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sábado, 9 de agosto de 2014

A atriz Ângela Diniz e a cangaceira Dadá


UMA FOTO PARA A HISTÓRIA. A ATRIZ ÂNGELA DINIZ E A CANGACEIRA DADÁ (companheira de Corisco).


NA SUA 17ª EDIÇÃO, A MESMA OCORRE NA GROTA DO ANGICO - Poço Redondo-SE, (local da morte de Lampião e mais 10 cangaceiros), sempre no dia 28 de Julho de cada ano, (aniversário de morte).

Fonte: facebook
Página: Voltaseca Volta

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Mossoró e Tibau em Versos: Antologia Poética

de David de Medeiros Leite e José Edílson Segundo

A literatura do Rio Grande do Norte esteve carente durante anos de antologias poéticas. Nossa história literária comprova que poucos livros foram publicados com esta característica, destacando-se as antologias de Ezequiel e Rômulo Wanderley, todavia elas se sobressaem mais pela condição de registro histórico do que pela qualidade literária. No final dos anos noventa vieram as antologias de Assis Brasil e Constância Lima Duarte e Diva Cunha dando um panorama do que se tinha publicado no Estado até então, com rigor mais critico. Veio também uma antologia temática – Poesia Viva de Natal – organizada por Manoel Onofre Jr.

No inicio do século XXI junto com  um número expressivo de editoras e uma nova geração de escritores no Estado surgiu a necessidade de novos trabalhos, neste aspecto, pois além da importância histórico-literária, antologias são fontes de referências e consultas por pesquisadores e estudantes. Eis que, em momento oportuno, os escritores David de Medeiros Leite e José Edílson Segundo publicam uma antologia, que, embora enfoque apenas poetas que versaram sobre Mossoró e Tibau , tem todos os méritos pela importância histórica e  significativa qualidade literária.

Na obra, os organizadores se preocuparam não apenas em reunir poetas das duas cidades homenageadas, mas uma  boa parcela de escritores do Estado que versaram sobre elas.  Versos variados de poetas que cantaram as cidades, desde a época da abolição em Mossoró como Paulo de Albuquerque, passando pelos celebres Othoniel Menezes, Martins de Vasconcelos, e outros importantes nomes da nossa literatura como Homero Homem, Deifilo Gurgel, Rizolete Fernandes e Paulo de Tarso Correia de Melo, dentre outros que adotaram e foram adotados pela cidade de Mossoró como Clauder Arcanjo e Aécio Cândido. Destacamos também a poesia de caráter mais popular como a de Zé Saldanha, Crispiniano Neto e Antônio Francisco. A nova geração também está presente em bons momentos com  Josselene Marques, José de Paiva Rebouças e Leonam Cunha, todos os três com poemas bastante contemporâneos.

É evidente que algum leitor mais exigente ache que entre muitos poemas bons,  alguns outros não mereciam figurar numa antologia. Mas precisamos compreender pontos importantes, como, por exemplo, o fato de se contextualizar o poema na época em que foi escrito, além da necessidade do próprio registro e homenagem ao poeta incluso. Ademais, há  poemas com estilo mais artístico e outros mais populares; e por bem é sempre bom lembrar a famosa frase de Manuel Bandeira  segundo a qual, querendo ou não, uma antologia é feita  por escolhas pessoais. Para compreender trabalhos como este precisamos, além dos devidos cuidados citados, estarmos também sensíveis à causa.

Esta antologia poética constitui mais uma amostra de que estamos também com o pensamento e a preocupação na revalorização da nossa história literária. É uma iniciativa louvável e que merece ser imitada por outras cidades e outros Estados.

Fonte: 

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(DES)HONRAS AMOROSAS

Por Rangel Alves da Costa*

Nos tempos passados, lembro muito bem, mulher mostrar a calcinha era coisa verdadeiramente espantosa. Se ao sentar ou mesmo num mudar de pernas, a peça mais íntima fosse mostrada era coisa de fim de mundo. Desavergonhada, safada, verdadeira Messalina, era o que diziam as matronas conservadoras.

Nem pensar em lavar a peça íntima e estender no varal. Corria solto que o tarado das calcinhas vivia observando os fundos das casas para ver se encontrava aquilo que mais gostava de cheirar. Moça séria usar roupa decotada demais de jeito nenhum, do mesmo modo exagerar no batom ou perfume. Olhar para os rapazes até que podia, mas nada de dar sorrisinhos ou se mostrar saliente.

Catita tomou uma surra de ficar moída porque seu pai encontrou debaixo de sua cama uma revista de fotonovela. Deu uma boa sova na bichinha e disse que aquele tipo de coisa só servia pra ensinar moça direita a não prestar, pois ensinava tudo e falava sobre tudo, principalmente mostrava gente se beijando. E filha sua não era pra beijar na boca de ninguém não.

Ambrósia foi encontrada escrevendo versos lúgubres, verdadeiramente molhados de sexualidade e desejo, e teve de seguir prontamente para o convento. O pai, um velho conservador dos tempos dos carrascais, após lanhar o lombo da filha com chibata de couro cru, logo avisou que escolhesse ser freira ou ser amarrada e entregue num hospício, pois estava louca. E a mocinha teve de partir, mas já com a intenção de ludibriar as freiras e pular da janela para o mundo.

Naqueles tempos, namorar só respeitando os formalismos e os protocolos familiares. O namorado chegava e sentava numa cadeira ao lado da mocinha, mas sempre sob a vigilância da mãe, que se danava a fazer crochê bem em frente. Acaso a mão boba do moço escorregasse um pouquinho e levemente tocasse na perna da futura esposa, logo se ouvia um pigarreado. Era o sinal de que estava ido longe demais e desrespeitando o imaculado lar.


Como nenhuma mocinha suportava namorar assim, sob verdadeira vigilância militar, logo surgiu a ideia de acabar de vez com aquela situação. Ora, os jovens eram fogosos, desejosos um ao outro, ávidos por beijos e abraços, bem como outras liberdades do corpo, então resolviam antecipar as coisas. E faziam isso com a fuga da mocinha. Os dois combinavam e quando passava da meia noite, com os pais já roncando, ela saía de fininho com mala e cuia e tomava a porta dos fundos. O rapaz já estava esperando no lugar combinado e daí era só pegar a estrada.

Mas nem sempre iam longe. Muitas vezes os pais das fugitivas quase enlouqueciam de enraivecimento quando tomavam conhecimento do ocorrido. Esbravejando, prometendo encontrá-las fosse onde fosse, saíam no rastro de suas filhas como se fossem em caçada de bois ou outros bichos do mato. Nem sempre as encontravam, mas quando conseguiam alcançá-las não havia mesmo jeito a dar. Diante dos moços, não batiam nem acorrentavam, porém forçava-os a retornar para o imediato casório. Era a honra familiar que deveria prevalecer acima de tudo.

Os namoros mais avançados ou mais apimentados nunca deixaram de existir. E existiam muito mais que o imaginado. Contudo, verdadeiras estratégias eram colocadas em prática para que os intentos fossem conseguidos. Os encontros românticos e sexuais eram marcados nos cemitérios, nos monturos, nos escondidos dos muros, nas distâncias da mataria. E quando uma mocinha aparecia grávida antes do casamento então era um falatório de não acabar mais. E se a buchuda nem namorado tivesse, então tinha seu nome enlameado por muito tempo.

Recordo-me bem de uma tragédia acontecida após uma traição. O marido deixou a esposa em casa e foi trabalhar num roçado distante, porém houve um contratempo e o mesmo retornou em pouco tempo. Mas talvez já suspeitasse de alguma coisa e voltou para colocar em prática o planejado. A verdade é que a esposa não foi encontrada em casa. Então ele encheu a espingarda de chumbo grosso e se apressou por dentro do mato. Encontrou a esposa com outro no exato momento da safadeza, com ele por cima dela, os dois nus, por riba das folhagens. E ali mesmo os dois foram mortos, sem tempo de apartação. Em seguida o traído foi até a cidade e avisou a polícia sobre o ato cometido, se entregando. Na busca da confirmação, cerca de duas horas depois e os dois foram encontrados como se ainda estivessem no bem bom.

Assim noutros tempos. Hoje não se fala nem mais sobre isso. Aliás, hoje nem se namora mais. O negócio é ficar, e pronto. E não precisa sequer saber no outro dia o nome do ficante da noite passada. Que não se repetissem os exageros de antigamente, mas também não precisaria tanta promiscuidade e verdadeira prostituição “amorosa”.

Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com 

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Homenagem a todos os pais

Por Artur Leite
Aldemar Duarte

Quero através de meu Pai biológico – Aldemar - e meu Avô e Pai de criação-Rosadinho.

Agradecendo ao nosso divino criador pela oportunidade de ter convivido com eles em sua ultima encarnação terrena. Onde nos deixou uma herança que a ferrugem e nem as traças a destroem, e ninguém poderá nos furtar. Herança essa que levaremos para toda eternidade, que foram os seus ensinamentos: caráter, honestidades, disciplina, respeito para com os outros...

Já retornaram, após cumprirem sua missão, a nossa verdadeira pátria. Logo mais, em um tempo que a vida nos dirá, nos reencontraremos carregados de saudades como quem após longa viagem, se reencontram para reviver o carinho, afeto e sentimentos que sempre existiram.

(Não encontrei foto de meu Avô/Pai).

Fonte: facebook
Página: Artur Leite

Informação ao leitor: 

Aldemar Duarte Leite é o pai do Artur Leite e do escritor e pesquisador do cangaço David de Medeiros Leite. Conheci muito o senhor Aldemar Duarte Leite, e era vizinho de propriedade  com meu pai, na Barrinha dos Duartes.


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A QUARTA MORADA DE CORISCO


Com o fim da exposição das cabeças no Instituto Nina Rodrigues em Salvador, Dadá partiu no ano de 1972 para Barra do Mendes. 

- Parti para o cemitério com uma caravana, e um tal de um sargento disse que eu não tirava os ossos. Pois vou mostrar pra ele que eu tiro. Mandei o coveiro cavar. Mas tinha um senhor de branco que disse ter assistido ao enterro e que o lugar era outro. 

O cangaceiro Corisco

- Aqui é a cova dele. Uma fundura! Tiraram aquela terra, peguei uma peneira, penerei aqueles ossinhos; o caixão só tinha as alças. Na pensão eu pedi uma bacia com água e lavei os ossos, deixei tudo limpinho, coloquei numa urna envernizada, de chave e trouxe; levei cinco anos em cima do guarda roupa, mas com medo de roubarem, eu botei na cabeceira da cama, e cobria com um lençol. Sempre alertava: - não bulam aí! E lá ficou sendo a quarta morada de Corisco, o bairro de Mussurunga em Salvador.


Fonte: facebook
Página: Corisco Dadá

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Dia dos pais 2014

Por Marcelo de Oliveira Sousa

Já está chegando o dia dos pais, muita gente se prepara para aquele grande almoço dominical, outros tantos tem o momento de lamentar a perda desse   ente querido.

Essa época é muito triste para esses que tiveram a lamentável experiência da perda, infelizmente são coisas da vida.

Contudo o pior é quando perdemos o pai em vida, pela negligência dos nossos genitores, isso dói muito nas crianças, aquelas que são rejeitadas pelos próprios pais; deixando-os sozinhos com mães solteiras e até com padrastos.

Isso é muito difícil para a mente da criança e também para os adolescentes,   muitos deles carregam esses problemas emocionais de rejeição a vida toda, não vão nem poder comemorar esse dia com ele, o pior que outros chegam  até a amaldiçoar, em tom de revolta.

Por isso nessa grande época, procure lembrar do seu pai, principalmente o pai   presente, mas quanto ao ausente, tente dar mais uma chance porque no futuro você não poderá se arrepender,  quando ele  não existir mais, e de quebra ainda poderá reatar com esse elo perdido, pois tudo na vida tem jeito, mas somente enquanto existir vida.

Marcelo de Oliveira Souza
Concurso de Poesias

Enviado pelo autor Marcelo de Oliveira Souza
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O monarca selvagem dos sertões


“Não sou cangaceiro por maldade minha, mas pela maldade dos outros”


Disse Lampião quando foi entrevistado pelo jornalista José Alves Feitosa do Jornal “A NOITE”, de Recife-PE. Essa entrevista foi publicada pelo Jornal Cearense “O POVO”, no dia 04 de junho de 1928. Lá se vão 80 anos.

Claro que eu não poderia deixar esse fato histórico passar desapercebido aqui no Cultura Nordestina, então, fiz questão de reproduzir fielmente essa relíquia para vocês!

Vale à pena ressaltar na entrevista, o estilo do português da época e o modo de vida do cangaceiro mais famoso de todos os tempos.

Confira o arquivo original que foi publicado no Jornal O POVO. Episódios romanescos da vida do quadrilheiro famoso

A reportagem de profunda sensação, que hoje inserimos, vai proporcionar aos leitores do Jornal A NOITE a oportunidade de ouvir a palavra de um quadrilheiro famoso, terror das polícias e flagelo das populações sertanejas.

Os dados e as informações sobre que escrevemos nesta reportagem, foram colhidos do próprio Lampião pelo senhor José Alves Feitosa, que há semanas, no alto sertão, com ele conversou demoradamente.

Oferecendo à A NOITE essas notas interessantíssimas, o Sr. Feitosa, ofertando-las, nós, aos nossos gentilíssimos leitores, a quem não queremos mais poupar o prazer curioso de sentir um bocado da psicologia pitoresca e da vida romanesca do jaguar terrível dos sertões.

No pé da serra

Caia sobre o crepúsculo sobre o escampado árido e esbrazeado daquele recanto sertanejo do estado do Ceará, ao pé da serra do Araripe: o engenho de rapadura Boa-Vista, a cinco léguas da cidade de Missão Velha, quando o Sr. José Alves Feitosa ali chegou.

Um crepúsculo doloroso, sertanejo, manchando a paisagem de sombras e difundindo uma melancolia por tudo... Gentis e acolhedores, os senhores de engenho o receberam, prodigolisando-lhe o conforto de uma hospedagem, onde ele repousaria de uma viagem exaustiva.

Ali foi que se aproximou de Lampião. Este assomara, à porta, desarmado, fitando o recém-chegado, que o interpelou logo:

- É o Capitão Virgulino Ferreira?

- As suas ordens.

- Já o conhecia através de fotografias.

- Há! Foram esses retratos, de que o Sr. fala, que me inutilizaram. Se não tivesse deixado fotografar-me, seria desconhecido e já poderia ter desaparecido, sumindo-me no mundo, indo-me para longe, ganhar a vida tranquilamente, sem atribulação dessa angústia constante de ser perseguido...

- E o senhor é perseguido? Dizem na capital que a polícia...

- ... Não persegue porque sou amigo dos oficiais. É verdade, mas ainda assim, as traições, o Sr. compreende. No ano passado, 

Isaías Arruda

Isaías Arruda, meu grande amigo, político cearense, surpreendeu-me numa localidade deste estado com um cerco policial terrível, de que me livrei não sei como. Estas causas são o que magoam... Uma traição, o diabo! Gosto dos oficiais e odeio os chefes de polícia. Não é verdade que eu haja emboscado, para matar ao Dr. Eurico de Souza Leão. Ignorava que esse chefe de polícia viajava, naquele tempo, pelo sertão. Se soubesse, com franqueza eu teria aventurado...

Antonio Ferreira irmão de Lampião

- Como foi assassinado o seu irmão?

- É invenção, ele não foi morto. Está são, vivo e bolindo. Aquilo foi brincadeira, só pra atrapalhar.

O cangaceiro Sabino Gomes
- E Sabino?

- A mesma coisa. Está vivo no Riacho do Navio, á frente de alguns homens. Vou encontrar-me agora com ele.

- Disse-me a pouco que se pudesse abandonaria o cangaço...

- Sim, porque eu não vivo a vida do cangaço por maldade minha. É pela maldade dos outros, dos homens que não tem a coragem de lutar corpo a corpo como eu e vão matando a gente na sombra, nas tocaias covardes.

Tenho que vingar a morte dos meus pais. Era meninote quando os mataram. Bebi o sangue que jorrava do peito de minha mãe e, beijando-lhe a boca fria e morta, jurei vingá-la. É por isso que de rifle às costas, cruzando as estradas do sertão, deixo um rastro sangrento na procura dos assassinos de meus pais.

Não ficou no assassinato de meu pai e de minha mãe, a maldade dos homens, a quem deve a sociedade responsabilizar pelos seus crimes.

Os meus inimigos, que não tem coragem de matar-me, assassinaram cruelmente os meus parentes, como há pouco mataram uma tia minha e duas irmãs. É por isso que sou cangaceiro. Não sei quando hei de deixar os horrores desta vida, onde o maior encanto, a maior beleza seria extinguir a maldade daqueles que roubaram a vida de minha mãe, de meu pai e de minhas irmãs.

Dizendo isso Lampião afastou-se tomando o chapéu. Despediu-se de nosso informante. À porta, um seu companheiro o arreou, isto é, entregou-lhe as cartucheiras e o mosquetão, um fuzil Mauser cortado na extremidade do cano.

Apertando as mãos hospitaleiras de Rosendo, o dono da rústica engenhoca, o monarca sanguinolento dos sertões, tomou as estradas poeirentas para as incertezas de seu destino.

Diante da narrativa de Lampião cheia de episódios romanescos e impressionantes como aquele em que há a cena comovente e soberba do juramento sobre a boca morta de uma mãe, quem ousará atirar a primeira pedra sobre o quadrilheiro imortalizado nas crônicas sangrentas do sertão? A vida...
Adendo - http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Lampião afirma que seus perseguidores mataram suas irmãs, mas até hoje eu não li sobre assassinato de alguma delas. E não posso duvidar, poderá ter sido assassinada e eu ainda não tive oportunidade de ler esta matéria.

Sua mãe ele sabe muito bem que não foi assassinada, e sim falecera por ter sido infartada, e sua morte ele mesmo deve entender que foi causada pelos seus feitos. Se ele não tivesse entrado para o cangaço, talvez os seus pais teriam vividos muitos e muitos anos. 

Mas sobre estas mortes de suas irmãs os escritores e pesquisadores do cangaço um dia chegarão com a verdade para nós estudantes do tema. 

http://culturanordestina.blogspot.com.br/2008/05/o-monarca-selvagem-dos-sertes.html

Postado e ilustrado por José Mendes Pereira
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Filgueira Filho - Um Mossoroense de Conceito Nacional Esquecido

Escrito por Olimpio 
Dr. Antonio Filgueira Filho

O médico de nomeada e tradição, Marcelo Carvalho e o escritor e acadêmico João Wilson Mendes Melo lembram a este colunista uma palavra em favor da memória de Antonio Filgueira Filho. Trata-se de um norteriograndense de Mossoró, graduado em Medicina no Recife e que logo depois veio se instalar em Natal onde passou a brilhar como, médico, dramaturgo, escritor, poeta, crítico literário, mas sobre tudo um humanista preocupado em servir à sua terra e à sua gente. Também dermatologista de renome, memoralista, erudita afixado nas conferências solicitadas em diferentes partes do país.

Filgueira Filho foi aluno de Câmara Cascudo e o próprio mestre fala que ele foi um de seus melhores amigos. Destacando, a seguir, o quanto a sua morte estabeleceu lacuna no mundo das letras e da cultura do nosso Estado. Aqui, a notícia de sua morte deixou a cidade com luto permanente, desfalcando uma contribuição das mais fecundas e significativas ao movimento e desenvolvimento das artes e das letras. Foi o primeiro presidente da Academia Letras, Artes e Cultura do Rio Grande do Norte. Seu trabalho e seu valor pessoal e profissional do mais alto nível tem que ser resgatados pelos potiguares.

Fonte: 

Enviado pelo pesquisador do cangaço José Edilson de Albuquerque Guimarães Segundo

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Livros e Bilhetes - Tribuna do Norte

Jaime Hipólito Dantas

Puxo da estante o livro de Jaime Hipólito Dantas, De Autores e de Livros, edição da editora mossoroense Queima-Bucha, de 1992. É uma juntada de artigos que Jaime publicava na Tribuna do Norte e também em O Poti, exercendo a crítica literária.  Crítico exigente é bom que se diga; insaciável e incansável ledor, requintado ledor e também contista refinado. O prefácio é de Dorian Jorge Freire, outro craque, do mesmo tope de Jaime. O começo já mostra o jeito de Dorian, bem de Dorian: “Para que prefaciar livro de Jaime Hipólito Dantas? Para nada... Capricho besta do escritor. Ou vontade generosa de homenagear o velho amigo menor e em fim de carreira. Seja qual for o motivo verdadeiro, livro de Jaime não merece a chateação de um prefácio (...) dispensa as muletas. A apresentação.”

Mais adiante, na mesma passada, Dorian prossegue:

“Desde menino, Jaime é assim. Escreve bem e escreve limpo. Seu texto pode ser admirado por todos. Sua escrita é a última virgem do Brasil. Não lhe foi difícil, poir ser o maior e melhor do nosso grupo. Sempre. Da formação do grupo até agora, quando o grupo se desfaz pela morte inapelável de seus membros.

Sempre fui melhor jornalista do que Jaime. Escritor, ele me dá chineladas nos traseiros. É um prosador brilhante. Eu sou um reles prosador do caos. Daí ter de confessar aqui (Jaime queria um prefácio ou uma confissão?) minha antiga inveja de Jaime Hipólito Dantas. Queria escrever como ele. Ler como ele lê. Saborear com o seu gosto o material lido. Queria ser Jaime numa próxima encarnação. Quando recentemente publiquei meu livrinho “Os Dias de Domingos” e aceitei uma tarde de autógrafos, caminhei inocente para a revelação final. Escrevera para Jaime e comparecera àquela tarde de autógrafos para sentir a reação de Jaime. Quando ele elogiou uma das crônicas, mal sabia que me estava concedendo prêmio Nobel.”

Vou passando as páginas De Autores e de Livros, relendo seus artigos e descubro duas coisas importantes. A primeira é que o exemplar que eu tenho, ele autografou para Olavo de Medeiros Filho: “Ao Olavo de Medeiros Filho, grande historiador, homenagem do Jaime H. Dantas – Natal, 09/07/92”. A segunda é que, entre as folhas do livro tem um  cartão postal que ele me enviou de Zurique, datado de 12 de outubro de 1972:

“Meu caro Woden:

Depois de um giro para rever Paris, Londres, o País de Gales e outros lugares por cá, esbarro em Zurich. Tempo de outono, a paisagem é de árvores começando a pelar e, para chatear, aquela névoa espessa, que o sol não dissipa. Os jornais daqui não têm comentado a campanha política que se trava em Mossoró. Por isto de nada sei. De qualquer forma estarei de volta com o tempo para votar. Abraços do Jaime H. Dantas”

Tenho nas minhas pastas desarrumadas mais uns dois ou três  bilhetes de Jaime. Esta semana, remexendo nesses papéis (cartas,  cartões, bilhetes, postais), alguns com mais de 50 anos, encontrei um bilhete rápido e direto de Jaime. É datado de 6 de maio de 1982:

“Meu caro Woden,

Vai aí esse artigo. Eu não sei como vai ser a estratégia aí, face à (nova) posição de Dinarte. Escrevi esta matéria mais sobre indignação. Talvez não esteja dentro do que se vai adotar, como regras da luta. Enfim, publique-o, querendo. Não devendo ser publicado, não deverá. E da parte de cá, tudo estará como sempre.

Sincerely yours,
Jaime H. Dantas”

O sotaque de Mossoró

A última crônica do livro de Jaime Hipólito, que era nascido em Caicó, mas mossoroense convicto, trata da atividade literária da terra de Rafael Negreiros. “Livros de Mossoró” é o título. Começa pelo programa editorial da Fundação Guimarães Duque, invenção de Vingt-un Rosado, que acabava de lançar duas coletâneas de artigos: “Imagens de Mossoro” e “Novas Imagens de Mossoró”, sempre ressaltando, como destaca Jaime, “o tema Mossoró e seus valores culturais, sua história e seu povo”.

Ali, estão registrados os encantamentos mossoroenses de, entre outros, um Edgar Barbosa,  um Eloy de Souza,  um Nilo Pereira,  um Luís da Câmara Cascudo, um Othoniel Menezes,  um Newton Navarro, um Homero Homem, um Américo de Oliveira Costa. De Carlos Drummond de Andrade, também. O próprio Jayme mexe na panela: “Ninguém está imune ao fascínio de Mossoró. É um fascínio inexplicável. Intraduzível”.

Acompanhando o texto de Jaime, vou debulhando o entusiasmo dos admiradores da cidade que deu uma carreira em Lampião.  O que disse, por exemplo, Edgar Barbosa: “Eis uma cidade traçada desde o berço sob a mais viril concepção romana”. Bom mossoroense, Jaime esclarece que não houve exagero da parte do escritor natalense, nascido em Ceará-Mirim.  Como não houve também da parte de Nilo Pereira, outro ceará-mirinense ilustre, ao afirmar que Mossoró é “um centro de interesse cultural hoje nacional”. E acrescentou, ainda: “Chamem-na de Manchester ou Bagdad, ela será sempre a cidade heroica e liberal, onde o comércio e a indústria são tão grandes quanto a sua cultura.”

Lá adiante está o poeta Newton Navarro, olhando para o céu azul mossoroense: “Céu alto translúcido, aceso sempre por um sol de fogo que parece não acrescentar, mas reanimar, as coisas e as pessoas”. Luís da Câmara Cascudo foi bem cascudiano declarando seu amor a Mossoró: “Um orgulho para os olhos e uma saudade para o coração”. Do doutor Américo de Oliveira Costa, que foi meio macauense, meio mossoroense, meio parisiense e meio natalense, disse que em Mossoró teria se forjado “uma comédia diligente e numerosa, sob signos imperecíveis de liberdade, rebeldia cívica, tenacidade, espírito público, resistência”.

Jaime Hipólito diz na sua crônica que “a verdade é que ninguém fala de Mossoró senão com tais explosões de euforia. A razão? É que, garante-nos Dorian Jorge Freire, Mossoró ‘É mais fenômeno do que cidade. Mais bando do que população”.

Lampião que o diga. Bom, já é tempo de uma reedição dos livros de Jaime. De Dorian, também.

Poesia

“Na Areia Preta / o luar dormia do lado de fora / do bule de alumínio na cozinha / da casa-de-praia de Tia Araci. // Madrugava com o cuscuz no leite. / Com o banho de mar. E no chocalho / das vagas espumantes, que mugiam / como bois de curral, de patas de conchinhas / e chifres cacheados de alga verde / amarrados nos mourões da Lua cheia” (De Homero Homem, no seu livro O luar potiguar, Presença/FJA, Rio de Janeiro, 1983).


Enviado pelo pesquisador do cangaço José Edilson de Albuquerque Guimarães Segundo

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As fotos dos pais de Maria Bonita


Mais uma novidade e muito importante para nós estudantes do movimento social dos cangaceiros.

A primeira foto é o senhor José Gomes de Oliveira ou José de Felipe, pai de Maria Gomes de Oliveira, a cangaceira Maria Bonita, companheira de Virgolino Ferreira da Silva, o temido cangaceiro Lampião. 

A foto e informações do pai de Maria Bonita encontram-se no livro do escritor Joaquim Góis.

A segunda foto que já foi publicada neste blog é a senhora Maria Joaquina da Conceição ou Maria Déia, como era chamada pela vizinhança, e é a mãe de Maria Gomes de Oliveira, a cangaceira Maria Bonita, companheira de Virgolino Ferreira da Silva, o temido cangaceiro Lampião. 

A foto da mãe de Maria Bonita pertence ao acervo do escritor e pesquisador do cangaço João de Sousa Lima.

Fotos adquiridas no facebook, página: Voltaseca Volta

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O cangaço - Histórias do Cangaço


Certa noite quando Lampião e seu bando pernoitavam em uma velha casa abandonada em meio à mata, o motivo desta parada seria para tratar de Antonio Rosa (Toinho do Gelo), um de seus cabras de confiança, que se encontrava com febre alta.

Tudo transcorria normal, até que durante a alta noite o seu sentinela despertou por causa de um barulho que vinha do mato e alertou o bando.

Em instantes, o bando abriu forte tiroteio cerrado em direção de onde vinha o barulho e fugiram em meio à escuridão.

As árvores xique-xiques e mandacarus ao redor ficaram todos decepados e crivados de balas.

Tempo depois se descobriu que a causa do barulho seria um simples bode que ali pastava, e que foi alvejado pela saraivada de balas disparada pelos cangaceiros que ali estavam.

Mas por via das dúvidas..., nas quebradas do sertão.

Fonte: facebook

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