem sequer falou com Antônio Silvino e foi direto conversar com os “cabras” de Lampião[19]. 
Aproveitando uma parada de quatro horas do vapor Bagé em Recife, Ribeiro Couto deu um jeito de ir à Casa de Detenção. Ali quem lhe apresentou o ambiente foi o delegado Maurício Pinheiro Guimaraes.
Aqueles antigos cangaceiros, sem suas impressionantes roupas e armas, envergando seus claros uniformes azuis de presidiários não causavam medo ao visitante.

Entre maravilhado e um tanto repugnado, o paulista de Santos primeiramente tentou contato com Beija Flor, mas soube que ele estava em uma audiência no interior do estado. Mas se impressionou com Serra do Umã, que para ele era “um cafuzo que os próprios companheiros temiam pelos instintos ferozes”.
Rui Esteves Ribeiro de Almeida Couto
Rui Esteves Ribeiro de Almeida Couto

Ribeiro Couto foi até a oficina da sapataria, onde cerca de 80 homens realizavam seus ofícios na maior tranquilidade, mas a maioria deles estava condenada a 30 anos de reclusão. Ali foi apresentado a Genésio Vaqueiro, um negro risonho, mas discreto. Era conhecido no cangaço como Mourão, disse ter andado com Lampião só por alguns “dias”, que era agricultor, se iludira com o cangaço e que não tinha nenhuma morte nas costas.
  
Baraúna, o cangaceiro que Couto considerou "um índio"
Baraúna, considerado “um índio”

Já em relação a Antônio Gregório da Silva, o Baraúna (ou Braúna), Couto o considerou sua aparência como a de um “índio” e soube que era um dos mais perigosos homens que andou com Lampião. Mas também um verdadeiro artista na “arte de engraxar botas”, seu ofício na Casa de Detenção.
Já de Ventania, que não tinha ainda vinte anos, cujo nome verdadeiro era José Pereira da Cunha, foi o único dos detentos que expressou uma opinião negativa sobre Lampião, por ele ter desrespeitado uma prima sua. Ribeiro Couto sugeriu então se não seria o caso de incorporá-lo nas volantes que no final de 1928 caçavam Lampião nos sertões da Bahia.

Para Ribeiro Couto aqueles rapazes, que um dia viveram apenas da agricultura, ao andarem com Lampião se tornaram “famosos”, mas que também aquilo havia sido a perdição de todos[20]

Anos Atrás das Grades 

O tempo ia passando, seguindo o ritmo da justiça.
No começo de dezembro de 1929, em seção presidida no Fórum de São Lourenço pelo juiz José Julião R. Pinto de Souza, sendo promotor o Dr. Nogueira Vilela, o ex-cangaceiro Serra do Umãfoi pela segunda vez absolvido. Não sei dizer quando ocorreu seu primeiro júri, mas sabemos que o seu processo foi desaforado da Comarca de Floresta e que, mesmo com a segunda absolvição, o Dr. Vilela apelou novamente. Mas o antigo companheiro de Lampião não desistiu[21].
1930-Beija FRlor em Noronha

Não sabemos quando, mas temos a notícia que Beija Flor foi julgado e condenado a 30 anos de reclusão no presídio do então Território Federal de Fernando de Noronha. Em fevereiro deste mesmo ano ele chegava do temido arquipélago no vapor Corcovado, junto com mais 90 detidos, para ir depor em Salgueiro, no interior de Pernambuco. Foi notícia em todos os jornais recifenses[22].
O cangaceiro Guará
O cangaceiro Guará

Ao longo dos anos vários dos antigos bandoleiros participavam de seus julgamentos, alguns deles por vezes seguidas, com resultados que chamam atenção. No primeiro julgamento da 4ª Seção do Júri de Recife, presidido pelo Dr. João Tavares, no dia 25 de outubro de 1933 foram absolvidos Benedito Domingos de Farias (que havia feito parte do bando de Lampião durante o ataque de Mossoró), Fortunato Domingos de Farias, o Guará, e Domingos dos Anjos de Oliveira, o Serra do Umã. Para Domingos era terceira vez que pisava em um tribunal e pela terceira vez ocorria a sua absolvição. Mas tal como das outras vezes, pela terceira vez o promotor recorreu. A partir daí não sabemos o que aconteceu com ele e seus companheiros[23].

Passados 30, 40 anos depois, vamos ter algumas notícias destes antigos cangaceiros que andaram com Lampião no período anterior a 1928. Entretanto o destino de muitos requer pesquisa mais acentuada, mas com possibilidades de se conseguir poucas informações. E a causa é relativamente simples!
Em outra reportagem de "O Malho" vemos, da esq. para dir. os cangaceiros Cobra Verde, Cocada e Recruta em 1929
Cobra Verde, Cocada e Recruta em 1929

Estigmatizados, perseguidos e marcados, para muitos que sobreviveram ao cangaço e o cárcere, o melhor na vida pós-cadeia era a discrição. Evitar falar sobre este tema. Evitar falar sobre a sua vida no cangaço e na cadeia até com os familiares.

Muitos deles até estavam vivos e lúcidos quando vários setores culturais brasileiros nas décadas de 1950 e 1960 voltaram seus focos para o tema cangaço e a sociedade brasileira passou a conhecer Mais do tema. Mas o Nordeste dessa época ainda era bem atrasado no sentido de absorção de informações e poucos foram até eles com material condizente para gerar bons registros.
Cangaceiro Cancão
Cangaceiro Cancão

Na década de 1970 pesquisadores começaram a percorrer os sertões em Fords Rurais em busca dos que participaram do cangaço antes de 1928. Buscavam histórias da época anterior a Lampião cruzar o “Velho Chico”, quando os bandos podiam ter mais de 100 “cabras” e antes das mulheres participarem ativamente do cangaço. 

Antônio Quelé Alves Bezerra, ou Antônio Guilé, alcunhado Candeeiro
Antônio Quelé Alves Bezerra, ou Antônio Guilé, alcunhado Candeeiro

Chegaram aos rincões levando a tiracolo pesados gravadores de “Fitas K7” e máquinas fotográficas japonesas de ótima qualidade. Mas muitos dos que vivenciaram aquele momento do cangaço ou continuavam sem querer falar, ou já tinham morrido, ou estavam senis.

Mas com persistência e uma busca mais apurada alguns falaram e deram ótimos depoimentos sobre suas andanças de armas na mão.

Mas poucos falaram das experiências cadeia!
Dos que falaram temos o exemplo de Isaias Vieira dos Santos, o Zabelê.
No seu relato dado a pesquisadora Aglae Lima de Oliveira no final da década de 1960, comentou que quando andava com Lampião passava muito bem e vivia de “barriga cheia”. Mas aí veio o cárcere!

Sabemos que Zabelê passou 14 anos atrás das grades e que grande parte foi em Fernando de Noronha. Para ele este tempo de presídio lhe trazia muito arrependimento. Mas não pelos crimes cometidos, mas por ter se entregado as autoridades. Isaias reclamou que nunca achou “quem espiasse meus papé” para sair mais cedo da cadeia. 
José Alves de Lima, o José Guida, que teria sido cangaceiro de Sinhô Pereira
José Alves de Lima, teria sido cabra de Sinhô Pereira

Ele confirmou que entrou no cangaço “empurrado pula puliça” e que não era ”home de leva surra de outro home”. A pesquisadora Aglae Lima acentuou em seu livro que Isaias Vieira dos Santos, na época do seu relato “passava fome”[24].

Talvez para ele fosse melhor morrer lutando!

REFERÊNCIAS

[1] Sobre a biografia e o trabalho policial de Eurico de Sousa Leão ver – http://blogvivendoaguapreta.blogspot.com.br/p/noticias.html e http://pt.wikipedia.org/wiki/Eurico_de_Sousa_Le%C3%A3o

[2] O atual município pernambucano de Petrolândia está localizado na região do Médio São Francisco, na fronteira entre Pernambuco e Bahia e possui cerca de 25.000 habitantes. 

[3] Beija Flor afirmou também que estava atuando com seu pequeno bando de cangaceiros na fronteira entre Pernambuco e a Bahia, quando caiu em uma cilada e foi capturado. Mais sobre Beija Flor ver o Jornal de Recife, Recife-PE, edição de 15 de março de 1927, pág. 2. Sobre a saída de Lampião de Pernambuco devido à atuação das forças volantes ver DANTAS, Sérgio A. de S. Lampião e o Rio Grande do Norte – A história da grande jornada. Natal-RN: Cartgraf, 2005, págs. 36 a 39 e TORRES FILHO, G. F. de S. Pernambuco no tempo do Cangaço : Antônio Silvino, Sinhô Pereira, Virgulino Ferreira “Lampião” : Theophanes Ferraz Torres, um bravo militar – Volume II (1926-1933): Recife-PE: Edições Bagaço, 2003, págs. 170 a 174.

[4] Ver Jornal de Recife, Recife-PE, edições de 8 de abril de 1927, pág. 2 e 28 de abril de 1927, pág. 5. Sobre a íntegra do Código Penal de 1890 ver http://legis.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=66049,
MACIEL, F. B. Lampião, seu tempo e seu reinado: A Guerra de Guerrilhas (fase de domínio): Petrópolis-RJ: Editora Vozes Ltda, 1986, págs. 171 e OLIVEIRA, B. M. O Cangaceirismo no Nordeste, 2ª Ed.: João Pessoa-PB, 2002, pág. 209.

[5] Em 6 de agosto de 1848, através da Lei provincial 213, foi autorizada a construção de uma cadeia pública em Recife. A construção se iniciou em 1850 e sua conclusão só ocorreu em 1867, apesar da sua inauguração oficial ter sido realizada 25 de abril de 1855. O prédio da Casa de Detenção do Recife, em estilo neoclássico, foi construído em forma de cruz, ficando as celas dispostas em alas que podiam ser vigiadas facilmente a partir de uma sala central. Em 1973, depois de 118, o presídio foi desativado e o local transformado na Casa de Cultura de Pernambuco, onde até hoje funciona um centro de artesanato, com lojas de pintura, bordado, joias, confecções etc. Ver www.casadaculturape.com.br/aCasa.php

[6] Ver o periódico Jornal Pequeno, Recife-PE, edição do dia 12 de abril de 1927, 1ª pág.

[7] Cícero Nogueira é apontado nos jornais como sendo tanto coiteiro que apoiava Lampião, quanto cangaceiro que andou com o grande chefe do cangaço e, aparentemente, formou um pequeno bando que perturbava a paz na região de São João do Barro Vermelho, atualmente denominada Tauapiranga e ainda hoje um distrito de Serra Talhada. Ver os periódicos Jornal Pequeno, Recife-PE, edição do dia 12 de abril de 1927, 1ª pág, A Província, Recife-PE, edição do dia 20 de abril de 1927, pág. 5 e o livro de TORRES FILHO, G. F. de S. Pernambuco no tempo do Cangaço : Antônio Silvino, Sinhô Pereira, Virgulino Ferreira “Lampião” : Theophanes Ferraz Torres, um bravo militar – Volume II (1926-1933): Recife-PE: Edições Bagaço, 2003, págs. 194 e 195.

[8] Ver jornal A Província, Recife-PE, edições dos dias 11 e 12 de junho de 1927, págs. 2 e 3 respectivamente.

[9] Com altitudes que chegam a quase 1.000 metros, está localizada entre as cidades pernambucanas de Floresta, Salgueiro e Serra Talhada, mas a cidade mais próxima é Carnaubeira da Penha, com quase 13.000 habitantes. Durante o período do Cangaço a Serra Umã foi um verdadeiro baluarte dos bandoleiros e considerada quase inexpugnável. Em 1920 o então capitão Teófanes Ferraz Torres subiu a serra atrás de bandidos, junto com uma volante e levou um tiro no rosto dos chamados “Caboclos da serra”. Estes eram os descendentes de indígenas e de antigos escravos fugitivos que buscaram refúgio naquela grande elevação. Já a presença dos indígenas na Serra do Umã data provavelmente do século XIX. Segundo documentos de 1801, esses índios, sob a denominação de Umãs juntamente com outras tribos, foram aldeados no local onde permaneceram até 1819, quando a aldeia foi abandonada após vários conflitos. Em 1824, houve a dispersão de diversos grupos indígenas pelo sertão de Pernambuco, tendo os Umã se dirigido para região da Serra Negra. As primeiras visitas de representantes do extinto SPI – Serviço de Proteção ao Índio àquele grupo ocorreram entre 1943 e 1945, conforme depoimento de índios Aticum, quando funcionários desse órgãoestiveram na área para assisti-los dançarem o “toré”. A realização do “toré” seria o Indicador de que os habitantes daquela serra do sertão pernambucano eram “índios”, o que Ihes  então  daria o direito de receberem assistência do SPI. Em 1949 foi criado o Posto Indígena Aticum, posteriormente denominado Padre Nelson, na aldeia Alto da Serra. A presença dos antigos escravos é caracterizada também pela adoção de elementos da religiosidade de matriz africana entre os índios Aticum. Sobre a prisão do cangaceiro Serra do Umã ver jornal A Província, Recife-PE, edição do dia 22 de julho de 1927, pág. 2. Sobre as populações indígenas que habitam a Serra do Umã ver  http://www.ufpe.br/nepe/povosindigenas/atikum.htm / http://www.ufpe.br/nepe/povosindigenas/atikum.htm. Sobre a fama da Serra doUmã ser um baluarte de cangaceiro ver TORRES FILHO, G. F. de S. Pernambuco no tempo do Cangaço : Antônio Silvino, Sinhô Pereira, Virgulino Ferreira “Lampião” : Theophanes Ferraz Torres, um bravo militar – Volume II (1926-1933): Recife-PE: Edições Bagaço, 2003, págs. 218 e 219.

[10] A antiga povoação de Vitória é o atual município potiguar de Marcelino Vieira. Sobre o combate da Caiçara ver http://tokdehistoria.com.br/tag/marcelino-vieira/ e  http://tokdehistoria.com.br/tag/o-grande-fogo-da-caicara/

[11] Sobre a prisão do pai e do irmão do cangaceiro Serra do Umã, ver jornal O Paiz, Rio de Janeiro-RJ, edição do dia 13 de agosto de 1927, pág. 4.

[12] Mais sobre José de Guida e Andorinha, ver Jornal de Recife, Recife-PE, edição do dia 2º de maior de 1928, pág. 7.

[13] Segundo o pesquisador Bismarck Martins de Oliveira o cangaceiro Andorinha também havia estado com Lampião em Juazeiro, no dia 4 de março de 1926. Sobre Candeeiro este autor aponta que ele também acompanhou Lampião a Juazeiro, esteve no grande combate da Serra Grande e confirma que o mesmo esteve participando da invasão de Mossoró. Ver OLIVEIRA, B. M. O Cangaceirismo no Nordeste, 2ª Ed.: João Pessoa-PB, 2002, págs. 200 e 214.Ver também os jornais A Província, Recife-PE, edição do dia 19 de agosto de 1927, pág. 5. e Jornal de Recife, Recife-PE, edição do dia 23 de agosto de 1927, 1ª pág.

[14] Ver o Jornal de Recife, Recife-PE, edição do dia 23 de agosto de 1927, pág. 9.

[15] A Província, Recife-PE, edição do dia 14 de setembro de 1927, pág. 3.

[16] Sobre o depoimento de Isaias Vieira dos Santos, ver OLIVEIRA, A. L. Lampião, Cangaço e Nordeste, 2ª Ed.: Rio de janeiro-RJ, 1970, págs. 420 e 421. Já em relação a Cornélio Aurélio Soares Lima, era mais conhecido como coronel Cornélio Soares, nasceu no dia 14 de setembro de 1886 na cidade de Salgueiro, era filho de Tibúrcio Valeriano Gomes Lima e Dona Lucinda Soares Lima. Ainda jovem contrai matrimônio com Cecília Diniz com quem forma uma prole de sete filhos. Em 1925 fica viúvo, e no ano de 1926 casa-se com Úrsula de Carvalho Soares que lhe dá mais nove filhos. Desde cedo demonstrou grande vocação para política, tomando sempre parte decisiva em todos os acontecimentos políticos e sociais da época. Com o advento da revolução de 1930, assume o comando político da então Vila Bela, que tinha como líder na política estadual o Dr. Agamenon Sérgio de Godoy Magalhães. Foi prefeito de Serra Talhada no período de 1947 a 1951. Faleceu em 6 de agosto de 1955. Ver – http://www.fundacaocasadacultura.com.br/site/?p=materias_ver&id=268

[17] Ver o Jornal de Recife, Recife-PE, edição do dia 30 de março de 1928, pág. 5.

[18] Sobre o caso Emiliano Novaes ver PERICÁS, L. B. Os cangaceiros: ensaio de interpretação histórica: São Paulo-SP, 2010, Boitempo Editorial, págs. 214 e 215. Também o Jornal de Recife, Recife-PE, edição do dia 22 de agosto de 1928, pág. 3. Já “Ab initio” é uma expressão latina que significa desde o início, desde o começo.

[19] Rui Esteves Ribeiro de Almeida Couto (Santos, 12 de março de 1898 — Paris, 30 de maio de 1963), mais conhecido simplesmente como Ribeiro Couto, formou-se bacharel em Direito em 1919, no Rio de Janeiro RJ. Até 1922, colaborou nas revistas Brás Cubas e Careta, sob os pseudônimos de Antônio Simples e Zeca, e nos jornais Gazeta de Notícias, sob o pseudônimo de Eduardo Sancho, Diário do Rio de JaneiroA Pátria e A Manhã. Em 1921 publicou O Jardim das Confidências, seu primeiro livro de poesia. Nas décadas seguintes foram publicados seus romances Cabocla e Prima Belinha e seus livros de contos Circo de Cavalinhos e O Crime do Estudante Batista, entre outros. Também produziu livros de ensaios, impressões de viagens e crônicas, além da peça de teatro Nossos Papás. Entre 1929 e 1955 serviu, com adido consular e embaixador, na França, em Portugal e na Iugoslávia. Em 1932 fundou a Editora Civilização Brasileira, com Gustavo Barroso e outro sócio. Foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras em 1934. Sua obra poética inclui, entre outros, os livros Um Homem na Multidão (1926), Canções de Amor (1930), Noroeste e Outros Poemas do Brasil (1933), Cancioneiro do Ausente(1943) e Entre Mar e Rio (1952). A poesia de Ribeiro Couto pertence à segunda geração do Modernismo. De acordo com o crítico Rodrigo Octávio Filho – Ribeiro Couto opôs, aos temas nobres, os temas cotidianos, os temas da vida ao alcance do olhar de qualquer ‘homem da multidão’. E tudo isso em linguagem discreta e em meio tom.

[20] Ver Revista O Malho, Rio de Janeiro-RJ, ed. 29 de dezembro de 1928, págs. 23, 51 e 52.

[21] Sobre este caso, ver o jornal A Província, Recife-PE, edição do dia 4 de dezembro de 1929, pág. 2.

[22] Ver o periódico Jornal Pequeno, Recife-PE, edição do dia 2 de fevereiro de 1930, pág. 3.

[23] Ver o Jornal de Recife, Recife-PE, edição do dia 26 de outubro de 1933, pág. 2.

[24] Ver OLIVEIRA, A. L. Lampião, Cangaço e Nordeste, 2ª Ed.: Rio de janeiro-RJ, 1970, págs. 420 e 421.

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